Capítulo 28: Ninho
Alguns dias se passaram e as coisas iam de mal a pior, Bill e Elliot não trocavam uma palavra entre si, preferiam ignorar a presença um do outro e apenas comunicavam com olhares de desprezo. Agora Elliot fazia questão de ficar perto de Bell e de ter a certeza que Bill via eles a divertirem-se. Ele por outro lado sabia que Elliot fazia aquilo de propósito, mas ver o irmão a dar-se tão bem com ela depois da discussão deixava-o com uma sensação esquisita. Não estava zangado com o irmão e muito menos triste, mas pela primeira vez desde que o avô morreu sentia-se sozinho.
Tanto Doreán como Trei aperceberam-se da mudança no comportamento de ambos, e também de que não podiam fazer nada para os ajudar. Doreán porque detestava intrometer se na vida dos mais novos e Trei porque tinha dificuldade em perceber o que se estava a passar.
-Quem está pronto para finalmente deixar este lugar e seguir viagem? - Perguntou Doreán logo pela manhã e já com um cigarro na boca.
-Finalmente - comentou Bell entusiasmado - o ambiente já estava a ficar meio pesado por aqui - Disse dirigindo o olhar para Elliot e Bill.
Trei já tinha ido na frente juntamente com Crainer. O caminho deles era um pouco mais longo, contudo necessário. Trei e Crainer tinham a função de levar os cavalos por um caminho seguro uma vez que o resto do caminho era demasiado perigoso para levar os cavalos. Trei já tinha partido a algum tempo e se eles não se despachassem iriam acabar por o deixar à espera fora da cova dos uivadores.
Como Trei e Crainer levavam a maioria da bagagem necessária, o grupo de Doreán estava muito menos sobrecarregado o lhes era necessário para atravessar o território dos farejadores.
Doreán não permitiu que nenhum deles trocasse uma palavra com os outros, o silêncio era algo que eles iriam precisar caso quisessem atravessar o território dos farejadores. No entanto, não se mostrou relutante quanto à linguagem gestual que Elliot sugeriu.
-Vamos parar para descansar - anunciou Doreán baixo com o auxilio de gestos pousando a única mochila que trazia e tirando alguns cantis e comida.
Bill ainda afetado pela discussão que teve com Elliot e o irmão sentou-se mais afastado deles. No seu canto tudo parecia muito mais alto, o movimento das mãos fazia-lhe imaginar sobre o que estariam a conversar. Ainda estava chateado com Elliot e recusava-se a tentar reconciliar-se com ela, mas não podia fazer o mesmo ao irmão. Tinha perdido a cabeça com Elliot e havia descarregado em Bell sem motivo e agora que tinha tomado consciência do que fez estava pronto para se reconciliar com o irmão. Levantou-se e viu o olhar de Elliot mudar num ápice, Bell também notou a sua presença, mas com uma expressão convidativa encaminhou-se para o irmão.
-Podemos falar? - Perguntou usando movimentos de sinais.
-Cansaste-te de ficar sozinho - Respondeu-lhe com gestos, provocando uma expressão de desconforto em Bill.
-A sós se fosse possível - Acrescentou quando viu Elliot a aproximar-se.
-Algum problema de falares à minha frente - Apontou Elliot com movimentos rápidos.
Bill virou lhes costas e voltou para o seu lugar observando a expressão vencedora estampada na cara de Elliot. Pensou antes de se voltar a sentar e decidiu caminhar um pouco mais, quanto mais longe estivesse de Elliot melhor era para ele, não aguentava mais ver a cara dela.
À medida que caminhava sentia que o túnel ia ficando progressivamente mais iluminado, havia decididamente alguma coisa acesa no final do caminho. Desacelerou o ritmo do seu passo para ter certeza que não fazia barulho e encaminhou-se para o final do túnel, subitamente a textura do túnel mudou. A textura lisa das paredes do túnel tinha mudado por completo, era agora composta por diversas fraturas e faltavam-lhes vários pedaços, o chão também tinha mudado o piso deixara de ser tão irregular, era quase liso e Bill sentiu-se mais seguro ao caminhar. Avançou ainda mais devagar até chegar ao fim do túnel e aí agachou-se por completo, uma queda de quatro metros era o que esperava a quem anda-se distraído por ali. Bill ainda distinguia alguns ossos dos desgraçados que tiveram o azar de cair ali e ainda mais azar de se encontrarem com uma alcateia de farejadores.
O teto da gruta estava repleto de cristais verdes que ofereciam-lhe luz suficiente para observar com detalhe a enorme alcateia de farejadores adormecida. Pelo corpo trucidado de uma larvas da areia, Bill podia facilmente perceber que tinham acabado de comer, contudo duvidava que eles deixassem um verdadeiro pedaço de carne fugir. Os farejadores não eram a única coisa que chamava a atenção, as várias pontes de pedra naturais que se estendiam pelo teto da gruta até ao chão estavam todas com marcas de garras assim como a parede do túnel. Um espirro, um passo mais pesado, ou uma respiração mais pesada seria o suficiente para os farejadores começarem a trepar as paredes atrás de si. Recuou muito lentamente e mesmo depois de se afastar da borda do túnel optou por gatinhar até se ver um pouco mais afastado daquele monte de morte.
Quando encontrou o grupo já estavam todos a arrumar as suas coisas e ignorando Elliot e o irmão, foi ter direto com Doreán com um olhar muito sério no rosto.
-Explica porque nos levas para um monte de farejadores? - Sussurrou o mais baixo que conseguiu sem deixar de soar irritado.
-Farejadores? quantos? - Sussurrou espantado.
-Sei lá, parece o raio de uma reunião familiar!!! - Exclamou num sussurro irritado.
-Mas não é possível o ninho deles devia ser mais nas profundezas.
-Pois então explica-me o cheiro a cão molhado, e aqueles focinhos pontiagudos queres ver que são gnomos disfarçados - reclamou irritado com a situação.
Doreán não resistiu a dar um sorriso ao imaginar um gnomo mascarado de farejador mas rapidamente se recompôs e avançou pelo túnel num passo rápido assim como Elliot. Tanto Bill como Bell ficavam perplexos com os passos inaudíveis de ambos era quase como se eles não estivessem ali. Bill e Bell seguiram agachados pelo túnel, com medo de fazerem algum ruído, porém não demoraram a juntar-se a Elliot e Doreán que observavam o chão da caverna pensativos.
-Vamos pelas pontes - Gesticulou para o grupo.
No entanto era mais fácil dizer do que fazer, para começar a ponte era estreita e não dava para atravessar a menos que fosse numa fila e para piorar a maioria das pontes não davam aspecto de suportar muito peso o que significava que eles teriam de se separar, ou seja, caso algum deles ficasse com problemas não poderia contar com os outros. Elliot foi na frente sem medo ou receio e atravessou a ponte com um perfeito equilíbrio, passos precisos e leves que fazia Bill lembrar a furtividade e agilidade de um gato selvagem.
Doreán apesar de menos elegante atravessava uma outra ponte muito confiante, no entanto hesitou nem a meio do percurso à espera dos irmãos. Já Bill colocava um pé á frente do outro bem devagar perguntando a si próprio porque estaria a agir assim, na esquecida estava farto de ser perseguido pelos guardas e nunca tivera problemas em manter o equilíbrio quando era necessário, agora o ressonar dos farejadores pareciam-lhe imensamente alto e a sua distância a eles muito menor do que ele pensava. Na sua visão bastava um deles saltar para o apanhar. Bell por sua vez andava um pouco mais rápido do que Bill com os braços esticados paralelamente ao corpo e com o olhar bem fixo no fim da ponte. Embora Bill não percebesse o que se passava consigo, Doreán tirava as suas próprias conclusões. Seria estranho se Bill não ficasse com sequelas depois de ser atacado de uma forma tão violenta por um farejador, especialmente com o risco de perder o braço e a vida.
O sentimento era nostálgico, à cabeça vieram-lhe muitas memórias de quando ainda era rapaz e as tardes que passava a treinar com a sua mestre, pelo menos até aquele fatídico dia ainda se interrogava do que era feito dela mas isso teria de ficar para outra altura. Bill e Bell tinham finalmente apanhado o jeito correto de andar em cima das pontes e caminhavam muito mais rápido, foi nesse momento que alguma coisa pareceu estalar. Todos pararam de imediato congelados pelo medo, até que Elliot se voltou para trás curiosa, enquanto que aos poucos uma expressão de pânico ia tomando a cara de Doreán. Bill levantou o pé muito devagar e depois de dar um passo com a mesma velocidade de uma lesma, levantou o pé de trás e deu outro passo. No final de contas havia sido só um pequeno susto que quase causou um infarto a Bill, contudo alguns passos depois uma única pedrinha separou-se da ponte e de todos os sítio em que podia cair teve logo de ser em cima da cabeça de um farejador, o sono leve foi interrompido quando algo lhe bateu na cabeça. A curiosidade e um cheiro diferenciado do que estava acostumado levou-o a olhar para cima e que tivesse acabado de comer a barriga implorava-lhe por mais um petisco.
Bill começava a sentir-se tonto e com falta de ar, o corpo ficou rígido subitamente, começou a inclinar-se demasiado para o lado direito tentou contrabalançar o peso para o lado esquerdo mas acabara por fazer pior, de cada vez que tentava recuperar o equilíbrio mais distante ficava de o alcançar, começou a agachar-se muito devagar até ficar de cócoras em cima da ponte e com a cabeça quase entre os joelhos.
Bell estava para se virar para trás e ir confortar o irmão, no entanto o medo de que ele ainda estivesse ressentido com a sua discussão fê-lo hesitar. Bell notou pelo canto do olho algo a mover-se muito rápido, por algum motivo Doreán começou a correr pela sua ponte até chegar ao fim e virar para a ponte onde Bill se encontrava. Estava com uma expressão severa no rosto e com a mão à volta do guarda mão da espada.
Percorria a ponte sem um único ruído ao contrário de um par de patas pendentes do teto, sem se aperceberem um farejador havia escalado as paredes da gruta e preparava-se para finalizar o trabalho que o outro farejador havia deixado por acabar. Já a poucos centímetros da cabeça do irmão, Bell viu toda a figura esquelética e calva a reluzir à luz fraca. Já mais calmo, Bill levantou a cabeça deparando-se com um focinho e um par de olhos preto. Bill não teve vontade de gritar ao invés disso perdeu toda a sua cor num instante, ficou pálido e com os olhos fixos naquele focinho carregado de dentes.
O interminável silêncio entre rapaz e besta terminou quando uma flecha atingiu a cabeça do farejador fazendo o crânio estalar e atirando-a de volta para junto dos outros farejadores. Assim que o corpo do seu antigo membro do grupo bateu no chão todos acordaram num ápice e não demoraram para achá-los, enquanto os farejadores subiam as paredes Bill tentava perceber o que tinha acontecido. Elliot estava demasiado longe para realizar um ataque daqueles constatando que Doreán estava á sua frente, o mesmo não podia ter disparado uma flecha apesar de mais perto estava sem arco, só restava Bell e ele bem sabia que o irmão não levava um arco consigo pelo contrário conhecia alguém extremamente irritante que se encaixava na descrição.
-Boa pontaria Stella - Elogiou Bell ao ver Stella com uma expressão travessa ao tirar outra flecha da aljava.
-Não me agradeças, falhei - Respondeu desiludida consigo própria - estava a mirar na criatura feiosa.
-Eu dou-te a criatura feiosa sua velhaca de uma figa - Retribuiu Bill irritado saindo do seu traze, e gritando com ela agora que não fazia diferença já que todos os farejadores estavam acordados.
-De qualquer das maneiras tenho outros alvos para me divertir - respondeu com um sorriso e carregando o arco prateado com uma flecha laranja.
A seta cortou o ar em direção a uma das paredes por onde subiam os farejadores e a meio caminho do alvo dividiu-se em muitas outra flechas que mais velozes que a anterior acertando em várias partes das paredes e derrubando os farejadores que por elas subiam não que isso fosse suficiente. Bill recomeçou a caminhar quando Stella disparou uma outra flecha desta vez roxa que ao atingir a parede soltou uma enorme nuvem roxa que infestou a parte inferior da caverna.
-Bons sonhos - Despediu-se mandando um beijo para o ar.
-Aquilo por acaso é veneno? - Perguntou Bell preocupado.
-Não é uma nuvem do sono, sabes uma coisa das fadas - Explicou muito orgulhosa de si.
-Espera disseste fadas? - Perguntou Doreán preocupado.
-Sim, algum problema? perguntou enquanto Doreán acendia um cigarro.
-É melhor começarmos a correr - Respondeu muito tranquilo mesmo antes de começar a correr loucamente pela ponte gritando a Elliot que começasse a correr.
-O que se passa com ele? - Perguntou Bill.
-Não sei, não achas que ele fuma demasiado - Comentou sem prestar muita atenção à pergunta do irmão.
Algo saiu da nuvem de fumo em direção a eles, Bell teve de saltar para outra ponte rapidamente antes de aquela coisa te-la desfeito. Ao mesmo tempo que a ponte começou a cair também com ela ia aquilo que a derrubou pelo menos era o que esperavam antes de ficarem desiludidos ao ver um farejador com a garras cravadas na parede.
-Vocês os dois são loucos - Comentou Doreán amarrando em Bill e em Bell e colocando um em baixo de cada braço antes de voltar a correr em direção à saída.
-Mas o que se passa? Perguntou a Stella preocupada.
-Eles são farejadores, durante anos foram usados para caçar fadas e depois de tantos anos tornaram se imunes à magia do sono, a única coisa que fizeste foi deixa- lós a pensar que somos fadas.
-Como um humano corre tão depressa? - Interrompeu-o vendo que Doreán excedia as capacidade de um soldado comum.
-Não interessa - gritou com o cigarro quase a cair-lhe da boca - o que interessa é lançar flechas de fogo depois de eu passar com estes dois pelo túnel.
Mais dois farejadores saltaram da névoa que se estendia pelo chão da gruta, empenhados em parar Doreán. O mesmo atirou Bill ao ar deixando livre o seu braço esquerdo e atacando com um soco o farejador que se atirou para cima de si, o farejador perdeu os sentidos ou pelo menos assim parecia, sem querer confiar demais da sorte Doreán desembainhou a espada e dividiu o em dois guardando-a de imediato e apanhando Bill atirando logo de seguida Bell ao ar antes que o farejador o apanhasse. Com uma joelhada bem dada expôs a garganta do farejador, bastou um golpe com o punho para o farejador começar a tossir sangue e Doreán passa-se por cima dele apanhando Bell no caminho.
Bill e Bell batiam palmas baixinho impressionados pela performasse de Doreán, enquanto este corria ofegante com eles debaixo dos seus braços.
Um último farejador quis surpreender Doreán atacando por baixo da ponte mas assim que se revelou Doreán tirou uma faca do bolso e agachou-se deixando que o farejador passa-se por cima dele, quando se voltou para atacar Doreán este deixou cair a faca ao seus pés e chutou-a fazendo pontaria ao olho do farejador. Acertando bem no centro do olho, fazendo uso desta oportunidade Doreán golpeou o cabo do punhal perfurando ainda mais a carne do farejador que logo parou de se mexer. Fitando mais alguns farejadores Doreán conseguiu por fim chegar ao túnel enquanto Stella lhe dava cobertura eliminando o máximo de farejadores que conseguia abater sem acertar em Doreán ou nos irmão, pensou em tirar proveito da situação para acertar em Bill " por acidente", contudo cada vez mais farejadores subiam pelas paredes e teve de largar aquela magnífica oportunidade. Com muito dó disparou uma flecha que passou pouco acima do ombro de Doreán atingiu a cabeça de um dos farejadores derrubando-o por terra.
-Vá lá meninas só mais um pouco - Gritava Doreán depois de entrar no túnel com a esperança que as suas palavras motivassem as suas pernas a correr mais.
-Doreán não sei se serve de incentivo mas tens um farejador mesmo colado a ti - Avisou Bell num tom preocupado depois de se esquivar a mais um ataque.
-Estou a ficar sem paciência, Bell no meu bolso direito a esfera pequena vermelha - Bell remexeu nos vários bolsos de Doreán à procura da esfera vermelha mas por algum motivo não estava a encontrá-la - Bell rápido já sinto esta coisa a cheirar me o traseiro.
-Não esta aqui!! - Respondeu.
-Bill procura do seu lado!! - Ordenou
-Em qual dos bolsos?
-Achas que é altura para isso??? vasculha todos já sinto os pelos de lá de trás a formigar e isso não é bom sinal - gritou em pânico.
-Encontrei - Respondeu surpreendido pela facilidade com que encontrou a esfera.
-Deixa-a cair no chão - Gritou.
Porém com tantos solavancos Bill já a tinha largado e antes mesmo que Doreán lhe disse se o que fazer com ela, Bell rezava para que Doreán não os atirasse a eles como substitutos. Nenhum dos dois estava à espera de ver Doreán com uma expressão tão serena e tranquilizada, talvez porque ele tinha sido o primeiro a notar que o farejador já os tinha parado de perseguir.
-Stella incendeia esses vira-latas - Gritou Doreán mas sem resposta - STELAAAAAAAA!!!!!
-Por favor - completou Bell.
De imediato acendeu-se uma luz no início do túnel e acompanhada dela vários uivos e gemidos tristes e horrendos. Alguns dos farejadores acham boa ideia seguir pelo mesmo túnel que eles, mas um a um foram consumidos pelas chamas mágicas de Stella. Bill criou uma parede de pedra entre o túnel e o fogo impedindo que eles avançassem mais.
-Eu estou velho para isto - Comentou Doreán depois de largar os irmãos e se esticar fazendo a coluna estalar uma ou duas vezes.
-Sério, quantos anos tens afinal, pela forma como lidaste com os farejadores e por esta corrida eu era capaz de apostar que tens trinta no máximo - Opinou Bell enquanto lhe passava o cantil.
-Obrigado mas já lá vão uns bons anos depois dos trinta - disse com uma expressão de convencido.
-Uma curiosidade, o que tinha aquela esfera? - Perguntou Bill.
-Feromônios - Respondeu como se não tivesse importância.
-Fero que? - Tentou repetir Bill completamente alheio à palavra.
-É algo que os atrai basicamente - Continuou ao ver que para Bill o conceito era desconhecido.
-Explica lá porquê bastou uma flecha para aquilo ali dentro virar uma fornalha? - Perguntou Bill.
-Muito resumidamente o pó do sono das fadas é altamente inflamável.
A parede de Bill cedeu depois que as chamas se extinguiram, depois de confirmarem que não havia mais nenhum farejador atrás deles prosseguiram caminho. Stella ainda ficou a divertir-se mais um bocado afugentando os farejadores para longe do grupo, disparando várias flechas para o ar onde explodiram soltando uma intensa luz branca.
*
Andaram por o que lhes pareceu horas até finalmente chegarem a uma parede de metal. Além de cobrir todo o túnel parecia ser bastante resistente e das duas uma ou Doreán tinha um plano ou tinham ido para a um beco sem saída. Bell ficou mais aliviado ao ver Doreán retirar uma das pedras do túnel e meter a mão dentro de um buraco escondido, com um leve estalido metálico a porta começou a mover-se deixando que um cheiro asqueroso invadisse o túnel. Estava fora de questão respirar pelo nariz e pela boca a situação não era muito melhor chegando a dar-lhe vontade de vomitar. Após passarem todos pela porta Bill deduziu que tudo aquele mau cheiro deveria vir daquele canal onde uma água escura e pastosa passava pouco abaixo deles.
-Nunca estiveram num esgoto antes - Sugeriu Doreán enquanto averiguava se a porta fechava por completo e se o cheiro não tinha atraído nenhuma criatura.
-Não, nunca e espero sair deste sítio o mais rápido possível - Respondeu Bell com a mão à frente da boca.
-Logo, habituam-se - Brincou antes de ouvir Bill a vomitar para dentro do canal.
-A primeira vez é difícil - pensou para si próprio, lembrando-se da primeira vez que tinha estado ali, e voltando-se rapidamente para ter a certeza que Bill não se aproximava demasiado da borda que infelizmente era o caso.
Apressou-se a puxá-lo para a beira da parede e apesar de nada ter acontecido nunca se sabia o que se escondia debaixo daquela água suja.
-Agora é só seguirmos pelo esgoto até à cidade, que por sinal não deve estar muito longe - Explicou pegando a dianteira e indicando o caminho.
Apesar de não falarem seguia junto do irmão e de Elliot que parecia ignorar a sua presença assim como o cheiro nauseabundo do esgoto e os ratos que passavam por eles. Bill fitava de vez em quando a água suja tendo sempre a impressão de que vira algo a mexer.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro