Capítulo Onze ── O Surto de Levicorpus
✧ Capítulo Onze ──
O Surto de Levicorpus
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Pouco antes das datas festivas houve um acontecimento em Hogwarts, na verdade, estava mais para um surto do que um acontecimento.
Celine se lembrava de estar conversando com James, Sirius, Peter e Remus no salão comunal da Grifinória, quando, de repente, Sirius trouxe à tona o acontecimento com Avery.
"Ele estava falando mal de você e Celine", ele contou raivoso para James e, como se trouxesse de repente algo do fundo de sua mente, olhou acusadoramente para Celine. "Ele disse algo sobre você se juntar a eles, não foi? O que ele quis dizer com isso?"
Celine também lembrava de ter respondido apenas com um balançar de ombros e o mais puro olhar de desentendimento que ela tinha, deixando bem claro que não fazia a menor ideia do que Avery poderia ou não estar falando.
Sirius cerrou os olhos em direção da amiga e logo depois se voltou na direção de todos, continuando com sua narração sobre os acontecimentos. Sobre ele e Celine soltando feitiços nos três sonserinos e os deixando de cabeça para baixo enquanto chamavam pelas próprias mães.
"Ah! E tem esse feitiço incrível que Celine descobriu!", ele exclamou animado contando para os demais o que o feitiço fazia e como fazê-lo.
James ficou tão animado com o feitiço novo que logo o testou em um dos meninos que passava pela comunal querendo apenas ir em direção ao banheiro, porém, acabou tendo seus planos destruídos quando de repente se viu de ponta cabeça, pendurado por um dos pés.
A comunal caiu em risadas, James ria ensandecido do mais novo feitiço que havia aprendido, porém, sua felicidade não durou muito pois pouco tempo depois Celine gritava o ameaçando com uma detenção.
E foi aí que veio o surto.
No dia seguinte, Celine se lembrava de ver mais de meia dúzia de meninos e meninas, todos pendurados pelos tornozelos enquanto os amigos riam.
Começou pela Grifinória, porém, pouco depois estava na Lufa-Lufa e então, pela Corvinal e por último, chegou na Sonserina também.
Um surto de Levicorpus para tudo quanto é lado!
Era o mais novo feitiço que todos decidiram sair usando uns nos outros pelo castelo.
É claro que Celine sabia que uma hora ou outra Severus Snape a chamaria para ter uma conversa séria, afinal, além dele, a única que sabia sobre aquele feitiço era ela!
Mas Celine achou que seria muito mais fácil sair se escondendo e se esgueirando por aí do que encarando o colega e contar a verdade para ele, apesar dela saber que o certo seria exatamente esse.
Mais cedo ou mais tarde, Severus Snape a alcançaria e Celine estava ciente disso, mas ela estava fazendo o seu máximo para que fosse o mais tarde possível, talvez depois do natal?
Todavia, Severus foi bem mais rápido que isso, logo na segunda semana do surto do Levicorpus ele já havia conseguido alcançar Celine antes que a mesma conseguisse correr e se esconder em um armário de vassouras.
A garota achava muito injusto ele ter as pernas tão longas, na cabeça dela havia sido exatamente por isso e somente isso que ele havia conseguido a alcançar naquela fatídica tarde de terça-feira
— E então? — a voz baixa e rouca perguntou. — Qual a sua explicação?
Não precisava ser especialista nenhum para saber que Severus Snape estava muito, extremamente irritado.
Na verdade, dava para ler nas feições dele que ele se sentia traído da pior maneira possível.
"Confiei em você e você me traiu, sabia que não deveria ter nem cogitado a ideia de ter uma amizade com você", era o que estava escrito na testa de Severus Snape para Celine Dorsey, endereçado e tudo mais.
Celine arrumou os cabelos, em um óbvio sinal de nervosismo e depois voltou a olhar para Severus, que parecia impaciente esperando por uma resposta.
— Me perdoe — finalmente ela respondeu, depois de várias frases grandes e altamente formuladas em sua cabeça um "Me perdoe", foi a única coisa que Celine conseguiu dizer.
"Foi mesmo eu quem acabou espalhando seu feitiço por aí", ela continuou e Severus revirou os olhos.
— Sério? Eu nem ao menos havia reparado nisso — foi irônico, o que fez Celine arrumar os cabelos atrás das orelhas mais uma vez.
— Mas foi totalmente sem querer! Eu não queria fazer isso! — ela exclamou se explicando.
— Sem querer? Você tropeçou e deixou o feitiço escapar por aí?
Celine arrumou os cabelos mais um bocado de vezes e voltou a olhar para Severus como se quisesse sair correndo dali.
— Eu usei em alguém e, aconteceu de Sirius Black estar do meu lado na hora. Juro que só percebi quando já havia dito! Eu estava com muita raiva na hora e…-
— Você contou para Sirius Black?! — ele perguntou se afastando dois passos e com uma grande feição de desgosto no rosto, como se Celine tivesse acabado de falar sobre uma doença.
Celine arrumou o broche em sua capa e concordou com a cabeça em contra gosto.
— Não é que eu tenha contado, quer dizer, ele escutou, porque estava do meu lado e Sirius é um grande fofoqueiro então… — Celine fez uma careta e deu dois passos para mais perto de Severus, juntando as duas mãos em forma de perdão. — Me perdoe, juro que foi sem querer.
Severus cruzou os braços no peito e olhou para Celine parecendo desconfiado.
— Em quem você usou o feitiço?
Pronto, Celine nem havia dado sua resposta, mas ela já sabia o que viria a seguir.
— Em Avery.
Severus abriu a boca em desagrado, pareceu por um segundo que iria perguntar o por que ou quando, mas então mais uma vez, seu rosto foi pintado no mais puro desagrado e, virando seu corpo em direção contrária ao corredor, ele saiu dali negando com a cabeça e deixando Celine para trás.
Severus Snape estava mais uma vez sem falar com Celine Dorsey.
Celine não podia parar de pensar consigo mesma que, sempre que ela parecia dar cinco passos adiante, na amizade dos dois, logo depois, ela voltava sempre mais dez passos por todo o caminho, voltando sempre ao mesmo lugar ou até mesmo para um outro bem mais distante daquele!
Na semana seguinte, na biblioteca enquanto fazia a devolução dos livros que já havia lido e aproveitava para pegar mais alguns com a Madame Pince, a bibliotecária da escola, Celine se encontrou com Lílian Evans, ou melhor, a garota foi quem a encontrou, já que parecia ter ido ali exatamente para isso.
— Entre altos e baixos, é assim que eu definiria a amizade entre você e Sev — Lílian falou se juntando a Celine em uma mesa afastada da biblioteca.
"Já perdi a conta das vezes que vocês deixaram de se falar e voltaram logo depois", ela disse, dando risada baixinho para Celine.
Celine negou com a cabeça e a olhou de canto de olho.
— É sempre ele quem deixa de falar comigo — explicou e Lílian não pareceu nada surpresa. — Ele te contou que não está mais falando comigo?
Lílian negou com a cabeça, balançando seus cabelos ruivos e depois batendo no ar como se estivesse espantando moscas.
— Ele nem precisou me dizer, na verdade, é bem óbvio.
Celine suspirou em seu lugar.
É claro que era óbvio, visto que ela e Severus agora inverteram os papéis. Se a uma semana atrás era ela quem o evitava a todo custo, agora, esse papel era todo e inteiramente de Severus Snape.
"Por que brigaram dessa vez?", Lílian perguntou e Celine a olhou sem saber como responder a aquela pergunta.
— Acho melhor você perguntar para ele — ela finalmente respondeu. — Visto que ele está sem falar comigo exatamente por isso — suspirou fechando o livro e marcando a página —, porque acabei dando com a língua nos dentes, sem nem perceber.
A garota ruiva deu risada daquilo.
— Não se preocupe, logo vocês estarão se falando novamente.
Celine concordou com a cabeça, querendo muito que aquilo fosse verdade.
— Você vai voltar para o natal? — Celine perguntou curiosa.
Ela já sabia que Severus costumava ficar na escola, mas não sabia sobre Lílian, na verdade, ela nunca havia tido curiosidade em saber sobre isso.
— Sim, vou passar o natal com a minha família — explicou sorridente. — E quanto a você?
— Também vou.
— Poderíamos trocar presentes, não é? Do que você gosta? — Lílian perguntou parecendo entusiasmada com a conversa sobre presentes.
Celine simplesmente deu de ombros e ergueu um dos livros.
— Livros, me presenteei com qualquer um e eu serei feliz.
— Por que eu não estou surpresa com essa resposta? — ela revirou os olhos. — E então, que tipo de livro?
— Qualquer um — Celine respondeu dando de ombros mais uma vez.
— Mesmo? — Lílian perguntou com uma sobrancelha erguida na direção da outra garota.
— Mesmo — respondeu com convicção. — E quanto a você?
Foi a vez de Lílian dar de ombros.
— Gosto de coisas simples.
— Ótimo — Celine respondeu sorrindo —, que tal um sapo?
Lílian tampou a boca, tentando não deixar escapar uma risada alta na biblioteca.
— Por que um sapo?
— Você não especificou, então se não quiser ganhar um sapo vai ter que ser mais precisa.
Lílian riu baixo enquanto concordava com a cabeça, se dando por vencida.
— Que tal doces então? Vejo você com vários por aí, devem ser bons.
Celine concordou veementemente com a cabeça.
— Serão doces então — ela declarou rindo.
Celine parou por um segundo, abriu e fechou seu livro, arrumou o broche em sua capa e olhou para Lílian à sua frente.
— O que foi? — a ruiva perguntou curiosa, se debruçando sobre a mesa em direção da colega.
— Quero te fazer uma pergunta — Lílian concordou com a cabeça, a indicando para ir em frente com a pergunta. — Severus fica todos os anos nas datas comemorativas no castelo e só volta no verão, não é? — perguntou e Lílian concordou. — Por que?
A ruiva se ajeitou em sua cadeira e arrumou a gola do suéter com as cores da sua casa.
— Bom, eu poderia ser malvada e te dizer para perguntar diretamente a ele, mas nós duas sabemos que ele muito provavelmente não te responderia — Celine logo tratou de concordar com esse fato. — As coisas só não são fáceis na casa dele, entende?
A garota logo se pôs a concordar com a cabeça.
— Eu entendo, na verdade, já desconfiava disso. Só estava pensando que não deve ser nada bom ficar aqui sozinho no natal — Celine se deixou divagar e Lílian concordou sorrindo.
— Já pensou no presente dele desse ano também?
Celine levantou rapidamente os olhos de suas próprias mãos e olhou assustada para Lílian, que a encarava sorrindo.
— Como sabe disso? — ela perguntou, mas logo em seguida se arrependeu da pergunta estúpida.
Lílian e Severus eram amigos, melhores amigos, talvez, mas é claro que ele contou para ela.
— Ele não me contou — Lílian respondeu balançando uma mão para lá e pra cá. — Sev não tem muitos amigos e não sai por aí comprando coisas para si mesmo, então eu apenas juntei os pontos, não foi difícil chegar ao resultado.
Celine abriu um grande sorriso no rosto, um que indicava felicidade e uma sensação de vitória.
— Então ele usa os meus presentes! Eu pensei que talvez ele os jogasse fora ou guardasse bem no fundo do malão.
Lílian gargalhou alto com o que Celine disse, logo sendo repreendida por Irma Pince que passava por ali, a ruiva se desculpou e voltou a se debruçar sobre a mesa, continuando sua conversa com Celine.
As duas ficaram mais alguns minutos conversando sobre o que costumavam fazer em seus natais com suas famílias, Lílian contando várias coisas sobre as quais Celine nunca havia escutado antes, afinal, a família de Lílian era de trouxas, então haviam várias coisas das quais Celine apenas já havia ouvido falar ou lido, mas nunca visto. Escutando Lílian contar, pareciam ser coisas surpreendentes e divertidas.
Quando as duas estavam indo devolver mais uma vez os livros que haviam pego naquele dia, no meio do caminho, acabaram sendo surpreendidas por ninguém mais, ninguém menos, que James Potter.
— Cel, eu estava te procurando — ele parou quando percebeu que Celine não estava sozinha, olhando diretamente para Lílian e soltando um sorriso que fez Celine revirar os olhos. — Oi — James cumprimentou.
Lílian abraçou os livros no peito e fez uma careta para James Potter em resposta ao seu cumprimento.
— Nos vemos mais tarde no jantar, que tal? — ela perguntou para Celine, ignorando completamente a existência de James Potter.
Celine abriu a boca para responder, mas James foi mais rápido em ser o que ele normalmente era; um grande idiota.
— Por mim tudo bem — ele respondeu —, inclusive, você está linda hoje, Evans.
Lílian tirou os olhos de Celine e olhou para James como se ele fosse uma praga de fadas mordentes.
— Não se intrometa, idiota.
— Tão doce, Lílian, como sempre.
Lílian revirou os olhos e se virou mais uma vez na direção de Celine ao seu lado.
— Nos vemos mais tarde — ela falou e saiu dali o mais rápido possível.
— Você viu aquilo? Ela me respondeu, já é um avanço — ele falou enquanto ainda encarava as costas da garota ruiva.
— Se ser chamado de idiota é um avanço para você... — Celine respondeu, ao qual conseguiu ganhar os olhos do amigo de volta nela.
— Desde quando são amigas? Pensei que não gostasse dela.
Celine deu de ombros.
— Aconteceu.
— Sério? — ele perguntou animado e Celine concordou com a cabeça. — Quantos porcento de chance você acha que eu tenho então?
Perguntou enquanto seguia ao lado da amiga até a bibliotecária.
— Zero — foi sincera, porém, James riu daquilo ao seu lado.
— Depois do zero vem o um, então eu acho que estamos indo para algum lugar, não é?
Celine olhou para ele como se James fosse um grande idiota, o que ele realmente era.
— Você quer que eu seja sincera?
— Não — ele respondeu rápido —, me deixe sonhar sozinho.
O restante da conversa foi James tentando convencer Celine de que era uma ótima ideia ela, sendo amiga de Lílian Evans, fazer ele também se tornar um grande amigo da mesma.
No qual a única coisa que ele recebeu em resposta foi um: "É melhor você continuar sonhando, amigo, lá tem mais chances disso acontecer."
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