9. Quando as luzes se acenderem e eu estiver ali sozinho
Naquela noite Caio teve um pesadelo.
Talvez memórias que estiveram enterradas em seu subconsciente durante muito tempo tivessem ressurgido, possivelmente por conta de sua recente visita a um passado que ele ansiava esquecer. No sonho de Caio todas as coisas eram nítidas: Cores, texturas, gostos e cheiros. Ele poderia jurar que aquilo tudo era real, ele já estivera naquela situação antes.
- Bom dia, Hoffman! - A voz grave e baixa de mulher pertencia a Gisele, filha de seu chefe, dono da empresa "It +". - Adorei sua camisa.
- Obrigado. - Ele disse pacificamente, sem tirar os olhos do monitor onde estudava os indicadores de preferência do público alvo de seu maior cliente.
- Que tal se tomarmos alguma coisa hoje depois do trabalho? - Gisele investiu.
- Acho melhor não. - Ele sorriu amarelo para a mulher elegante ao seu lado. - Tenho muito trabalho acumulado.
- Não sabia que sou filha do seu chefe, Hoffman?
- Nunca esqueci disso, Gisele. - Ele voltou a prestar atenção no monitor. - Também por causa disso a resposta é não.
A mulher esguia e alta demais bufou baixinho e com um simples chute desligou o computador que ele usava.
- Talvez assim você consiga reparar que estou aqui. - Gisele sorriu amavelmente.
Na lembrança seguinte, Caio estava na cozinha do escritório esperando que a cafeteira terminasse de passar o café preto de sempre. O homem coçou os olhos repetidas vezes, na tentativa de espantar o cansaço. Aquele era seu primeiro emprego e ele vinha se esforçando ao máximo para apresentar resultados satisfatórios. Alguns clientes importantes estavam sob sua responsabilidade, não haviam espaços para falhas.
- Definitivamente, você precisa de uma distração.
Gisele.
Hoffman sentiu seios pequenos e redondos esmagando-se em suas costas, mãos delicadas percorrendo as laterais de seu corpo, escorregando por seu peito para encontrarem-se em junto a sua barriga. Gisele era quase tão alta quanto Caio, então seus lábios podiam tocar o lóbulo de sua orelha com facilidade, uma vez que a mulher havia pousado o queixo em seu ombro. Ele sentiu um arrepio tão intenso que os pelos do corpo ouriçaram instantaneamente.
- Sabia que você não era indiferente. - Ela balbuciou, soltando uma risada rouca em seguida.
- Por favor, Gisele. - Ele pediu. - Aqui não.
A mulher de volumosos cabelos encaracolados em tom de chocolate aumentou o aperto do abraço, encaixando uma perna entre as dele, deixando o jovem marqueteiro encurralado entre o balcão da pia e seu corpo.
- Aqui não? - Ela perguntou travessa. - Onde então?
- Eu não quero. - Hoffman estudava um jeito de desvencilhar-se, sem magoá-la ou colocar em risco seu emprego. - Não quero, você entendeu?
- Você quer. - Gisele enfiou uma mão no meio das pernas de Caio, acariciando-o intimamente.
Ele respirou fundo, mas a abordagem agressiva o deixara duro imediatamente, sabia que não poderia esconder aquilo.
- Sim, Caio... - Ela repetiu em seu ouvido como uma gata manhosa. - Sim, você quer. Posso sentir aqui embaixo.
Hoffman deu um passo grosseiro para trás, fazendo Gisele afastar-se por instinto e quando virou em sua direção ela simplesmente notou que havia excitação em seus olhos. Apesar de não querer nenhum tipo de envolvimento com a filha de seu chefe, ele estava excitado, mas seu corpo estava apenas respondendo àqueles estímulos calculados.
Gisele desabotoou a calça de Caio com tanta rapidez que o deixou desorientado, momentos depois sua mão encontrava-se diretamente a pele sensível do corpo dele. Ele segurou-lhe o pulso numa tentativa firme de impedi-la, mas ela ajoelhou diante de Caio e brincou com ele usando os lábios macios, levando-o às raias da loucura com tanta habilidade e rapidez, provocando-lhe tamanho descontrole e raiva, que uma das mãos do homem encontraram a cabeleira farta daquela mulher desgraçada, conduzindo-a debilmente para seu prazer.
Caio acordou de seu pesadelo puxando o ar com força.
Fazia muito tempo que não sonhava com aquelas lembranças. Não fora sonho, eram suas memórias mostrando-lhe que ainda era doente. Empurrou o lençol para longe e notou que estava excitado, odiando-se em seguida por não conseguir desassociar o prazer que sentiu do abuso. Culpava-se por ceder, baixar a guarda e envolver-se com aquela mulher por deduzir que estava apaixonado, tão somente porque teve seu corpo levado ao limite.
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