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Capítulo 38

Pv.Brunna

Sozinha novamente já que Ludmilla voltou a trabalhar, mas eu sabia que assim que ela chegasse, eu não estaria mais só, obviamente né Brunna.

Caminhei para a cozinha, estava disposta a fazer uma sobremesa para o jantar hoje sem destruir a cozinha.

-- Que tal...Pavê de chocolate com biscoito?-- Ouvi a voz de Sofia e eu já não me assustava mais já que havia me acostumado novamente.

-- Boa ideia Sofi, com calda de chocolate?-- Olhei pra ela que assentiu. -- Ótimo, calda de chocolate é ótimo.-- Caminhei até a geladeira e puxei os ingredientes de lá deixando em cima da mesa em seguida.

Caminhei até os armários e peguei o biscoito junto com a caixa média de chocolate em pó.

-- Ludmilla gosta.-- Sofi disse e eu ri.

-- Sim, ela ama chocolate, não sei se vai sair bom.-- Ela estralou a língua.

-- Tem nozes na terceira porta do armário, você pode misturar com o chocolate, a Ludmilla gosta de nozes.-- Olhei para ela.

-- Você parece conhecer a Ludmilla melhor que eu.-- Caminhei até o armário e lá estava o saquinho com nozes.

-- Nós ficamos tempo o suficiente juntas, então conheço o suficiente dela.-- Sorri.

-- Por que nunca me disse que havia sido Austin?-- Olhei para ela que me encarava com uma expressão neutra.

-- Porque eu não sabia.-- Neguei.

-- Você sabe de tudo Sofi, até do que vai acontecer amanhã.-- Ela assentiu.

-- Sim, você e Ludmilla vão ter um balanço amo...

-- Shiu, eu não quero saber se vamos brigar, ou sei lá o que você ia falar, eu prefiro aguardar.-- Ela deu de ombros.

-- Eu ia te contar e você poderia evitar.-- Dei risada.

-- Sofia, você consegue aparecer para a Ludmilla se quiser, por que não faz uma visitinha à ela agora?-- Ela me encarou.

-- Lauren não ficaria feliz em me ver, ela se acharia louca.-- Dei risada.

-- Vai, daqui à alguns minutos você volta, vai vai vai.-- Falei fino e ela riu descendo do balcão e sumindo pela sala em seguida.

Suspirei e pensei: Estou de fato ficando louca. Conversar com o fantasma da minha irmã tinha virado rotina, quando apareceu pela primeira vez, eu achei que estava surtando e que a falta que eu sentia dela estava causando aquilo, e agora novamente, ela estava mais presente do que antes, eu podia vê-la nitidamente como se ela nunca houvesse partido.

Pv.Ludmilla

-- Certo, então estamos quites, marcarmos a reunião as sete, obrigada.-- Desliguei o telefone e suspirei dando um giro na minha cadeira.

-- Você está acabando com o seu fígado.-- Ouvi uma voz e me virei para ver quem havia falado.

-- Oiê?-- Chamei arrastadamente.
-- Credo, juro ter ouvido alguém falar.-- Virei para o bar.

-- Claro que você ouviu alguém falar, eu falei.-- Dei um pulo para ver novamente e nada, balancei a cabeça em sinal negativo e voltei para o bar.

Olhei de volta rapidamente e nada, voltei o olhar devagar e depois olhei para trás novamente mas estava me sentindo uma panaca ao fazer isso.

Enchi o copo com whisky e dei dois goles voltando para minha cadeira e me enfiando entre os papéis.

-- Oi Ludmilla.-- Ouvi a voz à minha frente e afastei a cadeira rapidamente vendo a imagem de Sofia sentada à minha frente.

Franzi a testa e penquei a cabeça para o lado à fim de entender por que eu estava vendo sua imagem ali, e como eu estava ouvindo sua voz nítida, olhei para o copo.

-- Já estou bêbada.-- Neguei.

-- Não está, eu estou de fato aparecendo.-- Revirei os olhos.

-- Eu estou bêbada, eu não estou ouvindo a voz da Sofia, eu não estou vendo Sofia, isso é só fruto da minha imaginação e...-- Fui interrompida por os papéis sendo puxados na minha mesa. -- Puta que pariu.

-- Eu estou aqui, acredite.-- Neguei engolindo em seco e trouxe o copo até minha boca.

-- Você é um fantasma, fruto da minha imaginação, fantasmas não existem.-- Falei apontando e ela riu.

-- Certo, o que você está fazendo?-- Suspirei bebendo mais whisky do meu copo.

-- Tentando trabalhar.-- Falei olhando para os papéis. -- Ou acho que estou tentando.-- Suspirei rodando a cadeira para um lado e outro.

-- Você gosta de crianças?-- Fechei os olhos.

-- Sofia isso é louco, eu não queria estar conversando com um fantasma mas eu estou me sentindo solitária então vai você mesmo.-- Ela riu -- Sim, eu gosto de crianças, eu amo crianças.-- Sorri.

-- Certo, eu acho que é só isso.-- Se levantou.

-- Você vai embora?-- Ela assentiu.
-- Ah claro, você veio aqui só pra me deixar maluca.-- Gritei jogando os cabelos para trás e quando bebi mais um gole, ela havia sumido. -- Eu estou ficando maluca, eu preciso de um psicólogo urgentemente.

Neguei voltando a revisar os contratos na minha mesa.

Pv.Brunna

-- Ela gosta.-- Segurei a bandeja com força quando ouvi a voz de Sofia.

-- Eu já me acostumei, mas você não pode chegar assim do nada porra.-- Ela riu. -- Ela quem?-- Coloquei a bandeja no congelador junto com a calda.

-- Ludmilla.-- Assenti.

-- Gosta de...?

-- Crianças Camila.-- Dei risada.

-- Tá, o que isso importa?-- Perguntei me virando, a cozinha pela primeira vez estava um brinco tirando a louça suja.

-- Nada, é só mais uma qualidade.-- Assenti e ela caminhou para fora da cozinha e eu fui atrás.

Sentei no chão revestido com um tapete felpudo cor mafim e ela sentou perto de mim em cima dos seus calcanhares com os joelhos no chão.

-- Eu consigo sentir energias saindo de você.-- Falei baixinho.

-- Eu também.-- Me encarou e eu deitei olhando para o teto e ela conrinuou me encarando.

-- Eu posso te tocar?-- Perguntei virando-me de lado para olha-lá.

-- Uhum.-- Disse apoiando as mãos nas coxas.

Estiquei meu braço lentamente até chegar no seu rosto e consegui sentir sua pele um pouco quente me fez emocionar, logo meu rosto estava banhado por lágrimas, apenas por estar sentindo a maciez da pele da minha irmã novamente, nem que fosse apenas o fruto da minha imaginação.

-- Eu sinto sua falta.-- Falei suspirando.

-- Eu também sinto a sua.-- Suspirei novamente sentindo as lágrimas virem sem parar.

-- Me promete uma coisa?-- Ela assentiu. -- Todo dia, às cinco e meia, antes do sol se pôr, você vai estar sentada comigo no jardim para ver ele indo embora.-- Pedi sentindo o toque dos meus dedos em seu rosto se dissiparem.

-- Eu prometo, mas se você não estiver lá, eu não irei mais aparecer.-- Sorri.

-- Eu não vou descumprir uma promessa.-- Ela assentiu.
-- De dedinho?-- Ergui meu dedido como antigamente e ela sorriu.

-- De dedinho.-- Nossos dedos se cruzaram e eu consegui sentir a energia em nossos dedos antes dela sumir por completo.

Reprimi os lábios e continuei ali no chão, sentindo meu coração doer, todo meu corpo doer, e chorando, acabei dormindo.

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