CAPITULO 2
Segurem as suas pedras, por gentileza.
Já cheguei. Meio atrasada (40min), mas cheguei... Estava em aula galera.
Nasci pobre e sem conhecimento, então tenho que estudar e trabalhar 🤡
Está um capítulo bem simples, mas ainda sim, cheio de mistérios então aproveitem 💜
Antes que pudéssemos explorar o interior daquela cabana, a pedra pendurada no pescoço de Tokki começou a brilhar, o que a deixou ainda mais bonita e me fez ficar atento sobre ela.
Meu guia apanhou-a com uma das mãos e deslizou o dedo sobre a mesma, logo, uma sequência de traços esquisitos pairou sobre ela e eu fiquei confuso — e, ainda mais, curioso — sobre aquilo.
Tokki deslizou o dedo outra vez e a sequência desapareceu.
— O que foi isso? — perguntei fascinado.
— Isso foi um aviso de missão, eu tenho que ajudar outra pessoa nesse momento.
— Você vai voltar? — indaguei-lhe enquanto apertava as minhas mãos sobre meu peito.
No primeiro momento, o guia abriu sua boca mas nada saiu. Seus olhos azuis brilharam intensamente, porém estes pareciam diferentes do brilho que vi enquanto eu acariciava aquele animal.
Com um suspiro profundo e um sorriso de canto, ele aproximou-se, ergueu a sua mão e acariciou os meus fios com tanto esmero. Acredito que eu quase poderia emitir o mesmo som daquele animal.
— Claro que voltarei. — ele disse com voz macia, olhando no fundo dos meus olhos. — Aqui está o meu lar.
E, antes que eu pudesse pensar em falar mais alguma coisa, ele piscou um dos seus belos olhos e caminhou até a porta. Mas antes de sair, o mesmo voltou-se em minha direção e disse:
— Fique à vontade para fazer o que quiser, beojkkoch. Prometo que voltarei logo. — ele deslizou o dedo e sequência apareceu novamente mas, dessa vez, Tokki bateu levemente sobre a pedra e uma bola branca do nosso tamanho apareceu ali.
E, mesmo depois de vê-lo adentrar aquela esfera e desaparecer, ainda permaneci algum tempo ali, raciocinando o que eu acabei de ver antes de entrar novamente.
Aconchegante era a palavra que definia a casa de Tokki, que agora também seria o meu lugar.
O primeiro cômodo era composto por dois sofás próximos a um enorme tapete felpudo e uma mesa pequena. Em uma parede, haviam muitas prateleiras com diversos livros e oposto a estes, uma lareira que deixava o lugar mais elegante.
Esta sala dava passagem para outro cômodo, que não escapou dos meus olhos.
Enquanto caminhava até lá, reparei em alguns quadros pendurados sobre uma parede. Eles continham alguns desenhos que deixaram-me maravilhado.
Dentre estes, havia um o qual captou toda a minha atenção: era a pintura de um rosto, onde metade dele era repleto de flores rosas e a outra metade, era o rosto de traços delicados com o seu olho fechado e um sorriso de canto em seus lábios grossos.
Permaneci por algum tempo ali, observando todos os detalhes daquele quadro cujo conteúdo transmitia-me familiaridade, mas eu não fazia a menor ideia de como ou porque trazia-me essa sensação.
Dando de ombros, afastei-me da pintura e caminhei em direção ao outro cômodo depois de olhar mais uma vez para aquele quadro.
O próximo cômodo era um pouco menor em relação ao primeiro, mas tinha outras coisas bem diferentes daquele, como alguns eletrodomésticos e armários. Além de uma mesa maior em seu centro.
Curioso até demais, abri cada uma das portas e gavetas, encontrando muitos utensílios — desde pratos, copos e até recipientes.
Meus olhos e dedos deslizavam por tudo, cada vez mais agitados, sentindo a textura e analisando as cores de todas as coisas. Meus pés também eram inquietos e levavam-me para explorar todo o canto daquele lugar.
Explorei também o próximo cômodo, que tinha apenas um pequeno sofá e uma mesa pequena com cadeira perto de uma porta ampla de vidro, a qual dava-me a visão da parte de trás da cabana.
E, fora assim, que parei em frente a uma escada — da qual eu não sei como não vi antes -, ao lado do primeiro cômodo.
Essa escada levava para o andar superior e foi lá que descobri um corredor onde havia mais duas portas, cada uma de frente para a outra.
Então, girei a maçaneta da porta à minha esquerda e encontrei um quarto espaçoso com uma janela grande, semelhante àquelas do andar inferior.
Próximo à ela, uma cama grande e bem arrumada ocupava um pedaço daquele quarto. Caminhei lentamente até ela sem deixar de reparar nos detalhes daquele cômodo. E, assim como na sala inicial, ali também havia uma estante (menor) cheia de livros e alguns quadros coloridos também enfeitavam as paredes pintadas.
À minha esquerda, havia uma outra porta e uma abertura. Inquieto, como descobri-me ser, fiquei tentado a ir até elas e explorar, mas outra coisa chamou a minha atenção: o som da cachoeira.
Precisamente, o som da água chocando-se contra as rochas.
A janela tinha apenas duas abas, então foi fácil empurrá-las para fora e permitir a visão magnífica da água cristalina. O som era relaxante, de modo que fechei os meus olhos e escorei sobre a travessa da janela para ouvir e também apreciar a brisa refrescante chocando contra o meu rosto.
Ao passar longos minutos ali, senti uma moleza tomar o meu corpo.
Acredito que relaxei até demais.
Quando abri os olhos sonolentos, eu olhei ao meu redor e avistei a cama bem feita e tão convidativa. E, em passos pequenos e lentos, eu alcancei-a e sentei a primeiro momento.
Era tão macia e confortável que eu quase afundei ao sentar, porém, vagarosamente arrastei-me sobre o colchão e pousei minha cabeça sobre um dos travesseiros que estavam ali.
O cheiro doce e impregnado no tecido era muito bom, fazia-me relaxar imediatamente quando inalei-o.
Talvez seja o cheiro de Tokki e essa seja a cama dele. Mas, acredito que o meu consciente sequer ligou para isso quando comecei a fechar os olhos e adormeci profundamente.
A primeira coisa que me acordou daquele sono maravilhoso foi o aroma cativante que alcançou o meu sentido.
Espreguiçando para despertar o meu corpo também, aproveitei um pouco mais daquele cheiro agradável e assim que terminei, tomei coragem para levantar daquele colchão macio e caminhar para fora do quarto.
Com minha curiosidade nas alturas, passeei pelo corredor e senti o aroma cada vez mais forte, além de conseguir ouvir alguns barulhos vindos do andar inferior. E então, com passos lentos, desci os degraus e esgueirei-me pelos cômodos iluminados pelas luzes no teto, descobrindo que o aroma e os sons vinham do segundo cômodo que encontrei.
Escondi-me atrás do batente da entrada quando avistei um homem de costas para mim.
Ele era alto, possuía ombros largos e apertados em uma camiseta de manga curta na cor verde. Seus cabelos negros e brilhosos caíam sobre suas costas em ondas largas até a sua cintura fina, delineada pela peça de roupa.
O rapaz movia-se com maestria das bancadas ao fogão enquanto murmurava algo e balançava o seu corpo de forma ritmada.
Permaneci em meu canto, observando-o com atenção e um pouco de aflição, mas meu receio logo se dissipou quando o homem virou e reconheci ser Tokki.
Sua feição era alegre, de sorriso contagiante enquanto ele colocava alguns utensílios sobre a mesa entre nós.
Agora tímido e com o rosto quente, tomei coragem para sair do meu esconderijo e, quando ele me avistou, Tokki sorriu ainda mais através das mechas que caíam em frente aos seus belos olhos.
— Vejo que te acordei com toda essa barulheira. — ele começou. — Não queria te acordar antes de terminar o jantar.
— Por quanto tempo eu dormi? — perguntei-lhe.
— Acredito que dormiu durante a tarde toda e mais um pouco quando eu cheguei.
— Não sei de onde tirei tanto sono. — resmunguei envergonhado enquanto mirava o chão. — Me desculpe por dormir em sua cama.
Sua risada agraciou os meus ouvidos, fazendo-me fitá-lo outra vez.
— Não se acanhe por isso. Eu não me importo se quiser descansar em minha cama ou até mesmo sobre o tapete felpudo da sala. — ele disse. — Mas, ainda sim, prefiro que durma sobre o meu colchão e não sobre o chão.
Um sorriso pequeno apontou em meus lábios, então caminhei lentamente até estar ao lado dele. Espiei dentro de uma das panelas, de onde o cheiro encantador vinha, e constatei que o jantar seria:
— Tteokbokki e Kimchi Mandu... — sussurrei enquanto sentia minha boca salivar com a iguaria.
— Você sabe o nome dessas comidas? — Tokki indagou-me antes de se aproximar.
— Acho que sim?! — retruquei incerto. — Não sei, o nome veio à minha mente quando olhei dentro das panelas.
— Uou. E, você sabe o nome disso? — ele apontou o utensílio em sua mão.
— É um garfo. — respondi simplesmente.
— E, isso? — ele apontou para o eletrodoméstico.
— É um fogão. — eu falei.
Os olhos grandes ficaram ainda maiores quando eu respondi a ele.
— C-Como?! — ele falou mais alto. — Como você sabe disso?
— Eu apenas sei. — levantei os meus ombros. — Assim como sei que o nome daquilo é geladeira, esses são pratos e esta é uma mesa com as cadeiras. — continuei enquanto apontava para cada um dos itens. — Por que estava fazendo essa cara?
Ele balançou a cabeça para os lados antes de andar até o fogão e girar um dos botões.
— Curiosidade, apenas. — devolveu. — O que acha de jantarmos no deck para comemorarmos a sua chegada?
— Deck? — perguntei-lhe confuso. — O que é um deck?
— Você não sabe o que é um deck? — ele retrucou. — Você acabou de dizer os nomes das coisas na cozinha.
— Eu não sei, eu só... Olhei para essas coisas e soube o nome delas no mesmo instante. — expliquei.
— Fascinante. Você é simplesmente fascinante, Jimin. — Tokki elogiou-me com um sorriso lindo, fazendo o meu rosto esquentar rapidamente. — Me ajuda a levar as coisas lá para fora?
Ainda envergonhado pelo enaltecimento, eu assenti lentamente enquanto pegava e equilibrava os pratos, talheres sobre minhas mãos, logo passando a seguir Tokki para fora da cabana enquanto ele carregava as duas panelas e uma toalha sobre os ombros com perfeição.
Quando saímos para a varanda, ainda havia poucos resquícios de claridade sobre cores laranja e vermelho no céu, que logo transformaram-se até viraram azul e preto com alguns pontos brancos e brilhantes espalhados por ali.
Embora estivesse escuro, eu ainda conseguia enxergar perfeitamente uma passagem em madeira que nos permitia andar sobre as leves ondas do grande lago, devido tanto à luz da casa quanto da claridade restante acima de nós.
De fato, não sei como não reparei naquela estrutura antes. Acho que me atentei a esse detalhe, assim como fora com a escada.
Segui Tokki até alcançarmos o deck do qual ele comentou, logo, senti um comichão em meu interior quando pisei sobre a madeira, fazendo com que eu passasse a andar em passos lentos e cautelosos.
Ouvi meu guia rir a frente e quando olhei-o, notei o quão belo ele parecia ali.
A brisa amena balançava os seus fios negros enquanto as luzes banhavam o seu rosto charmoso. Parei meus passos para admirá-lo, o que deixou-o curioso sobre o meu ato.
— Por que está fazendo essa cara? — ele questionou-me como eu o fiz a pouco tempo atrás.
— Por nada. — desviei meu olhar para os meus pés, logo pressionando-os um contra o outro. — Só estou com receio de cair.
Ele gargalhou de um jeito tão bom, que reverberou em todo o meu ser e fez minhas bochechas ferverem ainda mais. Acho que ele não acreditou na minha desculpa.
— Não fique assim, Beojkkoch. — ele disse com calmaria. — O deck é muito reforçado. Quer ajuda para chegar até aqui?
— N-Não precisa. O-Obrigado. — olhei-o sob meus cílios.
Ele nada mais disse. Somente deixou as panelas sobre uma toalha estendida no chão e levantou-se outra vez antes de estender sua mão para mim, hipnotizando-me com o seu olhar caloroso.
Sei que nós nos conhecemos apenas hoje, mas sinto bem lá no fundo que não é a primeira vez que nos encontramos.
Talvez seja invenção da minha mente.
A cada passada que eu dava em direção a ele, eu sentia algo pulsar gradualmente com força dentro de mim. Fazendo com que eu me sentisse mais... Vivo.
Quando fiquei a um passo dele, Tokki pegou os itens da minha mão e deixou-os junto às panelas no chão — sem desviar os seus lumes dos meus. E, ao levantar novamente, tomou minhas mãos em suas palmas quentes com suavidade e acariciou os nós dos meus dedos de forma tão afetiva.
— Sei que milhares de perguntas estão passando por essa bela cabecinha. — Tokki começou, sem deixar de afagar as minhas mãos. — Mas, consigo ver que apenas uma delas está quase escapando dos seus lábios. Conte-me, por favor.
Acredito que o meu guia tenha o dom de discernir as pessoas, ou apenas de ler-me com um olhar.
— Eu... Nós... — iniciei, ainda envergonhado. — Já nos conhecemos de algum lugar?
À medida que a pergunta saía da minha boca, meu tom baixava tanto pela vergonha quanto pela minha insegurança.
Por alguns milésimos de segundos, vi os olhos azuis vacilarem mas logo voltarem a encarar o fundo dos meus lumes e aquecerem meu interior. Seus lábios abriram-se rapidamente, porém comprimiam-se outra vez — como se ele estivesse procurando as palavras certas para me responder.
— Te darei uma simples e vaga resposta, mas prometo a você que explicarei completamente sobre essa e qualquer pergunta relacionada, quando for o tempo certo. Pode ser? — assenti imediatamente. — Prometa-me.
Ele separou sua destra de minhas mãos, fechando todos os seus dedos e deixando apenas o menor deles antes de esticar em minha direção — o que fez-me inclinar minha cabeça em confusão.
— Juramento de mindinhos. O compromisso mais sério e antigo do mundo, que jamais deve ser quebrado. — ele explicou-me seriamente, me fazendo arregalar os olhos.
— O-O que a-acontece s-se eu não c-cumprir? — questionei receoso.
— Vou ficar muito chateado e não falar com você por 3 dias.
Meu peito comprimiu-se diante da consequência. Nós acabamos de nos conhecer e nem ao menos jantamos juntos ainda, não quero ficar sem conversar com ele.
— Prometo! — quase gritei, desesperado (o que arrancou uma gargalhada dele). — Não está brincando comigo, está?! — acusei-lhe.
— Fofo! — disse ele. — Estou falando muito sério sobre a promessa.
— E, o que eu faço agora? — perguntei-lhe enquanto encarava seu dedo ainda estendido.
— Agora, você faz o mesmo gesto que eu fiz. — eu assenti novamente e imitei sua mão. — E depois, nós entrelaçamos nos dedinhos assim. E, com firmeza.
Tokki fez como havia dito e segurou o meu dedo com o seu antes de abaixar-se e erguer nossos punhos na altura dos nossos lábios.
— E, neste momento, nós dizemos: Eu prometo com toda a minha alma, jamais quebrar essa promessa. Repita. — ele ordenou e, concentrado, eu reproduzi sua fala. — Depois, nós assopramos nossas mãos para selar o juramento.
Com uma feição séria, acatei o que foi dito e assoprei nossas mãos ao mesmo tempo que ele.
— Pronto para a resposta. — perguntou e eu assenti freneticamente. — Está bem! A resposta é... Sim, nós nos conhecemos. Mas, não foi aqui em Sosil.
— E, onde...
— Ei! Lembre-se da promessa de mindinhos. — advertiu-me.
— Porcaria! — ralhei enquanto cruzava os meus braços e fazia um bico involuntário nos meus lábios.
Tokki começou a rir tanto que algumas gotas de água saiam pelos cantos dos seus olhos e ele apertava seu abdômen enquanto ainda gargalhava.
— Você é único, Beojkkoch! — ele exclamou, ofegante. — Fico muito feliz em ter você aqui.
Minha garganta coçava e minha língua quase escapava para fora da minha boca com vontade de lhe fazer perguntas relacionadas à anterior.
— Vamos treinar a sua paciência, Jimin. E, tenho certeza, de que há tantas perguntas dentro dessa cabecinha agitada que posso responder por enquanto. Não é mesmo?
— Sim... — desviei meu olhar, ao mesmo tempo em que pressionava meus pés entre si.
— Vamos comer e aproveitar essa noite maravilhosa. Posso te apresentar a cabana com mais detalhes depois, se não estivesse tão cansado.
Ele ajudou-me a sentar sobre a toalha bonita antes de se colocar ao meu lado também, e logo dispôs-se a organizar as coisas à nossa frente.
Quando ele destampou as panelas, o aroma delicioso atingiu os meus sentidos novamente, deixando-me extasiado. Minha língua percorreu os meus lábios inferiores, ansiando em provar o sabor daquela comida tão cheirosa.
Tokki observava-me com um sorriso de canto enquanto apanhava um dos pratos, recheando com as iguarias e entregando-o para mim em seguida.
Apanhei os jeotgarak que ele me entregou, mas logo encarei-os fixamente — pensando em mil formas de como poderia usá-lo para comer.
Assim que deixei o meu prato sobre a toalha, concentrei-me em posicionar os talheres em minha mão e apanhar a comida, mas falhei miseravelmente.
Após diversas tentativas e nenhum sucesso, virei em direção ao Tokki para pedir por ajuda, mas logo encontrei-o mordendo os seus lábios — claramente, tentando prender o seu riso.
— 'Tá rindo de quê? — belisquei o braço dele, fazendo-o rir ainda mais. — Me ajuda, por favor!
— Desculpa, esqueci dessa parte. — quando eu iria questioná-lo sobre o que ele estava dizendo, Tokki continuou. — Vou ajudar você. Preste atenção na minha mão.
Concentrado, assisti meu guia apanhar os jeotgarak e demonstrar como posicionar os dedos sobre os objetos, vagarosamente.
— Entendeu? — questionou-me ao fim.
Com minha cabeça inclinada levemente para a direita, tentei memorizar cada parte da instrução para reproduzir com os jeotgarak em minha mão.
— Assim?! — mostrei para ele, inseguro.
— Quase isso, mas foi um ótimo começo.
O moreno estendeu sua destra, pedindo pela minha mão e eu a entreguei enquanto ainda segurava o talher de metal. O simples toque das pontas dos seus dedos sobre a minha pele, causava-me uma sensação maravilhosa por todo o meu corpo.
Meu guia reposicionou os meus dedos sobre o jeotgarak e logo pediu para que eu encostasse as pontas do talher e depois, afastasse-as. E assim eu repeti mais 5 vezes.
— Agora, tente pegar um dos bolinhos de arroz. — ele falou.
Enchendo o meu peito com confiança, peguei o prato depositado sobre a toalha e avancei os meus talheres sobre um deles. Porém, minha expectativa dissipou-se quando as pontas se cruzaram e o tteok escapou delas.
Indignado, tornei a repetir o movimento, aplicando toda a minha concentração sobre aquela simples comida — voltando a falhar outra vez.
Inspirando profundamente, tentei mais uma, duas, três vezes e não consegui novamente, então um bico enorme surgiu em meus lábios e meus olhos marejaram ao mesmo tempo — deixando-me sem qualquer visão sobre o prato em meu colo.
— Beojkkoch. — Tokki me chamou, mas eu apenas abaixei a minha cabeça. Extremamente envergonhado.
No entanto, logo senti seus dedos segurarem o meu queixo com leveza e erguerem-no até que meus olhos alcançassem os seus. Seus lumes eram tão misteriosos quanto ele e este mundo novo. E, um sorriso leve pintava os seus lábios finos.
O mínimo gesto, o mínimo toque que ele fazia, transmitia tranquilidade e aconchego para mim.
Ele era fascinante.
— O que eu havia dito mais cedo para você, Beojkkoch? — ele interrogou-me, causando confusão em minha mente. — Disse que você não precisa mais chorar, certo?
Uma luz clareou a minha mente, fazendo-me lembrar do nosso encontro naquele lugar escuro e então eu assenti lentamente.
— D-Disse... — sussurrei acanhado.
— Tão doce. — ele riu baixo enquanto acariciava meu queixo com o seu polegar. — Vamos deixar os jeotgarak de lado por hoje. Vou te dar um garfo para espetar as partes mais sólidas e a colher para apanhar o molho, tudo bem?
Eu assenti mais uma vez, sentindo seus polegares passarem suavemente sobre os cantos dos meus olhos. Logo, assisti ele afastar-se para pegar os talheres citados ao lado das panelas e, depois, deixá-los sobre a minha mão.
— Tente agora. — sugeriu ao fim.
Depois de fitar-lhe mais uma vez, voltei minha atenção para os dois objetos e então, segurei o garfo corretamente e virei-o em direção ao pequeno bolinho — alegrando-me de imediato, quando consegui pegá-lo.
— Eu peguei!
Orgulhoso, virei para o rapaz ao meu lado e mostrei o bolinho espetado, o que acabou tirando-lhe uma risada tão alta que contagiou-me no mesmo instante.
— Prove-o agora, querido.
Obedecendo-o de imediato, abocanhei a iguaria em uma única mordida e quando eu senti o bolinho de arroz derreter sobre a minha língua, soltei um grunhido deleitoso devido ao sabor maravilhoso que invadiu o meu paladar.
Junto dele, um suspirou também escapou de mim. O que fez Tokki rir outra vez.
— O que achou? — ele perguntou-me.
— Isso é incrível! — expressei, logo apanhando outro tteok e um pouco do kimchi.
— Oh, eu vejo que sim. — ele continuou, mas eu apenas passei a dar mais atenção ao prato sobre as minhas coxas.
Pelos próximos minutos, jantamos em silêncio — ou nem tanto, visto que a cada abocanhada, um gemido escapava dos meus lábios e arrancava um sorriso cada vez mais largo de Tokki.
E como um algo calmante, ouvíamos o som da cachoeira e de poucos animais que mantinham-se dentro da floresta.
A escuridão tomou todo o céu e somente as luzes que vinham da cabana iluminavam-nos fracamente, porém logo eu ouvi meu guia resmungar algo e fazer um bico antes de um som agudo sair da sua boca — me assustando no mesmo instante. No momento seguinte, fiquei confuso sobre o seu gesto, mas logo descobri o motivo.
— C-Como fez isso?! — eu falei, impressionado com as luzes coloridas que iluminavam todo o caminho do deck.
— São pequenos pontos luminosos que ativam com sons específicos. — disse ele. — Chamamos de lâmpadas sonoras.
— Foi você quem fez? — perguntei-lhe intrigado.
— Ah, não. Na vila Hikari, os cidadãos fornecem essas luzes e eu troquei-as por alguns trabalhos que faço. — explicou. — Podemos visitar essa vila algum dia, ela fica maravilhosa durante a noite.
— Eu quero ir! — retruquei, muito empolgado.
— Então nós iremos. — ele afagou os meus fios, carinhosamente.
— Eu tenho uma pergunta. — Tokki assentiu, encorajando-me a prosseguir. — Como você fez aquilo com a boca?
— Você fala sobre o assobio?
— As-so-bio? — repeti devagar.
— Exato, garoto dos nomes. — meu guia riu. — Esse ato foi um assobio, quer tentar? — quando eu assenti, ele continuou. — Muito bem! Primeiro, faça um biquinho mas deixe-o levemente aberto. Assim...
Tokki fez o que havia dito, deixando uma pequena abertura entre os seus lábios quase comprimidos. Então, eu imitei-o fielmente.
— Perfeito! Agora, assopre levemente enquanto mantém a abertura. Desse jeito...
Ele mostrou-me mas, desta vez, um som saiu dos seus lábios finos.
— Tente. — meu guia disse ao final.
Após assentir, concentrei-me em minha prática. No entanto, ao tentar assoprar como Tokki, um pouco de saliva escapuliu pela abertura da minha boca e escorreu pelo meu queixo.
— Oh! — exclamamos em uníssono, ao mesmo tempo em que nos encarávamos.
Embora eu estivesse envergonhado do meu ato, acabei explodindo em gargalhadas tão altas que ecoavam por todo o lago. Depois de ficar estático por alguns segundos, meu guia acompanhou-me naquela alegria.
Ríamos tão forte ao ponto de curvarmos nossos troncos.
À medida em que nossos olhares fixaram-se, nossos risos diminuíram gradativamente até percebermos que estávamos ofegantes, vermelhos e com pequenas gotas de água nos cantos dos nossos olhos.
— Desejo que você seja muito feliz aqui, Jimin. — ele disse.
Seu anelo era tão genuíno que eu podia senti-lo profundamente. E, por isso, eu retribuí:
— Também desejo ser feliz aqui com você... — ele sorriu para mim. — Tokki.
Vi sua feição vacilar um pouco quando eu disse o seu nome, porém, ele desviou o seu olhar do meu — rapidamente -, e voltou a sua atenção para os pratos e começou a apanhá-los.
— O que foi? — perguntei-lhe, logo dispondo-me a ajudá-lo. — Eu falei algo de errado? — continuei, muito preocupado.
Ao encarar-me, ele abriu e fechou a sua boca algumas vezes até que respirou fundo e pôs-se a sorrir de canto — sem jeito — antes de menear a sua cabeça para os lados.
— Você não fez nada de errado. — ele respondeu. — Acho que até mesmo eu preciso aprender a ter paciência. — finalizou com um riso nasal.
Conforme eu assentia, mirei meus olhos para as panelas que eu segurava.
— Vamos entrar. Você precisa dormir mais um pouco. — ele continuou.
— Mas, eu não estou com sono, Tokki! — retruquei, birrento. — Não quero dormir agora.
— Apenas parece que você não está com sono, mas os recém-chegados devem descansar muito pois como vocês recebem muitas informações de uma vez, então têm que ter disposição o suficiente para assimilar tudo isso. — ele explicou-me enquanto eu simplesmente concordava e segui-o calado, bicudo e confuso. — Não se preocupe, beojkkoch. Teremos muito tempo para passarmos juntos.
Aceitando o seu argumento, eu assenti outra vez — em silêncio.
Sua mão alcançou meu ombro e apertou-o gentilmente, conduzindo-me dali até a cabana e, antes de entrarmos, Tokki virou-se em direção ao deck e assobiou ainda mais alto, fazendo com que as luzes se apagassem.
Aproveitando a oportunidade, tentei assobiar novamente, mas apenas um som baixo e babado saiu dos meus lábios.
— Que coisa! — esbravejei, ouvindo a gargalhada doce dele.
— Pelo menos, você conseguiu emitir um som, mesmo que baixo. Você conseguirá fazer isso, até mais alto do que eu, se você praticar. — ele incitou-me enquanto levava-me para dentro da casa.
Nós caminhamos até a cozinha e o moreno deixou os utensílios dentro da pia, e logo apanhou as panelas que estava sobre as minhas mãos e deixou-as ali também.
— Deixe que eu limpo tudo por aqui. Você viu o seu quarto? — Tokki perguntou e eu virei para ele.
— Eu tenho um quarto? — devolvi-lhe, confuso.
— Claro que tem! — retrucou. — Tenho certeza que, assim que entrou em meu quarto, você desabou sobre a cama. Acertei?
Envergonhado, assenti lentamente enquanto tentava desviar do seu olhar brincalhão e subir os degraus ao seu lado.
— D-Desculpe.
— Não estou chateado, Beojkkoch. Te entendo completamente.
— Entende?!
— Um dia, eu já fui um recém-chegado, assim como você. — explicou. — Sei como é acordar em um mundo novo, ser levado a lugares desconhecidos por um desconhecido. Também sei como nós ficamos exaustos com tanta novidade.
Nós passamos direto pelo seu quarto e paramos em frente à porta ao lado, onde eu ainda não havia explorado mais cedo.
Eu encarei aquela porta colorida e sua maçaneta, em seguida. Minha mão coçava pela vontade de abrir aquela porta rapidamente, mas tratei de conter-me.
Com a presença de Tokki através de mim, senti-me ainda mais acanhado e envergonhado de minha curiosidade excessiva.
Sua mão quente pousou sobre o meu ombro direito, fazendo-me olhá-lo vagarosamente. Um início de um sorriso brincava no canto dos seus lábios finos enquanto encarava-me com diversão e diligência.
— Este é o seu quarto, então você deve ser o primeiro a abri-lo.
Assentindo veementemente, voltei meus olhos para aquele objeto redondo e dourado antes de segurá-lo com determinação e gira-lo em expectativa.
De imediato, assustei-me com o breu impregnado naquele quarto mas Tokki fez outro barulho e várias luzes surgiram do teto e iluminaram todos os cantos.
"Meu quarto" continha paredes em cores lilás e seus detalhes eram em rosa e dourado. A cama também era do mesmo tamanho que a de Tokki, havia também uma porta e uma abertura ao lado desta. No entanto, o que diferenciava nossos quartos era que não haviam livros ou muitas decorações além de pequenas plantas sobre a mesa de cabeceira, próximas a um abajur.
— Sei que o seu quarto pode parecer um pouco... Sem graça no momento, mas podemos decorá-lo como quiser ao longo do tempo. — Tokki começou, tomando a minha atenção. — O que acha?
— Acho maravilhoso. — sussurrei-lhe sincero, ainda maravilhado com o pequeno cantinho que me fora reservado.
Após assentir com um olhar brilhante, Tokki caminhou até a porta e abriu-a. Dentro daquele lugar havia uma pia branca com algo acima dela.
Mais ao fundo, pude avistar um espaço delimitado com um vidro transparente e um chuveiro quadrado preso a uma parede.
— Quer tomar um banho para relaxar antes de dormir?
— Um banho? — inclinei a cabeça.
— Sim. — ele girou uma pequena bola embaixo do chuveiro e muita água passou a cair do objeto quadrado.
Embora eu tenha espantado no início, praticamente corri em direção àquela queda e estiquei meu braço para tocar a água — logo adorando a temperatura relaxante.
— Sinta-se à vontade para banhar-se, Jiminie. Eu vou buscar algumas roupas para você enquanto você está se lavando.
Depois de me ver assentir, Tokki deu um sorriso e fechou a porta quando saiu do banheiro.
Quando vi-me sozinho no banheiro, voltei minha atenção para o chuveiro e coloquei meu braço sob a água — o que não foi a melhor ideia, visto que molhou toda a manga da minha blusa e deixou a transparente sobre o meu corpo.
Depois de despir-me completamente, adentrei o pequeno espaço devagar, sentindo meu corpo relaxar aos poucos enquanto a água me molhava. Era tão bom que eu poderia dormir ali mesmo.
Ao abrir meus olhos, avistei um compartimento na parede com alguns recipientes. Após apanhar um deles e abrir, vi uma pequena barra cheirosa que espumava ao toque. E mesmo sem entender como eu a utilizava, comecei a passá-la pelos meus membros e tronco, adorando o aroma que levantava e a espuma rosa que espalhava pela minha pele alva.
Era divertido, até eu descobrir que saia com facilidade com a água corrente.
No decorrer do tempo, Tokki deu três toques na porta e avisou que a roupa nova estaria em cima da cama, assim como a toalha estaria sobre a maçaneta. Com uma afirmação, tratei de girar a bola para o lado contrário e sair do espaço quando a água parou de cair.
Quando passei em frente a pia, assustei ao ver algo se movimentando no quadro sobre ela. Na verdade, era alguém.
— Mas o que é...? — encarei-o curioso enquanto o via mexer a boca ao mesmo tempo. — Sou eu? — indaguei ao inclinar a cabeça, e assim ele fez também.
Cada movimento, gesto e careta que eu fazia, eu via o belo rapaz fazer o mesmo.
Por fim, virei de frente para o quadro e encarei-o minuciosamente.
Deixei que meus olhos vagassem pelo seu tronco alvo com uma cintura fina e peitoral pequeno salpicado de manchinhas. Braços levemente musculosos e pescoço fino.
Sua mandíbula era marcante, mas suas bochechas cheias e rosadas, assim como os lábios vermelhos e nariz pequeno, deixavam os seus traços mais delicados. E nem mesmo suas manchinhas ali espalhadas e pequenos olhos verdes contribuíam para um rosto mais rústico — como o de Tokki.
Cílios fartos, sobrancelhas perfeitas, além de um cabelo ruivo curto e ondulado.
Ele era lindo! E constatar que era reflexo meu, deixava tudo estranho e uma pergunta paira sobre a minha cabeça: "Será que de fato sou eu, ou é apenas os meus olhos me confundindo?".
Com essa pergunta, desviei meus olhos dali e caminhei lentamente até a porta para sair daquele cômodo. Ao mesmo tempo em que eu girava a maçaneta e puxava a madeira, um pano macio caiu em frente aos meus pés.
Abaixei-me para apanhá-la e avistei diversas gotas espalhadas sobre o piso, logo tratei de segurar e passar todo o pano por qualquer canto do meu corpo.
Não acabou nem o dia e já estou fazendo bagunça na casa do Tokki!
Depois de pendurar a toalha sobre o mesmo lugar de antes, caminhei em direção a pequena pilha sobre a cama e passei a apanhar peça por peça conforme eu as vestia.
Três batidas na porta foram o suficiente para um sorriso de canto aparecer em meus lábios, logo permiti sua entrada e virei-me em direção a abertura enquanto olhava para as mangas longas da blusa laranja e tentava segurar a calça enorme.
— Tokki. — chamei-o risonho. — Não consigo ver minhas mãos e meus pés.
Ele virou-se para mim e um belo sorriso nasceu em seus lábios, deixando-me sem palavras.
— Você está lindo com as minhas roupas, beojkkoch. — meu guia aproximou-se até quase encostar em mim, sem deixar de sorrir. — Muito lindo!
— Mas são muito grandes. — mostrei-lhe enquanto tentava segurar a calça que caía do meu quadril. — Me ajuda!
Seu riso reverberou pelo quarto, fazendo minhas bochechas e meu peito aquecerem.
— Se acalme, querido. Posso te tocar aqui? — ele apontou para o meu quadril, e eu apenas assenti. — Okay! Está vendo essas cordinhas? — concordei outra vez. — Elas servem para regular o aperto do elástico na calça, desse jeito...
Ele subiu um pouco a peça de roupa, segurou as pontas das "cordinhas" e puxou devagar, o que fez a calça ajustar-se ao meu quadril.
— Uau... — murmurei fascinado enquanto observava Tokki entrelaçar as duas cordinhas, fazendo uma coisa ao final. — Me ensina a fazer isso? — pedi-lhe ao mesmo tempo que eu apontava para as cordas.
— Te ensinarei todos os nós que sei fazer, mas outro dia. — um bico involuntário cresceu em meus lábios. — Não adianta fazer essa carinha fofa para mim, beojkkoch, sou especialista em lidar com esses biquinhos.
— Ah... — reclamei impaciente, assistindo ele erguer e dobrar uma das mangas da blusa que eu vestia, fazendo os mesmo com a outra em seguida.
— Prometo que te ensinarei muitas coisas, Jiminie, mas você é a prioridade aqui. — ele retrucou, finalizando o seu trabalho e encarando-me sem deixar de sorrir com diversão. — Vamos descansar. Amanhã será outro dia cheio de novidades.
Após assentir levemente, deixei que ele me conduzisse até a cama macia, cujo os lençois foram afastados em um convite para que deitasse ali.
Quando pousei minha cabeça sobre o travesseiro macio, senti meu corpo relaxar completamente no momento em que inalei o cheiro doce provindo daquele tecido.
Uma parte do colchão afundou e eu senti carícias singelas sobre a raiz do meu cabelo e, ao abrir as minhas pálpebras, encontrei Tokki observando-me em silêncio com um sorriso pequeno e um olhar enigmático.
— Porque me olha tanto assim? — perguntei-lhe quase aos sussurros.
— Assim como? — ele devolveu no mesmo tom.
— Não sei que palavra posso definir. — respondi sincero. — É como se você estivesse longe, mas muito perto ao mesmo tempo. — ele parou com as carícias por alguns segundos antes de tombar sua cabeça para os lados e voltar com o seu afago.
— Hum... Eu acho que entendi o que você quis dizer. — meu guia continuou, passando a afagar minha nuca. — Podemos descobrir diversas palavras depois, tenho vários livros nas estantes da sala de estar.
— Sala. De... Estar? — indaguei-lhe, rendendo-me por um fio ao sono.
Ouvir sua risada profunda era deleitoso, principalmente para alguém prestes a dormir.
— Quero... — murmurei, logo apagando de vez.
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