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Capítulo 11 - Olho por Olho

Elliot já não conseguia ver Valak, mas, por precaução, esperou alguns minutos antes de soltar-lhe o pulso. Bill ficou imóvel depois de ter perdido de vista o irmão. Receosa por não ver nenhuma reação, Elliot aproximou-se para verificar o pulso de Bill. Foi então que ele a agarrou pelo pulso e a virou de costas para o chão. No mesmo movimento, rodou para cima dela e, com as mãos, amarrou-lhe os pulsos, quase sentando-se sobre ela, impedindo-a de usar as pernas.

— QUAL FOI A TUA IDEIA? — disse, apertando-lhe os pulsos com muita força, esticando-lhe os braços.

— Tu não ias conseguir vencê-lo. — Respondeu Elliot, calma, tentando disfarçar a dor.

— É essa a tua desculpa para me teres impedido de ajudar o meu irmão? — acusou Bill, com os dentes a ranger.

— Ouve... eu sei quem é aquele homem. Chama-se Valak, é especializado em tortura, e como pudeste ver, os braços dele são próteses mecânicas, assim como as pernas e até mesmo os olhos. — Elliot defendeu-se, e, ao sentir os pulsos mais soltos, continuou. — Ele viu-nos e, se quisesse matar-nos, teria feito.

— Tu... tu... sabias... — Bill apertou ainda mais os pulsos de Elliot, e uma expressão de dor tomou-lhe a face. — Tu sabias e, mesmo assim, deixaste que ele o levasse. — A voz dele subiu de tom.

— Tu não estás a perceber, ele... — começou Elliot, mas foi interrompida.

Bill agarrou-lhe o pescoço com uma das mãos. As veias do braço dele estavam bem visíveis e, pela força com que apertava a sua garganta, Elliot sabia que teria pouco tempo.

— POIS NÃO PERCEBO!! — gritou-lhe, com raiva. — Vocês os dois andavam tão amiguinhos, saíam às escondidas e voltavam sem dar explicações a ninguém, sempre a favorecer o meu irmão em tudo o que faziam, a levá-lo para todo o lado sempre que precisavas de algo, para depois O ABANDONARES. — Mais um pouco e Bill talvez deslocasse o pulso ou partisse o pescoço de Elliot. — Que raio de casalinho.

Elliot, aflita, recolheu as pernas e pontapeou a barriga de Bill, batendo a cabeça dele num dos pedaços de madeira do palco. Bill largou-lhe o pescoço e levou a mão à cabeça, recuperando um pouco da sanidade com o impacto, mas, mesmo assim, desferiu um golpe que partiu duas tábuas de madeira, não acertando em Elliot por pouco. Ela deslizou o corpo, tentando escapar das mãos de Bill, mas, mesmo com um pontapé na cabeça, as suas mãos não cediam.

— Deves estar muito feliz com isto, por provares que eu falhei com o meu irmão, não é? Ao contrário das tuas armas, que nunca te falham. — Elliot disparou, com sarcasmo.

Elliot deu-lhe uma joelhada na cara e tentou aplicar uma chave de braço para se livrar dos braços de Bill, mas nem assim conseguiu diminuir a força dele.

— Era isso que querias dizer na loja do Don, não era? — Bill levantou Elliot o máximo que o espaço lhe permitia e bateu com força as suas costas no chão, fazendo-a afrouxar a chave de braço.

— OUVE-ME, SEU IDIOTA!! — Gritou-lhe, tentando chamar a atenção. — Para começar, não somos nenhum casalinho! A ideia de sair sem que ninguém soubesse foi dele.

Bill foi apanhado de surpresa, deixando que a sua raiva diminuísse, o que o deixou levemente baralhado.

— O Bell pediu-me para que eu o ajudasse a treinar. Ele sentia que, se as coisas continuassem assim, ficaria atrás de ti e tinha medo de se tornar um peso morto em batalha.

— Então as expedições eram para isso? — Perguntou Bill, com um tom acanhado.

Elliot assentiu com a cabeça.

— Eu não sou muito de dar elogios, mas tu sabes adaptar-te a novas situações muito mais rápido que o teu irmão. Sabes como sobreviver — argumentou Elliot, quase como se estivesse a consolar Bill. — E ele também sabia disso. Em pouco tempo, depois de teres recuperado da mordida, já tinhas alcançado o Bell em quase tudo o que eu lhe tinha ensinado.

— Mas explica-me então porque tens implicado tanto comigo?

— Quando queres que alguém melhore de verdade em algo, não lhes dás palmadinhas nas costas. Tens de ser mais duro, tal como o Doreán foi comigo. No início, eu também me dava às mil maravilhas com ele, mas, à medida que o tempo passou, ele começou a repreender-me cada vez mais, até pelas coisas mais pequenas. Também pensei que ele preferia o Trei a mim, pela forma como o tratava — Elliot esboçou um pequeno sorriso. — Só mais tarde percebi o quão idiota estava a ser.

— Então estive a fazer um drama na minha cabeça... para nada? — concluiu Bill.

— Se isso te faz sentir melhor, o Bell não aprenderia nada se eu fizesse com ele o que fiz contigo. Ele é meio parecido com o Trei nesse aspeto.

— Parece que somos dois idiotas, então — comentou Bill vagamente.

— Afinal, sempre temos algo em comum — concluiu Elliot, tentando não soar indiferente como fazia na maior parte das vezes.

— Isso agora não interessa. Eu vou atrás dele. — Disse, saindo de cima de Elliot e sentando-se no chão.

— Estás a pensar ir sozinho, por acaso? O Valak gosta de conhecer primeiro as suas vítimas antes de as torturar. Ou seja, ainda temos algum tempo — disse ela, enquanto esfregava os pulsos doloridos.

— "Temos"? Por acaso estás a pensar vir comigo?

— Não é como se tivesse escolha. Se o Valak matar o teu irmão, nós nunca conseguiremos sair deste continente — respondeu, voltando ao seu ar habitual.

— Obviamente — comentou Bill, com um tom desanimado.

— E também porque não sou tão cruel e fria como vocês pensam. Óbvio que estou preocupada com ele, mas isso não nos vai ajudar em nada.

Bill ficou ligeiramente chocado com a afirmação de Elliot, mas esforçou-se para não se distrair demasiado com o assunto.

— Sabes para onde ele o levou?

— Não. Mas conheço um sítio onde podemos saber — sugeriu ela, menos motivada.

— Então vamos — disse ele, colocando-se de cócoras e saindo debaixo do palco.

— Espera! Devemos avisar o Doreán primeiro — raciocinou Elliot.

— O Trei avisa — respondeu Bill num tom que ela não apreciou muito.

— Tu não estás a perceber. É um sítio perigoso — disse, apressando-se a sair debaixo do palco e a segui-lo. — É isso que queres? Meteres-te num sítio cheio de gente que te quer matar?

— Não é diferente de todos os dias — comentou ele, em voz baixa, enquanto se aproximava de Elliot.

Para Elliot o olhar de Bill era muito mais do que apenas frio, eram os olhos de quem matava por matar, como se fosse tão necessário à sua existência como comer ou dormir, era uma expressão assombrosa e retorcida que lhe tomava a face. Chegou por momentos a sentir-se insegura quase como se para Bill a vida fosse sobrevalorizada.

Bell havia lhe contado que Bill era um tanto protetor, mas a pessoa que estava à sua frente não era a mesma com que convivera na cova dos uivadores, não era a mesma pessoa que ela treinou, não podia ser a mesma pessoa que tinha passado aquele tempo todo.......ou podia?

Mais uma vez Elliot tinha de dar razão a Doreán, pois ele havia a avisado que não os conhecia o suficiente para os julgar e ao ver as novas faces dos irmãos apercebia-se o quão imatura havia sido.

-E Elliot...- Hesitou antes de continuar - Desculpa ....sabes por causa dos pulsos - Disse olhando para as marcas em Elliot.

Elliot recuou um pouco ao ouvir Bill fazendo um esforço para manter a sua expressão neutra de sempre. Mas Bill ignorou e virou as costas para ela depois de se desculpar e esperava que Elliot lhe indicasse o caminho. Agora sim ela sabia que não podia ser o mesmo Bill de antes, nunca o ouvira a pedir desculpas de forma tão sincera como o acabara de fazer.

*


- É aqui? – perguntou Bill, após Elliot parar em frente a um bar de aspeto desleixado.

-Então, estamos à espera de quê? – continuou, dirigindo-se para a porta.

- Sabes que podes morrer, certo? – questionou Elliot, com uma expressão séria.

- Todos podemos morrer a qualquer momento – respondeu Bill, enquanto dava um pontapé na porta.

A porta abriu-se com um estrondo, como se ele quisesse derrubá-la. Fragmentos de madeira soltaram-se ao embater na parede, ecoando pelo espaço. O interior do bar era pouco iluminado, pequeno e apertado. As mesas estavam dispostas de forma desorganizada, deixando tão pouco espaço entre elas que, para passar, seria necessário encolher a barriga. O balcão era ainda mais pequeno e descuidado, onde dois homens conversavam ruidosamente, salpicando bebidas por todo o lado.

- Ó miúdo, isto não é lugar para uma criança! – gritou um homem robusto, segurando uma caneca na mão.

- Tens razão. Para porcos como tu, devo ter entrado num chiqueiro. – devolveu Bill, sem hesitar.

- Estás à procura de problemas, só pode! – vociferou o homem, levantando-se. A sua sombra cobriu completamente a figura de Bill.

-Estou à procura de um tal Valak. Sabes dizer-me onde o posso encontrar? – perguntou Bill, ignorando a ameaça.

O homem soltou uma gargalhada ruidosa e incontrolável, curvando-se para se apoiar numa cadeira.

- Malta, adivinhem! Este puto está à procura do Valak! – exclamou ele, ainda a rir.

Imediatamente, todos os clientes do bar desataram a rir, como se Bill tivesse acabado de contar uma piada hilariante.

- Qual é a piada? – questionou ele, num tom calmo e impassível.

- Tu tens graça, miúdo! – respondeu o homem, ainda entre risos. – Mas sei maneiras mais fáceis e menos dolorosas de morrer.

Bill lançou um olhar a Elliot, que permaneceu impassível.

- Disse-te que sabiam onde o encontrar? – perguntou Bill, em tom acusador.

- Disse que podiam saber, não que sabiam. – corrigiu Elliot, no mesmo tom.

- Eu sei onde ele está. – A voz veio de um homem magro, sentado ao balcão.

Bill dirigiu-se a ele, atravessando o bar com passos firmes, e sentou-se ao seu lado.

-Então, onde o posso encontrar?

-Lefirio – apresentou-se o homem, estendendo a mão. – Chamo-me Lefirio.

- Não quero perder tempo com formalidades desnecessárias. – cortou Bill, direto.

- És direto. Gosto disso. Mas diz-me, porque estás interessado no Valak?

- Estou à procura de uma pessoa. – respondeu Bill, num tom ríspido.

- Ah! Essa pessoa deve valer o esforço. Mas sabes, para eu me arriscar, vou precisar de um pequeno incentivo.

- Quanto?

- Trezentas moedas de ouro devem bastar.

-Não tenho essa quantia. – respondeu Bill, sem mesmo procurar nos seus bolsos.

-Nesse caso... – Lefirio virou-se para ele, com um sorriso desdentado e malicioso. – Terás de me pagar de outra forma. As mulheres nesta cidade são caras, e um homem tem necessidades que precisam de ser satisfeitas.

- À vontade. – aceitou Bill, sem hesitar.

- A sério?! – exclamou Lefirio, surpreendido.

Mas ela demora dois segundos a separar a tua cabeça sonhadora do teu corpo de rato do esgoto.

A expressão de Lefirio mudou, tornando-se presunçosa e ofendida.

-Nesse caso, nada feito.

Sem perder tempo, Bill agarrou a primeira garrafa que encontrou e partiu-a no balcão. Cacos de vidro espalharam-se por todo o lado, e com o maior fragmento que restou, encostou a parte afiada ao pescoço de Lefirio.

- Voltando às negociações... – recomeçou Bill, com um tom calmo, quase casual.

- Estás maluco! Agora é que não te digo nada. Espero que quem procuras tenha uma morte dolorosa! – Lefirio soltou uma risada, convencido de que Bill não passava de um blefe.

- Que pena. – murmurou Bill, com desgosto, antes de cravar o caco de vidro na coxa de Lefirio.

O homem gritou, agarrando-se à perna, mas Bill não parou. Rapidamente, roubou-lhe a faca que ele escondia na roupa e imobilizou a mão livre de Lefirio no balcão.

- Por acaso, passou-te pela cabeça baixar a minha guarda, esfaquear-me e fugir? – perguntou Bill, sarcasticamente.

- Não... Isto é uma cidade perigosa... Era só para proteção... – balbuciou Lefirio, em defesa.

- Compreendo - respondeu de forma sarcástica.

Sem mudar de expressão, Bill cravou a faca na palma da mão de Lefirio. Os gritos do homem fizeram com que todos os clientes restantes do bar virassem a atenção para eles. Elliot, até então em silêncio, deu um passo à frente, mas hesitou ao ver a determinação fria de Bill.

— O que pensas que estás a fazer? — Gritou um homem, levantando-se imediatamente da cadeira e bebendo o resto da bebida antes de se dirigir a Bill.


Estava prestes a colocar as mãos em Bill quando, da sua sombra, emergiu Crainer. Uma enorme fera uma mistura entre um lobo gigante e uma maquina de guerra,e com uma patada arrancou a parte de cima do corpo do homem, respingando sangue para os que estavam à volta.

Após sair da sombra de Bill, todos os presentes ficaram em silêncio, observando a fera que estava à sua frente. Assim como Bill, também Crainer estava diferente, com os dentes à mostra, as garras de fora e uns olhos vermelhos a substituir os atuais verdes. A maioria estava pronta para invocar o seu familiar, mas uma boa olhada na criatura que tinham à frente fez-os desistir.


— Então, Lefirio, já pensaste melhor na tua resposta? — Instigou Bill com um sorriso ameaçador, com o leve rosnar de Crainer atrás de sí.


— Já disse que não. — O familiar do homem saltou de trás do balcão. Uma espécie de homem-lagarto, com duas cabeças, saltou para cima de Bill.


A Crainer colocou a pata metálica no peito da Criatura antes que ela salta-se para longe de sí, e com a força do seu corpo monstruoso, pressionou-a contra a banca, acabando por partir a madeira e afundar o familiar no chão, com varias estacas de madeira a perfurar lhe as costas.

De seguida, olhou por cima da cabeça de Bill e foi inclinando a cabeça em direção a Lefirio, lambeu os lábios e abriu a boca lentamente. Enquanto fios de baba caíam sobre o homem, este apercebeu-se de que estava prestes a morrer.


— Sabes o quão pesada é a dor de termos um animal selvagem a cravar os seus dentes na nossa carne, de nos debatermos e gritarmos sem nada poder fazer além de sentir a carne a ser arrancada dos nossos ossos, então sabes?


— N-não... não... — respondeu com a voz a tremer.


— Claro que não sabes... mas vais saber.


Elliot sentiu um arrepio no mesmo lugar onde Bill havia sido mordido pelo farejador, era mais que uma pontada de culpa.


— Espera, eu dou-te o que queres, mas manda-o recuar, por favor, eu imploro-te! — Grunhiu o homem, já com o nariz a pingar e com lágrimas nos olhos.


— Crainer, afasta-te. — E, conforme as ordens absolutas do seu mestre, Crainer recuou.


Com a mão livre, Bill remexeu nos bolsos interiores da roupa até achar o que procurava. De dentro, tirou um papiro e estendeu-o a Bill. Lefirio viu-se livre de Bill quando este se libertou dele para examinar o papiro. Foi um momento de alívio para Lefirio, ainda mais quando Bill o abriu e foi atingido com um punhado de agulhas, fazendo-o tombar no chão.


— Bill!! — Acudiu Elliot, atirando-se para o chão, verificando lhe o pulso e se a armadilha colocada no papiro havia sido letal.


— Desculpa lá, rapaz, mas aqui é olho por olho, dente por dente. — Riu-se, para que todos o pudessem ouvir. — Ameaçaste-me, espetaste uma garrafa de vidro partida na minha perna e apunhalaste a minha mão com a minha faca. Tens aí o que mereces. Se a pessoa que procuras está com o Valak, espero que morra da pior forma possível.


— Tens razão. — Respondeu Bill, levantando-se, tirando as agulhas da pele juntamente com pedaços de pedra que o tinham protegido antes de sofrer dano.


— Como? - balbuciou Lefério aterrorizado


— Tu achas mesmo que ia confiar em ti? — Apesar de ser uma pergunta retórica, o homem ainda se sentiu tentado a responder.


— Espera um pouco, era só algo... para te testar, sabes... para ter certeza de que eras habilidoso o suficiente para desafiar o Valak. — Esquivou-se o homem, petrificado de tal maneira que já não se conseguia mover, sentindo como se uma força invisível o estivesse a paralisar.


— Entendo, mas tu próprio disseste — Respondeu ainda com a expressão inalterada enquanto se aproximava ainda mais do homem. — É olho por olho e dente por dente.


— Não... por favor... não faças isso — Implorava, tentando afastar-se de Bill, mas o seu corpo não obedecia aos seus comandos.


Bill aproximou a mão do olho esquerdo de Lefirio, com um movimento lento, desfrutando do terror nos olhos do homem, que aumentavam à medida que a sombra da mão de Bill cobria o olho.

Os dedos foram-se enterrando lentamente na órbita ocular e, então, ainda mais devagar, puxou-lhe o olho para fora. O homem queria gritar, mas os gritos morriam a meio da garganta, provavelmente devido a Bill colocar uma mão no pescoço, quase sufocando Lefirio. Sem conseguir gritar, a dor do olho a ser arrancado, mais a sensação de sufoco, culminaram num contorcionismo sobrenatural por parte dos ossos de Lefirio.

Era agonizante assistir àquela cena, tanto que alguns dos clientes viraram a cara para o lado ao ver o espetáculo que Bill lhes proporcionava. Ainda insatisfeito, Bill conjurou uma magia de pedra nos dedos e partiu cada dente de Lefirio, um por um, até que a sua boca ficasse desdentada.


— P...pa...ra — Pediu o homem, cuspindo o sangue que tinha na boca à medida que falava.


— Desculpa, amigo, mas acho que é a tua vez de dares o braço a torcer. — Acrescentou Bill, vendo o olhar aterrado de Lefirio quando Crainer se aproximou, com a mandíbula tão aberta que poderia engolir os dois de uma vez.


— Bill, chega!! Já temos o que queremos, ou já não queres salvar o teu irmão? — Elliot mal tinha acabado de falar quando Bill lançou a faca do homem contra ela. Foi tudo demasiado rápido para acompanhar com os olhos, mas Elliot amarrou a faca e devolveu o lançamento, acertando em uma das garrafas expostas na garrefeira atrás da banca.


— Nunca voltes a dizer algo assim — Avisou Bill, com um olhar ameaçador. — Nunca, em caso algum, penses que alguma coisa é mais importante que o meu irmão.


Ao mesmo tempo, o braço de Lefirio foi dilacerado por Crainer de forma brutal, enquanto Bill olhava fixamente para Elliot, enquanto o sangue de Lefirio escorria pelo balcão e pingava no chão. Para terminar, Bill bateu com a cabeça do homem nos cacos de vidro em cima da mesa e lançou-o por cima do balcão, enquanto Crainer comia o seu braço.


Com a maior tranquilidade, Bill virou-lhe as costas e dirigiu-se à saída.


— Acho que correu bem — Pensou em voz alta, já fora do bar e num tom quase animado.


— O que aconteceu ali dentro?!! — Gritou-lhe Elliot, amarrando-se aos seus ombros e empurrando-o contra uma parede.


— Digamos que tenho olho para o negócio. — Respondeu Bill, limpando a mão ensanguentada às calças.


— Não achas que aquilo foi desnecessário? — Era uma afirmação, mas Bill sentiu-se obrigado a esclarecê-la.

- Se fosse o Doreán, tentavas a metade dos meios para o recuperar? - Bill respondeu com um tom brusco - Olha, não sou nenhum especialista nisso, mas o Bell é a única coisa que ainda me dá alguma esperança neste mundo podre. Um mundo onde aqueles que se julgam mais poderosos brincam com as vidas de outros, ordenando que pequenos merdas destruam o que resta. Bell é a única coisa que vejo com algum valor em tudo isso.

Elliot afastou-se um pouco, os olhos carregados de compreensão, mas também de tristeza. 

- Tens razão - ela disse, o tom baixo, como se as palavras pesassem - Se fosse o Doreán, também não hesitaria em fazer o que fosse necessário. Mas não podemos ser impulsivos, Bill. Não podemos deixar que o desespero nos cegue, ou podemos acabar mortos... ou pior, nas mãos do Valak.

Bill franziu o cenho, mas a preocupação na sua voz era visível.

  - Eu sei. Mas não posso simplesmente deixá-lo. Depois de tudo o que passámos, não vou abandonar o Bell. Mesmo quando ele tenta se esconder nas ilusões, sei que ele não consegue apagar o que aconteceu.

Elliot mordeu o lábio, pensativa. 

- Parece que ele não tem dificuldades em falar sobre o passado. Eu pensei que ele tivesse se conformado, mas talvez ele só esteja tentando seguir em frente.

- Acho que o que nos manteve são as memórias que compartilhamos. Nos momentos mais sombrios, sempre fomos a força um do outro. - Bill disse com um sorriso pequeno.

Elliot o olhou com um olhar mais sério  - "Mas agora que estão separados..."

Bill olhou para ela, o peso da situação estampado em seu rosto. 

- É por isso que não temos tempo a perder - respondeu impaciente.

- Tens medo de que as memórias voltem à tona e ele não consiga lidar com isso? - Elliot questionou com uma leve preocupação.

Bill suspirou, irritado, mas sabia que a pergunta era válida. 

- Sim, mas eu não posso deixá-lo sozinho nisso. Ele não pode ser deixado com o peso de tudo isso.

Elliot o olhou fixamente, como se estivesse tentando entender seu ponto de vista.  

- Bem, podemos deixar isso para outra hora. Mas lembre-se de uma coisa... Precisamos ser discretos. Não podemos chamar a atenção, e muito menos ser vistos por outras pessoas.

Bill assentiu com firmeza, o olhar fixo à frente. 

- Exatamente. Não podemos deixar que ninguém avise os guardas ou o Valak. Precisamos ser rápidos e silenciosos.

Antes que Elliot pudesse reagir, ela correu instintivamente em direção ao bar. Bill, no entanto, a deteve com um movimento brusco, fechando a porta novamente. Ele a encarou com uma seriedade que Elliot não havia visto antes. 

- Não temos tempo a perder, Elliot.

Os dois se afastaram do bar, os passos rápidos e silenciosos. Mas o som da mandíbula de Crainer, mastigando a carne dos clientes mortos, ecoava pelo ar, lembrando-os da realidade implacável que enfrentavam.


*


Don ficou chocado ao saber da situação. Enquanto Bill explicava o que tinha acontecido, Elliot preocupava-se com a possibilidade de o coração falhar-lhe. Ela, melhor do que ninguém, sabia da relação de Don com Valak, uma vez que eles os dois já se haviam encontrado várias vezes quando mais novos.

- Então, estás a dizer que este mapa nos diz onde está o Valak? – Questionou Don desconfiado.

- Para estar protegido com uma armadilha e ele ter mostrado alguma resistência à dor, é porque deve ser autêntico – Explicou Bill enquanto estendia o mapa por cima da secretária de Don.

- Aqui nesta marca vermelha – Disse, apontando para uma espécie de torre. – Supostamente é aqui que o Bell está.

- Realmente, é para lá que o Valak leva os seus brinquedos preferidos – Observou Don.

- Como sabes disso?

- Queres saber aquilo que eu sei ou queres saber como resgatar o teu irmão? – Bill não lhe respondeu, apenas limitou-se a encará-lo. – Bem me parecia.

-Bem, se é para onde o Valak leva os seus brinquedos preferidos, não é difícil de saber que está bem guardado – Interrompeu Elliot, dando conta de um pequeno sinal à beira da torre que indicava perigo.

- Além de ser uma fortificação e de estar disfarçada e protegida com diversos feitiços e encantamentos, tem várias bestas a guardá-la.

- Bestas?

- Sim, apesar da prisão ter guardas humanos no seu interior, o seu exterior é protegido unicamente por bestas. A maioria delas são escravos do Valak ou experiências que deram errado – Informou Elliot.

- Ele sempre teve um interesse peculiar sobre como dominar bestas selvagens. É por causa dele que existem diversas maneiras de subjugar a vontade de quase todo o tipo de criaturas selvagens.

- "Ele sempre teve" – Anotou Bill, olhando com desconfiança para Don

- Seja como for – Continuou Don, ignorando Bill. – Só há uma maneira de chegarmos lá a tempo de ele não brincar muito com o teu irmão.

- Qual?

- É só uma hipótese, mas ao infundires uma grande quantidade de magia elétrica na tua arma mágica, podes quase que teleportar-te para lá. O Valak gosta de manter um perímetro de segurança entre o edifício e as bestas, para a eventualidade de algum dia um dos seus preciosos brinquedos conseguir fugir.

- Então, do que estamos à espera? – Adiantou-se Bill, invocando as manoplas e fazendo-as desaparecer no segundo seguinte.

- Elas ainda não se ligaram a ti por completo. Usá-las agora, com o teu nível de magia, é suicídio. Por sorte – Disse, abrindo a gaveta e tirando de lá três frasquinhos com um líquido azul luminescente. – Poções de restauração de magia. No entanto, as tuas manoplas vão precisar mais do que estas três.

- Quantas mais?

- Como ainda não estão totalmente ligadas a ti, o triplo do normal.

- E quanto tempo isso vai demorar?

- Três dias – Respondeu, preparando-se para a explosão de Bill.

- NÃO TEMOS ESSE TEMPO! – Bateu com o punho na mesa.

- Um aumento drástico da tua energia vai tornar as manoplas instáveis. A menos que queiras chegar em partes à prisão, aconselho-te a esperares – Ordenou Don, já com a paciência a esgotar-se.

-Não vou ficar aqui parado enquanto o meu irmão corre perigo de vida – Disse, batendo a porta ao sair.

- Já há sinal do Doreán? – Perguntou Elliot depois de Bill sair.

-Não, ele só deixou um bilhete a dizer que tinha de sair e que voltava em quatro dias - comentou frustrado e atirando o bilhete para o chão -  apenas gostava que ele estivesse aqui para nos ajudar – Desabafou Bill sem saber para onde se virar.

-Se a situação assim o exigir, vais ver que ele aparece no último segundo. Para ser sincero, por vezes pensei que ele fizesse de propósito, mas a vida levou-me a concluir que ele simplesmente tem talento para aparecer no local e hora certos.

Ouviu-se um estrondo vindo do lado de fora da estalagem. Elliot correu para a porta, com as mãos pousadas sobre as armas de fogo, já preparada para o pior. Havia vários familiares do lado de fora, juntamente com um bando de mercenários que apontavam espadas e armas de fogo contra Bill. A maioria dos mercenários tinha um lobo gigante como familiar. Alguns montavam em cima de cobras enormes, e um ou outro observavam a cena do ar, montados em aves com um bico anormalmente grande e três patas longas.

- Só podem estar a brincar comigo – Queixou-se Bill, preocupado com o número crescente de inimigos.

- Vais dizer que tens medo de alguns quantos monstros? – Desafiou Elliot.

- Até parece – Respondeu, quando os familiares começaram a ficar mais agitados.

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