Capítulo 43
Quarto mês
Pv.Brunna
Eu caminhava pela casa com um livro na cabeça, tentando ajustar meu equilíbrio, o médico disse que isso era bom, se eu escorregasse, eu conseguiria me manter em pé.
-- O que você está fazendo?-- Ludmilla gritou me dando um susto e me fazendo escorregar no chão mas consegui me manter em pé.
-- Você é idiota Ludmilla? Droga, me deu um susto.-- Falei levando a mão ao peito.
-- Amor, você não pode pegar peso, me dá aqui esse livro.-- Pegou o livro da minha mão.
-- Ludmilla, esse livro não pesa nem um kilo.-- Falei entre dentes.
-- Claro que pesa, pra você pesa, qualquer coisa é pesado pra você amor, até uma xícara.-- Disse sorrindo inocente e deixou o livro em cima do sofá.
Suspirei três vezes, eu queria muito avançar no pescoço de Ludmilla agora e sufoca-lá até a morte, mas ela é a mãe do meu bebê, eu não posso fazer isso.
-- Quando vamos no obstetra saber o sexo do bebê?-- Perguntei no mesmo lugar.
-- Depois de amanhã, estou muito nervosa.-- Disse sorrindo. -- Mas eu tenho certeza que é uma garota.-- Disse firme.
-- Eu sei que é um garotinho, eu posso sentir isso.-- Falei olhando para minha barriga.
-- Vai ser uma garotinha, linda como você.-- Sorri olhando para ela.
-- Vai ser um garoto, e ele vai ser exatamente igual à você.-- Ela riu e caminhou até mim.
-- Acredite meu amor, essa bolinha aqui, vai ser uma garotinha.-- Disse tocando minha barriga e eu senti uma pequena mexida.
-- Opa, acho que alguém está dando sinais de vida.-- Falei sorrindo e à olhei, Ludmilla olhava para minha barriga como uma criança.
Em um movimento tão rápido, ela se ajoelhou à minha frente e subiu minha blusa enfiando a cara ali, gargalhei.
-- Oi Valen.-- Ela disse e eu franzi a testa.
-Valen?-- Ela tirou a cara sorrindo e assentindo freneticamente.
-- O nome dela vai ser Valentina, porque significa valente, forte e cheia de saúde.-- Disse sorrindo.
-- Já disse que é um garoto, vai se chamar Theo.-- Falei firme.
-- Que significa?-- Perguntou imponente.
-- Deus supremo, meu amor, já disse, vai ser um garoto, e nós teremos essa confirmação depois de amanhã.-- Ela deu de ombros e se levantou.
-- Vamos fazer uma aposta, se for um menino, você me pede o que quiser, se for menina.-- Deu um passo com um sorriso malicioso. -- Eu faço, o que eu quiser com você.-- Disse passando os dedos por meu rosto.
-- Ah é? Veremos então Sra.Oliveira.-- Ela assentiu.
-- Certo Srta. Gonçalves.-- Se afastou.
-- Vou preparar o nosso jantar.-- Fez uma reverência e eu fingi ter pego meu vestido e dobrei os joelhos fazendo ela rir e sair da sala rapidamente.
(...)
-- Ludmilla não.-- Falei quando ela sujou meu rosto com creme dental pela terceira vez. -- Amor meu olho tá começando a arder.-- Falei lavando meu rosto.
-- Amor vem aqui, deixa eu ver.-- Quando ergui o olho, ela passou o creme dental novamente do meu nariz até a boca.
-- Passa na tua mãe sua cachorra.-- Falei limpando com raiva dessa vez.
-- Ai meu olho.-- Comecei a espernear e Ludmilla à rir. -- Sai daqui Ludmilla.-- Empurrei ela para fora do banheiro. -- Ri sozinha, sua idiota.-- Mostrei o dedo do meio e fechei a porta voltando à escovar os dentes.
Quando saí, Ludmilla estava vidrada na televisão, sentada nos calcanhares com os olhos levemente arregalados e as mãos na sobra do colchão à frente se inclinando.
-- Vai entrar na TV?-- Perguntei mas não obtive resposta.
Me aproximei para ver o que tanto chamava sua atenção na televisão, e sorri ao ver que ela estava assistindo bebês nadando na piscina, foi uma coisa fofa de ver.
-- Amor, sua mulher grávida quer atenção.-- Ela continuou vidrada.
-- Atenção, som, testando, um dois três.-- Fiz uma voz mecânica.
-- Pera Bru.-- Ela disse sem se mexer.
-- Pera o caralho, vem logo aqui antes que eu te chute para o sofá.-- Ela bufou e desligou a TV vindo deitar perto de mim.
-- Eu estava vendo os nenéns nadando, você não deixa nada também.-- Resmungou cruzando os braços e eu subi em cima dela.
-- Para de show, você me sujou de creme dental, eu tive que fazer mágica para meu olho parar de arder.
-- Nhe nhe nhe nhe arder.-- Me imitou e eu mordi sua bochecha com força. --Ai Bru, virou cachorra?-- Perguntou me afastando.
-- Foi, virei, lembra que você me mordeu ontem? Pois é, você me transformou.-- Pisquei e saí de cima dela para pegar meu livro. -- Dorme bem, e bom trabalho amanhã já que sou proibida de trabalhar.-- Revirei os olhos e ela abraçou minhas pernas.
-- Não reclama, eu quero o melhor pra você e para a Valen.-- Revirei os olhos.
-- Theo.-- Disse batendo o livro em sua cara.
-- Veremos.-- Se aconchegou perto de mim e eu sorri dando um beijo em sua bochecha e voltando à ler.
(...)
Bom, à essa altura eu estou completamente transformada, e vou continuar me transformando, dia, após, dia. Não era a pelas pela aparência, minha barriga decidiu crescer simplesmente de uma vez só, os três meses que tentei disfarçar não deram de nada, e agora, meu humor começava à se manifestar.
Se no início minha mudança brusca de humor estava deixando Ludmilla e eu confusas, agora a mudança nos pegava desprevenida. Cheguei até comentar com Ohanna que eu poderia estar desenvolvendo algum tipo de bipolidade já que às vezes era questão de segundos para que meu humor virasse papa, com direito à tudo, lágrimas incontroláveis e berros.
Ludmilla estava começando à ter medo de mim, claro que por conta das vezes em que brigavamos sempre por motivos idiotas. Ela sempre foi bem respondona, mas por conta da minha mudança de humor repentina, ela decidiu enfiar a língua no cú e sair andando, dizendo ela que, eu não poderia ficar nervosa, sabendo que isso me enraiva ainda mais, ela estava decidida à dar uma de "tudo que você quiser meu amor".
Ameacei ela de morte algumas vezes(novamente), e talvez porque eu parecesse bem sincera em determinados momentos, ela parou de me sufocar. Me senti muito feliz quando ela começou à se afastar, porém depois me trouxe uma sensação absurda de abandono.
Depois de muito drama(muito mesmo), nós duas conseguimos equilibrar minhas sensações humorosas, então ela entendia quando eu queria ficar sozinha e quando queria sua companhia.
-- Amor.-- Ela gritava incansavelmente enquanto batia todas as portas da casa.
-- No quarto.-- Gritei de volta ainda me encarando no espelho, apenas de calcinha e sutiã, foi o que fiz durante quase os dez minutos em que estive aqui.
Ludmilla entrou já com o vestido em mãos, tirando os saltos rapidamente, ela parecia muito cansada, tem sido assim à um tempinho, não me pronunciei, esperei que ela viesse até mim.
-- Está tudo bem amor?-- Ela perguntou me encarando com preocupação e eu assenti lutando para não chorar.
Ela franziu a testa e se aproximou passando as mãos por meus ombros e beijando meu pescoço de leve.
-- Tem certeza?-- Ela insistiu beijando-me ainda o pescoço, porém sem tirar os olhos do reflexo no espelho.
O choro se acumulou na minha garganta então comecei à sentir meus lábios tremerem.
-- Eu estou horrível.-- Consegui dizer em meio as lágrimas.
-- Me diga em qual parte você está horrível porque eu particularmente não vejo.-- Ela disse ainda beijando meu pescoço.
-- Estou inteiramente horrível, todas as partes.-- Falei começando a soluçar.
-- Amor.-- Ela disse paciente com um sorriso bobo. -- Você não consegue ficar feia.-- Ela disse puxando meu rosto um pouco para o lado fazendo-me olha-lá um pouco torto.
-- Eu estou deformada.-- Ela sorriu.
-- Você não está deformada, nossa filha precisa se desenvolver, e para isso seus lindos músculos precisam se esticar.-- Explicou e eu funguei.
Ela espalmou as mãos na minha barriga e começou a balançar o corpo devagar, me embalando também.
-- Você não negou que eu estou gorda.-- Falei voltando à chorar.
-- Você não está gorda, está linda.-- Beijou minha bochecha.
-- Não estou linda, estou enorme, tenho até peitos agora.-- Falei olhando para meus seios.
-- Seus seios já estavam maiores há muito tempo.
-- Você notou e não me contou?-- Perguntei um pouco chateada.
-- Se eu dissesse, provavelmente você acharia que eu estava te chamando de gorda.-- Beijou minha bochecha e se afastou.
-- Mas eu estou gorda.-- Insisti e ouvi ela rir antes de sumir dentro do closet.
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