Como prometido, Ricardo permaneceu aquela semana toda com elas. Levou-as às lojas e em vários lugares que não se comparavam em nada com os lugares mais interessantes em que Diego a havia levado.

Passou aqueles dias pensando nele e se perguntando se ele também estaria pensando nela. Muitas vezes sua mãe ralhava com ela por ela ser tão "avoada", como dizia. E Ricardo, apesar de não se mostrar tão entusiasmado, parecia se esforçar para fazer com que o relacionamento de ambos seguisse um rumo.

Às tardes, quando o sol se despedia, deixando o céu num tom alaranjado, Ricardo e ela se sentavam nas escadas e contemplavam a arte de Deus, a natureza em sua forma mais linda.

- Isabel - começou ele num tom diferente do que sempre usava com ela, sem encará-la, olhando para o horizonte -, sei que não demonstro tanto meus sentimentos, mas saiba que aprecio sua companhia. - Ouvir aquilo fez o coração dela apertar dentro do peito. - Entretanto, sinto que você não corresponde e que não corresponderia ainda que eu declarasse o meu amor com todo ardor.

Isabel não respondeu, mas ele soube, pela expressão de melancólica dela, que estava certo.

- Seja sincera - ele voltou-se para ela com um sorriso humilde-, você quer se casar? Está apaixonada por outro?

- Eu... eu sinto muito - disse ela com os olhos marejados. - É que... estou apaixonada pelo... pelo Diego.

- Diego? - repetiu ele um tanto estupefato.

- Oh, sim, mas não pense que ele provocou ou que foi de propósito, aliás, o senhor tem um amigo maravilhoso, afastou-se de mim para não magoá-lo.

Ricardo ficou algum tempo estático, com os olhos vidrados. Suspirou e disse enfim:

- Não quero obrigá-la a nada, Isabel. Não seríamos eu nem você felizes e, ainda que eu queira um bom nome, não o quero a esse custo.

Um peso enorme pareceu ter saído de suas costas. Isabel sentiu-se radiante, mas ainda lhe incomodava o fato de que não poderia ficar com Diego, pois não sabia onde estava. Oh, se pudesse tê-lo!

Lúcia mal pôde acreditar quando anunciaram que o compromisso havia sido desmanchado, mas não houve quem fizesse Isabel reconsiderar sua decisão. Ainda que nunca mais encontrasse Diego e ele fosse apenas uma lembrança, era melhor viver uma vida com uma feliz recordação do que com uma triste realidade.

A viúva chorou, mas Isabel não se importou. Não carregaria aquele fardo e nunca mais permitiria algo como aquilo. Nunca mais passaria pela angustia de pensar em se casar com alguém que não amava.

Juntou todos os seus pertences, levando consigo aquele colar que não era feito de pedras preciosas, mas que ela não trocaria por nenhum tesourou desse mundo, pois as lembranças que trazia consigo não tinham preço.

Isabel viu seu coração se quebrantar, sentiu saudade daquele lugar antes mesmo de colocar seus pés na barca que as aguardava e, antes que partissem, ouviu uma voz que ela tanto conhecia gritar:

- Potyra!!!

Seu coração bateu em taquicardia sem conseguir acreditar e, quando olhou para trás, viu Diego se aproximar correndo.

- Potyra, você não pode ir embora!

Isabel correu até ele, abraçou-o e deixou que ele puxasse a cintura dela com determinação e colasse os lábios dele nos dela. Ambos se beijaram com profundidade na presença da natureza e das pessoas como se não houvesse mais nada.

- Como? - ela perguntou à meia voz, envolvida por seus braços fortes.

- Ricardo me contou e eu não podia deixá-la partir. Sinto que você e eu fomos feitos um para o outro desde o momento em que a vi naquela sala.

Isabel sentia o mesmo e jogou-se em seu pescoço. Ninguém, nem mesmo sua mãe foi capaz de fazer com que Isabel desistisse de Diego. Ela seria a Potyra dele para sempre e ele cuidaria dela com cuidado como faria a uma planta delicada.

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Olá, pessoal, queria agradecer quem chegou até aqui, muito obrigada! Fiz este conto para o primeiro concurso da comunidade RomancesBR lá em 2000 e sei lá quantos cujo tema foi amor à primeira vista e, por causa do limite de palavras, o desfecho teve que ser um tanto rápido. Ainda assim espero que tenham gostado, podem deixar suas críticas e sugestões. ;)