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𝐓wenty 𝐅ive

「 🍁 」

— Caralho, que fome. — Yoongi disse. — Minha barriga está falando. — riu enquanto movimentava as mãos ao redor da própria barriga.

— Eu também tô de larica, bora encomendar uma pizza. — Jungkook se pronunciou.

— Não aguento mais pizza. É bom, é ótimo, mas a gente já comeu isso ontem. — Namjoon fez cara de enjoado e cruzou os braços.

— Ah, e anteontem. — se ouviu novamente a voz de Yoongi.

— E antes de anteontem. — Hoseok disse e riu.

— Vocês são bem de vida, mas não contratam uma empregada para arrumar a casa ou fazer uma refeição decente, então só vivem de pizza. — resumi. — Porque ninguém é capaz de cozinhar.

— Qual é?! Dá um desconto, somos homens. — Yoongi disse.

— Conheço vários homens que cozinham perfeitamente, meu pai é um deles. — fiquei um pouco triste de lembrar de, mas logo voltei ao normal. — Ah, e sabiam que dá para encomendar outros tipos de refeições? Não só pizza.

— Mas nós só gostamos de pizza. — Jungkook disse indiferente. — Não podemos confiar muito do que vem de fora. — revirei os olhos.

— Na real, vocês são tudo frescos. — falei já levantando e indo até a cozinha. — Vou ver o que tem na cozinha. — sai vasculhando cada cantinho daquela cozinha e não havia nada. Na geladeira só tinha uma jarra de água, várias latinhas de cerveja, RedBull e algumas frutas. No armário tinha alguns biscoitos de diferentes tipos, barras de chocolate, salgadinhos, só besteira. Suspirei e voltei para a sala onde estavam todos sentadinhos.

— Então, quem vai ao supermercado comigo? — perguntei fingindo empolgação e os garotos apenas se entreolharam.

— Desculpa falar, mas... Você está engayzando a gente. — Yoongi disse.

— Menos Hoseok, porque esse já é gay. — Jungkook implicou e os garotos riram.

— Isso é o que você pensa, a quantidade de mina que eu pego em uma noite é a que tu já pegou na tua vida inteira. — Hoseok se defendeu e Jungkook caiu na gargalhada.

— Sonha menos, Hoseok. — Jungkook disse.

— Ok Jeon, deixe um pouco seu amigo em paz e vamos comigo? — sugeri. — Ou vocês querem passar fome?

— Ah, vai dizer que você cozinha? — Namjoon debochou.

— Minha mãe era uma cozinheira de mão cheia e eu aprendi algumas coisas com ela. — o olhei de cima a baixo e perguntei: — Isso te incomoda?

— Namjoon pegou um ranço do Jimin, puta que pariu. — Hoseok disse.

— Ele é chato mesmo, até entendo o Nam. — mostrei o dedo do meio para Jungkook, que agora estava atirado no sofá confortavelmente.

— Querem saber? fiquem aí passando fome ou se alimentem das balas que vocês usam em seus revólveres. — disse impaciente me atirando no sofá que estava vago.

— Puta que pariu, que garoto mais dramático. — Jungkook se rendeu, mesmo com uma cara horrível, ele se levantou do sofá. — Vamos de uma vez. — ele pegou as chaves do carro e os óculos escuros, e já foi indo em direção a porta de saída.

— Calma, queridão. Quer que eu vá assim? de pijama? — o encarei com os braços cruzados.

Jungkook franziu a sobrancelha e me olhou de cima a baixo. — Mas é claro que não, olha o tamanho desse short.

— Sem quer dizer nada, mas já dizendo... Você é um filézinho, ein. — Hoseok sorriu ladino enquanto me olhava.

— Eu concordo plenamente com o meu amigão aqui. — Yoongi, que também me encarava, deu dois tapinhas nas costas de Hoseok, o que me fez ficar totalmente sem graça. Meus olhos se moveram para Jeon e eu vi sua expressão mudar para uma irritada.

— Eu não acho. — Namjoon disse indiferente.

— Ok, acabou a palhaçada. Hoseok, meu amigo, você é viado. — Jungkook foi em direção a Hoseok e lhe deu um tapa na cabeça. Coitado. — Yoongi, vá procurar um negão, que é disso que você realmente gosta. E Namjoon... continue assim. — piscou um dos olhos para o último citado.

— Vou tomar um banho rápido e já volto. — mudei de assunto já indo em direção ao corredor onde ficava o quarto dos meninos.

— Quer companhia? — Jungkook perguntou malicioso.

— Não, obrigado. — o cortei e apressei os passos. Chegando no quarto, fui em direção a minha mala e peguei uma bermuda jeans e uma blusa branca básica e sem estampa, uma cueca boxer e fui para o banho, que por sinal foi rápido.

「 🍁 」

Voltei para a sala onde Jungkook e Yoongi, agora, estavam se socando – de brincadeira – no meio da mesma.

— Quem é o foda agora? — Jungkook falava rindo, tendo a cabeça de Yoongi presa em suas pernas. O garoto estava um pimentão.

— Caralho. — falei incrédulo. — Solta ele e vamos, Jeon Jungkook! — falei em um tom autoritário. Ele parou e se levantou, ajeitando a roupa e nós fomos até a garagem.

— Com qual você quer ir? — ele mandou eu escolher um carro.

— Qualquer um serve. — mostrei indiferença.

— Mas hoje eu estou de bom humor, então, vou deixar você escolher. — ele sorriu ladino.

— Você de bom humor? — arqueei uma sobrancelha. — Ah, tá. — soltei um arzinho pelo nariz, duvidando daquilo.

— Se você começar com as suas palhaçadas, isso vai mudar rapidinho. — ele disse sério. — Então não fode.

— Ok, desculpa. — falei enquanto tentava segurar o riso. — Quero aquele ali. — apontei para um carro cinza, extremamente luxuoso, havia algumas partes douradas, o que, provavelmente, era ouro. Eu realmente não sabia o nome daquilo.

— Minha Bugatti Veyron? — ele perguntou, analisando a mesma. — Não, ela é muito linda para eu chegar com ela em um supermercado. — revirei os olhos.

— Por que mandou eu escolher então? — cruzei os braços tal qual uma criança birrenta.

— Porque eu gosto de tirar com a sua cara. — ele colocou a língua para fora e balançou a cabeça para os lados. Tão infantil.

— Isso é amor, já disse. — ele sorriu ladino, mas logo sua atenção foi para os carros novamente e ele foi em direção a um deles, me deixando para trás. Parou ao lado de um que eu conhecia muito bem: Porsche.

— Vamos. — Jungkook disse, logo entrando no carro. Fiz o mesmo caminho que o último citado e entrei dentro do automóvel, sentando no lugar vago ao lado de Jeon. — Esse é o mais simples que eu tenho. — ele disse enquanto passava a mão pelo painel do carro. — Mas não deixa de ser amado.

— Nossa, não tem algo mais humilde não? — perguntei irônico.

— Tem sim. O ponto de táxi ali da esquina ou o ponto de ônibus. Você que escolhe. — Jungkook disse e logo arrancou com o carro.

Fazia uns bons minutos que estávamos na estrada, não trocamos mais nenhuma palavra desde que saímos. Mas resolvi quebrar o silêncio com algo que estava martelando minha cabeça.

— Jeon? — o chamei enquanto ele dirigia.

— Quê? — ele respondeu sem tirar os olhos da direção.

— Por que você escolheu ser um gangster? — perguntei e dessa vez ele me olhou.

— Te interessa? — ele foi curto e grosso. Mas logo voltou com sua atenção a estrada.

— Se eu estou perguntando é porque sim. — disse no mesmo tom que ele.

— Porquê a vida quis assim. — ele deu essa resposta clichê.

— Jungkook, por favor, só estou tentando conversar com você normalmente, mas parece impossível. — minha expressão se fechou e eu encarei os lugares em que passávamos. — Depois vem com esse papo que quer que eu seja seu.

— Não começa, Jimin. Você sempre tem que tornar as coisas algo estrondoso, é impressionante.

— Então responda a minha pergunta, converse comigo como gente. — exigi.

Depois de um longo suspiro de rendimento, ele começou a dizer: — Sabe quando você acha que simplesmente nasce para ter tal vida? — ele perguntou e eu balancei a cabeça em concordância. — Então, foi o que aconteceu. Eu escolhi essa vida e ela me escolheu, simples assim.

— Você não tem medo de algo dar errado? — perguntei e voltei minha atenção para ele.

— Não. Porque eu já entrei nesse ramo com consciência de que era perigoso, eu já entrei com consciência das consequências. Muitos dizem que nós gângsters somos de vidas fáceis, o que é mentira, pois corremos riscos intensos, e essa é a parte mais foda. — ele me olhou e seus lábios abriram um leve sorriso.

— Vocês são assaltantes, certo? — perguntei bem direto e Jungkook riu.

— Bom... somos o que é necessário para sobreviver, nós podemos ser tudo, somos fora da lei.

— Você às vezes me dá medo.

— É assim que tem que ser. — ele deu de ombros.

— Nunca tiveram problemas com a polícia? Tipo, os caras nem sonham quem vocês são. Isso parece impossível.

— Para nós, isso é bem possível. Aqui não existe amadores, Jimin. O profissionalismo é um dos nossos maiores lemas.

— Não acho isso necessário. — disse indiferente.

— Como assim? — Jeon franziu as sobrancelhas.

— Vocês fazem tudo por dinheiro, certo? — perguntei.

— Também.

— Mas vocês são de famílias coreanas e canadenses extremamente ricas. — como alguém é ótimo de vida, mas prefere largar ela e virar gangster? Eu não conseguia compreender isso.

— E daí? Fazemos isso por diversão também, gostamos de adrenalina, de correr perigo, de ver nossos inimigos sofrendo, é um outro mundo, Jimin. Simples assim. E outra, você acha certo ficar dependendo da família pelo resto da vida?

— No seu caso, sim. Pois é algo mais digno do que ser um gangster.

— Nós não conhecemos a dignidade.

— Pra você ver até onde minha vida me levou né. — ironizei e Jungkook riu.

— Não posso fazer nada se tudo conspira ao meu favor. Até sua vida quer que você seja meu. — Jeon piscou em minha direção, mas logo voltou sua atenção para as ruas movimentadas.

— Pois é, até minha vida conspira contra ao meu favor. — disse com um leve tom de sarcasmo.

— Tudo isso por que eu te tenho e você não me tem? — ele perguntou arqueando uma das sobrancelhas e sorriu ladino. Para ele era algo normal banalizar a situação. Fui obrigado a ignorar, confesso que aquilo até foi capaz de me machucar um pouco. Ficamos quietos por algum tempo.

— Por que saíram do Canadá? — eu nunca consigo ficar em silêncio por muito tempo.

— Porra, pra que essa porra de interrogatório? — ele parecia ter se irritado, mas eu estava nem aí.

— Nada, só quero conhecer mais o meu dono — pus uma doze alta de ironia em minha fala.

— Você tem que parar de me ver assim. Possessivo.

— Mas você é. — confirmei o óbvio.

— Tem razão. — ele riu e deu de ombros.

— Responde minha pergunta. — exigi.

— Porra, não dá pra ficar de bom humor por muito tempo com você por perto, né? Caralho. — depois de ser tão carinhoso e compreensível, ele logo se rendeu. — Porque nós queríamos algo grande, e nossa cidade era muito pequena.

— Hmm... Quantos membros tem a sua gangue?

— Perdi as contas, mas o bastante para meter o terror em Los Angeles inteira e olha que é a segunda cidade mais populosa dos Estados Unidos.

— Todos coreanos?

— Óbvio que não. Nomeei de The Canadians pensando nos principais membros: eu e os meninos. Canadá é nosso país de origem, nascemos lá, mas temos dupla nacionalidade.

— Que estranho. — falei e pude perceber que sua paciência já estava chegando ao fim.

— O que? — ele travou a mandíbula.

— A maioria das pessoas que fazem parte dos Canadians são americanos.

— Foda-se. — achei melhor o deixar quieto, vai que ele resolve jogar o carro contra outro que venha na direção oposta.

Chegamos ao mercado e eu comprei o básico para fazer um bom almoço e mais algumas coisas que toda casa precisa ter.

— Vamos de uma vez, odeio supermercados. — Jungkook dizia impaciente me seguindo em todos os corredores que eu ia.

— Pronto. — falei vendo o carrinho cheio. — Hora de pagar, Sr. Riquinho. — Jungkook riu.

「 🍁 」

Voltamos para o apartamento e eu fiz o tal almoço, matando a fome dos garotos. Eles acabaram com tudo, tudo mesmo.

— Isso estava muito bom. — Yoongi disse enquanto raspava a colher no prato.

— Não foi você que fez. — Namjoon falou e eu lhe mostrei a língua.

— Realmente, você caprichou. — Jungkook disse e me deu um selinho, o que me fez ficar surpreso.

— Isso estava mais que ótimo. — Hoseok disse exagerado como sempre.

— Obrigado. — agradeci, claro.

— E então, Jungkook... Vamos ou não na boate hoje? — Yoongi perguntou e logo foi terminar o resto do seu refrigerante no copo. Jungkook me olhou, parecia pensar em uma resposta. Achei que ele fosse dizer: não, não posso deixar o Ji lindo sozinho, vão vocês. Mas ele disse:

— Óbvio.

Minha expressão logo mudou para irritada. — Ah, que legal, você vai me deixar aqui sozinho?

— Larga de drama, garoto.

— Então, eu vou junto. — disse simples.

— Você está louco? Desde quando boate é lugar de pirralho?

— Incrível como em certos momentos para você eu não sou pirralho. — falei e os garotos riram.

— Foda-se, mas lá você não entra. — ele disse e se levantou da mesa, indo em direção ao quarto. Fui atrás dele. Ele empurrou a porta para fechá-la com força e quase bateu em minha cara, mas eu consegui entrar antes.

— Seu idiota, tudo você fica nervosinho. — gritei.

— Cala a boca, Jimin. — ele disse grosso, tirando a camisa e indo para o banheiro, e eu continuei o seguindo.

— Deixa eu ir. — implorei. — Prometo que eu fico o tempo todo com você, de baixo de sua vista, se você quiser.

— É, mas eu não quero. Não quero ninguém no meu pé, principalmente você. Quero curtir, foder várias, beber. — aquilo doeu em mim, mais uma vez ele demonstrou que eu não significava nada. Engoli a droga do choro.

— Ok. — foi só o que consegui dizer, pois se eu falasse mais começaria a chorar, e eu não iria deixá-lo me ver em lágrimas por causa dele, isso só fortaleceria seu ego.

Saí do quarto rapidamente e entrei no banheiro que havia no corredor, de frente para o quarto de Hoseok. Me tranquei lá dentro não pretendendo sair tão cedo dali.

「 🍁 」

espero que tenham gostado. ♥️

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