Capítulo Vinte e Sete ── Beco Diagonal
✧ Capítulo Vinte e Sete ──
Beco Diagonal
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Dumbledore havia negado o pedido de Celine, mesmo com Sirius Black ao lado insistindo muito.
Ele dizia que não queria os envolver em tudo aquilo, que eles eram novos demais, mas que se continuassem com essa mesma vontade, mais tarde, eles ainda poderiam o procurar.
Celine acreditava que o "mais tarde" de Dumbledore queria dizer "quando vocês se formarem", ou, ela só queria muito acreditar que sim.
Eles não eram jovens demais! Celine e Sirius haviam passado por várias coisas e, a última inclusive rendeu uma página unicamente para eles no Profeta Diário.
Celine nem ao menos havia pensado na mera possibilidade disso acontecer, mas aconteceu.
Parece que alguém havia sim visto os dois por ali, aparatando para longe dos Comensais da Morte, junto com trouxas.
Ela não sabia dizer se havia sido algum auror, provavelmente sim, porque depois eles os procuraram na casa de cada um — Celine em sua própria e Sirius na dos Potter —, para perguntar sobre o ocorrido, mas, principalmente, se eles haviam obliviado os trouxas com êxito.
Quando a resposta dos dois foi "sim", os aurores pareciam felizes e aliviados com a resposta, eles já estavam sobrecarregados com os últimos acontecimentos e até outros que ainda continuavam acontecendo, eles não precisavam de mais alguns para a lista.
Aconteceu que logo após, a seguinte matéria de nome escandaloso saiu em uma das principais colunas do Profeta Diário:
"Casal de adolescentes, Celine Dorsey e Sirius Black, trabalham em conjunto para salvar trouxas em mais um ataque dos Comensais da Morte"
Celine leu a matéria e ela basicamente contava detalhadamente o que os dois haviam feito, incluindo o nome das pessoas que os dois salvaram e como os dois também os obliviaram.
Seria ótimo, se apenas parasse por aí, porém, logo em seguida, também é contado detalhadamente como Celine e Sirius haviam se conhecido, desde a idade até como a amizade deles se desenvolveu em Hogwarts. Como Sirius vivia indo na casa da mesma, como os dois sempre eram vistos juntos pela escola e havia até mesmo uma entrevista de uma aluna, também de Hogwarts, que Celine não fazia a menor ideia de quem era, dizendo: "Eu os vejo sempre juntos por aí, ele sempre anda com as mãos sobre os ombros dela e eles sempre parecem se divertir juntos, são o casal mais fofo que eu já vi!".
A matéria acabava com Celine e Sirius Black sendo chamados de "Casal jovem, mas de grande exemplo contra as forças das trevas".
Celine estava tão pasma e irritada com aquilo que quase colocou fogo no jornal com uma grande foto dela mesma e de Sirius Black, essa foto havia sido tirada há dois anos no aniversário de James. E, além do próprio James Potter, havia também Remus e Peter na foto, porém, eles haviam cortado todos eles fora e deixado apenas os dois como se eles tivessem tirado aquela foto sozinhos.
Ela iria mesmo colocar fogo no jornal, mas umas pequenas batidas em sua janela se fizeram presentes.
Celine olhou para lá quase que imediatamente e viu uma pequena e cinzenta coruja a olhando esperançosa.
A garota bufou em irritação.
Ela se levantou e abriu a janela, a pequena coruja não perdeu tempo e voou para dentro, parando em cima da mesa e mostrando a carta em sua pata.
— Leve de volta, sério, não quero mais essas cartas — Celine disse em direção a coruja, que a olhou parecendo chateada.
A pequena coruja levantou a pata em direção de Celine, como se insistisse para que ela pegasse aquela maldita carta.
Ela não havia voado isso tudo atoa!
Celine soltou um enorme suspiro e decidiu pegar a carta logo de uma vez, a pequena coruja não tinha culpa do dia dela estar sendo um grande e terrível tumulto.
— Você pode ir para o corujal se quiser — ela indicou para a coruja, apontando para a janela.
A pequenina pareceu alegre, mas antes que voasse para longe, ela virou a outra pata e mostrou um pequeno pacote preto. Celine o pegou também, e, agora, a coruja parecia totalmente satisfeita, voando para longe dali para comer e beber junto com as outras corujas dos Dorsey.
Celine suspirou e abriu a gaveta de sua escrivaninha, se deparando com as outras milhares de cartas não abertas, mas todas endereçadas a ela pela mesma pessoa.
Ela jogou a carta lá, junto com as outras e estava prestes a fechar a gaveta quando seus olhos captaram uma pequena frase ainda no envelope da carta.
"Por favor, leia".
Celine suspirou e voltou a pegar a carta, ela se sentou novamente na escrivaninha, jogando para longe o jornal do Profeta Diário com sua coluna sobre ela e Sirius, mas, antes que abrisse a carta, Celine voltou a pegar o pequeno embrulho preto.
Ela o abriu e se surpreendeu com o pequeno e redondo objeto ali.
— Um Lembrol — Celine sussurrou consigo mesma.
Ela olhou para a carta, e então para o Lembrol novamente, então para a carta, e então para o Lembrol…
— Eu não me esqueci de você, seu grandíssimo obtuso — murmurou enquanto guardava o pequeno Lembrol na gaveta de sua escrivaninha.
Ele era pequeno e delicado. Eles normalmente já eram assim, porém, aquele parecia ainda mais delicado devido ao fato de parecer tão velho e gasto.
Havia pequenos arranhões por todo o pequeno Lembrol, o que fez Celine passar os dedos sobre eles, sentindo seus relevos.
Ele parecia ter uma história, de tão velho que aparentava ser.
— Não me esqueci de você, não tem nem como esquecer — finalmente o guardou enquanto fechava a gaveta. — Apenas estou te dando o que você merece, meu voto de silêncio.
E então ela abriu a carta.
"Li hoje pela manhã ao Profeta Diário, e vi o que aconteceu com você.
Você está bem? Por favor, responda a essa carta, eu sei que não tem respondido a nenhuma das outras, mas sei que as tem recebido pois nenhuma delas voltou.
Eu estava errado e realmente sinto muito, Celine.
É pedir muito, eu sei, mas poderíamos nos encontrar uma semana antes do primeiro de setembro no Beco Diagonal? Na farmácia onde fomos antes.
Eu realmente gostaria de lhe ver."
Celine se sentiu uma grandíssima idiota quando seu coração quase pulou por sua garganta.
Ela estava apenas alguns segundos atrás pensando o quanto ele era um imbecil e não merecia uma resposta vinda dela, mas bastou uma carta totalmente diferente de qualquer outra que ela já havia lido vindo de Severus Snape para Celine se sentir novamente uma tola apaixonada.
Havia preocupação com ela ali naquela carta, e ele nunca havia pedido antes para se encontrar com ela também!
Celine sentia o coração dançar no peito e tinha vontade de se jogar pela janela por conta disso!
E pensando rápido, ela estendeu a mão para voltar a abrir a gaveta de sua escrivaninha e sacar sua pena e tinteiro para escrever uma resposta para ele, mas ela conseguiu se refrear antes e voltou a fechar a gaveta.
Sem pena e sem tinteiro.
Não, ela não escreveria uma carta resposta para Severus Snape.
Não, não! Não mesmo!
E ela também não iria se encontrar com ele!
As vezes, estar apaixonada pela primeira vez te faz fazer coisas das quais você com certeza vai se arrepender mais tarde.
Celine sentia isso enquanto andava pelo Beco Diagonal, com um vestido longo e de cor clara, cabelo arrumado e talvez cheirando a cerejas mais do que deveria.
Ela ainda tinha a fagulha de esperança de que Severus não estaria lá, afinal de contas, ela não havia mesmo respondido a carta dele. Porém, ela veio mesmo assim na data e horário indicados.
E, ao mesmo tempo em que ela não queria que ele estivesse lá por que sabia que ele havia sido um completo idiota com ela e Lílian tinha total razão em ter se afastado de Severus Snape, Celine Dorsey também pensava que se ele tivesse talvez mudado de ideia e nem ao menos tivesse vindo por conta da falta de resposta vinda dela, Celine sabia que muito bem que provavelmente voltaria com vontade de chorar para casa.
Ela andou até a farmácia de poções em que ela e Severus haviam se encontrado no ano anterior para comprar os materiais dele e, quando parou ainda bem distante, viu o garoto encostado na parede do local.
O coração de Celine disparou dentro do peito.
Severus Snape estava parado no local, braços cruzados, roupas gastas e de cores escuras e desbotadas, os cabelos longos e pretos caindo feito cortinas sobre os olhos escuros do mesmo, que olhava para os lados, como se procurando alguém na densa quantidade de gente que ia e vinha.
Celine colocou uma mão acima do peito e respirou fundo, dando mais uma olhada na direção de Severus.
Ele parecia ainda mais alto que da última vez que eles haviam se visto.
Severus estava curvado como sempre e quieto encostado na parede do local, para os outros, era como se ele nem ao menos existisse.
Muitos passavam por ele, mas poucos o olhavam.
Agora Celine, ela parou de repente no meio de todos que iam e vinham. O que fez alguns pararem e olharem para ela, um garoto em especial, tropeçou nos próprios pés com a parada repentina da garota, ele iria reclamar, mas quando olhou para a garota pequena e bonita em seu vestido verde claro, o bruxo teve que parar e perguntar se estava tudo bem.
Celine levantou os olhos, olhando para o bruxo alto e respondendo que estava sim bem.
O garoto havia acabado de atrapalhar a divagação de Celine sobre ir ou não ir até Severus Snape.
— Você está sozinha? — o garoto de pele cor de avelã perguntou sorridente. — Se esse for o caso, que tal um sorvete?
— Não estou sozinha, vim ver um amigo — Celine se apressou a responder, enquanto andava em frente.
O garoto a seguiu.
— Um namorado?
— Um ami… — ela própria se interrompeu, parando no meio do caminho e olhando diretamente para o garoto. — Por que você está me seguindo?
O garoto sorriu de bochecha a bochecha, mostrando seus dentes brilhantes.
— Gael Mackenzie, muito prazer, senhorita… — e então ele deixou um grande espaço para que Celine se apresentasse.
Celine franziu a testa.
Aquele grande sorriso de lado, os olhos entreabertos e as falas quase sussurradas…
Celine fez uma grande cara de desgosto para o menino.
Ela conhecia bem aquela técnica, afinal de contas, ela andava com Sirius Black e James Potter.
Aquele tal Gael Mackenzie estava flertando descaradamente com ela.
— Não é da sua conta — ela respondeu, deixando o garoto mais uma vez para trás e seguindo em frente, sem nem ao menos ver a reação dele a resposta dela.
Aquela altura, de onde ela já estava, Severus Snape já havia conseguido ver Celine dali e, a surpresa no rosto dele não passou despercebida por ela.
— Celine — ele cumprimentou baixinho, quando a garota parou de braços cruzados em frente ao mesmo. — Eu pensei que você não tivesse lido a minha…-
Mas ele parou de falar assim que percebeu que Celine não estava sozinha.
— A sua? — Celine o incentivou a continuar.
— Quem é o seu amigo? — ele perguntou notoriamente intrigado.
Celine ficou confusa, e então se virou na direção de onde Severus estava olhando e, às suas costas, lá estava o garoto chato do sorvete.
— Cara, sério… — ela murmurou revirando os olhos. — Eu não quero tomar sorvete com você.
— Então você realmente veio se encontrar com um amigo — ele falou enquanto olhava para Severus e depois para Celine. — Pensei que fosse apenas uma desculpa.
Ela descruzou os braços, apenas para os apoiar a cada lado de sua cintura e olhou irritada para ele.
— Por Merlin! Você apareceu para testar minha paciência? Pois saiba que eu não tenho muita! — ela vociferou. — E se fosse mesmo uma mentira? Você acha que eu mentiria se quisesse sair com você? — Celine olhou o menino de cima abaixo. — Você não faz o meu tipo, Gabriel.
— Gael! Meu nome é Gael! — ele corrigiu, de olhos arregalados para a garota. — Tudo bem, tudo bem… — ele resmungou enquanto ia embora.
Celine contorceu o rosto de um lado ao outro enquanto assistia o menino ir embora.
"Que cara chato", ela ainda murmurava, quando Severus limpou a garganta logo ao lado, fazendo Celine finalmente prestar total atenção nele.
— Então ele não era um amigo — Severus concluiu e Celine concordou.
— Só pra deixar bem claro, eu não sou rude assim, é só que, você sabe… — Celine resmungou enquanto voltava a cruzar os braços no peito. — O sorvete dele obviamente tinha segundas intenções.
Severus olhou Celine da cabeça aos pés e lá estava ela, com sua pose altiva, cabelos curtos pretos e desgrenhados, como se ela não ligasse nem um pouco para aquilo, seus vestidos sempre de cores claras e um pouco acima do joelho.
O vestido de Celine brilhava, até o maldito sapato dela brilhava. Celine Dorsey por inteiro sempre brilhou!
Ela exalava o jeito de uma garota rica, mas ele também sabia que os garotos não viviam falando de Celine por aí por conta disso, mas sim por que ela era extremamente difícil de derrubar.
Celine Dorsey exalava aquele tipo de aura extremamente perigosa que, se você se aproximasse muito sem a permissão dela, ela obviamente te queimaria vivo sem dó nem piedade.
— Você leu minhas cartas?
— Apenas a última — ela foi honesta.
Severus concordou com aquilo, era melhor do que nada.
— E você… — ele parou no meio, olhou para cima, depois olhou para os próprios pés e então cruzou os braços no peito. — Você…
Celine olhava para Severus obviamente querendo rir.
Ele está nervoso e, era a primeira vez que ela o via daquele jeito.
Era ainda melhor quando ela sabia que era por causa dela.
— Eu? — ela incentivou. — Eu, o quê?
Severus Snape olhou para Celine, mas apenas por um breve momento antes de abaixar a cabeça novamente e negar com a cabeça.
— Você está bem? Depois daquilo tudo que saiu no Profeta Diário? — ele finalmente perguntou e Celine teve que encostar na parede também quando viu Severus Snape corar.
O coração dela quase erra uma batida.
— Você não leu a matéria? Não precisava me fazer vir aqui pra me perguntar sobre isso.
Severus olhou rápido na direção de Celine, que estava encostada na parede logo ao seu lado, olhando para frente.
Ela nunca havia falado assim com ele antes.
— Não dá pra acreditar em tudo por lá, ainda mais no título da matéria.
Celine suspirou, ela realmente teria que concordar com aquilo.
— A parte sobre eu e Sirius sermos um casal é obviamente mentira, o resto realmente aconteceu — ela revelou. — Eca, Sirius é tipo um primo ou um irmão.
Severus olhou para ela e riu, o que fez Celine olhar para ele confusa, com um sorriso também no rosto.
Ela tinha feito Severus rir e ele ficava muito bem sorrindo, mas ela logo tratou de desfazer seu sorriso.
— O que há de errado nisso?
— Eu duvido que ele pense o mesmo sobre você — Severus revelou com um sorriso maldoso de canto.
Celine revirou os olhos.
— Uma completa besteira! Eu e Sirius crescemos juntos, nós não pensamos assim um do outro — ela respondeu como se aquilo fosse óbvio. — Afinal, por que estamos falando sobre eu e Sirius?
Severus concordou com aquilo.
— Você tem razão — Celine olhou surpresa para ele. — Você está bem? — voltou a perguntar.
Celine voltou a olhar para frente e deu de ombros.
— Eu quase morri, mas tirando isso eu estou bem.
Severus franziu as sobrancelhas grossas e pretas e olhou rápido novamente na direção de Celine e, dessa vez, ele se demorou por lá.
Olhando agora de perto, a garota tinha vários arranhões nos braços e pernas, eles pareciam superficiais, porém, havia um na bochecha esquerda dela, que parecia um pouco mais profundo, num rosa mais escuro e com alguns pequenos curativos.
Celine abraçou os próprios braços quando percebeu que Severus olhava para seus machucados.
— Eu não gosto de calças e hoje está calor então… são só alguns arranhões — ela murmurou.
— O que aconteceu?
Celine virou a cabeça para a voz baixinha de Severus Snape e, pela primeira vez, ele não desviou os olhos.
Os olhos da cor de pedras e ônix dele ainda olhavam para o arranhão em sua bochecha.
— O de sempre — Celine deu de ombros mais uma vez, dessa vez com as bochechas pegando fogo e pinicando. — Você está prestes a comprar um apartamento e então o prédio simplesmente começa a desabar.
Celine viu o momento exato em que os olhos de Severus saíram de sua bochecha machucada, para olhar fixamente nos olhos dela de forma confusa.
— Num bairro inteiramente trouxa?
Celine negou com a cabeça enquanto dava uma risada sem graça, olhando novamente para frente.
— Qual o problema com o bairro ser trouxa? Aquele era bem legal, se quer saber a minha opinião — ela resmungou uma resposta raivosa.
Severus se desencostou na mesma hora da parede e olhou assustado para Celine.
— Não, não foi isso que eu quis dizer, Celine. Você entendeu errado.
— É mesmo?
Severus suspirou e voltou a olhar para cima, e então para os próprios pés e então para Celine novamente.
— Eu posso conversar com você? — ele perguntou com a voz baixa, olhando para os lados, para a multidão que passava por eles.
— Pensei que nós já estivéssemos conversando.
Sim, uma conversa consistia em duas pessoas; uma delas fazendo perguntas ou simplesmente puxando algum assunto e a outra respondendo a essa pessoa.
Mas o que Severus queria dizer não podia ser dito ali, e ele desconfiava muito que Celine soubesse muito bem disso, porém, ninguém disse para ele que seria fácil conversar com a garota depois do ocorrido na passagem secreta.
— Quer dizer, posso conversar com você em um lugar onde tenha menos gente? — ele tentou novamente.
E então foi a vez de Celine olhar para cima e então para os próprios sapatos, e então mexer nervosamente nos cabelos.
Por fim, ela suspirou e deu uma olhadela em Severus Snape.
— Você já foi na Florean Fortescue? — perguntou, ao qual Severus apenas negou com a cabeça. — O sundae de lá é realmente maravilhoso.
Diferente do que Celine pensava que iria acontecer, Severus Snape logo se adiantou em concordar em ir para a sorveteria. Os dois andaram lado a lado até lá, em silêncio.
Celine em silêncio porque achava que não tinha nada para dizer a Severus e, Severus em silêncio porque não sabia como começar a dizer para Celine o tanto de coisas que ele gostaria de dizer.
Ele muito menos sabia se tinha coragem de dizer o que queria dizer.
Eles chegaram no local que, naquele dia, parecia um tanto vazio e, escolheram uma mesa para se sentarem mais afastada das outras, uma no fundo do estabelecimento.
Não demorou muito para o senhor Fortescue aparecer, ele cumprimentou Celine animado, perguntando como estava sendo as férias dela e como os garotos estavam, em seguida, Celine apresentou Severus Snape para o senhor Fortescue, que cumprimentou o rapaz também animadamente.
No fim, o senhor Fortescue trouxe dois sundaes de morango com nozes picadas para eles, por conta da casa, ele disse a Celine, que agradeceu sorridente.
— Eu o adoro, o senhor Fortescue — ela falou enquanto já começava a saborear seu sundae, mas Celine logo parou quando viu que Severus apenas olhava para ela e nem ao menos havia encostado em seu próprio sundae. — Você não vai tomar o seu sundae?
Severus suspirou e colocou seu sundae de morango e nozes picadas de lado.
— Eu não quero sundae.
— Ele vai derreter…
— Celine! — ele exclamou baixo. — Me leve a sério, por favor.
Celine arregalou os olhos para Severus.
— Eu nunca disse que não estava levando — ela respondeu. — Agora tome o seu sundae! Ou não irei mesmo escutar o que você tem a dizer — avisou.
Severus pareceu ofendido por um momento, mas quando viu que Celine falava sério e até mesmo ameaçou se levantar da cadeira, Severus levou a mão hesitantemente até o copo de sundae que ele havia deixado de lado, pegando nele e o trazendo de volta para sua frente.
— Isso — Celine falou animada —, agora prove o sundae!
Severus levou a pequena colher aos lábios e provou o sundae, o que fez Celine sorrir grandemente em satisfação.
— É bom, não é?
— Uhum — foi o que ele respondeu enquanto tomava o sundae de morango com nozes picadas, o favorito de Celine.
Celine tomou mais um pouco do próprio, antes de deixar de lado e olhar agora séria para o garoto à sua frente.
— Vamos fazer uma promessa agora — avisou. — Você vai ser sincero comigo, mesmo que isso doa na sua alma, mas eu quero que seja sincero! Caso contrário, eu realmente não quero mais saber de falar com você, Severus.
Severus Snape engoliu o sundae em sua boca e fechou os olhos soltando um suspiro pelos lábios.
— Eu lhe dou minha palavra — respondeu depois de um tempo, mas Celine apenas negou com a cabeça.
— Sua palavra não me vale de nada, para ser sincera — foi honesta, o que fez Severus olhar para ela surpreso. — Seu dedo, eu quero que me prometa com ele — voltou a falar, enquanto apoiava um dos cotovelos na mesa e erguia o dedo mindinho no ar.
Severus deu um pequena risada nasal, mas quando viu que Celine ainda o olhava, esperando, ele logo ergueu o braço também.
— Isso é extremamente infantil — ele disse enquanto entrelaçava seu dedo mindinho no dela.
— Não é infantil — Celine respondeu, enquanto apertava o dedo dele com o seu, em uma promessa silenciosa. — Se mentir para mim, eu vou arrancá-lo fora, esteja avisado.
Severus não acreditou muito naquilo, mas resolveu não expor isso em voz alta, ele desconfiava que Celine não iria gostar nem um pouco.
— Então eu começo — ela disse, enquanto se ajeitava em sua própria cadeira. — Você foi um idiota, o maior deles e eu realmente não vejo o por que de continuar sendo sua amiga, mas mesmo sabendo disso, outra parte de mim se importa muito com você e gosta bastante também, então por isso eu estou aqui.
Severus prestou muito atenção no que Celine dizia, ele nem ao menos piscou enquanto a mesma falava e então, quando ela terminou e ele viu que era sua vez, Severus Snape juntou os dedos sobre o colo e fechou os olhos, como se preparasse para fazer algo extremamente difícil.
— Severus — ele abriu os olhos e olhou para Celine, que o encarava com uma feição que Severus Snape não soube decifrar. — Você pode ser sincero comigo, e eu acho que você sabe disso, não é?
Ele sabia.
Mesmo ele também tendo noção de que Celine Dorsey era parte dos Marotos, mesmo sabendo que ela era a melhor amiga de James Potter, ele sabia que podia confiar em Celine Dorsey.
Ele sabia que ela não contaria nada se ele a pedisse para não contar.
— Eu sei — ele respondeu, o que fez Celine concordar com a cabeça e voltar a se encostar em sua cadeira. — Eu só… não estou acostumado em sair me expressando por aí.
Celine riu.
— Bom, ainda bem que não é por aí então, ainda bem que sou apenas eu.
Apenas ela.
— Me perdoe — ele finalmente disse. — Você estava certa, eu realmente me arrependo do que disse naquele dia para você. Verdadeiramente me arrependo.
Celine estava surpresa, com os olhos estáticos olhando para Severus.
Ela concordou com a cabeça e piscou um bocado de vezes, antes de cruzar os braços no peito e voltar a erguer o rosto, ela desconfiava que Severus conseguisse escutar o coração dela batendo dali, de tão forte e rápido o órgão batia em seu peito.
Severus limpou a garganta e então se preparou para voltar a falar o que queria dizer.
— Fiquei com raiva porque senti você ferir meu orgulho, o que não é desculpa nenhuma para o que eu disse para você naquele dia — Severus suspirou. — Eu digo coisas terríveis quando me sinto ameaçado, o que não é… certo.
Aos poucos, a voz dele conforme o mesmo ia dizendo tudo ia apenas se tornando um sussurro, o que fazia Celine se inclinar na mesa para conseguir escutar com precisão.
— Ameaçado? — ela perguntou. — Como assim?
Severus tirou os olhos dos dedos em seu colo, e olhou para Celine.
— As coisas que você me falou, você sempre parece dizer as coisas certas, com tanta convicção que eu… você sempre parece confiar demais em mim, você nem ao menos se dá o valor da dúvida.
Celine piscou, confusa.
— E eu deveria? Nós somos amigos, eu confio plenamente em você — ela disse convicta. — Você não é uma má pessoa, Severus. Você falou algo ruim, fez algo ruim… mas e então? — Celine perguntou e Severus a olhou confuso. — E então você fez uma escolha ruim, e o que? Isso não te faz ruim ou uma má pessoa. Todos nós fazemos escolhas ruins o tempo todo.
Severus deu um pequeno repuxar em seu lábio, e se apoiou na mesa, olhando para Celine.
— Está vendo o que eu estou dizendo? Você sempre parece saber o que dizer. Você sempre expressa o que quer passar.
— E isso é ruim?
— Não — ele negou rapidamente com a cabeça. — Isso é admirável, na verdade.
Celine sorriu brilhantemente.
— Nós podíamos ter feito essa promessa de mindinho antes, é bem melhor quando somos sinceros um com o outro.
Severus negou e deu uma pequena risada nasalada.
— Me arrependo mesmo do que disse para você naquele dia — ele continuou. — Se pudesse voltar, eu não teria dito nada daquilo.
— Bom — Celine riu —, você não pode, mas agora sabe que também não pode cometer o mesmo erro duas vezes, então…
Severus concordou com a cabeça e descansou uma das mãos perto de seu copo de sundae de morango com nozes picadas, que agora parecia meio derretido.
Celine escorregou a mão sobre a mesa e alcançou a de Severus, colocando seus dedos frios sobre os dele.
— Você pode mesmo contar comigo, sempre. Eu te conheço desde pequeno, você já deveria saber que eu sou uma boa amiga.
Severus levantou os olhos da mesa e olhou para a mão de Celine sobre a sua, o que fez a garota de repente notar o que havia feito e se desculpar enquanto afastava a mão para longe, porém, antes que conseguisse, Severus Snape alcançou a dela de volta, juntando seus dedos aos da garota de maneira desengonçada.
— Você sempre foi.
Celine sentiu o rosto esquentar e o coração errar várias batidas de uma só vez.
Ela apertou de leve os dedos de Severus e sorriu olhando para ele.
— Você sabia que na poção do Morto Vivo, a cada sete voltas no sentido anti-horário, se você também der uma no sentido horário, a poção fica pronta mais rápido?
Sim, ele sabia, pois Celine já havia dito aquilo uma outra vez antes, mas não querendo a deixar mais desconfortável, ele apenas negou com a cabeça, deixando que ela continuasse sua explicação.
E então, Celine e Severus descarrilaram em conversas sobre poções, sobre suas aulas do ano anterior e sobre várias outras coisas que vieram seguidas dessas.
Eles apenas repararam que ficaram o tempo todo com as mãos unidas, quando a água do sundae derretido tocou nas mesmas, os fazendo se assustar e ficarem vermelhos de vergonha.
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