CAPITULO 3
Boa noite, meu povo!
Segue mais uma capítulo, e dessa vez está bem grandinho do jeito que a mamis aqui gosta. Um tetél!
Espero que vocês apreciem e chamem os amigos para apreciarem também!
Temos dois casais entrando na trama, então tenha uma ótima leitura.
Tokki estava certo.
Durante os próximos dias, tudo o que fiz foi descansar — seja sobre o sofá, o tapete da sala, a rede pendurada na varanda ou sobre o deck enquanto ouvia os sons da natureza. Nem mesmo a cama de Tokki escapou dos meus cochilos quando ele saía em alguma missão.
Percebi que, de fato, meu corpo cansava muito rápido quando eu fazia muitas coisas. De repente, eu apenas pressentia que deveria encontrar algum lugar e fechar os meus olhos e, quando eu acordava, estava com muita energia.
Mas, isso melhorou ao longo dos dias.
Apesar das minhas sonecas, venho aprendendo muitas coisas com Tokki. Ele ensinou-me a fazer algumas como cozinhar e também sobre arte; além disso, nós costumamos meditar e fazemos isso todas as manhãs sobre o deck.
No dia posterior à minha chegada, descobrimos que tenho muita dificuldade em ler. Embora eu reconheça todas as vogais e consoantes, ainda sim, eu não consigo juntá-las durante a leitura. Então, Tokki tem me ensinado após o café e eu leio os livros mais fáceis durante a tarde — o que eu estava fazendo nesse exato momento.
E eu estava tão concentrado em descobrir sobre o próximo passo do personagem principal que gritei tão alto quando Tokki beijou o topo da minha cabeça.
— Não faça isso! — esbravejei ao mesmo tempo em que tentei acertá-lo com livro, mas o sem vergonha escapou. — Vou te assustar também quando estiver dormindo.
— Você não consegue, beojkkoch. — ele caçoou, risonho. — Entre nós, você é quem dorme primeiro. — ele fugiu outra vez depois de depositar um beijo sobre a minha bochecha quente.
Outra coisa, a qual descobrimos nos últimos dias, é que sou uma pessoa que adora carinhos. Então, passamos a tratar-nos com mais afetividade, o que nos deixou nesse nível de intimidade.
— Eu ainda vou te pegar. — rebati, deixando o livro sobre a mesinha de centro.
— Por favor, faça isso! — ele encarou-me com um sorriso de canto e uma das suas sobrancelhas erguidas. — Estou esperando a muito tempo.
— Tokki! Não fale assim, você sabe que eu não entendo quando você faz essa cara e fala desse jeito esquisito. — cruzei meus braços com um bico enorme em meus lábios.
Ele riu enquanto avançava e sentava ao meu lado.
— Eu brinco na esperança que você entenda um dia e eu sei que entenderá, Minnie. — respondeu com mansidão. — Você já comeu?
Meu guia perguntou, ao mesmo tempo em que passava seu braço sobre os meus ombros, logo aconchegando-me à lateral do seu corpo. E eu, como aquele animal branco e grande que vem sempre aqui (o qual descobri seu nome ser: tigre), quase ronronei quando me encaixei ali e pus minha cabeça sobre o seu ombro.
— Sim. Comi a salada de frutas que fizemos ontem. — respondi com um sorriso pequeno. — Duas tigelas coloridas.
Tigelas coloridas são duas vasilhas que apelidei assim quando Tokki mostrou-as pela primeira vez para mim. Encantei-me imediatamente assim que as vi.
Ambas foram pintadas a mão pelo próprio rapaz. Ele disse que as fez pensando no futuro "companheiro" dele e por isso, guardou-as para usarem assim que essa pessoa chegasse. Senti-me ainda mais especial quando o moreno me contou aquilo, desde então eu cuido muito bem da minha vasilha.
Elas são muito lindas, com cores diferentes e desenhos diferente. Por exemplo, a minha tigela tem fundo azul claro com pequenas nuvens e muitas flores rosas — as quais Tokki disse-me serem flores de cerejeira (origem do meu apelido). Ele também contou que temos essa árvore em abundância ao nosso redor, mas elas ainda não floresceram.
Perguntei porque ele apelidou-me assim e meu guia disse que eu o lembrava da delicadeza e beleza das flores, além de que sou doce como o seu fruto.
Fiquei todo sem jeito quando ele disse a última frase, e mais ainda quando ele riu e depositou um beijinho sobre a minha cabeça...
A tigela de Tokki era tão espetacular quanto a minha. Ele pintou o lago e as montanhas ao fundo em uma noite estrelada. Indaguei-lhe sobre a escolha e o guia revelou que adorava o lugar onde morávamos, e sempre sonhou com aquele "paraíso" — como o mesmo disse.
Senti a pergunta quase escorregar pela minha língua ao ver o rosto pacífico de Tokki, mas logo a contive quando percebi um brilho fraco e misterioso em seu olhar sobre o lago, então apenas assenti vagarosamente.
Descobri que também há momentos em que não devemos fazer perguntas ou sequer falar algo.
— Duas tigelas coloridas? — exclamou exagerado, fazendo-me rir e esconder meu rosto atrás das minhas palmas. — Acho que tenho um pequeno comilão em casa! Continue assim, Minnie. É muito bom vê-lo assim.
Afundando os seus lábios sobre a minha bochecha rechonchuda, Tokki depositou vários beijos ali e tirou diversas risadas de mim.
— Já que se alimentou, o que acha de visitarmos a vila Jojig? — ele sugeriu, fazendo o meu interior pulsar acelerado. — Preciso te apresentar a um casal de amigos e um deles é o melhor estilista que conheço. Podemos encomendar novas roupas para você.
— Ah..., Mas eu gosto de vestir as suas roupas, são confortáveis. — murmurei bicudo enquanto olhava para a grande camiseta azul e a calça preta que eu vestia.
— E eu adoro vê-lo usando elas. — continuou sincero e eu senti minhas bochechas queimarem rapidamente. — Porém, você também precisa de mais roupas e também pode gostar de outros estilos. — argumentou, fazendo-me ponderar.
Na verdade, durante essa temporada de descobertas, percebi que posso ser derretido e moldado com apenas um sorriso caloroso de Tokki.
— Eu vou me trocar e nós vamos, está bem? — eu assenti rapidamente. — Você pode ir com essa roupa mesmo, beojkkoch. Você está belo e o tempo lá fora está refrescante.
— Entendi. Eu confio em você. — confessei e para tentar disfarçar minhas bochechas coradas, apanhei o meu livro e coloquei-o de volta na estante.
— De olhos fechados? — ele perguntou-me.
— De olhos fechados! — confirmei enquanto colocava as minhas palmas sobre os meus olhos.
Era para ser uma brincadeira, mas, assim que retirei minhas mãos do meu rosto, Tokki usava outra roupa e mantinha um sorriso travesso ao mesmo tempo em que segurava aquela pedra roxa.
Por alguns segundos, abri e fechei a minha boca diversas vezes, mas nenhum som saiu, até que disse por fim:
— C-Como fez isso? — apontei para a sua roupa e ele deu de ombros antes de continuar.
— Vantagens do meu trabalho. — ele caminhou até a porta de entrada, apanhou um chapéu pequeno sobre um dos ganchos da parede e um par de sapatilhas na sapateira abaixo deles. — Vamos?
— Quero trabalhar como guia também. — proferi quando parei em frente a ele.
Tive a impressão de ver o tom quente da pele de Tokki tornar-se mais branco por algum tempo. Seus olhos quase dobraram de tamanho — além de serem grandes naturalmente — e seu queixo quase pairou sobre os seus pés.
Talvez eu esteja exagerando, mas foi a única descrição que eu conseguiria dizer sobre o estado de espanto em que ele estava.
— Tokki, eu falei alguma coisa de errado? — perguntei apreensivo.
Depois de fitar-me por mais alguns segundos, Tokki intercalou seus lumes azuis, mas então sacudiu sua cabeça para os lados antes de dizer:
— Jamais! Você nunca diz algo de errado, beojkkoch. — aliviado, soltei o ar que eu prendia e senti algo ser posto sobre a minha cabeça. — Você realmente quer ser um... — ele continuou, tomando a minha atenção. — Guia?
— Sim. — respondi sinceramente, erguendo os meus ombros.
— Por quê? — indagou ele.
— Porque parece ser legal fazer o que você faz: voar, trocar de roupa, correr rápido, abrir portais... — enumerei em meus dedos. — E principalmente, ajudar as pessoas. Sabe.... Cuidar delas, ser gentil e carinhoso, levar elas para a casa delas... — continuei de cabeça baixa, esfregando meus pés descalços entre si.
Um silêncio instaurou entre nós por alguns segundos e, enquanto isso, permanece de cabeça baixa e ombros tensos, esperando uma resposta de Tokki.
Eu estava encarando os meus dedos gordinhos do pé quando uma cabeleira negra tomou a minha atenção, seguida de um belo par de íris — tão claras quanto o céu lá fora.
Com um sorriso singelo, Tokki ajoelhou-se perante mim e apanhou um dos meus pés com a sua canhota enquanto, que com a destra, segurava a minha mão e apoiava-a em seu ombro.
— Fico feliz e um pouco apreensivo sobre a sua decisão, beojkkoch. — ele pegou uma das sapatilhas e colocou em meu pé. — Você é muito bondoso e é extremamente nobre da sua parte, querer ajudar as pessoas. — ele fez o mesmo com o meu outro pé. — No entanto, devo alertar que não é um trabalho tão fácil quanto parece e envolve um processo muito complicado para se tornar um... Guia, como você diz. — finalizou ao se levantar e encarar-me nos olhos.
— Posso enfrentar o que vier! — continuei, determinado. — Você sabe o quanto sou inteligente e que aprendo rápido, Tokki.
— Oh! E como sei. — concordou ao mesmo tempo em que amarrava a fita do chapéu embaixo do meu queixo. — Podemos conversar sobre isso mais tarde, entendido? — eu assenti, seguindo-o para fora da casa. — Quer ir nas minhas costas hoje?
— Posso só segurar a sua mão? Queria voar com os braços abertos como a mocinha do livro, pena que não tenho asas... — murmurei irritado a última frase.
O moreno riu alto enquanto entrelaçava as nossas mãos.
— Como quiser, Jiminie. — ele concordou.
Quando o meu guia tocou a sua joia, senti aquela energia correr das pontas dos nossos dedos grudados até as pontas dos meus pés. Sempre parece uma novidade para mim quando vamos voar.
Depois de levitarmos até uma altura considerável, disparamos acima da floresta em uma certa direção. Não faço a mínima ideia sobre onde fica essa vila, mas apenas abri meus braços enquanto fechava os meus olhos.
Tokki nada disse, porém eu sentia o seu olhar sobre mim enquanto eu apreciava o vento maravilhoso bater contra o meu rosto — e posso apostar que um sorriso pequeno permanecia em seu rosto.
Em um determinado momento, percebi que meu chapéu estava quase voando da minha cabeça e foi inevitável rir disso ao mesmo tempo em que tratei de segurá-lo com a minha mão livre.
Acredito que meu riso contagiou o meu acompanhante, pois pude ouvi-lo fazer o mesmo e, logo, voltei meus olhos para ele.
— Ainda bem que o prendi com a fita ou ele sairia voando por ai! — ele comentou.
— Verdade! Que bom que pensou isso, eu não quero perdê-lo. — suspirei aliviado, apertando um pouco a mão dele e sendo retribuído.
— Aguente firme, estamos quase chegando. — disse por fim e eu apenas assenti ao mesmo tempo em que olhava para o horizonte.
Gradualmente, um ponto ao longe destacou-se em nosso campo de visão e, à medida em que aproximávamos dele, percebi ser o nosso destino.
Logo entendi porque o nome daquela vila era "tecido".
Para todo lugar em que eu olhava, tudo o que via eram panos e mais panos em diversas cores, texturas e estampas diferentes. Sejam nas roupas ou nas cortinas das janelas, tendas, tapetes, acessórios e até mesmo, brinquedos.
Cada novidade fazia os meus olhos brilharem e agitarem-se para não perder cada detalhe.
Mesmo quando alcançamos a vila, continuamos sobrevoando por ela e conforme continuávamos, algumas pessoas nos avistavam e logo reconheciam Tokki, chamando-o pelo seu nome para cumprimentá-lo — e sendo retribuídos por ele.
Por não me conhecerem, todos eles apenas cumprimentavam-me com acenos e sorrisos. E, mesmo em minha timidez, passei a devolver suas saudações.
— Isso aqui é incrível. — comentei fascinado e, em seguida, voltei meus olhos para meu guia.
— Fico feliz que gostou, beojkkoch. — ele falou sorridente. — Estamos quase chegando ao ateliê dos meus amigos, você ficará ainda mais deslumbrado com as criações deles.
— Eu imagino que sim. — concordei com um sorriso de canto enquanto ouvia-o falar sobre seus amigos.
Eu podia ouvi-lo falar por dias quando ele empolgava-se daquela maneira, e sei que ele faria o mesmo comigo se tivéssemos trocado os nossos lugares.
Em pouco tempo, nós pousávamos em frente a uma loja com uma fachada muito colorida e com grandes desenhos de mãos em cores diferentes.
Quando demos um passo em direção a loja, duas mulheres saíram risonhas e com algumas sacolas em suas mãos. Após cumprimentarem a gente com um: "Boa tarde!", elas subiram a rua.
— Primeiro você, beojkkoch. — Tokki disse, depois de alcançar a maçaneta da porta e abri-la, dando passagem para mim.
Eu agradeci-o pela gentileza e adentrei o estabelecimento em seguida.
Se eu estava fascinado com as peças expostas na vitrine, então acredito que fiquei totalmente deslumbrado com as roupas que haviam dentro da loja.
Todas as peças eram uma mais maravilhosa que a outra, mas apenas uma delas capturou toda a minha atenção. Era um conjunto de 3 peças, inteiramente roxas, que um dos bonecos — espalhados por ali — vestia.
Meus pés caminharam automaticamente em direção a ele, assim como meus dedos fizeram ao deslizarem sobre o tecido macio.
Eu estava tão concentrado sobre aquela roupa que me assustei quando ouvi Tokki falar muito alto:
— Hobi! — acredito que ele percebeu, pois logo continuou. — Desculpe, Minnie.
— Está tudo bem. — aproximei-me envergonhado e meu guia segurou meus ombros para aconchegar-me embaixo do seu braço.
Ele assentiu antes de virar-se em direção à uma escadaria em espiral, que enfeitava o centro da loja, e chamar outra vez por aquele nome. Novamente, obtemos apenas silêncio até Tokki dizer:
— Vou te que apelar. — eu tombei minha cabeça para lado, completamente confuso. — Hobi, vim te buscar para fazer trilha!
— Ha, ha! Você vai sozinho!
Uma voz gritou do andar superior e, em seguida, um corpo desceu alguns degraus e encarou-nos de cima.
— O que você quer, dentuço?! — ele cruzou os braços.
— Hobi, seja cordial comigo. Eu trouxe um cliente muito especial para você. — ele apoiou sua bochecha sobre a minha cabeça e afagou o meu ombro.
Os olhos do tal Hobi arregalaram-se no mesmo momento e um grito agudo saiu dos seus lábios, espantando-me imediatamente. E, eu continuei chocado quando ele rapidamente desceu os degraus e aproximou-se de nós.
Sua beleza era encantadora, seus cabelos prateados contrastavam com o tom de sua pele, além do belo sorriso largo que me acolheu — e lembrou-me dos corações que Tokki ensinou-me a desenhar.
— Eu não acredito, eu não acredito! — ele exprimiu animado e logo segurou minhas mãos enquanto continuava. — Oh, céus.... Você é tão lindo! Como é seu nome? A quanto tempo está aqui? Você é companheiro do Tokki? Está gostando daqui? Vamos ser amigos?
Meu rosto esquentava cada vez mais à medida em que ele disparava as suas perguntas, eu ficava ainda mais perdido e nem mesmo conseguia pronunciar qualquer letra.
A risada de Tokki tomou minha atenção, então eu o vi levantar a sua mão livre e puxar a ponta da orelha de Hobi com leveza.
— Ei! — o platinado reclamou.
— Vai com calma, esquilo, faça uma pergunta de cada vez! — ele repreendeu-o com um sorriso de canto. — Jimin está ficando assustado com esse interrogatório. — Hobi assentiu com um pequeno bico. — Que tal vocês se apresentarem, primeiramente?
— Está bem. — o rapaz respirou fundo antes de sorrir outra vez. — Olá! Meu nome é Hoseok, mas todo mundo me chama de Hobi ou Hope, e sou um dos donos daqui.
Eu encarei sua mão estendida em minha direção e voltei meus olhos para Tokki, este que assentiu e encorajou-me com apenas um olhar.
Tornei a fitar palma de Hobi e alcancei-a com a minha, apertando-a timidamente.
— Oi! Eu sou o Jimin e moro com o Tokki. — retruquei com um sorriso pequeno.
— Muito prazer, Jimin! — proferiu sorridente. — Chegou a muito tempo em Sosil? Porque, se a resposta for sim, vou brigar com o seu amigo por não me apresentar a você. — ele estreitou seus olhos azuis para Tokki.
— Ah, não! Eu estou a poucos dias aqui. Tokki pediu para que eu descansasse bastante durante os últimos dias e então, eu fiquei em casa. — tornei a defendê-lo. — Desculpe, se não viemos antes.
— Oh! Deixe disso! — Hobi agitou as mãos. — Eu sei muito bem como são os primeiros dias aqui. O mínimo esforço que fazemos esgota toda a nossa força. — ele dramatizou, colocando a sua destra sobre a testa, tirando um riso de nós dois. — Coitado do meu marido durante esse período, tinha que levar-me para a cama quando via um Hoseok roncando em qualquer lugar.
— Concordo... — falei reflexivo. — Algumas vezes dormi em que dormi sobre o deck ou a grama perto do lago e, quando acordei, estava sobre a cama do Tokki. Foi você quem me carregou, não é? — virei-me para o meu guia e vi ele assentir. — Desculpa por te dar trabalho.
— Nunca peça desculpas por coisas pequenas como essa, beojkkoch. — o moreno repreendeu-me, alisando a minha bochecha com um olhar brilhoso. — Eu adoro te carregar, assim como Beom adora carregar o Hobi. Certo? — ele perguntou para o rapaz, que confirmou prontamente. — Por falar nele. Onde o Vante está?
— Ele está em missão. Já faz um bom tempo que saiu, mas logo ele volta. — Hope deu de ombros, antes de bater duas palmas. — Muito bem! Imagino que vieram atrás de roupas para essa pequena borboleta. — corei pelo novo apelido. — Primeiro, vamos saber quais cores combinam com você. Sigam-me, por favor.
Obedientes, seguimos Hobi até os fundos da loja e nos deparamos com alguns espelhos e mesas enfileirados um ao lado do outro, e algumas, cadeiras em frente as mesas. Ele indicou para que se senta em uma delas.
Assim que o fiz, olhei para o espelho — o qual refletia a minha e a imagem dos dois rapazes atrás de mim.
Hobi afastou-se e sumiu entre as roupas e bonecos espalhados por ali, enquanto isso, Tokki aproximou-se de mim e apoiou suas mãos sobre o encosto da cadeira, deixando cada uma ao lado dos meus ombros no mesmo momento em que se abaixava para colar a sua bochecha na minha.
Nós nos encaramos através do espelho, seus olhos brilhavam tão intensamente que me deixavam sem jeito, assim como o seu sorriso desconcertante.
— Por que me olha tanto? — indaguei-lhe risonho.
— Ainda hoje, eu já disse que você é lindo? — ele devolveu, arrancando um gargalha de mim junto de uma afirmação. Todos os dias, ele diz que sou lindo. — Oh, dizer mais uma vez não fará mal... Você é lindo, sempre está maravilhoso! Nunca vou cansar de te admirar.
Minhas pálpebras fecharam-se involuntariamente, quando ele deixou um selar profundo a minha bochecha, antes de esfregar o seu nariz ali.
Eu sentia meus pelinhos se arrepiarem com as lufadas de ar quente da sua respiração.
Gradativamente, uma pulsação crescia dentro de mim, as vezes em que eu sentia as suas carícias e intensificava-se cada vez mais.
Quando ele se afastou, eu abri meus olhos e avistei-o depositar o seu queixo sobre o meu ombro, colando a lateral dos nossos rostos em seguida. Uma das suas longas mechas chamou a minha atenção quando caiu sobre meu peitoral, então eu apanhei-a entre os meus dedos e acaricie-a com esmero.
Eu subi meus lumes, encontrando com as belas e límpidas esferas que adornavam os olhos de Tokki. Foi inevitável sentir as minhas maçãs ficarem quentes com a proximidade em que estávamos.
— Está ansioso? — ele perguntou e eu assenti.
— Um pouco... — sussurrei em confissão enquanto abaixava os meus olhos para a mecha macia sobre a minha palma. — Posso fazer trancinhas n seu cabelo de novo?
Meu guia riu brevemente antes de beijar a minha têmpora e dizer:
— Claro que pode, querido. — eu sorri com a permissão, ao mesmo tempo em que enrolava as pontas dos fios negros. — O esposo do Hobi faz alguns adereços para roupas e cabelos. O que acha de pegarmos algumas presilhas com ele para enfeitarmos as tranças? — tombei minha cabeça em curiosidade. — Assim, não precisamos pegar as flores do nosso quintal.
— Existem enfeites para cabelos?
— Claro que sim, Minnie. Eu tenho alguns prendedores e laços em casa para usar no meu, você já me viu de cabelo preso algumas vezes. — ele respondeu, pacientemente.
— Mas não são bonitos como as flores. — argumentei.
— E você tem toda a razão. Do mesmo modo em que há adornos para casas, jardins e até animais, nós também temos para ficar ainda mais bonitos. Certo? — Tokki piscou um dos seus olhos e eu concordei com ele, sentindo as suas carícias sobre a minha cabeleira.
— Eu queria ter o cabelo longo como o seu. — eu comentei, encarando as ondas cheias e pretas e, logo, fitando os meus fios alaranjados.
— O seu cabelo também crescerá, beojkkoch. Aliás, já está crescendo. — ele acariciou a minha nuca, arrepiando-me no mesmo momento. — Lembro que estava curtinho quando chegou em Sosil, mas agora está abaixo da sua orelha.
— Tem razão...
Nós ouvimos passos aproximarem-se de nós, então avistamos Hoseok — que carregava alguns panos de diferentes cores em suas mãos.
— Tokki, segura para mim, por favor. — ele pediu, agradecendo em seguida quando meu guia ajudou-o prontamente, antes de encarar-me através do espelho. — Jimin, vou colocar alguns desses tecidos sobre o seu colo e nós veremos quais são as melhores cores em você. Entendeu?
Eu assenti ansioso, fazendo o platinado sorrir satisfeito.
A partir dali, Hobi fez como havia dito. Cada um dos tecidos foram colocados abaixo do meu pescoço, mostrando para nós o seu contraste com a minha imagem.
De fato, aquela demonstração nos surpreendeu pois haviam cores que apagavam o meu rosto — sendo descartadas por Hope — e outras que iluminavam a minha face — estas eram dobradas e empilhadas sobre a cabeça do moreno ao meu lado, cujo mantinha uma feição emburrada.
A cada vez que eu ria, Tokki fecha ainda mais o seu semblante e estirava a sua língua em minha direção, mas isso apenas fazia-me gargalhar.
Quando faltavam poucos tecidos para acabarmos, ouvimos a porta da loja abrir e uma grave voz chamar por Hobi.
Prontamente, o estilista respondeu-o em um tom carinhoso antes abrir um sorriso gigante.
— Meu marido chegou. — ele disse para mim quando percebeu a minha curiosidade. — É o homem mais lindo que existe.
— Discordo totalmente! — Tokki retrucou, imediatamente.
— Calado, guarda-roupas!
Tokki mostrou-lhe a língua outra vez, e então escutamos o som de passos ficarem cada vez mais altos, caminhando em nossa direção.
Imagino que ele tenha parado na entrada do cômodo, visto que os sons desapareceram. No entanto, não consegui enxergar a pessoa pois Tokki estava ocultando a entrada.
— Oh.... Desculpe, meu amor, não sabia que estava com clientes. — o rapaz possuía uma voz grave, cujo tom demonstrava vergonha.
— Eu já sou de casa. — meu guia murmurou, ainda emburrado. — Eu não consigo virar agora, seu esposo me fez de cabideiro.
— Tokki?!
O desconhecido começou a gargalhar alto, contagiando a mim e a Hobi.
— Eu preciso ver a sua cara! — ele avançou, finalmente entrando em meu campo de visão e posicionando atrás de Hobi.
Fiquei estupefato quando o vi.
Assim como Hoseok, o marido dele também era muito lindo.
De certa forma, algo nele era semelhante a Tokki. Talvez fosse devido à altura semelhante, suas vestes e cabelos escuros.
Entretanto, o rapaz desconhecido possuía os seus fios lisos em um tom cinza escuro comprimento curto e olhos tão claros que pareciam serem brancos, além de que o seu hanbok tinha detalhes verdes e amarelos na gola.
Ele também tinha um colar pendurado em seu pescoço, mas a pedra era quadrada e em cor verde claro.
Logo, percebi que ele poderia ser um guia como o moreno de cabelos longos.
O marido de Hobi caçoava da face fechada de Tokki enquanto cutucava-o com a sua canhota e segurava a cintura do estilista com a sua destra.
Eles ficavam lindos juntos.
E em meio aos risos, os olhos cinzas pararam sobre mim então depois de abrir um sorriso, o rapaz disse:
— Olá, mocinho! — cumprimentou-me. — Peço mil perdões por não o ter saudado antes. Eu sou Vante, mas também me chamam de Beom.
— Eu sou o Jimin. — devolvi, extremamente tímido.
— Jiminie é meu... Amigo e começou a morar comigo nos últimos dias. Eu o trouxe para pegarmos algumas roupas para ele. — Tokki explicou. — Ah... Hope, será que poderia tirar esses tecidos de cima da minha cabeça, por favor?
— Oh! Amor, poderia me ajudar? — o rapaz virou-se para o esposo.
Solícito, Vante tirou a pilha sobre Tokki e este tratou de alongar o seu pescoço, mostrando a sua língua para Hobi em seguida.
— Calado! — devolveu ele, antes de colocar um tecido roxo sobre o meu colo. — Esse é o último,
Jimin e... Também irá para a lista de cores assertivas! Realçou os seus belos e verdes olhos.
Uma risada nervosa saiu dos meus lábios.
— Obrigado... — sussurrei-lhe extremamente corado, assistindo-o dobrar o tecido e depositar nas mãos do companheiro.
— Gostaria que eu adiantasse alguns conjuntos para você, Hope? — Vante indagou-lhe e ele assentiu sorridente. — Certo, eu já volto!
Beom aproximou-se do esposo e tocou os lábios dele com os seus. Imediatamente, meus olhos arregalaram-se enquanto minha boca e olhos escancaravam, e acredito que meu rosto estava igual a aquele tecido vermelho que Vante levava para fora da sala.
A presença de Tokki chamou a minha atenção quando um riso escapou de sua boca, ele encarava com diversão devido a minha curiosidade e constrangimento. E, após um bico irritado aparecer em meus lábios, ele pegou em minha mão e depositou um beijo sobre o dorso antes de induzir-me a levantar da cadeira.
— Vocês são muito lindos juntos! — exclamou Hobi, chamando nossa atenção. — Eu vou buscar algumas coisas para tirar as suas medidas. Tokki, poderia levar ele até os espelhos lá na frente?
Meu guia assentiu rapidamente e logo apertou a minha mão antes de conduzir à sala inicial. Devido a minha ansiedade anterior, não pude visualizar todos os detalhes da loja, mas agora — durante o caminho até os espelhos -, analisei cada canto ao meu redor.
De certo, haviam muitas roupas penduradas em araras espalhadas por ali, assim como os manequins vestidos elegantemente.
Mas, também avistei uma área composta por espelhos grandes ao lado algumas cortinas vermelhas e ambos estavam de frente para um sofá de 3 lugares na cor branca. Entre estes itens, haviam uma espécie de "degrau único" em formato circular.
Havia cerca de três desses móveis, um ao lado do outro.
Tokki e eu sentamos no sofá do conjunto mais próximo enquanto eu encarava as luzes no teto.
Há muitas coisas belas na decoração, especialmente, as roupas maravilhosas; no entanto, a organização não estava legal e eu jamais comentaria isso com Tokki, e principalmente com Hobi ou Vante.
— Beojkkoch, quer me dizer algo? — o moreno perguntou, tirando-me dos meus pensamentos.
— Não.... Acho que não... — desviei os olhos, envergonhado. Mas, Tokki segurou o meu queixo e puxou-o em direção a si, fazendo meus lumes encontrei os seus.
— Pode me dizer, querido. — ditou com tom compreensivo.
— Tokki... Promete que não vai ficar chateado? — indaguei-lhe apreensivo, recebendo uma negativa e um sorriso encorajador.
Aproximei-me dele, encaixando meu corpo a lateral do seu corpo para sussurrar em seu ouvido:
— Eu gostei muito dos seus amigos e eles são tão gentis, Hobi é muito talentoso. Mas... — engoli em seco para tomar coragem e continuar. — A loja deles não está.... Legal. Desculpa, Tokki. — pedi, quase choroso.
Um vínculo formou entre as sobrancelhas marcantes dele e, quando pensei que fosse brigar comigo, Tokki apenas olhou ao nosso redor. Desde o chão ao teto.
— Acho que estou te entendendo o seu motivo, mas... — fechei os olhos, esperando por sua resposta. — Pode me dizer o seu ponto de vista, Jiminie?
Embora perplexo, assenti lentamente antes de tomar folego e dizer:
— Os manequins e araras são atrativos, assim como aquelas penteadeiras lá atrás, mas as cores das paredes não estão combinando com as cores da decoração. As roupas são belíssimas, mas estão misturadas com outros tipos e, por isso, as peças nos manequins não estão sendo destacadas, pois não há conexão entre elas.
Enquanto eu tagarelava, Tokki apenas assentia olhando para os lugares que eu citava ou apontava.
— Também seria interessante se esses degraus e os espelhos estivessem na parte da frente. Assim, os clientes poderiam ver as pessoas provando as roupas e quem estiver lá fora ficaria mais interessado. Entendeu?
Nem ao menos percebi quando levantei, pois, ao terminar o meu monólogo, notei que estava parado em frente a Tokki, cujos olhos claros estavam levemente arregalados e piscavam lentamente.
— Ar-Arquiteto... — ele murmurou.
— O quê? — questionei, confuso.
— Arquiteto! Você é um arquiteto! — exclamou com um sorriso largo, ficam em pé também.
— Acho que sei o que essa palavra significa. — refleti.
— Claro que sabe, minha flor. Todos nós temos talentos e desses talentos é que nascem os nossos ofícios. No fundo, sabemos o que somos e quem somos.
Acho que o que Tokki diz é verdade.
Por muitas vezes, minha impulsividade ultrapassava o meu autocontrole e sempre foi sobre essa área decorativa — e até artística, a partir do momento em que Tokki ensinou-me a como desenhar e utilizar as ferramentas de pintura.
Nossa casa foi a maior cobaia das minhas ideias impulsivas e quando eu recobrava o controle, percebia que já tinha mudado de lugar quase todos os móveis da residência.
Pensei que meu guia não aprovaria e mandaria eu voltar tudo ao lugar de antes, mas, contrariando ao meu receio, o moreno apenas pediu ajudar sobre como poderia deixar o seu quarto mais harmonioso como o resto da casa.
Nos últimos dias, fizemos alguns desenhos em uma parede branca da cozinha e na frente do nosso lar. Foi muito divertido e saímos completamente coloridos devido a brincadeira que fizemos: pega-pega de tinta.
— Vamos fazer o seguinte... — Tokki começou, chamando a minha atenção. — Eu vou falar com Vante e...
— Não, Tokki! Por favor, não fale para eles. — implorei a ele, segurando em suas mãos. — Eles vão ficar bravos e chateados comigo.
— Fique tranquilo, querido. Quando é sobre melhorias, todos em Sosil adoram ouvir e aprender. — meu guia tranquilizou-me.
— Promete? — estendi meu mindinho em direção a ele, fazendo sorrir amplamente.
— Prometo. — o moreno apertou entrelaçou nossos dedos, depositando um beijo sobre o meu. — Beom e Hobi vão adorar as suas ideias.
— O que vamos adorar?
Fomos interrompidos pela voz de Vante, que nos alcançou com algumas peças em mãos, sendo seguido prontamente por seu esposo saltitante — o qual carregava outras roupas.
— Depois converso com vocês. — Tokki retrucou, piscando um dos seus olhos para mim. — O que trouxeram para nós?
— Como estamos no começo de outono, trouxe alguns casacos, blusas de mangas curtas e longas, calças e algumas bermudas de tecido mais quente. — Hobi demonstrou ao apontar para cada peça. — Também trouxemos pijamas lindos para você, Jimin.
— Oh! Obrigado. — agradeci acanhado.
— Vamos provar todas! — Hobi pulou em máxima empolgação.
— Pegue leve, Hobi. Essa é a primeira vez que Jimin sai de casa, você sabe. — Tokki repreendeu-o risonho. — Cuidado para não cansá-lo tanto.
— Entendido, senhor! — Hoseok estufou o peito e falou com uma voz séria.
Sua postura tirou uma gargalhada dos guias, contagiando-me com aquela alegria.
— Agora dê-me licença! Preciso vestir esse belo rapaz. — ele falou para o meu guia, afastando-o de mim para apanhar as minhas mãos. — Sei que vocês gostam de ter aquelas conversas que só vocês entendem, então tem café recém-feito e biscoitos doces lá no escritório.
— Acho que estamos sendo expulsos daqui, Tokki. — Beom falou para o moreno que assentiu enquanto cruzava os seus braços.
— Vamos, amigo. Não somos mais bem-vindos aqui. — meu guia enxugou uma lágrima invisível no canto dos seus olhos e deu algumas tapinhas no ombro de Beom. — Cuide bem do meu companheiro, Hope.
— Ele está em excelentes mãos, senhor Dentões! — Hobi empinou o nariz e abraçou o meu pescoço com o seu braço direito.
— Eu sei que está. — ele sorriu de canto, logo voltando os seus olhos para mim. — Divirta-se, querido.
Senti meu rosto esquentar quando Tokki piscou um dos olhos para mim, antes de Vante puxá-lo e dizer que poderíamos chamá-los se precisássemos de algo. Os dois subiram aquela escada em espiral e desapareceram em seguida.
Voltei meus olhos para Hobi quando ele começou a falar sem parar sobre cada peça que trouxe. E, com extrema agilidade, ele passou separar as roupas, fazendo combinações com elas enquanto eu apenas assentia e observava o rapaz.
Logo, ele entregou um dos conjuntos e apontou para a cortina ao lado do espelho grande:
— Atrás da cortina há um provador, você pode vestir a roupa ali e voltar aqui quando acabar. Se precisar de ajuda, pode me chamar. Está bem?
Após afirmar, andei até o local e adentrei o pequeno espaço onde haviam pequenos ganchos e um espelho menor, mas que mostrava a minha imagem inteira. E, depois de pendurar cada peça, passei a me despir e dobrar as minhas roupas antes de deixá-las sobre o canto do carpete.
Antes de alcançar as roupas que Hobi me deu, fitei meu corpo seminu por algum tempo. Uma mania que adquiri após o banho.
E outra vez, iniciei minha análise a partir dos meus pés até alcançar os meus olhos verdes, que se tornavam ainda mais brilhosos ao longo dos dias.
Sorrindo satisfeito, desviei a minha atenção do espelho e fitei os tecidos nos ganchos. Era um conjunto composto de uma calça azul de cós alto e uma blusa branca de mangas longas (estampada com algumas flores coloridas). Logo, passei a vestir cada peça e abotoar os botões com cuidado antes de olhar-me no espelho.
Eu adorei o conjunto, mas acho que não ficou legal no meu corpo. Por isso, chamei por Hobi que veio correndo ao meu encontro.
— Com licença, Jiminie, estou entrando! — avisou ele, antes de arrastar a cortina. — Qual é o motivo dessa carinha triste, florzinha? Não gostou da roupa?
— Eu amei! Mas acho que não ficou bom em mim. — murmurei a última frase, abaixando os meus lumes.
— Ficou sim, Jiminie. Você está lindo! — ele retrucou. — Que tal colocarmos a blusa dentro da calça? Posso te ajudar?
Assenti rapidamente e ele disse: "Com licença", antes de tocar no cós da calça e soltar o botão. E embora meu rosto fervesse ao deixá-lo ver minhas coxas nuas, permaneci quietinho e observando ele alinhar o final da blusa ao meu corpo para subir a calça — fechando o botão em seguida e puxar um pouco do tecido estampado.
— Agora sim, está perfeito! — Hope bateu duas palmas antes de virar-me em direção ao espelho. — Realçou a sua cinturinha fina e o seu bundão!
— Hobi! — repreendi e ouvi sua risada.
— Você é muito lindo, Jiminie. — ele continuou. — O que achou agora?
Analisei-me dos pés à cabeça, virando meu corpo para os lados e sorri largamente ao constar que Hope estava certo.
— Perfeito! — sussurrei admirado para ele.
— Excelente! — o estilista deu alguns pulinhos. — Vamos provar os outros conjuntos!
E assim seguimos: Hobi entregava-me os conjuntos, eu os vestia e prostrava-me diante do grande espelho fora do provador e ele ajudava-me com algumas dicas sobre o uso das roupas.
Eu estava ouvindo outra dica quando algo atrás de sua cabeça chamou a minha atenção. Era aquele conjunto roxo que sempre me atraía desde que cheguei ali.
— Minie... Jiminie! — o estilista quase gritou, risonho.
— Oh! Desculpe, o que dizia? — respondi, envergonhado.
— Eu estava falando que uma gargantilha daria o toque final em sua roupa, mas acredito que você está mais interessado em outra coisa. — ele virou-se de costas para mim, olhando para onde eu encarava anteriormente. — O que estava olhando tanto?
— Ah... E-Eu estava olhando para aquela roupa roxa lá na frente. — respondi acanhado, apontando para ela.
— No manequim? — Hobi voltou-se para mim e eu assenti. Logo, ele contornou o sofá e caminhou entre as araras.
— O que está fazendo? — perguntei a ele e vi a cabeleira prateada alcançar o boneco e começar a despi-lo. — Hobi?!
Ele voltou saltitando, enquanto segurava as roupas, até parar em mim. As peças foram dobradas uma a uma e empilhadas sobre os meus braços.
— Vá e seja feliz! — o estilista apontou para provador, logo virando-me em direção a ele e empurrando meus ombros. — Vista-se! E se precisar de ajuda, é só me chamar.
Em passos lentos, caminhei para dentro daquele espaço e desdobrei as peças com cuidados, logo as pendurando em casa gancho.
Meus dedos deslizaram sobre a última roupa, tateando o tecido de seda tão macio e brilhoso.
Sem deixar de fitar o tecido roxo, permiti que as roupas — as quais eu vestia — caíssem sobre os meus pés descalços.
E quando fiquei seminu outra vez, apanhei-as do chão e dobrei-as antes de deixar as roupas sobre a pilha no canto.
Com uma delicadeza extrema, tirei a camiseta social do gancho e passei meus braços pelas mangas. Um arrepio percorreu o meu corpo quando senti o tecido deslizar pela minha pele, logo abotoei cada botão com carinho e alisei a frente da camisa.
— Uau... — sussurrei ao encarar a minha imagem no espelho e adorar o contraste da cor com a minha pele cálida.
Em seguida, apanhei a calça e coloquei-a — lembrando-me da dica que Hobi deu anteriormente e deixando a camisa por dentro da peça-, fechando o zíper na lombar. E para finalizar, vesti o blazer de mesma cor quando Hobi chamou por mim, então eu sorri imensamente satisfeito para o meu reflexo antes de sair do provador.
— Precisa de aju... Céus! Quem é você? — ele brincou, fazendo-me rir envergonhado. — Você está perfeito! Essa roupa foi feita para você!
— Obrigado. — soprei, ruborizado.
— O que achou? — ele perguntou ao mesmo tempo em que me colocava em frente ao grande espelho.
— Eu amei! — respondi genuíno, alisando a barra do blazer.
— Acho que meu esposo fez especialmente para você. — Hope comentou, fazendo-me encara-lo rapidamente. — O quê?
— Vante fez essa roupa? — olhei para o conjunto, impressionado.
— Sim! Ele estava bem, digamos.... Inspirado naquele dia. — completou com um riso envergonhado enquanto desviava os seus olhos dos meus. — Entende?
— Acho que.... Sim?! — respondi, confuso. — Por que ele estava inspirado?
— Ah... Bem... S-Sabe quando um c-casal começa a se beijar e...
Ele pareceu suspirar de alívio quando o sino da porta tocou e alguém chamou pelo seu nome.
Hoseok respondeu-o e pediu para que eu esperasse um pouco. Entendeu-o, assenti tranquilamente e vi o rapaz desaparecer entre as roupas novamente.
Em seguida, voltei meus lumes verdes para algumas roupas dobradas sobre o sofá e deslizei a minha canhota sobre as peças quando sentei sobre o estofado, deixando um sorriso tomar meus lábios — agradecido pela gentileza e cuidado que venho recebendo dos amigos de Tokki.
Vozes tornavam-se cada vez mais audíveis a medida em que Hobi e o recém-chegado aproximavam de mim, então três figuras apareceram no meu campo de visão e entre elas, duas eram conhecidas por mim.
— Jinri? — chamei-a e um sorriso radiante iluminou o rosto dela.
De mãos dadas com ela, estava um rapaz alto de olhos castanhos e cabelos semelhante aos de Hobi.
— Jimin! — ela soltou a mão do rapaz e correu até mim, fazendo o seu vestido vermelho voar antes de sentar-se ao meu lado e me abraçar apertado. Mesmo surpreso, retribuí o carinho com delicadeza. — Como é bom te ver! Olhe só para você, está tão lindo! — ela analisou-me quando afastou o abraço.
— Você também está muito linda. — elogiei-a sincero. — Adorei o cabelo curto.
— E eu adorei o seu cabelo mais longo. — disse risonha, tocando as pontas do meu cabelo. — Está morando aqui em Jojig também?
— Ah, não. Eu moro um pouco distante daqui com o meu guia. E você?
— Eu moro com o meu... — ela parou, olhando para trás. — Vem aqui, Hyunie! — ralhou com um bico nos lábios rosados.
Uma risada veio do rapaz e logo ele posicionou-se atrás do sofá, encarando-a com um brilho intenso em seus olhos castanhos.
Fitei-o demorado, analisando os seus traços e percebi que já o vi em algum lugar.
Ele debruçou-se sobre o encosto e notei o colar longo com uma joia semelhante à aquela que Tokki carrega, mas essa tinha um formato triangular.
— Estou aqui, minha princesa. — ele disse carinhoso, tirando uma risada da moça.
— Ele não é lindo, Jiminie. — ela falou, acariciando a bochecha do homem. — Esse é Molan, meu namorado. E querido, esse é o Jimin. Nos conhecemos na Central, ele estava junto comigo e o Bin na sala de espera.
— Ah sim, eu me lembro agora. É um prazer conhecê-lo, Jimin. — Molan estendeu a sua mão e eu apertei-a timidamente.
— É um prazer te conhecer também. — sorri para ele antes soltarmos as mãos. — Vieram pegar roupas também?
— Sim! — Jinri exclamou animada. — Na verdade, viemos encomendar roupas para o nosso casamento.
— Casamento?! — Hobi e eu perguntamos em uníssono, mas em tons diferentes.
O que era casamento?
— Essa senhorita leu sobre casamentos em um livro que a senhora Go deu a ela e decidiu que casaremos durante o solstício de inverno. A época mais bonita, segundo essa mocinha. — Molan depositou um beijo sobre os cabelos curtos dela.
— Céus! — Hobi quase gritou com sua feição em um misto de alegria e nervosismo. — Vamos, vamos! Eu tenho dois noivos para vestir em 50 dias! — ele apressou, puxando o rapaz para o degrau em frente ao espelho grande.
Jinri ria empolgada enquanto batia palmas, e então vi o brilho nos olhos do seu namorado aumentarem ainda mais enquanto sorria junto a ela.
— Jiminie. — Hobi chamou-me. — Eu vou deixar as suas roupas separadas e cuidar desse dois. — ele apontou para o casal. — O que acha de mostrar a sua roupa para os meninos?
— Acho legal. — respondi ao mesmo tempo em que levanta-me e alisava as peças.
— É só subir a escada e virar à direita no corredor. Você verá uma porta verde com maçaneta dourada, basta apenas bater se ela estiver fechada. Entendido?
— Entendido, Hobi. — confirmei antes de virar para o casal ali. — Eu adorei ver vocês e desejo felicidade para vocês.
— Venha para o nosso casamento, Jiminie. — Jinri levantou-se e segurou as minhas mãos. — Quero que você seja a minha... Dama de honra? — ela perguntou para o rapaz.
— Padrinho, meu amor. — ele corrigiu, calmamente.
— Isso! Quero que você e Hobi sejam os nossos padrinhos.
— Será uma honra, querida. — Hope continuou. — Jiminie poderá fazer par com Tokki, se vocês quiserem.
— Tokki? — indagou Molan.
— Sim, ele é o meu guia. Eu moro junto com ele. — expliquei rapidamente.
— Uau... É... Que mundo pequeno, certo? — o rapaz retrucou, em um tom.... Nervoso?
— De fato, o mundo é muito pequeno. — completou o estilista. — Agora, vamos! Pois os dias passam em um piscar de olhos e logo será o casamento de vocês! — ele bateu duas palmas antes de virar-se para mim. — Pode ir lá, Jiminie.
— Certo! Vejo vocês por aí. — acenei para o casal e ao ser retribuído, virei-me em direção a escada e passei a subir os degraus com cuidado enquanto segurava o corrimão.
Quando alcancei o andar superior, deparei com uma imensa sala com dois sofás grandes e uma mesa de centro ali. E ao lado do cômodo, pude ver uma cozinha ampla cuja as bancadas eram em tons alaranjados e marrons — contrastando com a sala.
À minha direita estava o corredor do qual Hobi havia falado. Com passos calmos, avancei curiosamente até ele enquanto analisava os poucos quadros pendurados ali, e todos eles continham o casal que nos recepcionou.
Notei que havia algo escrito no canto dos quadrados e logo reconheci que era a letra de Tokki, o que me deixou alegre ao saber que foi ele quem pintou todos os quadros.
Será que foi ele quem desenhou a fachada da loja e a decoração interna também?
— Sei que se sente assim, Tokki, mas não precisa pensar dessa maneira. Não é porque isso aconteceu comigo e Hobi, que também irá acontecer com vocês. Com ele.
De repente, escutei a voz de Vante e percebi que eu estava ao lado da porta que eu procurava antes. Logo, também ouvi a voz de Tokki, um pouco elevada.
— Eu sei, eu sei. No entanto, não consigo deixar de sentir medo, V... E, se ele não suportar e nós tivermos que... — ele pausou antes de gaguejar. — Fazer a-aquilo?
Aquilo? Sobre o que eles estão se referindo?
Ouvi um suspiro alto e acredito ser de Vante, pois ele continuou ao falar:
— Mesmo que isso aconteça, você sabe que eu sempre estarei aqui para ser seu apoio. Do mesmo jeito que você foi para mim, naquela época.
— Obrigado, irmão... — Tokki agradeceu em tom pesaroso.
O silêncio dominou a sala então decidi que talvez fosse o momento ideal, embora eu sentisse a tensão após o breve diálogo que eu ouvi. E mesmo envergonhado por ter ouvido a conversa, bati 3 vezes sobre a madeira assim que Tokki terminou e ouvi um absoluto silêncio de dentro da sala.
Acho que eles sabem que eu escutei o diálogo.
Recebi uma permissão para entrar e, ainda acanhado, abri a porta e deixei apenas a minha cabeça passar pelo vão — prendendo os meus olhos ao carpete vermelho de tanta vergonha.
E, antes de tomar coragem para erguer os meus lumes, ouvi um suspiro vir de um deles e assim descobrir ser do meu guia. Era notável a tensão sobre sua postura, e logo seus olhos azuis intercalaram entre mim e Vante — que retribuía e analisava nós dois.
— Quer que eu ajude em algo? — ele perguntou ao meu guia.
Um suspiro profundo e uma negação veio do moreno de cabelos longos.
— Está tudo bem. — Tokki deu-lhe um sorriso fraco. — Pode nos deixar a sós, Beom?
Vante assentiu e caminhou em minha direção, porém, antes de passar por mim, ele fitou a roupa que eu vestia e sorriu largamente.
— Só um instante, Tokki. — ele disse. — Venha aqui, Jimin.
O esposo de Hobi pegou em minha mão com delicadeza e conduziu-me para dentro da sala. Minha garganta secou e minha barriga formigou quando os olhos e boca do meu guia escancararam-se ao avistarem o conjunto sobre o meu corpo.
— Dê uma voltinha, florzinha. — o rapaz levou-me até o centro do cômodo, antes de elevar o meu braço e fazer-me girar vagarosamente. — Fico feliz em ter criado este traje, sinto que ele estava esperando por você. O que você acha, meu amigo?
Vante parou de me rodar até estagnar em frente a Tokki. Então, pude visualizar sua feição estática, exceto pelos seus lumes que passeavam dos meus pés até o topo da minha cabeça, logo abaixando outra vez e fixando-se em meus olhos.
Preocupado, tratei de engolir o nó em minha garganta para perguntar a ele:
— Você não gostou...
— Você está perfeito. — ele interrompeu-me em um sussurro, surpreendendo-me. — Está magnífico, deslumbrante, encantador e tão elegante. Perfeito.... Eu nem sei mais quais elogios usar! — seu sorriso ia de uma orelha a outra enquanto ditava cada uma daquelas palavras. Ele caminhou até a mim e apanhando minhas mãos com as suas. — Céus! Eu sou o homem mais sortudo de Sosil.
— Discordo totalmente. — Beom comentou, tomando a nossa atenção. — Você já viu o meu marido?
— Ah, fiquei quieto! — Tokki ralhou, fazendo o rapaz rir. — Não corte clima, orelhudo!
— O coelho aqui é você, dentuço. — caçoou e o meu guia deu-lhe um olhar irritado. — Está bem! Vou deixar vocês dois sozinhos agora. Porém, antes de irem embora, vou separar os acessórios que pediu.
Depois de piscar um de seus olhos cinzas, Vante retirou-se da sala e o último som que ouvimos, durante os próximos minutos, fora o barulho da porta ao fechar.
Meus olhos vagavam para todos os lados e cantos, mas nunca alcançavam os lumes azuis do moreno à minha frente.
Formigamento era o estado em que os meus dedos pequenos se encontravam, exatamente onde a pele do meu guia tocava.
— Beojkkoch... — ele chamou-me baixinho, porém eu não conseguia erguer o meu olhar. Estava completamente envergonhado. — Beojkkoch, olhe para mim, por fa... — interrompi-o, extremamente trêmulo.
— M-Me d-desculpe, eu n-não queria e-escutar a conversa de vo-vocês. Eu s-só q-queria te mostrar a r-roupa que o V-Vante fez e... e...
Fui inesperadamente impedido de continuar quando a testa de Tokki tocou a minha têmpora. Em seguida, senti seu nariz resvalecer sobre a minha bochecha e sua respiração atingir aquela área, fazendo com que minhas pálpebras fechassem e um suspiro ofegante saísse dos meus lábios.
Minhas pernas amoleceram e acho que o moreno percebeu pois segurou-me pela cintura e me manteve em um abraço apertado. E, extasiado, abracei-o de volta ao passar os meus braços por seus ombros largos.
— Minha pequena flor... — seu sopro era como toque de uma brisa cálida que vinha da cachoeira. — Está mais calmo? — assenti, arrepiado. — Escute-me agora, sim.... Em primeiro lugar, você jamais me verá brigar ou, até mesmo, levantar a voz para você.
Durante todos esses dias em que estamos juntos, Tokki sempre foi respeitoso comigo e em nenhuma vez, sequer, perdeu a paciência ou irritou-se comigo.
Por isso, eu assinto lentamente porque confio totalmente em sua fala.
— Sei que ouviu a nossa conversa e é comum escutar conversas alheias, mesmo que sem querer. Então, não precisa ficar chateado com isso, beojkkoch.
— Eu entendo, mas.... Ainda sim, isso não é legal. — retruquei acanhado. — Desculpe, Tokki...
— Se fará você sentir-se melhor, então eu te desculpo. — continuou em um tom carinhoso junto de um sorriso simples. — Imagino que isso tenha enchido a sua cabeça extremamente inteligente com diversas perguntas. Certo? — eu assenti lentamente. — Sei que você lembra da nossa promessa de dedinho. E, bom... O processo para ser um guia e o que falei com Beom têm relação com aquela situação, portanto, podemos conversar melhor sobre isso em casa?
Seu olhar suplicante dizia-me que, de fato, aquele momento não era propício para o que tínhamos para falar. Então, com um sorriso compreensivo, falei que podíamos deixar para mais tarde e tirei-lhe um suspiro aliviado e um sorriso em seguida.
— Obrigado, querido. — ele agradeceu-me e assenti, piscando os meus olhos lentamente. — Já está cansado, Minnie?
— Pensei que estivesse acostumado, mas agora sei que não. — bufei e tentei reprimir um pequeno bocejo em sequência enquanto escutava o seu riso.
Afagar os meus fios com a sua mão macia não está me ajudando, Tokki!
— Vamos para casa. — ele sugeriu, segurando os meus ombros e conduzindo-me para fora da sala. — O que acha de visitarmos uma vila diferente uma ou duas vezes durante a semana? Assim você pode acostumar-se mais rápido e nós saímos mais vezes de casa.
— Acho uma excelente ideia! — respondi animado. — Hobi me disse que algumas vilas têm festas muito legais. Podemos ir?
— Claro que podemos! Adoraria levar você para dançar e se divertir. — Tokki rebateu, aquecendo o meu interior e as minhas bochechas.
Foi impossível segurar o sorriso que queria despontar dos meus lábios, acompanhado de um agradecimento.
Demoramos um pouco para descer a escada devido a leve lentidão dos meus movimentos, até porque, meu guia não me soltava por um segundo sequer. A cada 10 degraus, um bocejo escapava dos meus lábios e um riso pequeno vinha de Tokki.
— Pare de rir da minha situação! — ralhei com ele, beliscando-o no ombro.
— Eu adoro quando você fica sonolento, Minnie. Parece um filhote manhoso.
— Não sou um filhote! — resmunguei bicudo, assistindo-o rir outra vez.
Passos foram ouvidos por nós então viramos em direção a eles, encontrando Hobi e Vante caminhando em nossa direção com algumas sacolas em suas mãos.
— Jiminie, você vai adorar as peças que separamos para você! — começou Hope, mostrando as sacolas em suas mãos.
— Não precisava de tantas roupas, Hobi. — eu disse a ele.
— Não, não! Não quero ouvir mais um pior. — ele retrucou, fingindo irritação. — Quero vê-lo maravilhoso em nossas roupas e quantos mais roupas, melhor.
-Muito obrigado por nos atenderem e cuidarem muito bem do Minnie. — Tokki agradeceu enquanto pegava as sacolas das mãos de Hobi e, em seguida, abraçava a minha cintura com a mão livre. — Me passem o quanto eu devo e eu trarei o...
— Nem pensar! — Vante o interrompeu. — Isso é nosso presente de boas-vindas para Jimin. — ele sorriu para mim. — Eu imagino que Jimin ainda não recebeu a sua joia e tenha que depender de você ainda, certo?
Imediatamente, fiquei confuso sobre o que Beom estava falando, então virei em direção a Tokki e questionei-o:
— Joia? Como o seu colar?
— Não, querido. Quando completamos 30 dias em Sosil, todos recebemos uma joia, uma pulseira na verdade para abrir portais e se locomover para qualquer lugar. — ele explicou. — Vante e eu também tivemos, mas quando nos tornarmos guias, elas foram trocadas pelos colares devido ao nosso cargo.
— Então eu vou receber um colar como o seu quando virar um guia. — concluí.
— Exato. Porém você receberá uma outra joia antes dessa e será uma pulseira muito bonita.
— Como a minha, Jiminie.
Hobi estendeu o seu braço esquerdo, mostrando o acessório que rodeava o seu pulso. O metal era em uma cor branca e haviam algumas pedrinhas rosas ao lado de uma maior no centro.
— Uau.... É tão lindo! — suspirei admirado.
— Obrigado. — ele disse levemente corado.
Enquanto Tokki guiava-me em direção a porta, segurando em minha cintura, Hobi contava sobre as utilidades da pulseira e como eu podia abrir portais para outras vilas.
— Precisamos visitar Yolibeob e ir em todos os restaurantes possíveis! — ele sugeriu animado. — Podemos tomar café da manhã na cafeteria do senhor Joo, depois ir comer um lamén no Tigela dos Min's, provar os sucos e lanches no bistrô da Roseane e depois jantar no Bella Notte. Céus, temos tantos lugares para ir!
— Hobi! — Tokki repreendeu-o risonho. — Deixe alguns lugares para eu levá-lo também.
— Podemos marcar um encontro de casais também. — ele continuou. — Seria divertido sairmos todos juntos.
— Meu amor. — Vante chamou-o. — Tenha calma, eles ainda não são...
— Vamos sair todos juntos, Hobi. — meu guia interrompeu-o. — Eu prometo.
Sorri imensamente feliz para o moreno e depositei a minha cabeça contra o seu ombro, encarando os olhos cristalinos em agradecimento enquanto piscava lentamente os meus.
— Melhor irmos, pois alguém entrará no modo soneca em poucos minutos. — ele disse ao casal.
— Não vou, não. — murmurei chateado pois eu não queria ir embora agora.
— Não se preocupe, florzinha. Prometo visitar vocês em alguns dias. — Hope falou, afagando o meu ombro e eu sorri agradecido para ele.
— Obrigado por cuidarem de mim, eu adorei as roupas também.
— Venha sempre que quiser, Jiminie!
— Eu virei!
Tokki chamou-me para ir para casa e eu assenti. Mas antes de virar em direção a ele, eu abracei Hobi com força para demonstrar minha felicidade e gratidão. E, acredito que o peguei de surpresa pois ele demorou um pouco a retribuir, mas devolveu o afeto na mesma medida.
— Vou ajudá-los com a sacola mas volto rapidinho, meu amor. — Vante avisou a ele, que assentiu e deixou um beijo sobre os lábios do esposo.
Embora eu já tenha visto os dois trocarem esse carinho anteriormente, ainda assim, não consegui evitar ao ruborizar e sentir-me curioso sobre esse ato.
Ouvi Tokki agradecê-lo pela ajuda, logo ele voltou-se para mim e virou-se as suas costas, abaixando-se em seguida. Ao entender o seu gesto imediatamente, um sorriso mole cresceu em meu rosto e rapidamente eu subi em suas costas, apertando os meus membros ao redor do seu corpo robusto.
Quando encaixei meu queixo sobre o seu ombro, senti a testa dele encostar em minha têmpora outra vez. A risada de Hobi podia ser ouvida ao longe e envergonhado pela timidez, coloquei o meu rosto no pescoço do meu guia e acabei inalando seu cheiro doce e calmante — o que contribuiu ainda mais para a minha sonolência.
Por isso, não sei quando começamos a flutuar e, consequentemente, quando chegamos em casa.
Pisquei meus olhos lentamente, tentando me acostumar com a luz baixa do lugar e logo percebi que estava no quarto de Tokki, afundado entre os travesseiros e cobertores da sua cama macia.
Quando olhei para janela, o breu dominava o ambiente lá fora e era iluminado apenas por alguns pontinhos de luz no céu.
Isso causou-me uma nostalgia de certa forma.
Um pouco a contragosto, deixei a cama aconchegante e o quarto do moreno, caminhando em direção ao andar inferior.
Sobre o sofá da sala, pude avistar a figura tão conhecida por mim e não consegui segurar um sorriso alegre ao reconhecê-lo. Com passos lentos, andei até ele quando alcancei suas costas, deslizei minhas mãos pelos seus ombros e juntei-as sobre o seu peitoral largo.
Ele agraciou os meus ouvidos com a sua risada deliciosa e senti quando a sua mão segurou as minhas, mantendo-as ali. Em seguida, afundei o meu nariz em meio aos fios negros para inalar a essência doce que ele tinha.
Tokki sempre me chama de "flor de cerejeira" e diz o quanto eu pareço com ela, mas quem tem o aroma da flor é ele.
— Dormiu bem, querido? — ele começou, acariciando o meu pulso com o seu polegar.
— Sim, maravilhosamente. — murmurei em resposta. — Por que sempre me coloca em sua cama quando eu durmo? Eu tenho um quarto também.
— Porque você gosta mais da minha cama e eu gosto de vê-lo lá. — retrucou, encarando-me dessa vez e piscando um dos olhos em seguida.
— Bobo! — deixei um pequeno tapa sobre o seu peitoral e avistei um caderno com um desenho em cima de suas coxas. — O que está fazendo?
— Ah! Estou desenhando um dos dragões celestes. — respondeu ao mesmo tempo em que mostrava a arte para mim.
— Ele é tão lindo, Tokki. — eu estava encantado com os traços tão reais.
— É um dos dragões mais belos que já vi. — ele continuou. — Esse é o dragão do Destino, um dos mais importantes do nosso mundo.
— Uau.... Eu posso conhecê-lo um dia?
— Infelizmente é muito raro de vê-lo, beojkkoch, pois ele só aparece em casos específicos e somente para... Guias.
Um muxoxo saiu dos meus lábios e eu deixei meus ombros caírem. Então sai da minha posição para marchar ao redor do sofá e me jogar ao lado de Tokki.
— Queria vê-lo também. — murmurei, encaixando-me na lateral do corpo do meu guia. — Você já o viu?
— Sim. A primeira e única vez que o vi, foi no dia que você chegou. — ele apanhou a minha mão e depositou um beijo no dorso.
— Sério?! — o moreno assentiu com um sorriso singelo. — Você disse que ele só aparece em casos específicos. Então, por que ele apareceu naquele dia para você?
— Bem... — ele suspirou, apertando levemente os meus dedos. — Ele pediu para que eu buscasse você. Mas, infelizmente, não posso dar mais detalhes além desse, querido. — ele continuou, antes que outro "Por quê?" escapasse da minha boca. — Há coisas que minha profissão não me dizer pois são confidenciais para o povo de Sosil. Você me entende?
Assenti vagarosamente, embora a minha língua coçasse pelas diversas perguntas.
— Sei que quer conversar sobre o assunto de mais cedo e eu prometo fazê-lo. Fiz o jantar para nós, então coma bastante e nós conversaremos quando a sua barriguinha estiver cheia. Combinado? — ele cutucou próximo ao meu umbigo, me fazendo gargalhar.
— Está bem!
Depois de depositar um beijo sobre a sua bochecha, levantei e fui saltitando em direção à cozinha. A cada passada em direção ao cômodo, mais eu sentia um cheiro delicioso do jantar que Tokki preparou.
Assim que atravessei o portal da cozinha, reconheci uma travessa média sobre a mesa e, sem perder tempo, andei rapidamente até ela e salivei ao ver a cor tão bonita e apetitosa.
— Lasanha! — quase gritei e escutei Tokki rir na sala de estar.
— Coma quantos pedaços quiser, Minnie!.
— A lasanha está intacta, você não vai comer ainda? — perguntei enquanto alcançava o armário onde deixávamos as louças, apanhando um prato em seguida.
— Não quero comer agora, querido. — ele falou e eu meneei minha cabeça em desaprovação.
Devolvi o prato ao lugar adequado e apanhei um outro maior, logo voltei para a iguaria e coloquei dois pedaços grandes sobre a vidro. Enquanto eu enfiava a ponta do meu dedo (que estava suja de molho) dentro da minha boca, abri a gaveta de talheres e peguei dois garfos antes segurar o prato e caminhar de volta para a sala.
De cabeça baixa, Tokki permanecia concentrado em seu desenho, mas quando ouviu os meus passos, ele ergueu os seus lumes para mim e mordeu os lábios para prender um riso enquanto olhava com diversão em minha direção.
— Acho que o passeio e o cochilo te deixaram faminto, beojkkoch.
— Ah, não. Não é só para mim. — retruquei ao sentar do seu lado. — É para nós. — cortei um pedaço com o garfo e levei até a altura dos seus lábios.
— Jiminie, eu não quero...
— Quer sim! — eu o interrompi, fazendo uma cara de bravo. — Você briga comigo se eu não como certinho, então eu vou brigar com você se não comer também! Abre essa boquinha!
Mesmo com os olhos arregalados pela minha braveza, Tokki obedeceu minha ordem e eu enfiei a comida em sua boca. Eu sorri imensamente satisfeito ao assisti-lo mastigar vagarosamente enquanto me observava com aqueles enormes olhos azuis.
— Muito bem, querido. — afaguei-lhe o topo da cabeleira preta e voltei a encaixar-me à lateral do seu corpo, levando um pedaço da lasanha até os meus lábios e murmurando deleitoso pelo sabor incrível.
— O que você não me pede, que eu não faço obediente. Não é mesmo?! — ele passou o seu braço sobre os meus ombros, apertando-me contra si enquanto ria. — Percebeu que é a primeira vez que me chama de "querido"?
— Não percebi... — concordei pensativo, enfiando outra garfada em sua boca. — Você sempre me chama assim e eu sempre quis dizer, mas fico tímido.
— Pode me chamar do que quiser, beojkkoch. Se quiser me dar um apelido, então o faça sem medo do que irei pensar.
— Eu tenho um apelido para você... — confessei baixinho enquanto cutucava o queijo derretido.
— É mesmo? — eu assenti lentamente, sem coragem para encará-lo. — Pode me dizer, minha flor?
— Hosu...
— Hosu? Um lago? — ele indagou e eu assenti outra vez, de cabeça baixa. — Por que?
— Porque os seus olhos me lembram da água clarinha do lago que temos e, ao mesmo, é tão profundo e misterioso quanto ele. Você é calmo e mesmo quando venta lá fora, ainda se torna cativante como as ondas que se formam. E, também...
— E, também...
Senti seus dedos cálidos alcançarem a ponta do meu queixo, antes de erguê-lo em direção a ele. Seu rosto está tão próximo ao meu que eu sentia a sua respiração bater contra o meu nariz e lábio superior, assim como seus olhos cristalinos fixavam-se aos meus e prendiam-me no seu brilho curioso.
Um ofego saiu da minha boca e eu continuei:
— Você me chama de flor de cerejeira, que pertence às arvores que circulam o lago e você é como o lago para mim. Então concluí que, juntos, nós formamos o lar que temos. Entende?
Um silêncio intenso preencheu o ambiente ao redor de nós, que nem mesmo os sons de fora da casa eram ouvidos.
Os lumes do meu guia intercalavam entre os meus, e vez ou outra, passeavam pelo meu rosto. Logo, percebi algo preenchê-los até escorrer pelos cantos dos olhos grandes e cair pelas suas bochechas.
Tokki estava.... Chorando?!
Rapidamente, deixei o prato sobre a mesa de centro e sentei sobre as minhas pernas para alcançar o seu rosto delicado com as minhas mãos.
— O que foi, Tokki? Eu fiz algo que não gostou? — ele apenas puxou-me para si e apertou fortemente contra o seu peito largo. — Tokki...
— Céus! Eu só... — o moreno fungou contra o meu pescoço antes de afastar-se e sorrir grandemente. — Eu amo tanto você, beojkkoch. Você é a melhor coisa que surgiu em toda a minha existência.
Primeiro, eu suspirei aliviado e logo abracei-o com a mesma vontade enquanto sentia os seus dedos acariciarem as minhas costas.
— Você também é a melhor coisa que apareceu em minha vida... — devolvi sincero, assistindo-o encostar a sua testa na minha.
Permiti-me a observar cada um dos seus belos traços, desde os cílios longos e as sobrancelhas marcantes até parar sobre a sua boca fina e rosada. E ao mesmo tempo em que eu analisava aquela parte do seu rosto, uma pergunta rondava a minha cabeça.
— Hosu. — chamei-o em um sussurro pelo apelido novo, outra vez.
— Sim... — retrucou na mesma altura.
— A gente vai ter um casamento também?
O espanto de Tokki perante a minha pergunta foi tão grande que sua pupila quase desapareceu e ele tombou um pouco para trás enquanto gaguejava:
— O-O q-quê?!
Se alguém conseguisse, tinha ido de base agora hahaha
Fui 💋
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