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Capítulo Quarenta ── A Copa Mundial de Quadribol

Capítulo Quarenta ──
A Copa Mundial de Quadribol

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Depois de fazer uma ronda cansativa pelas tendas e checar cada um de seus alunos cuidadosamente, Celine Dorsey finalmente pôde passar e adentrar pela tenda reservada a ela e a Madame Maxime e então, se sentou, retirando os pés dormentes dos sapatos que a essa altura já se sentiam muito apertados em seus pés. Ela se sentou e olhou ao redor, reparando que Madame Maxime não estava ali, provavelmente, deveria estar conversando com Fleur, a preparando para o que vinha futuramente.

Celine soltou um suspiro cansado enquanto retirava os grampos dos cabelos em sua cabeça e sentia os fios caírem soltos como cascatas em seus ombros, ela não conseguia acreditar ainda que estava de volta a Grã-Bretanha, mais especificamente para A Copa Mundial de Quadribol. Não que ela tivesse prestado muita atenção no jogo de mais cedo entre a Bulgária e a Irlanda — ao qual a Irlanda saiu vencedora — , afinal, haviam muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, o jogo de quadribol naquele momento era a última de suas preocupações.

Madame Maxime e Celine haviam recebido uma carta mais cedo naquele ano, falando sobre o Torneio Tribruxo — ao qual não é realizado há mais de um século. Qual não foi a surpresa das duas? Ainda mais ao saber que o torneio seria sediado em Hogwarts, a escola de Magia e Bruxaria e que, Beauxbatons, assim como Durmstrang, eram as outras duas escolas mágicas escolhidas para participarem da volta do torneio, um evento que seria enorme e de muitíssima importância pois, das três escolas bruxas, três alunos seriam escolhidos para serem os campeões representantes de cada escola. Após esta carta surpresa, Madame Maxime juntou doze de seus melhores alunos com a idade certa que fora pedida e, então, escolheu Celine para ser a professora que a acompanharia, pois, na carta que veio mais tarde, haviam instruções para se levar um professor ou professora de cada escola — da escolha do diretor ou diretora — , para que este ajudasse com os alunos, visto que o diretor e diretora de cada escola estariam muitíssimo ocupados também participando do júri de cada prova no torneio.

Aquilo fazia bastante sentido para Celine, porém, logo após receber uma carta de um Dumbledore empolgadíssimo com a volta dela, sem ela nem ao menos ainda o ter informado que Madame Maxime havia a escolhido e não outro professor ou professora de Beauxbatons para a acompanhar até Hogwarts, foi então, só então, que Celine percebeu que o diretor talvez tivesse um pé, ou talvez os dois, naquilo tudo.

Ele a queria de volta ali e Celine não sabia dizer se estava muito feliz ou muito temerosa em estar finalmente de volta. Afinal, ela resolveu ir embora para a França porque as coisas acabaram culminando perigosamente dentro de si, de uma forma tão perigosa e feia, que ela não teve outra escolha senão ir embora. Muitas das vezes, ela até mesmo olhava para trás e não conseguia se reconhecer naquela jovem que um dia fora há muito tempo atrás.

Celine notou uma movimentação ao lado de fora e se colocou de pé pensando ser Madame Maxime, porém, ela reparou que era apenas um grupo de adolescentes festejando a vitória da Irlanda. O lado de fora estava uma bagunça com tanta festança.

Ela então voltou a se sentar e, puxando sua varinha na barra de sua saia e com um movimento simples apontando para um fogão não muito distante dali, Celine colocou um bule para ferver, desejando beber um chá quente. Um dos pés de Celine balançava sem parar de um lado ao outro, pois ela estava inquieta. Mais cedo, no jogo de quadribol, ela soube que do outro lado do estádio que tinha capacidade para mais de cem mil pessoas, no camarote de honra, junto com o Ministro e Ludo Bagman — que narrava o jogo — , estava Harry Potter. É claro que ele estava lá, era um garoto famoso demais para sua idade, sendo conhecido por todos os lados no mundo bruxo como O Menino Que Sobreviveu. O primeiro ímpeto que Celine sentiu, obviamente, foi de ir até lá, pois ela queria vê-lo e sabia que não seria difícil entrar no camarote de honra uma vez que Ludo Bagman ou o próprio Ministro a vissem ali, porém, um dos problemas era exatamente esse também... Celine nunca esteve antes num lugar onde ela quisesse evitar tantas pessoas ao mesmo tempo. Ela duvidava e muito em sua capacidade de conversar com o Ministro e não ser arrogante com o mesmo, pois seu desgosto por Fudge era óbvio — bastante óbvio.

Ele obviamente a perguntaria sobre sua volta à Grã-Bretanha e se a mesma ainda mantinha contato com Dumbledore — coisa que ele já sabia muito bem a resposta, porém, mesmo assim faria a pergunta. E, logo depois, começaria a interrogá-la ali mesmo... ela tinha certeza disso e, com isso em mente, ela teve certeza de que não queria aquilo e, muito menos, que Harry escutasse o que ele fosse dizer também. Mas isto, é claro, apenas se Harry Potter a reconhecesse, coisa que ela achava ser bem improvável.

Celine sabia que ele tinha noção de sua existência e que, muito provavelmente, já soubesse também que ela era a remetente de vários presentes e cartas que chegavam a ele ao longo do ano... como a capa da invisibilidade de seu pai que ela o enviou em seu primeiro ano em Hogwarts, ou a Nimbus 2000 que ela o presenteou quando a mesma ficou sabendo que ele jogaria como apanhador da Grifinória e que ele precisava de uma vassoura melhor que as da escola... ela ficou tão feliz quando Dumbledore a enviou essa carta, contando a ela que Harry seria o apanhador mais novo do time de quadribol de Hogwarts em mais de um século. Ao longo dos anos ela o mandou mais presentes e várias cartas, sempre que podia... e bom, ela sempre podia. No natal, ano novo, páscoa, dia das bruxas, no aniversário dele... ela amava o enviar presentes e cartas, sempre assinalando apenas como Celine no final de cada uma.

Ela nunca assinalava com seu nome completo pois não sabia como ele reagiria com aquilo, ainda mais pensando em com quem ele foi criado... sabe-se lá as coisas que Petúnia e seu marido haviam colocado na cabeça de Harry. Petúnia a odiava e ela foi proibida de chegar próximo da casa dos Dursley por conta disso... sabe-se lá o que ela pode ter dito a Harry sobre ela, provavelmente algo pouco educado e que fizesse Celine parecer uma completa maluca desmiolada.

— Celine — disse uma voz de repente, na entrada da tenda. — Então você ainda está acordada.

Celine, que estava muito imersa em seus próprios pensamentos, tomou um susto com a chegada repentina de Madame Maxime.

— Olímpia! — ela exclamou, percebendo também que o bule com água quente chiava mais ao fundo. — Eu estava lhe esperando.

Olímpia observou Celine balançar a varinha, apagando o fogo no fogão e então, xícaras, pires e saquinhos de chá voaram até a mesa, onde começaram a se preparar e a servir.

— Chá? — ela perguntou e Olímpia apenas concordou com a cabeça.

A bruxa andou até onde Celine estava, com a cabeça um tanto abaixada por conta de sua estatura, que fazia o topo de sua cabeça raspar no tecido do teto da tenda.

— Você parece preocupada — ela murmurou, se sentando em uma cadeira maior do outro lado da mesa e bebericando o chá que lhe foi servido.

— Besteira — Celine respondeu de imediato. — Como estão Fleur e Gabrielle?

— Estão bem. Tenho certeza de que Fleur será a escolhida para nos representar — ela falou parecendo orgulhosa de si mesma.

Celine sorriu com aquilo.

— Ela é uma jovem bruxa brilhante, eu não ficaria surpresa.

— Ninguém ficaria — Madame Maxime respondeu animada. Ela observou então o rosto de Celine mudar de animado para preocupado novamente. — Esse lugar não lhe faz bem — ela disse de repente, chamando a atenção de Celine. — Você é a minha pessoa de maior confiança em Beauxbatons, então foi a primeira escolha que me apareceu em mente quando nos disseram para trazer um dos professores... mas talvez não tenha sido algo bom, eu deveria ter pensado melhor.

Celine bufou e espantou aquela ideia com uma das mãos, parecendo irritada.

— Eu estou bem — ela voltou a afirmar. — E vou ficar ainda melhor quando sairmos daqui — falou apontando para a tenda ao redor e olhando de cara feia para a algazarra do lado de fora. — Não se preocupe com isso, se preocupe apenas com o torneio.

A menção do torneio pareceu fazer Madame Maxime deixar aquele assunto de lado.

— Recebi uma carta mais cedo de Dumbly-dorr — Olímpia disse e Celine sorriu de lado para a pronúncia acentuada dela. — Ele parece animado também.

— É claro que está. Hogwarts vai estar sediando o torneio, é uma grande honra — Celine disse bem humorada. — Estranho seria se ele não estivesse animado.

— Aposto como ele também deve estar animado em revê-la — Celine sorriu com isso. — Na carta de mais cedo, Dumbly-dorr citou que... — mas Celine nunca soube o que Dumbledore citou na tal carta, por que de repente uma baderna enorme pôde ser escutada ao lado de fora.

Haviam pessoas gritando e correndo ao lado de fora, sons de explosões e mais gritos...

— Mas o que é isso — Olímpia indagou, se levantando de sua cadeira e deixando o chá de lado.

Celine fez o mesmo, ela se colocou de pé e foi imediatamente para a entrada da tenda, afastando o pano e observando o lado de fora. Por um momento, ela pensou que toda aquela baderna fosse apenas o pessoal comemorando ainda a vitória da Irlanda, porém, quando olhou para as pessoas do lado de fora que antes pareciam felizes, rindo, bebendo e festejando, porém, agora corriam para todos os lados e carregavam feições de medo em seus rostos.

— Tem alguma coisa errada acontecendo — Celine falou em direção à Olímpia e, então, se colocou ao lado de fora da luxuosa tenda, indo em direção das tendas dos garotos e garotas, seus alunos, não muito distante dali.

Olímpia seguiu logo atrás de Celine, as duas indo em direção aos alunos de Beauxbatons. Assim que se aproximaram, Celine observou os alunos olhando pela entrada de suas próprias tendas, enquanto alguns já se encontravam ao lado de fora, observando o que acontecia.

— O que está acontecendo? — ela perguntou a Jean, um garoto de dezessete anos, um de seus alunos.

— Eu não faço ideia, professora — ele respondeu, olhando assustado ao redor.

— Saiam todos, vamos fazer a contagem — Madame Maxime gritou por cima das vozes, fazendo todos os alunos saírem de suas tendas. — Temos nove, estão faltando três.

Dos doze alunos que foram trazidos, três deles estavam faltando. Quando o barulho ao redor começou a ficar pior e as pessoas pareciam mais desesperadas, Celine reparou que eles precisavam sair dali.

— Tire eles daqui, Olímpia — Celine falou depressa. — Leve-os de volta aos portões de entrada, eu vou atrás dos outros três — Madame Maxime logo concordou ao lado. — Alguém sabe para onde Louis, Riquelme e Amélie foram?

Houve então um pequeno momento de silêncio, apenas os alunos olhando uns para os outros como se tentassem se lembrar de ver os três colegas pela última vez, ou como se não tivessem a mínima ideia de onde eles poderiam estar ou ter ido.

— Eu os vi indo naquela direção — disse Gabrielle, a irmã mais nova de Fleur, apontando para as barracas mais ao longe, em direção à floresta.

— Certo — Celine respondeu. — Vejo você depois — ela disse em direção à Olímpia e então, rumou para onde Gabrielle havia apontado.

Mais à frente, tentando passar pela correnteza de pessoas que corriam na direção oposta, todas tentando ir em direção à saída, Celine deu uma olhada para trás, observando a figura extremamente alta de Olímpia em meio às outras pessoas, guiando as crianças para fora, mantendo todas em conjunto.

Celine não sabia o que estava acontecendo ali, havia acontecido alguma briga? Ela sabia que alguns torcedores eram fanáticos demais e levavam os jogos de quadribol a outro nível, mas ao nível de sair queimando as barracas de outras pessoas por aí? Ela observou algumas barracas pegando fogo ao longe e apertou o passo, puxando sua varinha de nogueira preta para fora da barra de sua saia de cetim. Ela apagou o fogo das barracas, observando que já não havia mais ninguém ali, a pessoa ou a família que residia na barraca já havia provavelmente fugido para longe.

Quando se afastou o suficiente das barracas, Celine conseguiu ver alguns aurores correrem para um lado, não muito distante dela. Ela estava prestes a ir lá e perguntar o que estava acontecendo, porém, não muito longe dali, ela avistou Amélie, sua aluna.

— Amélie! — ela gritou para a garota que parecia perdida, olhando para todas as direções com terror nos olhos. — Amélie! — na segunda vez, a garota pareceu escutar a voz de sua professora por cima das outras, ela olhou na direção de Celine e soltou um enorme suspiro de alívio, correndo em direção à ela.

— Professora Dorsey — ela falou desesperada, colidindo contra Celine, que a segurou pelos ombros, a afastando da multidão. — Louis e Riquelme, não sei onde eles estão.

— Calma, nós vamos encontrar eles.

— Não, e se pegaram Riquelme? — ela perguntou exasperada. — Ele é mestiço.

— O que? — Celine perguntou confusa. — Você viu alguma coisa, Amélie?

— Homens mascarados — ela respondeu de imediato. — Caçando os não mágicos. Foi horrível... — ela continuou em desespero, apontando mais ao longe, para onde Celine mais cedo viu os aurores correrem.

— Comensais da Morte — Celine murmurou e a garota concordou, engolindo em seco.

Celine segurou com mais força a varinha na mão direita, então puxou Amélie para mais perto.

— Venha, vamos — ela falou, voltando a andar, agora mais apressada que antes. — Para onde os garotos foram?

— Ali — Amélie falou, apontando com o queixo para a floresta. — Eram muitas pessoas, então pensamos em voltar, mas era impossível passar por todas elas, então pensamos em ir para a floresta vazia, mas me perdi deles no meio do caminho...

— Tudo bem, vamos lá — Celine respondeu, tentando passar conforto a Amélie enquanto segurava uma das mãos da garota, a mantendo sempre por perto. — Eles não devem estar muito longe.

— Professora — Amélie chamou em meio a lufadas de ar, enquanto as duas adentravam em passadas rápidas a floresta. — E os outros?

— Já devem estar do lado de fora com Madame Maxime.

Amélie suspirou logo ao lado, mas logo voltou a parecer pesarosa novamente quando olhou para Celine, que a guiava e olhava em todos os cantos da escuridão da floresta, freneticamente procurando por Louis e Riquelme na luz de sua varinha, que não iluminava muito distante de onde elas estavam.

— Me desculpe, professora — ela falou de repente. — Nós apenas queríamos nos divertir, não sabíamos que isso iria acontecer...

— Está tudo bem, depois nós falamos sobre isso, certo? — Amélie concordou logo ao lado.

Comensais da Morte, Comensais da Morte... Celine pensava uma e outra vez enquanto adentrava mais e mais a floresta com Amélie logo ao lado, escutando vozes e indo em suas direções, apenas para dar de cara com todos os tipos de pessoas, mas menos com os dois garotos que elas estavam a procura. Era irônico o quanto o destino poderia ser. Anos sem aparições de Comensais da Morte, apenas para que, quando Celine Dorsey pisasse novamente na Grã-Bretanha, fosse recebida com essa desagradavel surpresa.

Celine estava preocupada com seus alunos, ela esperava que eles estivessem bem e escondidos, porém, ela também pensava em Harry, pois ela sabia que ele estava ali e, parecia ser coincidência demais... ela esperava que ele estivesse bem e intacto, esperava que nada de mal tivesse acontecido com ele e esperava também que os aurores de mais cedo chegassem logo a esses Comensais e os pegassem. Ela apertou ainda mais a varinha em sua mão direita, um ímpeto forte dentro dela a fazia querer voltar e acabar com cada um deles... como se ela ainda fosse uma auror. Mas então, ela balançou aqueles pensamentos para longe. Ela agora era uma professora e sua maior preocupação deveria ser com seus alunos, cada um deles. Não importavam os homens mascarados, não agora, o que importava era encontrar Riquelme e Louis e então levar os três até Madame Maxime e os demais, os mantendo em segurança.

— Ali! Ali estão eles! — Amélie gritou de repente, a fazendo olhar não muito mais longe dali e ver algumas silhuetas no escuro, duas delas, Celine percebeu, eram Riquelme e Louis.

Amélie se soltou de Celine e então abraçou Louis, seu irmão, para logo em seguida fazer o mesmo com Riquelme, o melhor amigo de ambos.

— Vocês! — Celine falou apontando para os dois garotos, o rosto vermelho de tanto correr. — Tem noção do quanto me deixaram preocupada?!

— Professora Dorsey! — os dois exclamaram ao mesmo tempo, parecendo surpresos e felizes.

— Vocês estão bem? Não estão machucados, estão? — ela perguntou, virando um garoto e depois o outro, os inspecionando à luz da varinha.

— Não, professora — um deles respondeu.

— Estou inteiro, professora — o outro respondeu não muito depois.

Celine então soltou um suspiro e relaxou os ombros tensos.

— Onde vocês três estavam com a cabeça? — ela perguntou num tom de repreensão. — Já era hora de se deitarem, eu os deixei em suas tendas com os outros... e se eu não os encontrasse? E se algo ruim tivesse acontecido com um de vocês, ou com os três... o que eu diria para suas famílias?

Os três baixaram as cabeças, parecendo bastante arrependidos de suas atitudes.

— Nós estávamos animados, não pensamos direito — Riquelme respondeu cabisbaixo. — Desculpe, professora.

— Nós queríamos ver os fogos — Louis disse logo depois. — Mas não deveríamos ter saído sem o seu conhecimento, professora. Desculpe.

— Desculpe, professora Dorsey — Amélie falou entre um soluço e outro, ao qual Celine afagou um dos ombros da garota.

— Tudo bem, tudo bem — Celine murmurou. — Vamos esperar aqui, certo? Quando as coisas estiverem mais tranquilas nós então vamos até os outros.

Os três concordaram com as cabeças.

— Era o que estávamos fazendo — Riquelme disse de repente e apontou mais ao lado. — Estávamos esperando as coisas se acalmarem quando nos encontramos com eles — murmurou apontando para três figuras na escuridão.

Celine ergueu a varinha, pela primeira vez, reparando nas outras crianças ali também, pois estava escuro. Ela deu dois passos em direção às silhuetas e arregalou os olhos.

— Acho que são de Ogwarts, não falam francês — Louis sussurrou para a professora.

Ali, parados na escuridão, haviam dois garotos e uma garota. A garota tinha os cabelos enrolados e cheios, tinha os dentes da frente um tanto protuberantes e carregava a varinha na mão direita, como se estivesse pronta para caso algo viesse a acontecer. Do outro lado, havia um garoto alto, mais alto do que os outros dois, de pele tão branca que as sardas em seu rosto ficavam em bastante evidência até mesmo na escuridão da floresta, assim como seus cabelos ruivos. E, no meio dos dois, havia um garoto de cabelos pretos bagunçados, apontando para todos os lados, ele era mais baixo que o garoto ruivo e um pouco mais alto que a garota, seu corpo era magro e as roupas um tanto largas demais para ele, usava um óculos redondo que parecia insistir em escorregar pela ponte de seu nariz um tanto arrebitado.

Celine deixou um suspiro trêmulo escapar por entre os lábios, a mão da varinha tremeu um tanto, deixando isso em evidência por conta da luz na ponta da varinha, que tremeluziu junto.

Por um segundo, um pequeno segundo, Celine jurou que aquele à sua frente fosse James Potter. Os cabelos, a feição, os óculos... ele era exatamente igual à James quando mais novo, a única diferença eram os olhos verdes e brilhantes, pois James costumava ter os olhos castanhos.

Ela sorriu com aquilo, os olhos dele eram idênticos aos da mãe. Verdes como os de Lílian.

— Vocês estão bem? — ela perguntou em inglês para os três. — Estão machucados?

Por um momento, eles pareceram surpresos que ela falasse tão bem o inglês, ainda mais depois de ter tentado uma conversa com os dois meninos logo atrás, que pareciam entender apenas o básico do inglês e, eles, bem... não entendiam quase nada do francês deles, o que tornava a comunicação um tanto complicada.

— Estamos bem sim — a garota respondeu. — Você é professora deles, em Beauxbatons?

— Sim, isso mesmo — Celine começou a dizer, porém, Riquelme foi mais rápido em voltar a falar logo atrás.

Professeur, avez-vous vu ce qui se passait là-bas?

Então Celine se virou, respondendo ao garoto.

Os três olharam abismados para a mulher e os outros três adolescentes, eles falavam muito rápido e em uma língua que eles não eram nem um pouco familiarizados, então não entendiam nada.

— Beauxbatons? — Harry perguntou num sussurro logo ao lado.

— A escola de magia na França — Hermione respondeu para Rony e Harry, que pareciam confusos. — Vocês não acharam que só existia Hogwarts no mundo todo, não é?

— Claro que não — Rony respondeu rápido. — Eu só não sei o nome de todas as outras.

Harry se sentiu bobo. Sim, ele havia pensado que havia apenas Hogwarts como escola de magia e bruxaria. Mas é claro que existiam outras escolas de magia espalhadas pelo mundo... afinal, haviam vários bruxos de nacionalidades diferentes... ele só nunca havia parado muito para pensar nisso antes.

— Você passou as férias na França, não foi, Hermione? — Rony perguntou de repente. — O que que eles estão falando?

Hermione parou por um tempo, parecendo tentar discernir as palavras na conversa rápida dos quatro à frente, mas, com uma careta, ela se virou para os dois e negou com a cabeça.

— Eu não sei — ela confessou e não pareceu nada contente com aquilo. — Eu só entendi algo como auror e... — ela parou por um momento, tentando apurar a audição e entender mais alguma coisa na conversa. — Não sei, eles estão falando muito rápido. Mas vocês ouviram do que eles a chamaram? Acho que já escutei esse sobrenome antes.

A bruxa mais velha então se virou de repente na direção deles e Hermione ergueu sua própria varinha, iluminando o local.

— Nós vamos ficar aqui e esperar um pouco — ela disse. — As coisas por lá estão um tanto perigosas — falou apontando com a cabeça para fora da floresta. — Mas vi aurores chegarem, então logo logo tudo deve estar sob controle. Vocês estão aqui sozinhos?

Harry então pensou em Fred, George e Gina, eles estavam todos juntos, mas no meio de tantas coisas acontecendo e de tantas pessoas correndo para todos os lados, eles acabaram se separando.

— Acabamos nos perdendo dos nossos amigos — ele disse e ela concordou com a cabeça, dando um pequeno sorriso que o fez lembrar de alguém, como se ele já a conhecesse, mas não conseguisse se lembrar de onde.

— Tenho certeza de que eles devem estar bem — ela murmurou, tentando os tranquilizar. — Vamos ficar todos juntos aqui e esperar as coisas se acalmarem, tudo bem? Depois eu vou levar Amélie, Louis e Riquelme até meus outros alunos e então posso ajudar vocês a encontrarem os amigos de vocês, que tal?

Os três concordaram com as cabeças, aquela parecia uma ótima ideia. Ainda mais quando Harry se lembrava da cena grotesca a qual se deparara mais cedo; homens mascarados colocando aquela família de trouxas inocentes de ponta cabeça, desfilando por aí com eles enquanto os mesmos berravam e eles ateavam fogo aqui e ali em barracas de famílias. E, apesar de não conhecer aquela mulher, ela era uma professora, não de Hogwarts, obviamente, mas aqueles três junto com ela pareciam confiar plenamente na professora deles e, mesmo sem saber o por que, Harry sentia que podia confiar nela também.

— Com licença, mas eles te chamaram de professora Dorsey, não foi? — Hermione perguntou de repente.

— Sim — a bruxa respondeu, sorrindo. — Trabalho como professora e mestre de poções em Beauxbatons.

Harry não pôde deixar de invejar aqueles três, ela com certeza devia ser uma professora de poções bem melhor do que o professor que eles tinham em Hogwarts — o que não deveria ser muito difícil.

Hermione abriu um sorriso enorme de repente e então agarrou um dos ombros de Harry.

— Harry! — ela exclamou de repente, parecendo feliz e animada, o que confundiu o garoto. — Este aqui é Harry Potter!

A bruxa mais velha sorriu de lado e os três alunos dela mais atrás olharam espantados para o garoto, logo começando a cochilar uns com os outros.

— Eu sei — a professora Dorsey respondeu simplesmente e Harry afastou seu ombro para longe do aperto de Hermione.

Ela sabia que ele não gostava muito disso, das pessoas cochichando e falando sobre ele. Ele logo percebeu os três alunos de Beauxbatons olhando para o rosto dele, mais exatamente para sua testa, obviamente procurando por sua cicatriz em formato de raio.

Harry levou uma mão aos cabelos e os achatou na testa, tentando manter a cicatriz muito bem escondida dos olhos deles, logo depois lançando um olhar repreensor para Hermione.

— Harry, ela é... — mas então, antes que Hermione conseguisse dizer mais alguma coisa, barulhos em meio a floresta chamaram a atenção deles todos e, pela primeira vez, todos ali perceberam o silêncio esquisito pairando no ar.

Não havia mais sons de pessoas gritando ou correndo, apenas o murmurinho de pessoas conversando mais ao longe.

Todos eles espiaram por cima do ombro e então se viraram depressa em direção ao som dos passos. Eles estavam todos em uma clareira, em meio a floresta, havia apenas eles ali, mas, mais ao fundo, na floresta densa, algo parecia se arrastar, tentando sair dali e ir para fora. Parecia que algo cambaleava a luz da lua, tentando chegar até a clareira onde todos eles se encontravam.

Houve silêncio, todos eles prestando muita atenção no ruído de passos desiguais por trás das árvores escuras. Mas os passos pararam repentinamente.

— Olá? — Harry perguntou em alto som, ele sendo o mais próximo do local, forçando a vista para tentar enxergar algo na escuridão, já que estava sem sua varinha.

Houve silêncio e então, a professora Dorsey se colocou à frente dele, deixando todos eles às suas costas, varinha em riste, tentando iluminar ao máximo as árvores escuras.

Harry tentou olhar por cima do ombro da mulher, tentando espiar atrás das árvores. Estava escuro para ver muito longe, mas ele sentia que havia alguém logo além do seu campo de visão.

— Quem está aí? — a professora de Beauxbatons perguntou com uma voz mandona, como se ordenasse quem quer que estivesse ali a se revelar, sem outra opção.

E então, sem aviso, o silêncio foi rompido por uma voz diferente de todas que já tinham ouvido antes; e então a voz soltou um grito agudo, um feitiço.

MOSMORDRE!

E uma coisa enorme, verde e brilhante, irrompeu do lugar escuro por entre as árvores e voou em direção ao céu noturno, iluminando tudo.

A bruxa mais velha soltou uma exclamação, olhando para o alto e pondo o braço esquerdo, o que ela não usava a varinha em riste, para trás, levando Harry e os demais para longe das árvores.

— Que m...? — exclamou Rony, dando um salto com o susto e arregalando os olhos para a coisa que aparecera.

Havia agora um crânio colossal no céu, flutuando no céu noturno, formado por estrelas de esmeraldas e uma cobra saindo pela boca, como uma língua.

De repente, toda a floresta ao redor deles explodiu em gritos.

— Quem está aí? — Harry gritou contra a floresta, passando pela professora Dorsey e tentando alcançar as árvores, mas sentiu mãos o alcançarem.

— Vamos sair daqui — era a bruxa mais velha quem falava, o guiando pelos ombros para longe das árvores, se colocando mais uma vez em frente dele e não piscando uma vez se quer. — Vamos todos sair daqui agora.

Harry olhou confuso para ela e então para os demais, todos pareciam assustados.

— Juro que vi alguém ali — ele disse.

— Harry, vamos, anda! — Hermione agarrou-o pelas costas da jaqueta e o puxou para trás.

— Que foi? — ele perguntou, espantado em ver a cara da amiga tão branca e aterrorizada.

— É a Marca Negra, Harry! — Hermione murmurou espantada, puxando-o com toda força que podia, seguindo a bruxa mais velha, que olhava ao redor, atenta. — O sinal de Você-Sabe-Quem!

— Do Voldemort...? — ele perguntou atônito.

— Ele mesmo — a professora Dorsey respondeu, o que o pegou de surpresa. — Vamos, vamos todos sair daqui. E todos atrás de mim — ela falou séria, olhando especialmente para Harry, que mais cedo havia passado na frente dela.

Ele balançou a cabeça, entendendo o recado.

Eles começaram a atravessar a clareira, mas então, antes que conseguissem dar mais um passo sequer, uma série de estalos anunciaram a chegada de vinte bruxos, saídos do nada, a toda volta.

Todos eles puxaram suas varinhas e apontaram para eles.

— Se abaixem! — a professora de Beauxbatons gritou e então todos eles se abaixaram e ela se manteve com um joelho apoiado ao chão, mantendo a cabeça de Harry Potter contra o gramado com sua mão esquerda e em sua mão direita, a varinha em riste.

— ESTUPEFAÇA! — berraram vinte vozes, desencadeando uma série de lampejos.

Levantando os olhos, Harry viu os feitiços todos baterem contra um escudo que fora conjurado pela professora Dorsey, os lampejos batiam ou passavam por cima deles, batendo nas copas das árvores ou então em seus troncos mais atrás, saltando para a escuridão...

— Parem! — berrou uma voz em meio a tudo aquilo, que logo Rony, Harry e Hermione reconheceram. — PAREM! É o meu filho!

Os lampejos pararam e depois de um segundo do que a professora pareceu ponderar se era seguro ou não baixar a varinha — como se esperasse que algum deles fosse lançar mais lampejos — ela, vendo que os feitiços de fato cessaram, baixou a varinha e então o escudo tremeluzente que vinha dali sumiu, ao mesmo tempo em que ela se colocava de pé.

— Rony, Harry... — um bruxo de cabelos ruivos e voz tremida chegou até eles — ... Hermione, vocês estão bem?

— Saia do caminho, Arthur! — disse de repente uma voz fria e ríspida.

Era o senhor Crouch, o Chefe do departamento de Cooperação Internacional em Magia. Ele e os outros bruxos do Ministério fechavam um cerco em torno de todos eles. Harry e os demais se levantaram. O rosto do homem estava tingido na cor púrpura, tenso de cólera.

— Qual de vocês fez aquilo? — perguntou enraivecido, os olhos dele saltando de um para o outro ali. — Qual de vocês conjurou a Marca Negra? — mas então, os olhos dele pararam na mulher mais ao lado, na professora de poções de Beauxbatons, ele pareceu surpreso por um segundo.

— Nenhum deles conjurou a marca, senhor Crouch — ela disse, se aproximando e mais uma vez se pondo à frente deles. — São todos meninos e meninas, eles nunca teriam capacidade para isso e você sabe disso.

— Estão todos na cena do crime — ele murmurou de volta, parecendo agora duas vezes mais enraivecido enquanto olhava para a professora Dorsey. — De onde saiu a marca? Respondam!

Os olhos dele quase saltavam pelas órbitas, ele parecia ensandecido enquanto apontava para cada um deles.

— Dali — respondeu Hermione, trêmula, apontando para o ponto em que tinham ouvido a voz — , havia alguém atrás das árvores... gritou umas palavras, uma fórmula mágica...

— Ah, havia alguém parado ali, é mesmo? — ele perguntou, incrédulo. — Disseram uma fórmula mágica, não foi? A senhorita parece muito bem informada sobre as palavras que conjuram a marca, senhorita...

Mas nenhum dos bruxos do Ministério, exceto o senhor Crouch, achou nem remotamente provável que aqueles que estivessem ali tivessem conjurado o crânio, muito pelo contrário, ao ouvirem as palavras de Hermione, voltaram a erguer e apontar as varinhas na direção que ela indicara, procurando ver entre as árvores escuras.

— Os raios passaram direto por nós e acertaram as árvores logo atrás, talvez tenha acertado alguma coisa — a professora Dorsey disse de repente e então, do meio dos bruxos, surgiu um com uma barba curta e castanha, as feições concentradas.

Era Amos Diggory, que trabalhava no Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas no Ministério britânico.

— Olá, Celine. Se o momento não fosse tão ruim, eu lhe convidaria para um chá — ele disse e a bruxa sorriu de lado. — Eu vou lá verificar.

— Amos, cuidado! — disseram alguns bruxos em tom de alerta, quando o senhor Diggory aprumou os ombros, ergueu a varinha, atravessou a clareira e desapareceu na escuridão.

Harry levou uma das mãos aos cabelos, enquanto observava a bruxa que Amos Diggory havia chamado de Celine e, então, algo dentro dele despertou. Agora fazia sentido o por que de ele ter o sentimento de já a conhecer e tê-la visto, ela era Celine Dorsey, estava no álbum de fotos que Hagrid havia o dado de presente em seu primeiro ano em Hogwarts!

Ela estava na maioria do álbum, sempre com sua mãe e seu pai e, é claro, na foto do casamento deles, juntamente com Sirius Black, que também já havia falado muito sobre ela!

Ele se lembrava com nitidez de Sirius a citar na primeira vez que se viram na Casa dos Gritos, quando ele ainda pensava que o mesmo estava ali para o assassinar, ele perguntava a Remus, que naquela época era professor de Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts, onde estava Celine... que também era sua madrinha.

Harry suspirou e olhou incrédulo para Celine... ela era Penas! O integrante que faltava no Mapa do Maroto!

Ele não havia a reconhecido pois ela agora estava mais velha, um tanto diferente das fotos em seu álbum. Agora ela parecia mais magra e com os cabelos mais longos, bem mais longos, pois nas fotos, ela tinha os cabelos curtos raspando suas bochechas.

Mas antes que pudesse pensar mais em como a mulher logo ao lado era ninguém mais ninguém menos do que sua madrinha da qual muitos falavam, a voz de Amos Diggory se fez presente na escuridão por entre as árvores...

— Acertamos, sim! Tem alguém aqui! Inconsciente! É, mas... caramba...

— Você pegou alguém? — gritou o senhor Crouch, parecendo muitíssimo incrédulo. — Quem? Quem é?

Eles então ouviram gravetos se partirem, folhas farfalharem e, por fim, passos quando o senhor Diggory reapareceu por trás das árvores. Trazia consigo uma figura minúscula e inerte nos braços. Era um elfo doméstico.

Harry reconheceu a toalha de chá que o elfo vestia na mesma hora. Era Winky, a elfo do senhor Crouch.

— Isto, não pode ser... — disse ele aterrorizado. — Não...

Ele então contornou rápido o senhor Diggory e saiu em direção ao lugar em que o bruxo encontrara Winky.

— Não adianta, senhor Crouch — gritou Diggory. — Não há mais ninguém aí.

Mas o senhor Crouch pareceu não ligar, eles o ouviram andar para todo lado, as folhas farfalhando ao serem afastadas para os lados, em sua busca.

— Meio embaraçoso — murmurou o senhor Diggory, contemplando o corpo inconsciente de Winky. — O elfo doméstico de Bartô Crouch... quero dizer... — ele parecia chocado.

— Pode parar, Amos — disse o senhor Wesley, baixo, quase num sussurro. — Você não acredita seriamente que foi o elfo, não é? A Marca Negra é um sinal de bruxo, exige uma varinha.

— Uma varinha e uma marca no braço esquerdo — Celine disse de repente, surpreendendo os dois. — Não vejo nenhum dos dois no elfo.

— É — disse Amos, apontando para os dois — , mas havia uma varinha.

Celine e Arthur Wesley olharam surpresos para Amos Diggory.

— Olhem aqui — ele disse e ergueu então uma varinha diferente da dele, mostrando-a a ambos. — Estava na mão dela. Então, para começar, violação da Cláusula 3 do Código para o Uso de Varinhas. Nenhuma criatura não humana tem permissão para portar ou usar uma varinha.

— E de onde ela tirou essa varinha? — Celine perguntou, ainda parecendo cética àquilo.

Mas então, nesse instante, ouviu-se um estalo e Ludo Bagman, o chefe do departamento de Jogos e Esportes Mágicos, aparatou bem ao lado de Arthur Wesley. Parecendo sem fôlego e vestido em suas roupas antigas de quadribol, do Vespas de Wimbourne, onde há bastante tempo atrás — isso ficava em evidência em como as roupas quase não o cabiam mais — ele jogou como batedor. Ele girou no mesmo lugar, com os olhos cravados no crânio verde-esmeralda no céu.

— A Marca Negra! — exclamou ofegante, quase pisoteando o elfo no chão ao se virar, intrigado, para todos ali. — Quem fez isso? Vocês apanharam quem fez? Bartô! Que é que está acontecendo?

O senhor Crouch voltou então de sua busca, mas de mãos vazias. O rosto dele agora se encontrava branco como o de um fantasma e torcia tanto o bigode que o mesmo já encontrava-se com voltas e mais voltas...

— Por onde é que você andou, Bartô? — perguntou Bagman. — Por que é que você não assistiu à partida? E o seu elfo ficou guardando uma cadeira para você... Gárgulas vorazes! — e então, pela primeira vez desde que chegou ali, ele pareceu reparar no elfo ao chão. — O que foi que aconteceu com ela?

— Estive ocupado, Ludo — respondeu o senhor Crouch, parecendo estar ali e ao mesmo tempo não estar. — E o meu elfo foi estuporado.

— Estuporado? — Ludo perguntou desacreditado. — Por gente nossa você quer dizer? Mas por quê?

E de repente, como se respondesse a própria pergunta, ligando um ponto ao outro, ele ergueu os olhos para o crânio que brilhava nos céus e depois os baixou para o elfo e, em seguida, os ergueu em direção a Bartô Crouch.

— Não! — exclamou ele chocado. — Winky? Ela conjurou a Marca Negra? Ela não sabe fazer isso! Para começar, precisaria de uma varinha!

— E tinha uma — falou Amos Diggory rápido e empolgado, como se estivesse esperando há um tempão por aquilo. — Encontrei-a segurando uma, Ludo. Se o senhor não se opõe, senhor Crouch, acho que devíamos ouvir o que ela tem a dizer em sua defesa.

Crouch parecia muito perdido em sua própria cabeça, ele não deu sinais de ter escutado Amos, mas este pareceu tomar o silêncio como uma concordância. Ele então ergueu a varinha e apontando-a para o elfo e disse:

— Enervate!

O elfo doméstico, Winky, se mexeu minimamente. Seus grandes olhos castanhos se abriram e ela então ergueu o tronco aos poucos e se sentou na grama. Ela então avistou o senhor Diggory e lenta e tremulamente, ergueu os olhos e mirou o crânio no céu daquela noite, que se refletiu duas vezes maior em seus olhos enormes. Ela olhou ao redor da clareira agitada e então, rompeu em soluços.

— Elfo! — disse Amos Diggory, tentando chamar a atenção de Winky. — Você sabe quem eu sou? Sou do Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas!

Winky começou a se balançar no chão para frente e para trás, soluçando cada vez mais alto.

— Como você está vendo, elfo, sua Marca Negra foi conjurada aqui há alguns instantes — disse o bruxo. — E você foi descoberta, pouco depois, logo embaixo dela! Sua explicação, por favor!

Celine cruzou os braços e rolou os olhos, não sabendo se intervinha ou não em tudo aquilo.

— Eu... eu... eu não estou fazendo isso, meu senhor — ela respondeu rápido. — Eu não estou sabendo, meu senhor!

— Você foi encontrada com uma varinha na mão! — exclamou Diggory, agora começando a parecer se irritar, mostrando a tal varinha e a balançando com força em frente ao rosto do elfo doméstico.

— Ei... é minha!

Todos que estavam na clareira olharam surpresos para Harry Potter.

— Perdão? — perguntou Diggory, piscando incrédulo.

— É a minha varinha — Harry voltou a repetir. — Eu a deixei cair!

— Deixou cair? — repetiu Amos, não parecendo acreditar muito naquilo. — Isto é uma confissão? Você se desfez dela depois de conjurar a Marca?

— Lembre-se de com quem está falando, Amos Diggory — a voz branda de Celine Dorsey se fez presente e todos a olharam. — Você está insinuando que Harry Potter conjurou a Marca Negra?

Amos abriu e fechou a boca um bocado de vezes, ainda olhando para Celine.

— Hum... claro que não — ele respondeu num murmúrio. — Desculpem... me empolguei...

Celine rolou os olhos e arrancou a varinha das mãos de Amos Diggory, que olhou ultrajado para ela.

— Onde você a deixou cair, Harry? — ela perguntou e Harry pareceu pensar por um momento.

— Não a deixei cair lá — ele respondeu, apontando para a floresta. — Dei por falta dela logo depois que entramos na floresta.

— Então — Diggory voltou a falar, seu olhar endurecendo ao se virar novamente para Winky que se encolhia aos seus pés. — Você encontrou a varinha, não foi, elfo? E você apanhou e pensou em se divertir com ela, é isso?

— Eu não estava fazendo mágica com ela, meu senhor! — gritou Winky, desesperada para se fazer ouvida em meio aos seus soluços. — Eu estava... eu estava... eu estava só apanhando ela, meu senhor! Eu não estava fazendo a Marca Negra, meu senhor! Eu não sei fazer!

— Não foi ela, Amos — Celine voltou a dizer. — Eu já disse, mas a Marca só pode ser conjurada por aqueles que a carregam — ela falou bem devagar, tentando pontuar cada palavra. — Além do mais, a voz de quem conjurou a Marca Negra era diferente, não era a voz dela, era a voz de um homem.

Todos olharam surpresos para aquilo.

— Como pode ter certeza? — Amos perguntou e Celine ergueu uma sobrancelha escura na direção dele.

— Você pensa que eu estou mentindo?

— Não foi ela! — Hermione gritou de repente de onde estava. — Winky tem uma vozinha esganiçada e a voz que ouvimos dizer a fórmula era muito mais grave! — ela então olhou para os lados, atrás de apoio.

— Não — confirmou Harry. — Decididamente não parecia voz de elfo.

— É, era uma voz humana — disse Rony.

E então, Amélie, Louis e Riquelme pareceram concordar também, todos eles afirmando que a voz que ouviram na floresta, evidentemente não era a de Winky.

— Bem, logo veremos — Diggory disse. — Há uma maneira bem simples de descobrir o último feitiço que a varinha realizou, você sabia, elfo? — ele perguntou, como se quisesse fazer o elfo tremer ainda mais.

Amos então olhou para Celine e depois para a varinha nas mãos dela.

— Eu já disse que não foi o elfo, Diggory — ela voltou a falar. — Nós vamos usar o feitiço e vamos ver que sim, foi essa a varinha usada para conjurar a Marca, mas então, ainda não faria sentido, por que assim como eu já lhe disse duas vezes, algo sem a Marca cravada em si, é incapaz de conjurar o feitiço.

— Ela tem razão, Amos — Arthur Wesley disse de repente. — Pare e pense um pouco. Pouquíssimos bruxos sabem fazer esse feitiço... ela é um elfo, onde teria aprendido? Além do que, assim como a senhorita Celine disse, a elfo não carrega a marca.

— Talvez Amos esteja insinuando — disse o senhor Crouch, fúria em cada sílaba — que eu rotineiramente ensino meus criados a conjurarem a Marca Negra?

Todos os olhos se voltaram para Amos, num silêncio profundo e desagradável.

Amos Diggory pareceu horrorizado.

— Senhor Crouch... de... de jeito nenhum...

— Você agora já quase chegou a denunciar as duas pessoas nesta clareira que menos provavelmente conjurariam aquela Marca! — senhor Crouch vociferou, sentindo-se ultrajado. — Harry Potter... e eu! Suponho que você conheça a história do garoto, Amos?

— Claro, todos conhecem... — murmurou Amos Diggory, parecendo sem graça e arrependido.

— E espero que se lembre das muitas provas que tenho dado, durante a minha longa carreira, de que desprezo e detesto as Artes das Trevas e aqueles que a praticam — gritou o senhor Crouch, os olhos voltando a saltar das órbitas em seu rompante.

— Senhor Crouch, eu... eu nunca insinuei que o senhor tenha alguma coisa a ver com isso! — disse Diggory, com o rosto corado de vergonha.

— Se você acusa o meu elfo, você acusa a mim, Diggory!

De repente, uma pequena tosse atrapalhou o surto impiedoso de Crouch, que olhou para Celine.

— Senhor Crouch, não é desconfiando do senhor, afinal, nós já trabalhamos juntos — ela disse erguendo a varinha de Harry — , mas não podemos descartar a possibilidade de Winky talvez estar sobre a influência de alguém.

— O que quer dizer com isso, senhorita Dorsey? — ele perguntou, parecendo tentar se acalmar.

— A maldição Imperius, senhor — ela disse dando de ombros e então houve arquejos em uníssono ao redor.

O rosto do senhor Crouch foi de vermelho para branco muito rápido. Ela então apontou sua varinha de nogueira preta para a varinha de Harry e murmurou um "Prior Incantato" e, então, houve mais uma sucessão de arquejos quando um crânio, em menor dimensão, apareceu por entre o vão em que as duas varinhas se tocavam.

— É estranho — Celine murmurou, olhando para o crânio que surgiu entre as duas varinhas. — A varinha de Harry Potter roubada e depois, encontrada nas mãos do elfo doméstico de Bartolomeu Crouch. Faz sentido que ela não se lembre, se estava na influência da maldição — ela então se virou na direção de Winky. — Seja honesta, elfo, você se lembra de algo fora do comum? Você se lembra de alguém que possa ter feito tudo isso, que possa ter te forçado a isso?

Todos olharam apreensivos para Winky que ainda tremia no chão.

— Não, minha senhora... — ela respondeu, abanando as orelhas longas de um lado ao outro, junto com sua cabeça. — Winky não se lembra de nada disso... Winky jura...

— Se lembra de como a varinha foi parar em suas mãos?

— Eu... eu... eu estava encontrando... encontrando ela lá, minha senhora — ela disse enquanto torcia a toalha de mesa que era sua roupa, mas aquela não pareceu ter sido uma boa resposta. — Encontrando ela lá no meio das árvores...

Celine não pareceu muito convencida daquilo, mas não disse nada. Ao invés disso, apenas murmurou um "Deletrius" e então, o crânio entre as duas varinhas sumiu.

— Está vendo, Amos? — disse o senhor Wesley. — Quem quer que tenha conjurado a Marca poderia ter desaparatado logo em seguida. Uma ideia inteligente — ele falou olhando para Celine — , não ter usado a própria varinha que poderia tê-lo denunciado.

— Ela deve estar mentindo, com certeza viu alguém! — Amos brandou. — Vou levá-la para interrogatório...

— A elfo pertence ao Crouch — Celine voltou a dizer, devolvendo a varinha de Harry para ele. — Acho que ele é quem deve resolver isso.

— Amos — disse o senhor Crouch secamente — , estou muito consciente de que normalmente você iria querer levar Winky para interrogatório no seu departamento. Mas vou lhe pedir que me deixe cuidar dela.

O senhor Diggory fez cara de quem não achava a sugestão muito boa, mas ele não ousaria ir contra as palavras de Bartolomeu Crouch.

— Pode ficar tranquilo que ela será castigada — o senhor Crouch acrescentou muito sério.

— M-m-meu senhor... — Winky gaguejou olhando para o senhor Crouch com os olhos suplicantes e cheios de lágrimas. — M-m-meu senhor, por favor...

E então, se sucedeu uma sessão onde o senhor Crouch deixava bem claro que Winky não trabalharia mais para ele e para sua família, a ameaçando com roupas. Enquanto Winky chorava esparramada ao chão, desesperada e além de triste, parecia miserável. Hermione ainda tentou ajudar a elfo de alguma forma, mas em vão.

— Se escutei bem o senhor é o senhor Wesley, não é? — Celine perguntou baixo, se aproximando de Arthur Wesley que respondeu com um aceno de cabeça. — Acredito que os três estejam com o senhor — falou olhando para Harry, Hermione e Rony.

— Sim. Hermione e Harry estão ficando em minha casa, com minha família.

— Que bom — ela respondeu dando um pequeno sorriso. — Você se importa se eu os acompanhar? Tenho que levar meus alunos de volta aonde estamos ficando e, acredito que iremos pelo mesmo caminho.

— Não, claro que não — Arthur respondeu imediatamente. — Vamos indo, crianças?

Todos eles já estavam prontos para deixar a clareira, quando, de repente, mais uma vez, a voz de Bartô Crouch se fez presente.

— Senhorita Dosey? — ele chamou e ela parou no meio de sua caminhada, soltando um suspiro e se virando na direção do bruxo.

— Sim, senhor Crouch?

Ele se aproximou da bruxa, olhando as crianças ao redor e também para Arthur não muito longe dali.

— Eu irei considerar o pensamento da senhorita — ele murmurou na direção dela, como se não quisesse que ninguém mais os escutasse. — Sobre a maldição Imperius — ele continuou e Celine ergueu uma sobrancelha surpresa na direção do homem. — No passado a senhorita sempre fora de suma confiança, não sei por que também não seria neste momento. Será que posso crer em uma visita da senhorita ao Ministério antes do... — ele olhou mais uma vez para as crianças, que os observavam. — Bom, antes do grande evento...

Celine cruzou os braços e olhou nos olhos de Bartolomeu Crouch.

— Me sinto lisonjeada, senhor Crouch. Mas não acho que seja uma boa ideia — ela respondeu sem rodeios. — Meu trabalho agora é outro, não sou mais uma auror.

— Sim, sim — ele murmurou, dando dois passos para trás. — Eu entendo.

— Espero o ver em melhores condições em breve, senhor Crouch — ela desejou e então, se virou, voltando a caminhar para fora da clareira.

Todos eles saíram da clareira e foi como um grande alívio, rumando agora para fora da floresta. Harry quis conversar com Celine, mas não sabia bem o que dizer e, antes que conseguisse dizer algo, os três alunos dela começaram a bombardeá-la de perguntas, voltando a falar em francês. Eles pareciam todos confusos e impressionados. Ao chegarem à borda da floresta, antes que conseguissem sair e ir em direção às barracas e tendas, havia uma grande quantidade de pessoas juntas ali, pareciam todas inquietas, esperando por algo.

Houve então uma enxurrada de perguntas direcionadas a eles, mais especificamente a Arthur Wesley, que trabalhava para o Ministério.

— Que é que está acontecendo na floresta?

— Quem conjurou aquilo?

— Arthur, não é... ele?

— Claro que não é ele — o senhor Wesley respondeu rapidamente e impaciente. — Não sabemos quem foi, parece que desaparatou. Agora, me deem licença, por favor, quero ir me deitar.

Eles passaram pelas pessoas, que pareceram chateadas com a falta de respostas vindas de um dos funcionários do Ministério da Magia.

— Como está Molly? — Celine perguntou de repente, chamando a atenção do senhor Wesley. — Nós não chegamos a nos conhecer — falou apontando para ela mesma e Arthur — , mas me lembro muito bem de Molly. Uma mulher maravilhosa. Como ela está?

— Bem, muito bem — o senhor Wesley falou sorrindo, parecendo aliviado em mudar de assunto. — Bom, ela não é muito fã de quadribol, acha muito violento, então resolveu ficar em casa.

— Não posso dizer que não a entendo — Celine murmurou com um pequeno sorriso.

Celine e Arthur desataram a falar sobre Molly enquanto caminhavam, um assunto que muito agradou o senhor Wesley, porém, antes que chegassem na barraca onde estavam ficando, Hermione teve que fazer uma pergunta que estava martelando em sua cabeça.

— Senhorita Dorsey — ela chamou e Celine a olhou, deixando de dar atenção para Arthur. — Por que fez aquilo com a Winky? — ela perguntou e Celine a olhou sem entender. — Por que disse para deixar com que o senhor Crouch lidasse com ela? Ele obviamente iria dispensá-la. Por que não deixou que o senhor Diggory a levasse para interrogatório? Ela é inocente.

Celine Dorsey pareceu um tanto surpresa com aquilo.

— Eu acredito que ter sido dispensada foi o melhor fim para ela naquela situação. A maioria desses interrogatórios não acabam bem, ainda mais visto pelo que ela estava sendo acusada.

Hermione pareceu prestes a rebater, mas Arthur foi mais rápido, não parecendo gostar daquilo.

— Ela tem razão, Hermione, às vezes os interrogatórios às criaturas mágicas podem ser severos — ele falou em tom de repreensão. — E você viu Amos Diggory, não viu? O interrogatório dela não seria nada fácil.

Aquilo calou a garota.

— Mas acredite em mim, ela vai ficar bem — Celine falou, tentando acalmar a garota, mas não pareceu funcionar muito bem, visto que Hermione Granger pareceu ainda mais preocupada.

Eles então chegaram à barraca onde a família Wesley, Harry e Hermione estavam ficando.

— Papai, que é que está acontecendo? — perguntou um bruxo alto e de cabelos ruivos, idênticos aos de Arthur e Rony, atravessando a entrada da barraca e alcançando o pai ao lado de fora. — Fred, Jorge e Gina já voltaram, mas os outros...

— Estão aqui comigo — respondeu o senhor Wesley, se virando para Celine. — Se quiser entrar...

— Ah, não, infelizmente eu não vou poder e também já está muito tarde — ela respondeu rápido. — Vocês merecem descansar e esses três aqui também — falou apontando para seus alunos, que bocejavam. — Apenas vou pedir um minuto do seu tempo, Harry, tudo bem?

Ele concordou com a cabeça e então, se despedindo, os demais adentraram a cabana, enquanto Celine guiava Harry um pouco mais afastado dos alunos de Beauxbatons, mas não tão longe, de uma forma que ela ainda pudesse ficar de olho neles.

— Harry, eu imagino que já saiba quem eu sou, não é?

Ele concordou com a cabeça.

— Sirius fala bastante de você — ele murmurou o nome baixo. — Assim como Dumbledore também. Eu não sabia que trabalhava como professora em Beauxbatons — ele disse, omitindo o fato de que ele há poucas horas atrás não sabia nem mesmo da existência de outras escolas mágicas.

— É, sempre tive um certo jeito para poções, assim como você com o quadribol, foi o que fiquei sabendo — ela disse e ele sorriu com aquilo. — Acho que está no sangue, seu pai também era muito bom, o melhor artilheiro da Grifinória na nossa época. Estar voando em uma vassoura era quase tão natural quanto andar por aí sobre as duas pernas para ele.

Harry deixou um grande sorriso escapar com aquilo.

— Sério? — ele perguntou eufórico. — Eu sinto o mesmo.

— É claro que sente — ela respondeu também sorrindo. — Escute, Harry, me desculpe por não poder ficar muito mais — ela disse, agora séria. — Mas acredite quando digo que vamos voltar a nos ver logo logo. Apenas fique de olhos bem abertos, tudo bem? O que aconteceu hoje aqui parece ser muita coincidência, e eu não costumo acreditar em coincidências.

Houve então uma pausa, com Celine lançando um olhar para os alunos dela não muito longe dali.

— Em outubro eu estarei em Hogwarts — ela revelou e ele pareceu surpreso com aquilo. — Mas não hesite em me mandar cartas nesse meio tempo — ela pareceu meio insegura ao dizer isso. — Quer dizer, eu sei que talvez você não se sinta confortável com isso... mas, pode me escrever se quiser. Ou então, não hesite em escrever a Sirius, ele e eu sempre vamos fazer o que estiver ao nosso alcance.

— Eu vou lhe escrever — ele respondeu de imediato, o que fez Celine piscar os olhos surpresa, como se não esperasse por aquilo. — Vou retornar as cartas.

Celine sorriu com aquilo.

— Obrigada — ela disse, parecendo verdadeiramente agradecida. — Agora, eu infelizmente tenho que ir — Madame Maxime já devia estar bastante preocupada, ela precisava chegar lá antes que a diretora pensasse no pior. — Mantenha-se alerta, Harry.

E, com um carinho em um dos ombros do garoto, Celine se virou e rumou para longe com seus três alunos. Harry a assistiu andar, até que ela desapareceu de sua visão e, então, ele adentrou a tenda da família Wesley.

Assim que se sentou com Rony e Hermione, todos começaram a discutir sobre os acontecimentos, falando sobre a Marca Negra nos céus, a elfo de Bartô Crouch e a varinha roubada de Harry.

— Quem era aquela lá fora com você, Harry? — Fred perguntou de repente, se aproximando.

— Era a madrinha dele — Rony foi quem respondeu.

— Madrinha? — Fred perguntou surpreso. — Não sabia que Harry tinha uma madrinha.

— E bruxa? — George perguntou igualmente surpreso, pois sabia que Harry morava com trouxas.

— Sim, e não é uma bruxa qualquer, ela é Celine Dorsey — Hermione disse e todos olharam em sua direção com feições questionadoras. — Ora! Vocês não lêem nunca?! — perguntou abismada, batendo na capa de um livro logo à sua frente, Ascensão e Queda das Artes das Trevas. — Ela aparece um pouco antes de você ser citado, Harry. Aqui diz que Celine Dorsey trabalhou como uma espiã infiltrada contra Você-Sabe-Quem e que foi por causa dela que vários Comensais da Morte na época foram presos. Ela depois trabalhou por quatro anos como uma grande auror no Ministério da Magia, ao lado de Alastor Moody. Ela é bem conhecida, ganhou até uma Ordem de Merlim, primeira classe.

Os garotos olharam para ela com seus rostos em branco.

— Nunca ouvi falar — George disse e Hermione rolou os olhos.

— Eu também não, mas, nossa — começou Fred, dando umas batidinhas em um dos ombros de Harry. — Que madrinha ein, Harry! Eu gostaria de ter uma madrinha daquelas também, quer dizer, com todo respeito, é claro, Harry.

Rony e George romperam em risadas, enquanto Hermione se levantava com seu livro e ia em direção do beliche que ela dividiria com Gina, murmurando um "garotos".

— Ela parece ser legal. É ela quem me manda as cartas e também quem me presenteou com a capa do meu pai no primeiro ano — Harry comentou, se lembrando com exatidão daquela época.

— Ah! Foi ela quem te deu a Nimbus 2000 — Rony falou animado e Harry concordou. — Uma pena o que aconteceu com ela no ano passado.

A vassoura fora destruída completamente no ano passado, no meio de uma partida de quadribol onde Harry havia caído de mais de quinze metros de altura. Ele também sentia falta da sua Nimbus 2000.

— Ela me disse que em outubro vai estar em Hogwarts — ele confidenciou.

— Sério? Mas por que?

Harry deu de ombros para a pergunta de Rony.

— Não tive muito tempo para perguntar.

— Ela não é professora de poções? — Rony indagou.

George soltou uma respiração surpresa.

— Vocês acham que ela vai substituir o Snape? — ele perguntou animado. — Será que ele finalmente conseguiu o cargo de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas?

— Hum, eu gostaria de tê-la como professora de poções — Fred murmurou, uma mão no queixo enquanto olhava para cima com um semblante sonhador no rosto. — Seria minha aula preferida.

Harry esperava que não. Ele havia gostado de Celine, mas Defesa Contra as Artes das Trevas era sua matéria preferida, ele tinha certeza de que se Snape se tornasse professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, ele começaria a odiar a matéria tanto quanto desgostava do professor.

— Acho que não — ele disse de repente. — Se fosse isso, então por que esperar até outubro?

— Nunca se sabe — Fred falou dando de ombros. — Talvez o Snape sofra um acidente até lá e precise de alguém para o substituir.

Os quatro garotos deram risada, ganhando olhares tortos de Gina e Hermione em suas beliches do outro lado da barraca, que tentavam dormir.

— Ah, e sabem o que mais? — Harry murmurou baixo, se aprumando na mesa, fazendo os garotos fazerem o mesmo, como se ele estivesse prestes a contar um segredo. — Ela é Penas... do Mapa do Maroto.

Fred e George olharam chocados para Harry.

— Não!

— Fala sério!

Os dois disseram ao mesmo tempo.

— Ela é uma lenda — George disse, não parecendo antes impressionado com todos os feitos que Hermione citara sobre a bruxa, mas agora, sabendo que ela era Penas, as coisas mudaram.

— Sua madrinha é simplesmente a mulher mais sensacional que existe, Harry — Fred disse em tom de adoração. — Mal posso esperar por outubro.

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