Capítulo 23: Cova dos uivadores
Trei seguia à frente com Crainer, com a cabeça quase a raspar no teto baixo da gruta. Por sua vez Crainer tentava aguentar com o peso de Trei e de toda a bagagem numa forma que fora concebida para ser veloz e não resistente, mal tinham conseguido entrar na caverna mesmo com o seu tamanho reduzido.
Doreán estava cheio de pó e mal conseguia ver por onde ia e teve de confiar as rédeas a Bell mais uma vez, enquanto limpava os óculos. Bell também não sabia por onde ir, estava a conduzir o cavalo às escuras á espera que Doreán volta-se ao controlo antes de se acidentar.
-Bell acende uma chama e vê como esta o Bill e o Elliot - Pediu Doreán assumindo novamente o controle das rédeas.
Bell fez o que Doreán pediu e assustou-se quando não viu o irmão ou Elliot atrás deles.
-Desapareceram - Gritou Bell-~.
-Não acredito!!! - Exclamou olhando para trás - devemo-nos ter separado depois do último ataque.
-Temos de os encontrar - argumentou Bell preparando-se para saltar do cavalo.
-Calma aí - impediu Doreán puxando-o pelo braço - O Elliot conhece estas grutas tão bem quanto eu, eles vão encontrar um caminho até nós - Confortou-o.
Crainer perdeu grande parte da sua velocidade, por causa da sua redução de tamanho e pela escuridão dos tuneis, Doreán e Bell aproximavam-se de Crainer agora que o familiar tinha reduzido a sua velocidade. Trei inclinou-se subitamente para o lado esquerdo obrigando Crainer a seguir por um outro túnel, um caminho que ele não tinha se apercebido.
-Trei o que estás a fazer?
-Muitos farejadores á frente.
-Devem estar agitados por causa das larvas - sugeriu Bell.
Doreán colou-se á traseira de Crainer e pediu para que Bell vigiasse as suas costas, atento a tudo o que se mexesse. Devido á enorme confusão lá fora, nenhum dos farejadores parecia os ter notado e julgaram ser seguro acender mais algumas chamas para iluminar o caminho. As chamas iluminavam o chão de pedra cinzenta do túnel assim como a camada de ossos e caveiras que o cobria.
-Por algum motivo é cova dos uivadores e não caverna dos uivadores - Comentou Doreán enquanto Bell tapava o nariz com a mão livre.
Uma barreira verde surgiu á frente de Crainer e de seguida Trei mudou novamente de direção, um farejador saltou sobre a sua barreira arranhando a parede mágica com as suas garras sujas e afiadas. Era como o Farejador da cidade, porém mais pequeno e com saliva a pingar da mandíbula.
-Só espero que eles estejam bem - Pediu Doreán ao nada quando passou pela barreira de Trei e viu o ar ameaçador do farejador.
-Trei encontrar bom atalho - Disse vitorioso apontando para um túnel que descia a pique.
-Agora lembrem-se lá em baixo só podem sussurrar se não passamos á história, e se quiserem ver ponham isto nos olhos - Disse estendendo um frasco a ambos.
-Para que serve - Perguntou Bell.
-Basicamente podes ver no escuro - Explicou muito resumidamente - É melhor apagares a chamas, os farejadores daqui são muito sensíveis á luz.
-Que útil – Disse impressionado.
-Vem de uma planta que nasce por aqui, Clérias se quiseres anotar.
Trei foi o primeiro a descer juntamente com Crainer que ainda contrariado deslizou pelo túnel abaixo. Sabendo que o cavalo não ia descer por pura vontade Doreán tirou dois antolhos de uma das bagagens e colocou-as no cavalo que com um pouco de persuasão lá deslizou pelo túnel. Em outras circunstâncias Bell até podia ter levantado os braços no ar sem se importar com o quão frio e úmido era o túnel, mas desta vez não conseguia, temia pela segurança do irmão e afundava a cabeça nas costas de Doreán.
*
Do teto caiam pequenos fragmentos de pedra que insistiam em cair sobre a cabeça de Elliot. Ficou agradecido uma vez que esse pequeno incômodo ajudou-o a recuperar os sentidos e posteriormente a lembrasse do que tinha acontecido. Estava confuso, com os braços doridos e algo bem pesado por cima si, não conseguia ver nada, mas ao tatear o que estava ao alcance dos seus braços percebeu que o cavalo tinha caído por cima de sí. Lembrou-se que teve de escolher um caminho diferente do de Doreán por causa da larva da areia e se estivesse com sorte não tinha caído muito longe da entrada o que significava que ainda sabia onde estava e qual caminho tomar para se encontrar com os outros. O cavalo levantou-se um pouco e ele conseguiu sair debaixo dele a tempo de Bill o voltar a pousar.
-Como sabias onde estava? - Perguntou-lhe sem nem lhe agradecer.
Bill levantou a mão em resposta, tinha uma camada de eletricidade sobre o braço o que lhe permitiu iluminar o caminho.
-Inteligente, mas agora desfaz isso e coloca isto nos teus olhos - Ordenou-lhe estendendo a mão com um pequeno frasco.
Assim como ordenado Bill desfez o feitiço e aceitou o frasquinho seguindo as instruções de Elliot e colocando um bocado em cada olho, talvez fosse devido á queda, mas ignorou o tom brusco de Elliot ou então porque sentia a hostilidade escondida naquele labirinto subterrâneo. O líquido não demorou a atuar, mas assim que fez efeito Bill conseguia ver os túneis tão distintivamente como se fosse de dia, nem parecia que estava dentro de uma gruta.
-Com isto vai ser fácil encontrar os outros - Comentou Bill mais otimista do que esperava soar, os túneis ecoaram a sua voz e apercebeu-se das centenas de caminhos, com centenas de quilômetros que se prolongavam mais à frente.
-Shshshsh!! - Fez Elliot ordenando para que se calasse.
-Espera e o cavalo? - Lembrou-se subitamente - Ele ainda respira, só precisamos de acordá-lo.
-Ele acabou de parar de respirar, vamos andando - contestou Elliot agitado.
-É que nem penses - Resmungou e deu meia volta em direção ao corpo do cavalo - não vou andar por estes túneis cheios de feras assassinas a menos que seja a uma boa velocidade.
-Não podes fazer nada por ele - Argumentou Elliot dando meia volta para o ir buscar.
-Então observa - desafiou Bill após se sentar junto ao cavalo.
Bill concentrou-se, juntou as palmas das mãos e esfregou-as uma na outra recitando uma fórmula. Ao separar as mãos ambas as palmas estavam cobertas de eletricidade e Bill apressou-se a juntá-las a pele do cavalo que com um salto e a relinchar se pôs de pé, confuso e com medo elevou as patas no ar quase acertando em Bill.
-Eu não acredito no que estou a ver - Comentou Elliot impressionado - Como é possível?
-Não me perguntes a mim, eu foi apenas na fé, o Bell é que sabe como tratar de problemas como este não eu, para ser sincero ainda pensei que ele fosse explodir.
-Ele já fez alguma coisa assim?
-Ele não, mas o meu avô disse que já viu alguém fazer.
-E como correu?
-Não devíamos despacharmos - Respondeu Bill tentando esquivar-se ao assunto.
O cavalo acalmou após alguns segundos e deixou que Elliot o voltasse a montar seguido de Bill. Para Bill todos os túneis pareciam igual, para onde quer que olhasse só via pedras, contudo Elliot não via as coisas da mesma maneira, à medida que o cavalo galopava por aqueles túneis infindáveis Elliot olhava para cada parede como se todas elas fossem um ponto de referência diferente. E antes que Bill pudesse perceber o som dos cascos do cavalo a desgastar o chão de pedra desapareceu.
*
Trei e Doreán prosseguiram o caminho por vários túneis semelhantes, enquanto Bell começava a ganhar náuseas de todas aqueles solavancos e descidas. Doreán ajudou Bell a descer do cavalo e guiou até uma parede onde pudesse vomitar em paz. Crainer também aproveitou para descansar, não se livrando de Trei que pareceu muito apegado a ele.
-Vamos lá deita tudo cá para fora - Incentivou Doreán enquanto dava palmadas nas costas de Bell.
Mesmo que estivesse entretido, Trei não deixava a guarda baixa e levantou duas barreiras para prevenir de serem surpreendidos por um grupo de farejadores.
Bell estava pronto para vomitar de novo, surpreendendo-se pela potência do jato que saiu da sua boca e o fez ir contra o teto e depois contra uma parede. Doreán afastou-se de imediato não sendo apanhado no vômito de Bell por pouco, em vez dele um farejador matreiro rastejou por um túnel escondido no teto e quando se preparava para atacar de surpresa foi apanhado pelo ataque surpresa de Bell e lançado contra a barreira de Trei.
-Isso foi estranho, repugnante e muito malcheiroso, contudo incrível eu nem tinha dado pela presença daquele - Elogiou Doreán por fim.
-Nem eu - contou Bell - isto costuma acontecer quando vomito, mas com tudo o que se passou hoje até me tinha esquecido - Justificou limpando a cara com um pano oferecido por Doreán.
-Podes deixá-lo ali no chão com certeza vai deixar os outros farejadores entretidos - E continuaram o seu caminho.
*
Em outra parte da cova dos uivadores Bill e Elliot moviam-se em silencio, exceto quando o cavalo de se lembrava de relinchar demonstrando o quanto adorava estar vivo Elliot lembrava-o constantemente com a biqueira da bota que podia muito bem ir fazer outra visita ao céu dos cavalos, mesmo que duvidasse da sua existência.
-Vais me explicar como é que ele anda e não faz nenhum barulho? - Sussurrou Bill quebrando o silêncio.
-Não é algo muito interessante - respondeu secamente.
-Olha que eu acho bastante interessante - Insistiu ele.
-É uma magia bastante comum que impede que algo faça barulho, simples como estalar os dedos.
-Então se eu gritar ninguém me vai ouvir - deduziu ele.
-Boa tentativa - Comentou Elliot com um ar de riso por baixo dos panos que lhe tapavam o rosto deixando Bill pasmo - mas não é assim que funciona, tem um alcance muito curto e não funciona com a voz de seres vivos.
-E tu ainda dizes que não é interessante, eu acho que é uma magia bastante útil.
-Se encontrares a maneira certa de usar algo, até a coisa mais insignificante pode ser útil, pelo menos é o que o Doreán diz.
-Responde-me a uma pergunta, porque andas sempre com esse monte de roupas, não morreres de calor aí em baixo quando esta sol?
A pergunta de Bill pairou no ar durante alguns segundos apenas tendo como resposta o silêncio de Elliot, que colocou o dedo indicador a frente dos lábios ordenando-lhe que não fala-se. Retirou duas espadas curtas debaixo do monte de roupas que o cobria, o cavalo começou a andar mais devagar, depois a trote até que por fim parou.
Elliot levantou as espadas muito devagar em posição de ataque e saltou do cavalo, Bill imitou-o e tirou de imediato o punhal da bainha. Com a mão livre começou a fazer movimentos circulares com os dedos e pequenas esferas de vento começaram a juntar-se na ponta dos seus dedos. O cavalo ainda confuso com a atitude de ambos recuou com medo para uma fenda de onde não tinha ideia de sair.
-Deixa me adivinhar eles encontraram-nos - Previu Bill num sussurro.
-Achas que me daria ao trabalho de parar o cavalo caso não tivesse certeza? – Respondeu nervoso.
Elliot calou-se imediatamente ao ouvir um rosnado ameaçador vindo de um lado do túnel. Bill também tinha algumas complicações: duas cabeças carecas e cinzentas apareceram atrás deles, os corpos esqueléticos e as patas cumpridas causavam-lhe arrepios na pele, e a desproporção entre a cabeça e o resto do corpo deixava-o agoniado.
-Isto vai ficar um pouco agitado - Avisou Elliot.
-Á sério, o que te deu essa impressão - Comentou sarcasticamente.
De espadas erguidas Elliot estava pronto para o que desse e viesse, menos para as pingas de baba que caíram nos ombros de Bill.
-Que...nojo - Hesitou Bill entre as palavras antes de um quarto farejador cair do teto e separá-lo de Elliot diretamente para os outros dois farejadores.
Bill não deu hipótese de entrar num confronto de dois para um principalmente num espaço tão pequeno e lançou as esferas de vento contra os farejadores, o primeiro esquivou-se do seu ataque e correu ferozmente na sua direção. Por sorte, o segundo farejador não reagiu a tempo do ataque de Bill sendo perfurado de um lado ao outro. Bill tentou mirar no outro farejador, mas este saltava do chão para as paredes, pendurava-se no teto ou rastejava pelo chão como uma cobra, como se soubesse o que Bill iria fazer.
Elliot por outro lado estava-se a sair um pouco melhor do que ele. Uma espada para cada farejador, apesar do ataque surpresa vindo do teto conseguiu-se esquivar facilmente o que não aconteceu com os restantes ataques.
Os farejadores continuavam a pressionar Elliot esperando uma oportunidade para atacar. A combinação entre a fome e o cheiro de carne humana jovem atiçou-lhes os instintos e a barriga, esfomeados atacaram Elliot mesmo ela estando armada.
Um dos farejadores saltou para cima de Elliot com a boca totalmente aberta, acabando por espetar os dentes numa da espada e as patas na outra, o segundo farejador atirou-se para a parede e lançou-se novamente na sua direção apontando as pernas da sua presa. Elliot empurrou o farejador para trás e tentou golpeá-lo, mas apenas conseguiu acertar numa das patas. Antes que o outro farejador o atacasse girou sobre os seus calcanhares para se desviar e aproveitou para balançar as espadas sobre o seu cumprido pescoço. A cabeça separou-se do corpo em instantes e rolou até Bill.
Estava deitado de barriga para o ar com farejador por cima dele a tentar arrancar-lhe a cabeça com dentadas poderosas. O punhal era a única coisa que impedia o farejador de espetar as suas garras no peito de Bill e enquanto isso com a mão livre Bill tentava procurar algo que o ajudasse. Acabou por amarrar numa pedra que usou para golpear a boca do farejador quando este mais uma vez tentou atacar a sua cabeça.
O farejador ganiu, quando o dente saltou da sua boca, Bill juntou os joelhos ao troco e deu um poderoso pontapé na barriga do farejador tirando-o de cima de sí e criando alguma distancia, agora sem ter de se preocupar com as patas do farejador em cima do seu peito lançou-se contra o animal cravando o seu punhal no crânio da fera. Levantou-se mesmo a tempo de ver Elliot a voar pelas paredes do túnel na sua direção sendo seguido pelo outro farejador que apesar de mais lento por causa da ferida na pata ainda demonstrava bastante agilidade. Com mais um feitiço Bill fez o chão por baixo dos pés de Elliot mover-se afastando-a do farejador antes deste saltar mais uma vez na sua direção, mas ao invés de ter de lidar com duas lâminas viu-se confrontado com um enorme punho de pedra. Um soco na mandíbula foi o suficiente para fazer o farejador girar no ar em agonia antes de Elliot o dividir em dois com um golpe duplo.
-Tu sabes mesmo utilizar essas coisas - Disse aproximando-se dele e vendo o corte perfeito na carcaça do farejador - Bill levantou o braço com os dedos esticados, tentando ser mais agradável como o irmão havia sugerido.
-Passei muito tempo a treinar com elas, torna-se difícil mirar quando o alvo não para quieto - Respondeu olhando com desconfiança para Bill.
-Não me vais deixar pendurado, pois não? - Incentivou aproximando mais o braço dele.
-Como queiras - Elliot desistiu e acabou por cumprimentar Bill.
-Vês não foi ......BAIXA-TE - Gritou empurrando Elliot para o lado.
Ao princípio Elliot não percebeu o que se passou, mas assustou-se ao ver a figura de um quinto farejador a cravar os dentes entre o pescoço e o ombro de Bill. Houve um segundo de hesitação por parte de todos. Elliot demorou a perceber o que estava a acontecer, o farejador demorou a perceber que mesmo não sendo a presa que tinha em mente também tinha carne macia e deliciosa, e Bill demorou apenas um instante a sentir a dor.
O espasmo de dor fez Bill berrar tão alto que o próprio farejador se assustou, mas não o largou por um segundo que seja, era o primeiro pedaço de carne que via há semanas. Bill continuou a berrar o mais alto que podia, em pânico largou o punhal e tentava a todo o custo abrir a mandíbula do farejador. Tentou-se libertar dele empurrando e dando-lhe socos, mas a única coisa que fez foi contorcer-se e cair no chão com aquela coisa em cima de si.
Dos dentes do farejador jorraram vários espirros de sangue enquanto cravava os dentes ainda mais fundo na carne de Bill e balançava a cabeça para os lados tentando arrancar a carne deliciosa. Elliot levantou-se apressadamente do chão e com a espada em punho procurou o pescoço do farejador, mas sem sorte o pescoço estava encolhido e não adiantava tentar golpear a cabeça poderia acidentalmente ferir Bill. Não podia perder tempo, a pele de Bill estava para lá de desfeita e o braço não ia aguentar muito mais. Começou a golpear o farejador várias vezes nas costas, mas nem com isso ele largou Bill, estava mesmo decidido em arrancar-lhe o braço. Mastigando aos poucos a carne de Bill, sacudindo-a para os lados com mais força e tentando-a arrancar aos puxões, o cérebro de Bill era constantemente atingido por novas descargas de dor uma pior que a outra, sentindo a carne a ser descolada dos ossos enquanto cortava os dedos ao tentar coloca-los entre os dentes do farejador tentado futilmente abrir-lhe a boca.
Bill sentia o seu sangue a escorrer pelo braço, a manchar-lhe as roupas, uma sensação intermitente entre quente e frio, continuou a bater no farejador desesperado e gritando a plenos pulmões. O seu corpo paralisou por um segundo quando sentiu algo ainda pior que a carne a ser mastigada, as presas do farejador apanharam-lhe o osso e o seu corpo ficou descontrolado, sem tempo ou concentração para usar magia, abriu bem a boca e com um único puxão arrancou a orelha do farejador. Nada obstante com a perda da orelha, pois tinha um monte de carne à sua frente pronto a ser devorado continuou a rasgar a carne de Bill.
-Vai á merda seu cabrão - Bill não tomou meias medida e com a mão em formato de faca espetou-a no olho do farejador que embora tivesse parado de triturar a sua carne não o tinha largado - espero que queimes lá em baixo - Berrou ainda mais alto antes de um raio percorrer o seu corpo e entrar na cabeça do farejador pela mão de Bill.
Aquilo não era feitiço algum, mas o efeito que o desespero de ter a sua carne, ossos e sangue arrancados de sí por um animal selvagem. A magia no seu interior colapsou e escapou do corpo de Bill em forma de energia.
A cabeça do farejador explodiu do lado oposto ao que Bill tinha espetado a mão, pintado toda a parede cinza com o sangue esverdeado daquele farejador. Elliot tirou o corpo morto do farejador de cima de Bill e sentiu a pior náusea da sua vida, a pele de Bill estava completamente destruída no sítio onde o farejador tinha cravado os dentes alguns por sinal ainda estavam espetados em Bill. Eram quase três palmos de pele que se tinha tornado em carne viva e surpreendentemente Bill ainda estava vivo. Elliot ajoelhou-se ao lado dele e antes que perdesse a consciência viu Elliot a tirar várias ligaduras debaixo daquele monte de roupas.
-Ligaduras? - E desmaiou.
Elliot tinha ignorado a perda de consciência de Bill as ligaduras não iriam chegar para travar o sangramento. Começou a tirar algumas peças de roupa e atá-las junto ao pescoço tapando a ferida, não podia arriscar a fazer um torniquete se ele tivesse o osso partido só iria fazer pior.
O sangramento começou a abrandar depois que Elliot enrolou o braço de Bill com algumas peças de roupa. Levantou-se e pôs dois dedos á boca e soltou um assobio para chamar o cavalo que depressa saiu do seu esconderijo e foi ter com ele. Primeiro tentou deitar Bill em cima do cavalo, mas não muito seguro de que aquilo resulta-se fê-lo sentar-se no cavalo com ele atrás segurando as rédeas. O cavalo entrou numa corrida desenfreada assim que Elliot estalou as rédeas.
O sangue pingava do braço de Bill deixando um trilho de gotas de sangue atrás deles e por consequência da falta de controlo o braço balançava de um lado para o outro respingando as paredes, sinais que Elliot poderia ter-se livrado caso não estivesse mais focado em levar Bill vivo para o abrigo.
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