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Capítulo 34 - Dialogo nas alturas

Sirius não percebeu a excitação de Bell, nem quando este saltou para o portal, nem quando passou o braço pelo portal e o puxou à força para o outro lado, obrigando-o a fechar-se.

— Então, ainda te dói alguma coisa? — perguntou, tentando esquecer o que tinha acontecido.

— Não devia ser eu a perguntar isso? Levaste uma bela tareia do Alock — comentou Elliot, com a sua típica neutralidade, sentando-se no mesmo sítio onde ele estava, ignorando o abraço súbito de Bill.

— Vamos simplesmente ignorar que aquela coisa era praticamente imortal? — referiu, chateado pela forma como Elliot descreveu os seus esforços para lutar contra o Alock.

— Está morto, não está? Então, não era assim tão imortal... — respondeu friamente.

— O Sirius atirou-lhe três torres em cima e ele nem sentiu! — argumentou, frustrado, ao sentar-se.

— Sinceramente, fiquei surpreendida ao ver que estavas vivo.

— Mas vieste aqui só para implicar comigo? — respondeu, irritado. — Se foi para isso que vieste, podes muito bem ficar aqui sozinha. A última coisa que preciso é de mais uma dor de cabeça. — Bill levantou-se para se ir embora.

— Porque te intrometeste? — perguntou Elliot num tom mais baixo.

— Não consegues chegar a essa conclusão sozinha?

— Eu podia muito bem tratar dele sozinha.

— Oh, vá lá! — O berro de Bill fez o Vagante parar, como se até ele quisesse saber o que iria acontecer a seguir. — Por ti, tu consegues até tratar deste Vagante!

— Não sei do que estás a falar.

— Quando fui mordido, insististe em tratar de mim porque achaste que era culpa tua. Quando o Sirius estava no meu corpo, foste atrás dele porque compreendeste que, se tivesses tratado dos guardas mais depressa, podias ter feito mais. Quando o Bell foi levado, impediste-me, não por ser o correto a fazer, mas porque sentiste que aquilo estava a acontecer devido ao facto de não teres previsto as ações do meu irmão. Quando estávamos a lutar contra o Alock, levaste-o para longe de mim, não por ser mais seguro para mim, mas porque pensaste que eu estar naquele estado era culpa tua por teres sugerido que nos dividíssemos! — terminou, ofegante.

Ao contrário de todas as outras discussões que tiveram, esta não parecia incomodar Elliot. Até porque Elliot notava que as palavras de Bill não eram ditas com raiva ou pena. Ela conseguia sentir no seu discurso acelerado preocupação e, talvez, só um pouco de admiração, como se ela estivesse, este tempo todo, a fazer coisas que Bill não conseguia concretizar — pelo menos, não tão bem.

— Essa tua cabeça dá demasiadas voltas... — respondeu, um pouco insegura.

— Sabes porque não me consegues enganar? — Bill aproximou-se de Elliot e olhou-a nos olhos. — Porque tu e o Bell são iguais nesse aspeto.

— Continua — pediu ela, intrigada com o discurso de Bill.

— Agem como se o vosso corpo fosse um escudo, como se os outros não soubessem tratar de si próprios. E depois agem como se isso fosse normal... e isso irrita-me, ainda mais da forma que tu fazes.

— Da forma que faço? — Aos poucos, Elliot abria um pouco mais a sua expressão, mostrando-se curiosa por saber onde aquilo iria dar.

— Tu pensas sempre que estás a dever algo a alguém. Eu saltei para a frente do Farejador. Eu consenti em separarmo-nos. O meu irmão não é algo que possas simplesmente prever. E pedi ajuda ao Sirius porque o meu irmão estava descontrolado. Então, para de pensar que deves algo a toda a gente.

— Mas...

— Nem venhas com essa. Nenhum plano é perfeito, nenhuma rota é completamente segura e ninguém pode prever tudo... É lamentável ver que te culpas por não seres perfeita em tudo.

Ficaram em silêncio por breves momentos, enquanto Elliot mantinha a cabeça entre os joelhos e Bill contemplava o horizonte, questionando-se se estaria a dizer as coisas certas.

— Pouco tempo depois de o Doreán me encontrar — começou Elliot —, ele começou a treinar-me e a levar-me nas suas expedições. Numa dessas expedições, fomos emboscados por criaturas selvagens. Eu estava cheia de medo. Na minha cabeça, o Doreán podia morrer, não por as criaturas serem fortes, mas porque, além de lutar com elas, ele tinha de me proteger.

— E o que aconteceu?

— Ele feriu-se por minha causa e, nesse momento, eu descontrolei-me. A ferida que ele tem no peito fui eu que lha causei. Enquanto ele me tentava parar, acabei por feri-lo. Mas ele não ficou zangado ou com medo. Apenas sorriu para mim. Eu, que era uma completa estranha, fui acolhida por ele e, em troca, só lhe trouxe dor.

- Acidentes acontecem. Às vezes, quando estamos muito assustados, deixamo-nos tomar por algo que não somos e podemos cometer certos erros.

- Desde esse dia, prometi a mim mesma que não deixaria que algo assim voltasse a acontecer. Aprendi a ser cautelosa e a agir sempre com o mínimo de riscos possíveis.

- Isso não é possível...

- Então porquê? – disse, levantando o rosto do meio das pernas.

- Porque todo o plano tem uma falha – Bill olhou diretamente nos olhos de Elliot. – Nós somos a maior falha.

- Do que estás a falar?

- Mesmo que tentes ser perfeita em tudo, nunca irás conseguir, porque todo o ser vivo nasce imperfeito, vive na imperfeição, e só antes da morte percebe as suas próprias falhas. Então, responde-me: como é que uma imperfeição pode dar origem a algo perfeito?

- Mas isso não é motivo para não tentar – contrapôs Elliot.

- Claro que não. Não há mal nenhum em ser cuidadoso, mas é preciso mentalizar-se de que nunca nada corre exatamente como planeamos. Afinal, fomos nós que o planeámos.

- Eu... eu... eu só não o quero desapontar – confessou por fim. – Acho que nunca me conformei completamente com o que lhe fiz.

- Aleluia, uma confissão! Como uma filha que tenta orgulhar o pai, não é mesmo? – Bill estava visivelmente satisfeito por Elliot finalmente se ter aberto com ele.

- Cala-te! Não é nada disso! – disse rispidamente, sem conseguir disfarçar a vergonha.

- Mas é assim que ele se sente – Elliot arregalou os olhos. – Eu acho que, por muito que tentes, nunca consegues ver a imagem toda. O Doreán tem orgulho em ti, não como guarda-costas ou discípula, mas... sinto que, sempre que ele olha para ti, é como se olhasse para uma filha.

- Isso foi muito específico... e não parece nada com algo que dirias – comentou, surpresa. – Obrigada.

- Desculpa, não ouvi direito. Podes repetir?

- Posso enfiar-te uma bala na cabeça, se quiseres – disse, expressando um pequeno sorriso.

- E a Elliot está de volta – anunciou Bill.

- Sendo assim, andaste a reparar muito em mim ultimamente.

- Tem cuidado com o que dizes. Se o meu irmão te ouve, vai dar-me cabo do juízo com as suas teorias – disse, levantando-se muito envergonhado.

Elliot riu-se quando Bill terminou de falar. Tinha plena noção de que, às vezes, ele era muito cego em relação aos sentimentos dos outros e que, mesmo quando os percebia, optava por ignorá-los. Bill esboçou um sorriso ao ver que Elliot estava a ser genuína, nem que fosse só por um breve momento.

- Acho que é a primeira vez que te vejo com um sorriso no rosto.

- Qual é o problema desta vez? – disse Elliot, limpando uma lágrima do canto do olho, ainda a tentar parar de rir.

- Nenhum. Por acaso, até te fica bem.

- Hã?! – Bill corou ao ouvir Elliot.

- E aí está outra expressão que eu nunca vi – disse ela, divertida.

- Deve ser por estarmos muito alto. Se ainda não reparaste, não gosto muito de alturas.

- Deve ser, deve...

- E tu, vais-me explicar o que era aquela forma em que apareceste?

Bill estava apenas a tentar desviar o rumo da conversa, mas, pelo olhar de Elliot, percebeu que tinha tocado num assunto delicado. Ficou um pouco mais aliviado ao ver que o seu sorriso ainda se mantinha sincero.

- É uma história um bocado longa – respondeu ela, melancólica.

- Não precisas de contar se não quiseres.

- A vista daqui é realmente muito bela. É perfeita para uma história como esta. Além disso, temos de ocupar o tempo com alguma coisa.

Elliot esboçou um sorriso meio desajeitado e, fosse pela perda de sangue ou pelo ambiente perfeito, Bill ficou estagnado. Não se lembrava de Elliot ser tão bonita assim. O facto de não estar a esconder quem era e de, pela primeira vez, não estar coberta de sangue enquanto o ameaçava, também influenciava essa perceção.


*


Bell, Trei e Stella estavam sentados à volta de uma mesa, jogando cartas com uma tranquilidade aparente. O som das cartas sendo embaralhadas e as peças sendo movidas no tabuleiro preenchiam o espaço, mas havia algo na forma como eles se olhavam — um desconforto velado que não conseguia ser ignorado. A situação em que estavam, a urgência da missão e os perigos iminentes, tornavam o jogo quase uma distração, um esforço para manter as mentes ocupadas, mas todos sabiam que estavam apenas a adiar o inevitável.

Doreán, por sua vez, estava mais distante, afastado do grupo, os olhos fixos no fundo do corredor. Ele recostou-se contra a parede fria, como se procurasse alguma resposta no silêncio profundo do Vagante. As vibrações constantes, causadas pelos pesados passos da criatura, reverberavam nas paredes como um lembrete inescapável de que o tempo não estava do seu lado. O Vagante, com os seus corpos de cidades interligadas, uma rede de estrutura viva e pulsante, refletia a vastidão e a liberdade, mas ao mesmo tempo, uma certa prisão. Era como se o próprio corpo da criatura fosse uma metáfora para a guerra interna de Doreán — algo enorme, impressionante e, ao mesmo tempo, ameaçador.

Enquanto o Vagante caminhava pelas vastas paisagens que se estendiam como um horizonte sem fim, a sensação de liberdade que o envolvia também trazia uma estranha solidão. Doreán sentiu a imensidão do corpo da criatura à sua volta, uma série de cidades que se uniam em articulações de ruas, prédios e ruínas, tudo entrelaçado num movimento contínuo. Ele podia ver, por um instante, as sombras das cidades passarem à sua frente, como se o Vagante fosse uma linha de costura entre mundos que se desvaneciam e se formavam num ciclo interminável.

Com a mente mais calma, Doreán decidiu dar um passeio pelo interior do Vagante. Passou por corredores estreitos, onde o concreto antigo da estrutura misturava-se com a carne e os ossos da criatura, criando uma atmosfera de algo vivo, mas também de algo perdido. Cada passo que dava era absorvido pelas passagens, como se a própria existência do Vagante o engolisse, deixando-o mais pequeno e distante das suas preocupações. Ele procurava por algo que pudesse indicar uma ameaça, um sinal de que talvez o pior ainda estivesse por vir.


*

Enquanto isso, o homem que antes tinha perdido a paciência estava agora escondido, frustrado. Ele segurava um objeto mágico nas mãos, um artefacto pequeno e prateado que mostrava imagens da masmorra. Mas ao olhar novamente, algo fez a sua espinha gelar. A visão não era mais de uma masmorra — era o Vagante. Ele estava no centro de algo maior, algo vivo. O silêncio na sala era ensurdecedor.

Aquela criatura imprestável... — resmungou, a voz tensa. — Se ela tivesse matado aqueles pirralhos irritantes, eu não estaria aqui agora. Ele fez uma pausa, a raiva crescendo. — E agora, se a comunhão dos sacerdotes souber disto, vão-me queimar em praça pública.

Ele parecia prestes a perder a cabeça quando uma voz baixa o interrompeu.

Não te preocupes. Sei como te livrares disso. — A figura entrou na sala com passos furtivos, quase como se surgisse das sombras, a sua presença preenchendo o espaço de forma subtil, mas firme.

Que susto! — O homem quase caiu para trás, surpreso pela abordagem silenciosa.

Lamento, mas ser discreto é o meu forte. — O novo visitante sorriu de forma enigmática. Ele tinha um ar calmo, um tom de confiança quase imperturbável.

Mas o que faz aqui? Não devia estar...? — O homem tentou formular a pergunta, mas não conseguiu concluir. O medo e a incerteza dominaram a sua voz.

Shhhh... — O visitante levantou um dedo, pedindo silêncio. — Não sabemos quem nos está a ouvir. Eles podem estar mais perto do que imaginas. Ele deu um passo à frente e lançou um envelope castanho na direção do homem. — Isto vai resolver a tua situação. Mas, apenas, se fizeres o que te disse.

O homem olhou para o envelope com desconfiança, mas a necessidade de escapar falou mais alto. Ele pegou o pacote, o coração acelerado.

Bem... eu tenho de ir agora. Espero que tenhas sorte em fugir daqui. — O visitante não perdeu tempo e se virou, já indo em direção à saída.

Obrigado... — O homem murmurou, sentindo um alívio incerto, mas ainda sem saber o que esperar do futuro.

Mas o que aconteceu a seguir foi inesperado. Quando o homem abriu o envelope, mal teve tempo para compreender o que estava a acontecer. A casa inteira explodiu com uma força devastadora, e o som da destruição ecoou por todo o local. Ele não teve tempo de se defender. O fogo consumiu tudo num instante.

Eu disse que te ia livrar dos teus problemas. Não disse que te ia ajudar a escapar. — A voz do visitante ecoou na sua mente, fria e sarcástica. — Mas não tens de quê.

A explosão lançou o homem para o chão. A última coisa que ele viu foi o reflexo de si mesmo, caído e sem forças, antes de a casa ser engolida pelas chamas.

Doreán chegou ao local da explosão momentos depois. O fogo já se apagava, mas as marcas da destruição estavam por toda a parte. Havia pedaços de uma estrutura que parecia ter sido reconstruída com a intenção de esconder algo ainda mais perigoso. O cheiro a fumo ainda pairava no ar, pesado, sufocante.

Doreán avançou cautelosamente, a mente a trabalhar a mil por hora. Sabia que o que encontrara não era acidental. Havia alguém por trás disso, alguém que tinha orquestrado tudo. Ele parou, a atenção focada em cada pedaço que restava.

Não posso dizer que não foi merecido... — Doreán murmurou, olhando para os destroços. A sua voz tinha uma frieza distante, como se estivesse mais à procura de respostas do que propriamente a fazer um julgamento.

Ele colocou um cigarro na boca, sentindo o calor do fogo que se extinguia. O alívio de saber que o responsável estava, de certa forma, destruído, ainda não lhe trazia paz.

Mas eu gostava de ter feito algumas perguntas antes de tudo isso. — Ele suspirou, observando as pedras sendo lentamente reconstruídas pela própria força do Vagante. O ciclo de destruição e reconstrução parecia refletir a sua própria batalha interna.

Ele olhou para o horizonte distante, onde o Vagante se movia em silêncio, sempre em movimento, sem fim.

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