Capítulo 6: A Vontade das Armas
— Aqui está o meu verdadeiro lugar de trabalho — disse, ao chegar ao único lugar que não estava ocupado por armas. Em vez disso, havia uma estante com vários livros.
Clab voltou a aparecer, desta vez sem a ordem de Don. Dos seus olhos, projetaram-se duas luzes que incidiram na estante. Clab deixou de projetar a luz momentos depois e voltou para junto de Trei.
Enquanto Bill esperava que a estante de livros saísse do caminho para revelar uma passagem ou que Don puxasse um livro e algo acontecesse, nada que Bill pudesse imaginar o prepararia para perceber que já estavam em uma sala diferente.
Agora estavam em uma enorme arena com bancadas para o público, que surgira em um piscar de olhos. Ficavam estáticos, sem se mover, observando o vazio, quando Don finalmente fez algo. Ele bateu três palmas, que ecoaram por toda a arena. Bill percebeu que estavam no subsolo quando o eco das palmas e a ausência de luz natural se tornaram evidentes. Don voltou a bater três palmas, e todos, exceto Bill, foram teleportados para as bancadas.
Bill olhou em volta, confuso com a mudança rápida do ambiente e, ao mesmo tempo, maravilhado com tal estrutura. Não havia nada ali além da areia sob seus pés. Então, por que teria sido deixado no meio da arena?
— Bill, vocês precisam de poder para conseguir a licença. E para terem poder, não lhes basta saber usar magia; uma arma adequada também será essencial para os desafios futuros — explicou Don.
— E o que estou a fazer aqui mesmo? — perguntou Bill, intrigado.
— As armas que estás a ver não são propriamente fáceis de conseguir.
— Se não fores compatível com a arma, nunca a poderás usar — acrescentou Doreán.
— Logo, serás testado. Se passares, a arma será tua — retomou Don, com uma tosse seca.
— É assim tão fácil? — questionou Bill.
— Se tu o dizes — respondeu Don, com um sorriso matreiro.
Da areia emergiram vários pedestais por toda a arena. Nenhum continha qualquer objeto; apenas apresentavam uma fissura do tamanho do braço de Bill e letras ao redor, escritas em uma linguagem incompreensível.
— Então basta meter a mão num desses e ver o que tiro? — perguntou Bill, ainda sem entender.
— Claro... — respondeu Doreán, desviando os olhos.
Bill olhou desconfiado para os pedestais. Na sua cabeça, se algo fosse demasiado fácil, era porque havia alguma armadilha — uma das muitas regras que ele aprendera. Resolveu explorar a arena novamente, procurando algo que se destacasse. Para ele, os pedestais pareciam todos iguais. Centenas de pedestais idênticos. Será que fazia alguma diferença escolher um aleatoriamente?
Esticou o braço em direção a um dos pedestais, pensou por um momento, mas acabou por decidir avançar.
— ...Se quiseres ficar sem braço — terminou Doreán, muito depois de ter começado a frase, fazendo Bill recuar de imediato.
— E quando tencionavas avisar-me? — gritou-lhe, furioso. — Sabes, não vou arriscar o meu braço para isto. Vou-me embora! — disse, dirigindo-se às bancadas, mas foi imediatamente detido por uma força invisível.
— Devo ter me esquecido de mencionar que, enquanto não escolheres uma arma, não podes sair daí — lembrou-se Don.
Com receio de perder o braço caso escolhesse errado, Bill voltou a dar uma volta entre os pedestais, tentando confirmar se algum deles se destacava. Não encontrou nada. Confiando somente na sorte, escolheu um pedestal: o único em que conseguia ler alguma coisa. Depois de procurar por um par de horas, chegou à conclusão de que era o único com as letras legíveis.
Com o braço a tremer, Bill aproximou a mão do buraco. Segundos de silencio depois começou um forte zumbido nos seus ouvidos, como se tocassem uma trombeta em seus ouvidos. Por instinto, tapou os ouvidos.
Por instinto, Bill levou as mãos aos ouvidos, tentando bloquear o som, e, por um breve momento, o zunido dispersou. Ao tentar aproximar a mão do pilar, o som agudo retornou com ainda mais intensidade. Tentou aproximar-se de outro pilar, mas, assim que esticou a mão, o zunido recomeçou. Continuou tentando várias vezes, mas era constantemente repelido. A cada falha, sentia que seus tímpanos estavam prestes a estourar e duvidava que pudesse continuar daquele jeito por muito tempo.
Com uma mão suspensa sobre o pedestal e a outra pressionando a orelha, ele preparava-se para outro ataque. Como esperado, o zunido veio ainda mais forte. Quando tentou tirar a mão, algo o segurou, puxando seu braço até que estivesse completamente enterrado no pedestal. De repente, o zunido cessou. Observou, alarmado, os outros pedestais afundarem lentamente na areia, restando apenas aquele que o mantinha preso. Sentiu o braço aliviar-se um pouco, permitindo que seus dedos tateassem o interior. A ponta dos dedos arranhava algo metálico, mas, antes que pudesse agarrá-lo, o pedestal apertou seu braço. Uma dor lancinante percorreu seu corpo, e algo afiado cravou-se em sua pele.
Desesperado, debatia-se: esperneava, chutava e socava o pedestal, mas tudo em vão. A dor intensificava-se tanto que, por um momento, considerou cortar o próprio braço com seu punhal. No entanto, outro pedestal emergiu da areia e prendeu-lhe o outro braço, anulando qualquer possibilidade de realizar a ideia insana. Se antes pensara em cortar o braço, agora cogitava arrancá-lo à dentada.
— Tirem-me daqui! — gritou ele, mas ninguém respondeu. — Estão me ouvindo? Façam alguma coisa!
Nenhuma resposta veio. Apenas o silêncio.
— Eu não aguento isso! — gritou novamente.
— Não podemos fazer nada — respondeu Don, com um peso notável na voz. — Cabe a ele sair dali, com ou sem braços.
Bell, que estava ao lado, preparava-se para rebater, mas foi interrompida por algo incomum: os pedestais começaram a emitir uma luz azul eletrizante, intensa o suficiente para atravessar a barreira que os cercava. Bell reconheceu imediatamente de quem se tratava. Don, no entanto, demorou alguns segundos para entender.
Com um estrondo, os pedestais explodiram, lançando fragmentos em todas as direções. Finalmente, sentiu seus braços livres. Apesar disso, soube de imediato que algo havia mudado. Pareciam mais leves, mas uma sensação estranha percorria suas veias. Ao olhar para eles, percebeu que algo frio e sólido estava colado à sua pele. Apalpou os braços e descobriu que eles haviam sido substituídos por manoplas.
As manoplas eram de um azul safira, cobrindo desde as palmas das mãos até os ombros. Uma delas chegava a cobrir parte da mordida deixada pelo farejador. Embora o azul fosse a cor predominante, o que mais chamava atenção era o aço cinza que emergia dos pulsos e unia-se em um brasão no ombro. Pareciam feitas sob medida, confortáveis a ponto de ele quase não sentir que as estava usando. Contudo, ainda precisava testá-las.
Com cuidado, desferiu um soco no chão, utilizando pouca força, caso as manoplas se quebrassem. O impacto, no entanto, foi suficiente para criar uma cratera no chão, equivalente ao que conseguia fazer com uma combinação de magia de pedra e vento.
Porem essa mera demonstração era insuficiente para Bill, sentindo-se provocada pela insatisfação do mesmo a arena fez surgiu do seu chão vários bonecos de pedra, semelhantes a manequins de madeira só que cuidadosamente esculpidos na pedra. Bill teve alguns momentos para entender a situação antes dos bonecos começarem a correr contra ele. Institivamente Bill começou a dar pequenos pulos e a balançar o seu corpo da esquerda para a direita.
Quando o primeiro boneco aproximou-se dele pelas costas, Bill desviou-se para a esquerda apenas o necessário para o golpe não lhe acertar, ao girar o seu corpo Bill sentiu todos os músculos mais leves e ao armar um golpe em gancho percebeu uma diferença visível em comparação ao seus golpes anteriores, quando o seu punho cruzou o braço do boneco atingindo-lhe o rosto, a cabeça do boneco desfez-se em pó, virando o resto do corpo do boneco de pernas para o alto.
Das bancadas vieram os assobios de Don e Doreán, impressionados com tamanha sinergia entre Bill e as manoplas.
Uma sensação de confiança invadiu Bill, e munido pela sua nova arma e uma curiosidade avassaladora Bill encarou de frente todos os bonecos. Nas primeiras vezes Bill finalizava-os com apenas um golpe, mas aos poucos começou a perceber que podia ajustar a sua força consoante a sua vontade.
Entre estilhaços de pedra afiados e varias nuvens de pó era visível que Bill estava-se a divertir, mas aos poucos a inteligência dos bonecos começava a aumentar. Começaram a desviar-se dos golpe de Bill e até mesmo a defender-se face aos seus ataques, alguns chegavam a trocar entre si para Bill não focar somente neles e aos poucos foram adotando a tática de bater e fugir, deixando Bill incomodado pela atitude covarde dos bonecos, o que deixava a arena satisfeita com a frustração de Bill.
Em mais uma dessas pequenas sequencias de bater e fugir que as manoplas de Bill mostraram que não eram umas simples manoplas, quando um dos bonecos estava a afastar se de Bill a manopla brilhou com uma luz verde suave antes do boneco ser atraído por uma forte força de sucção, a cabeça do boneco foi atraída para a mão de Bill que o esmagou sem dificuldade.
Bill olhou para as suas mãos, e ao usar dois neurônios surgiu-lhe uma ideia, ao concentrar-se um pouco no chão da arena uma pequena aragem de vento começou a soprar na direção de Bill, ao poucos essa corrente de ar intensificava-se e para piorar os grãos de areia por baixo dos seus pés começavam-se a mover na mesma direção do vento, arrastando os bonecos com eles.
O grupo ficou impressionado como e questão de segundos todos os bonecos eram puxados na direção de Bill pela simples presença de uma esfera de vento por cima da cabeça de Bill, esfera essa que girava sobre si mesma a uma velocidade alucinante sendo a origem das poderosas correntes de ar, e enquanto uma das mãos sustentava aquelas esfera a outra pregava rasteiras aos manequins fazendo o solo por baixo dos seus pés deslizar, e quando um deles caia era imediatamente puxado na direção de Bill normalmente sendo esmagado de seguida ou engolido pelo solo.
Bill terminou com os poucos que restavam puxando-os todos de uma só vez com o poder das correntezas de ar acabando por finaliza-los a todos ao mesmo tempo, chocando os seus corpos uns contra os outros. Bill sacudiu as suas mãos, muito satisfeito de si mesmo, mas antes que termina-se de tirar tudo o pó das suas roupas uma nova criatura começava a emergir da terra, Bill cuspiu para o chão achando que se tratava de um outro boneco mas um pouco maior. Ao virar se foi atingido por algo semelhante a um chicote.
Bill voou e atingiu a barreira que protegia as bancadas, indo parar com a cara ao chão e resmungado alguma coisa sobre a arena ter feito jogo sujo. Enquanto se levantava, Bill limpava a cara e passava a mão pelo cabelo. Á sua frente estava uma criatura com um corpo cilíndrico assim como uma cobra, porem a boca era bastante diferente uma vez que se abria como a flor de uma planta....uma planta com muitos dentes e de cada lado da cabeça um enorme braço de pedra que sustinha tudo o peso da criatura quando ela se erguia para atacar Bill com a sua cauda.
Bill olhou bem para a coisa que estava a sua frente, depois dirigiu o olhar para as bancadas até encontrar o seu irmão. Bell estava com uma expressão pensativa com a mão a massajar a barba invisível, até que os seus olhos se encontraram com os do deu irmão, Bell rapidamente levantou os dois polegares para cima em sinal afirmativo junto daquele sorriso confiante.
Com um suspiro pesado Bill correu contra a criatura, mas esta insistia em manter a distancia chicoteando o espaço a sua volta tentando assustar Bill. Sem muitas escolhas e c om o olhar do irmão sobre si Bill fez algo diferente do normal.
Ao invés de correr contra a criatura, Bill simplesmente estendeu o seu braço e apontou para a criatura, com um pouco de concentração um golpe invisível saio da luva da manopla de Bill, acabando por atingir a barreira.
-FOI POR POUCO!!!! - Gritou Bell da bancada a fazer pouco do irmão.
-VAI CHATEAR OUTRO!!!! - Respondeu Bill soltando outro disparo desta vez raspando na pele.
Bill ficou animado com o súbito progresso e mirou novamente na criatura, mas antes que pudesse realizar um novo disparo, porém sentiu uma leve pressão ao redor do seu pé. Bill olhou para o irmão que apenas gesticulava para ele alguns sinais em câmera lenta, um deles era a mão esquerda fechada em um punho a bater na palma da outra mão.
Bill foi redopiado no ar ,lançado de um lado para o outro como um mero brinquedo e enquanto isso Bill tentava mirar na criatura, porem os seus projeteis saiam com trajetórias totalmente erradas ou com pouco força.
-O que ele esta a fazer afinal? - perguntou Don ao ver Doreán a agarrado a barriga e a rir-se no chão.
-Per ai.....um pouco tenho de me recuperar - disse Doreán levantando-se a custo - ele esta a tentar disparar projeteis de ar comprimido contra aquela coisa - disse limpando a lagrima no canto do olho.
-Como se estivesse a disparar um arma? - observou Dom - Mas porquê? normalmente os magos disparam projeteis desses com forma de laminas para ser mais dificil de se esquivar.
-Mas no formato que o Bill esta a tentar, o projeteis são mais rapido e podem ser disparados mais vezes em menos tempo, além de que não tem a desvantagem de portar uma arma com ele - Interrompeu Elliot colocando as mãos sobre os ombros de Don - E com se tiverem energia o suficiente são capazes de gerar mais dano que uma simples lamina de vento.
-Ele tem o manual tudo na cabeça Don acho que é melhor confiar no que ela diz - confirmou Doreán muito orgulhoso de Elliot.
-Mas porquê agora?
- A velocidade de conjuração de uma magia esta diretamente ligada a sua extensão, complexidade e concentração do mago, estas " balas de vento" não são uma magia complexa e requerem muita menos concentração que outros feitiços da mesma gama
-E digamos que nesta situação é dificil que ele se concentre - adicionou Doreán a aproveitar o espetáculo.
-Acho que ele até se está a safar - disse Bell apontando para o irmão.
Bill estava com os dez dedos apontados para a criatura, e com um som semelhante a um zumbido varias pequenas esferas de vento perfuravam a couraça da criatura. Aos poucos a criatura foi se desmontando e quando só sobrava poeira Bill chutou-a visivelmente irritado.
Bill ja se tinha voltado para sair da arena mas para sua surpresa uma outra criatura começou a ser gerada, assim como antes pedaços de pedra e poeira juntavam-se na zona onde a criatura iria imergir.
-Sabem que mais......agora chega - afirmou Bill sem paciência.
Ao mesmo ritmo do seus paços, um bastão de pedra ia sendo gerando nas suas mãos, bastão esse que em alguns paços se transformou em uma marreta e nos passos seguintes em uma marreta brilhante.
-Ele criou uma marreta de pedra e está a carrega-la com eletricidade? - questionou-se Don a olhar para Bell.
-Nestas situações eu recomendo fortemente afastarem-se o máximo possível - aconselhou Bell enquanto usava Doreán como escudo humano.
-É rustico, feio e bem desagradável de usar mas sinceramente eu já não me importo - Disse parando a poucos metros do local onde o próximo monstro iria surgir.
Bill fincou os pés no chão e encostou a cabeça da marreta no chão, estranhamente a marreta começou a aumentar de tamanho e da mesma forma Bill parecia canalizar mais energia para dentro dela, como se não considera-se o que aconteceria depois dele atacar com aquela quantidade de energia.
Ao surgir de uma cabeça do solo, Bill pegou na marreta com as duas mãos, levantou a perna da frente de depois com a ajuda do peso do seu corpo descolou-a do chão, quando a marreta estava acima da sua cabeça Bill deslizou as suas mãos até a ponta do cabo e puxou a marreta para baixo.
Primeiro veio um clarão de luz, e depois um enorme estrondo e por fim o corpo de Bill voou por cima das suas cabeças.
Quando olharam para ele, os seus cabelos estavam de pé, completamente estáticos e a sua cara estava com pequenas marcas escuras como se tivesse passado por uma chaminé cheia de fuligem, enquanto isso dirigia ao grupo um olhar severo e irritado.
— ESTAS VIVO????.... tenho de te ser franco como boneco de testes nunca me passaria pela cabeça que fosses tão resistente — comentou Doreán, observando o olhar sanguinário que recebia.
— Assim que eu cair daqui eu vou dormir , depois disso penso em lixar te a cabeça - comentou a antes de seu corpo descolar-se da parede e posteriormente ser apanhado por Bell antes que batesse novamente com a cabeça.
— Como ele consegue dormir assim? — perguntou Elliot, surpresa.
—Se pensarmos bem as nossas antigas camas eram quase tão duras quanto este chão...então suponho que deva ser pela familiaridade — explicou Bell — Mas não é muito normal ele adormecer tão rapido.
— É uma reação bem normal, uma manopla consome bastante energia é de se esperar que esteja esgotado - Explicou Doreán.
- Eu estou mais surpreso por ela não tê-lo rejeitado — comentou Don.
— Por que surpreso? — perguntou Elliot.
— Refere-se à magia de trovão que ele usou no final? — explicou Bell.
— Sim. Felizmente, parece que a manopla absorveu toda a energia do encantamento antes que causasse danos severos.
— E isso é bom? — questionou Elliot, intrigada.
- Não sei. Se ele não morrer, acho que sim — deu de ombros.
- Mas a maneira como as manoplas o guiaram até elas... devo dizer que foi estranho.
- O quão estranho?
-Bem, meu rapaz, podemos dizer que as manoplas demonstraram uma forte preferência pelo teu irmão como portador — respondeu, ainda surpreso com a sua conclusão.
- Está-me a dizer que aquelas armas estão vivas? — perguntou Bell, inseguro.
- Meu caro, as minhas armas não são as melhores só porque são feitas do melhor material, mas não, elas não estão propriamente vivas — respondeu, tentando acalmá-lo.
- Suponho que agora sou eu?
- Sim, mas aviso-te já que será um teste diferente — adiantou Don, enquanto observava Bell saltar para a arena e carregar o irmão até às bancadas.
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