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Capítulo 29 - As Cidades Espelhadas

Bill e Elliot foram apanhados pelo mar de penas. Mantinham os olhos cerrados e os braços erguidos para proteger a cabeça, enquanto eram arrastados a grande velocidade por corredores intermináveis. O percurso era um caos—por vezes, viravam subitamente, noutras, desciam em queda livre sem aviso. Bill perdeu completamente a noção da orientação; paredes, teto e chão fundiam-se num só borrão indistinto.

De repente, foram cuspidos pelo ar e atirados contra o chão frio e húmido de pedra. Bill sentiu a cabeça a andar à roda, o corpo dormente da viagem caótica. Piscou os olhos repetidamente, tentando recuperar o foco, mas tudo parecia girar ao seu redor. Elliot, por outro lado, manteve-se surpreendentemente composta—se estava abalada, não o demonstrava.

— Ainda vais ficar aí no chão por muito tempo? — perguntou ela, impaciente.

— O tempo que me apetecer... — respondeu Bill, num tom seco, sem grande vontade de se mexer.

— Olha que eu arrasto-te - ameaçou puxando-o pela corrente.

— Queres mesmo ir por esse caminho? — desafiou, deixando que as manoplas começassem a formar-se nas mãos.

Antes que pudessem trocar mais provocações, um som metálico ecoou pelo corredor. Algo tinha rachado. A parte da corrente que prendia o braço de Bill partiu-se, libertando-o. Elliot não hesitou—sacou da pistola e disparou contra o metal no seu próprio pulso, soltando-se também.

Por um momento, ficaram em silêncio, trocando olhares cautelosos. Nenhum dos dois sentiu a descarga elétrica que Doreán os tinha ameaçado que levariam se tentassem partir a corrente.

— Juro que vou arrancar cada fio de cabelo branco daquela cabeça desmiolada... — suspirou Bill, esfregando o rosto.

— Isso, claro, se eu não o fizer primeiro — acrescentou Elliot, olhando de soslaio para os restos das correntes no chão.

— Como é que ainda nos deixamos enganar assim?

— A culpa foi nossa — admitiu Elliot. — Assumimos que as correntes nos dariam um choque se as quebrássemos. Mas nunca houve qualquer prova disso. Apenas acreditámos no que nos foi dito.

Bill suspirou, abanando a cabeça.

— Bom, ficar aqui a lamentar não nos vai levar a lado nenhum. É melhor seguirmos caminho.

Começaram a andar, seguindo pelo único corredor disponível, mas, apenas alguns passos depois, Bill estacou subitamente.

— Elliot...? — chamou, num tom hesitante.

— O que foi?

— É normal haver cidades dentro de masmorras?

— Cidades?

Elliot juntou-se a ele no final do corredor e, assim que olhou para além da saída, a expressão neutra que sempre mantinha vacilou.

Diante deles estendia-se uma cidade inteira, perdida nas profundezas da masmorra. Silhuetas de casas, ruas, igrejas e até uma imponente torre de relógio erguiam-se na escuridão. Mas o que mais arrepiava não era a mera existência da cidade. Era o facto de que, acima deles, colada ao teto da masmorra como um reflexo distorcido, existia uma segunda cidade, de cabeça para baixo.

Um calafrio percorreu Bill dos pés à cabeça. A sua respiração tornou-se instável e a sensação de que algo estava terrivelmente errado cravou-se no seu peito como garras invisíveis.

— O que... o que é isto...? — murmurou, a voz presa na garganta.

O seu corpo recusava-se a mexer, como se temesse que, ao dar um passo, toda a ilusão se desmoronasse e revelasse algo muito pior.

Elliot, sempre fria e lógica, também parecia desconfortável. A sua postura rígida e o olhar analítico denunciavam que estava a tentar processar o que via, procurando sentido onde claramente não havia nenhum.

— Isto não faz sentido... — murmurou. — Como é que há uma cidade no teto?

Bill engoliu em seco, obrigando-se a olhar para cima. Quanto mais examinava a cidade invertida, mais desconcertante tudo parecia. A arquitetura era diferente—torres de vigia erguiam-se nas muralhas de pedra, como se protegessem um segredo há muito esquecido. Em contraste, a cidade ao nível do solo tinha um ar mais extravagante, como se a sua prioridade não fosse a defesa, mas sim a ostentação.

— Mas... quem teria vivido aqui? — sussurrou Bill, sentindo a sua própria voz ecoar no vazio.

A sua mente fervilhava com teorias. Seria aquilo um antigo reino esquecido, tragado pela masmorra? Ou algo ainda mais obscuro?

Apenas o silêncio lhes respondeu. Um silêncio profundo e opressivo, como se a própria cidade estivesse à espera.

E, pela primeira vez em muito tempo, Bill e Elliot sentiram-se verdadeiramente observados.

Elliot tinha a cabeça a fervilhar com perguntas. Como era possível aquela cidade no teto continuar presa, desafiando todas as leis da lógica? Por um momento, pensou que nada pudesse ser mais inexplicável do que aquilo... até Bill lhe apontar algo ainda mais surreal: duas escadarias. Uma descia até à cidade ao nível do solo, enquanto a outra subia—ou talvez fosse mais correto dizer que descia—em direção à cidade de cabeça para baixo.

Bill foi o primeiro a mover-se, descendo as escadas com um misto de cautela e determinação, na esperança de encontrar algo útil naquele lugar inóspito. Elliot hesitou, os dedos a apertarem ligeiramente o punho da espada. O instinto gritava-lhe para não avançar, mas a razão dizia-lhe que não tinham outra escolha. Respirou fundo e seguiu-o.

O desconforto instalou-se de imediato. A cidade, vista de perto, parecia ainda mais perturbadora. Tudo estava demasiado intacto. As casas não tinham marcas de abandono, não havia sinais de vegetação a tomar conta das ruas, nem qualquer vestígio da passagem do tempo. O silêncio absoluto era ensurdecedor. Num lugar normal, até a respiração deles seria impercetível, mas ali... cada passo ecoava alto demais, como se a própria cidade estivesse a escutá-los.

Bill parou em frente a uma casa mais pequena do que as restantes. O formato das paredes era visível através da luz das gotas que lhe permitiam ver no escuro, mas as cores permaneciam indistintas. Hesitou por um segundo antes de pousar a mão na maçaneta. Se estivesse abandonada há muito tempo, esperava encontrar a porta trancada ou, pelo menos, rangente e difícil de abrir. Mas não.

O trinco ergueu-se sem resistência. A porta abriu-se num movimento fluido e silencioso, como se tivesse sido oleada recentemente.

Bill sentiu um arrepio na nuca.

O interior estava impecável. O chão de madeira parecia intocado, a mesa encontrava-se coberta por uma toalha limpa, os armários e sofás estavam praticamente novos, as escadas brilhavam e as paredes eram decoradas com quadros. Um ambiente comum para uma casa de família... demasiado comum.

Subiu as escadas, sentindo cada passo afundar-se num tapete sem pó. No segundo piso, encontrou quatro quartos, todos com as camas feitas e os lençóis dobrados com precisão. Os armários estavam vazios, os cómodos não tinham sinais de uso, mas a organização era perfeita, como se alguém ainda vivesse ali—como se alguém pudesse voltar a qualquer momento.

Aproximou-se da janela translúcida e espreitou para a rua. A cidade parecia ainda mais sinistra do que antes.

Por um momento, fechou os olhos e imaginou aquela casa habitada. Uma família ali, a viver os seus dias em perfeita normalidade. Visualizou uma manhã preguiçosa, o despertar tardio, o cheiro do pequeno-almoço acabado de fazer a pairar no ar. Viu uma mãe na cozinha, o pai sentado com as pernas cruzadas a ler o jornal, três crianças a correrem pelas escadas abaixo, tropeçando umas nas outras.

- Alguma coisa? – perguntou Elliot, puxando-o de volta à realidade.

- Não. Está vazio. – respondeu, afastando-se da janela.

O nó no estômago apertou-se. Bill nunca tinha pensado muito nisso, mas, de vez em quando, perguntava-se como seria ter pais. Crescera rodeado por duas pessoas queridas, e as memórias do avô eram valiosas... mas como seria ter um pai e uma mãe? Como seria vê-los todas as manhãs, ouvir-lhes as palavras de boa noite, sentir o calor da sua presença no dia do seu aniversário, ou quando estivesse doente?

Fechou as mãos em punhos. Para quê pensar naquilo agora? Nunca precisara de pais antes, então porque é que esse pensamento o incomodava tanto?

- Vamos verificar as outras casas. – disse por fim, dirigindo-se à porta. – Quem sabe se alguma delas terá alguma pista sobre este lugar.

Elliot assentiu. Mas, enquanto saíam, o silêncio parecia mais pesado. Como se a cidade estivesse à espera. Como se observasse.

Como se os escutasse.

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