Capítulo 23 - Pequenas colaborações
Enquanto a cidade estava em alvoroço por causa do ataque à mansão de Golias, além do desaparecimento do mesmo, uma pessoa infiltrou-se no mundo sob o controle de Golias. O mercado de escravos por baixo da cidade, onde todos os escravos eram recebidos e aprisionados, havia algo sobre a cidade de Golias que Doreán não sabia: de tempos em tempos, um enorme leilão era organizado sob a sombra de Golias, não só para leiloar um grande número de escravos, mas também armas e guerreiros, demi-humanos mais fortes que provavelmente seriam transformados em máquinas de matar.
Elliot estava completamente oculta; as suas habilidades de furtividade superaram em muito as defesas daquele lugar. Elliot passou por alguns guardas que ainda não estavam conscientes da situação acima das suas cabeças. Não tardou para Elliot encontrar um enorme anfiteatro cheio de convidados de honra, que escondiam as suas identidades com máscaras luxuosas adornadas com pedras preciosas, e murmuravam entre eles sobre os produtos daquela noite.
Enquanto Elliot tentava encontrar o caminho para trás das cortinas, outra presença a reconheceu — uma presença que, igual a ela, também se tinha infiltrado na festa. E, depois de alguns segundos, Elliot percebeu uma aura no teto que, com sinais leves, lhe indicou o caminho para ir ter com ele.
-SENHORAS E SENHORES! – Gritou o apresentador, acompanhado de vários fogos. – Esta noite temos vários produtos interessantes: carne de ótima qualidade, belezas exóticas para todos os seus gostos, um belo burro de carga para quem precisa de uma força a mais, e alguns escravos que, com um pouco de trabalho, podem se tornar ótimos mordomos. Então, que comecemos esta noite de negócios – Disse esfregando as mãos.
Com o fim da apresentação, Elliot chegou próximo ao outro infiltrado e, em linguagem de sinais, começaram a discutir.
-Ordens ou serviço? – Perguntou o infiltrado.
-Capricho – Respondeu.
-Entendo, eu não quero lutar – Expressou muito rápido. – Apenas libertá-los.
-Eu quero mandar esta cidade para o inferno, algo contra?
-Na verdade, seria o melhor – Concordou.
-Será que, depois de soltarmos todos, podem esperar até irem lá para cima? Pelo menos até o tempo do meu grupo passar para a próxima cidade.
-Quanto tempo?
-O suficiente para todos aqui se recuperarem e poderem lutar.
-Sim, acho que dá. Se puderes, entrega isto aos escravos que soltares – O infiltrado tirou dos seus bolsos um baralho de cartas com um brasão desenhado.
Elliot aceitou e guardou as cartas num dos seus bolsos. Quando a exibição finalmente começou, correu atrás do outro infiltrado. Elliot não o queria enfrentar, pois, desde que o tinha visto, algo lhe dizia que aquela pessoa era bem mais perigosa do que ela podia supor.
Várias criaturas eram exibidas ao mesmo tempo, como iguarias ou apenas aberrações para matarem por prazer. Algumas eram apresentadas como animais de estimação ou como cães de guarda.
Em pouco tempo, estavam entre celas e criaturas, armas e armaduras. O infiltrado atirava as cartas contra os escravos. Assim que as cartas entravam em contacto com os escravos, eles ficavam subitamente calmos e, de alguma forma, ficaram conscientes de toda a situação.
Enquanto Elliot tratava dos demi-humanos, o outro infiltrado destrancou as celas das criaturas selvagens. Era impressionante como o infiltrado conseguia se comunicar com cada criatura, por mais violenta que fosse. Nas suas mãos, até a fera mais brutal se tornava meiga e afável. Mas, ao mesmo tempo que mais escravos eram libertados, mais o sentimento de vingança e ódio vinha ao de cima. Ao verem que nenhum dos humanos ainda os tinha percebido, a possibilidade de um massacre não estava distante.
As coisas até estavam a correr bem até dois funcionários irem conferir as bestas para torturá-las uma última vez antes de serem vendidas. Mal passaram pelas cortinas, Elliot atirou uma faca à cabeça de um e, em um único movimento, aproximou-se do segundo, colocando-lhe a mão no rosto e congelando instantaneamente o corpo dele, e quando os olhos ficaram sem cor, largou-o no chão.
Os semi-humanos olhavam impressionados para Elliot, enquanto ela arrastava os corpos dos dois homens para uma parte mais escondida. Enquanto isso, o outro infiltrado observava Elliot atentamente, quando um dos escravos correu até Elliot com um pedaço de madeira nas mãos e partiu a estátua de gelo. O ruído atraiu os guardas próximos e, de seguida, os semi-humanos que estavam menos mal tratados correram para cima deles.
As criaturas que antes estavam sob controle e calmas entraram num estado de euforia ao som dos gritos e urros. Elliot avaliava a situação, desiludida.
Ao seguir os escravos, Elliot deparou-se com um massacre, pois, além de poucos guardas, aquele sítio estava cheio de nobres pomposos e sem muito treino militar. Elliot até se tinha preocupado, mas a vantagem estava concretamente do lado dos escravos.
Pelo menos até um homem de cartola preta e fato castanho começar a chicotear todos os escravos que tinham saído das suas jaulas. Esfregando o seu longo bigode repetidamente e gritando com cada um que se aproximava dele. Mas um tiro no pulso fez com que a sua mão soltasse o chicote.
Na verdade, o tiro de Elliot, além de desarmar o homem, deixou a mão dele pendurada por um pequeno pedaço de carne. O homem cambaleou para trás, a olhar para o ferimento, quase com medo de lhe tocar. O segundo tiro de Elliot trespassou-lhe a perna e fê-lo cair sobre as cadeiras da plateia. Apesar das dores, o homem tirou um pequeno apito do seu bolso e, ao soprá-lo, várias correntes atravessaram as paredes em direção a Elliot.
- Um artefato de convocação? – Disse ao saltar para trás.
Uma criatura com quatro pernas, cada uma com duas mãos em vez de pés, saltou pela passagem e aterrou mesmo à frente de Elliot. Esticou os seus seis braços, fazendo as correntes presas a eles tilintar. A criatura não tinha olhos, apenas uma boca, e a parte de trás da cabeça era contorcida. Além da pele velha e sangrenta, também tinha uma jaula costurada às suas costas, repleta de veias e de membros humanos.
- Um carniçal, mas que sorte – Disse para si sarcasticamente.
Enquanto Elliot lutava contra o carniçal, o outro infiltrado retirava todos os demi-humanos daquele local. À medida que o carniçal lançava as suas correntes sobre Elliot, os seus braços agarravam os corpos dos caídos e deixavam-nos cair para as suas costas, tornando-o maior e mais forte. Com um segundo de avanço, o carniçal saltou para cima de Elliot, mas, ao invés de se esquivar, várias mãos de gelo saíram do solo em sua direção, congelando o carniçal aos poucos. Mas isso não era o suficiente.
O carniçal atravessou o gelo de Elliot, sendo alvejado por vários tiros assim que a sua cabeça foi exposta. Uma aura estranha entranhou-se na espada de Elliot e, utilizando o seu gancho, Elliot lançou-se contra o carniçal. Quando este a tentou apanhar, o seu braço foi cortado a meio. O carniçal havia sacrificado um dos seus braços para agarrar Elliot com as suas correntes, e assim foi.
Se não tivessem aparecido mais quatro Elliots, que perfuraram o corpo do carniçal, e a partir de cada golpe, o seu corpo ia congelando numa velocidade assustadora. Quando o carniçal tentou afastar os clones de Elliot, estes explodiram, arrancando as partes congeladas. A criatura estava no chão, tentando levantar-se com o braço que restava, mas Elliot cortou-lhe a cabeça e seguiu andando em direção ao único humano que havia sobrado.
O homem ainda tentou dizer alguma coisa, mas Elliot cortou-o a meio para não ter de ouvir mais disparates. Entretanto, o outro infiltrado felicitou-a pela vitória, mas Elliot recebeu-o de forma fria e apenas pediu para ele manter o combinado, antes de ambos seguirem o seu caminho.
O outro infiltrado fez um circulo com o dedo polegar e anelar e depois retirou-se juntamente com os escravos.
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