• você é a minha estação favorita
Pedacinho por pedacinho daquele lugar, tudo me lembrava você. Porque tudo tinha você. Porque tudo era você. Quando parei por um instante e me perguntei qual a razão de tamanha familiaridade, percebi o motivo em claro, alto e bom som na minha mente: quente.
Você é quente como o verão, Kim.
Quente como amor de novela, citações de minhas músicas prediletas, como um novo personagem literário que acaba de ganhar vida bem na minha frente. Pertinho de mim. E contornando tua pele sinto essa sensação gostosa, morna, aveludada. É tão bom poder tocar você. E te olhando agora, cara a cara, vejo a forma em que seus olhos conseguem sorrir, dizendo mil palavras. Mil palavras em um só olhar, esse teu bendito dom.
Eu sempre costumava dizer pra mim mesma: depois das ondas do mar e dos anéis de saturno, o brilho dos teus olhos é a coisa mais linda que Deus criou.
E de fato, é sim. Belo, Kim. Você é todo belo. Escuto tua gargalhada enquanto corre na minha frente, e escuto as notas musicais junto com tua voz. Te seguindo por onde você for, é como estou agora. E se eu puder, estarei assim pra sempre, contigo. Seus fios de cabelo eram tão leves sob o vento conforme você corria, e eu conseguia ouvir a alegria na tua voz as poucas vezes que você parava de correr só pra que eu te alcançasse. E então, quando sua mão se entrelaçou com a minha, novamente aquela mesma sensação: quente.
Porque você é quente como o verão.
E não, nem a areia em meus pés era tão quente quanto a sensação de triscar na tua pele. Você me dá um formigamento interno, uma vontade imensa de gritar o quanto te amo. Ah, sim, te amo. Jamais duvide disso. Te amo da mesma forma em que o sol ama o mar todas as manhãs. E da mesma forma, te amarei por todos os verões que se seguirem depois desse também.
Correndo, correndo e seguindo em frente. Eu sentia o arder do sol na minha pele mais aquela sensação do vento gelado batendo em meu rosto. E então, tão rápido quanto começamos, paramos de correr. E mesmo assim, as gargalhadas não cessaram. Com as mãos apoiadas no joelho, você recuperava o fôlego e ao mesmo tempo olhava tudo em volta. Estávamos bem no meio daquela praia solitária, com os coqueiros e o mar de testemunha das nossas loucuras.
Quando já estávamos frente à frente para o mar, vi que você encarava aquela imensidão azul com paixão nos olhos. Fiz uma nota mental de sempre te apreciar olhando para o mar daquela forma, como um admirador secreto. Em seguida, seus olhos desceram para a areia e um sorriso brotou de seus lábios. Uma ideia se passou por mim sobre o que se dizia em sua cabeça, e tu apenas me confirmou com palavras o que eu já sabia:
— Eu tenho certeza que deve ter muitos deles por aqui... — Seus dentes mordiam seu lábio inferior enquanto você analisava todo o chão ao seu redor. Eu ri, encantada por essa tua forma simples de sorrir ou de achar algo para fazer. É que você tem o dom de se contentar com tão pouco, que me sinto feliz de pensar que sou suficiente para você. Ou pelo menos, espero que eu seja. Mas se eu puder dizer em palavras, Kim, você é muito mais que suficiente pra mim.
Porque você é quente como o verão
— Talvez possam estar mais perto da somb...
— Achei! — Quando olhei para teu lado, você já estava com o pequeno bichinho em mãos. O caranguejo era pequenino, e provavelmente achou sua mão mais macia do que as pedras em que ele estava enfiado no meio, pois se quietou bem no instante em que você o pegara. — Ele não é precioso?
Você é o ser precioso aqui, Kim.
— É uma graça. — Sorri. Você consegue ser tão peculiar que me assombra. Me assombra essa tua forma de humano, forma de menino e áurea feliz que te contorna. Eu sou tão, tão grata por poder amar cada uma dessas tuas formas, Joon.
Por um instante, olhei ao redor. Pássaros voavam no céu e eu conseguia sentir o vento gelado que vinha das ondas bem aqui, de onde estamos. Fecho os olhos e mentalizo minha real situação: o verão e você. Eu tenho os dois agora. E quando abro os olhos e vejo você conversando com o caranguejo como se ele entendesse tudo, apenas agradeço por ter-te aqui. Sim, por te ter, agradeço por isso. É que tudo se torna tão mais fácil quando você está aqui. Quando eu não tenho que te ligar para perguntar do teu dia, quando não temos que fingir que não existimos um para o outro. Tão mais fácil quando não estamos distantes. Ah, sim, é maravilhoso te ter aqui.
Você coloca o bichinho de volta ao chão como se ele fosse se quebrar, e então bate as mãos na calça pra tirar a areia. E olhando para o céu assim como eu fazia a instantes atrás, você sorri de novo. Amo estudar suas formas, sabe amor? Amo ver tua forma de lidar com o mundo. Como coisas singulares são simplesmente perfeitas para ti. Eu amo isso. E então, olhando para mim novamente, tu apenas me estende a mão e eu entendo o recado.
Novamente, quente. Aquela sensação de tocar-te me domina e eu mordo os lábios. Não importava a forma em que o sol dourava nossa pele agora, eu sempre amaria o quente amor que vem do teu toque.
E era quente, você era quente como o verão.
E enquanto caminhava comigo em direção ao mar, eu ria. Não por qualquer motivo, mas ria do nosso jeito desengonçado de seguir em frente. Como em uma corda para andarmos equilibrando, nosso amor balançava para lá e para cá. Mas nós conseguíamos prendê-lo junto conosco bem aqui, entre nossas entrelinhas.
A água gelada toca meu pé, e aquela sensação eufórica contornou meu ser. Era tão bom. Estar aqui me dava sensação do novo, coisa boa. É como comer uma maçã bem docinha ou beber uma vitamina bem gelada, sabe? E enquanto você segurava minha mão, eu só sabia descrever o contraste da água gelada nos meus pés e do toque quente que vinha da sua pele. Não importava se fosse inverno, primavera ou outono. Para mim, seu toque sempre seria quente, sempre seria casa.
É que você é o verão, amor.
É o meu verão. Que guia as águas geladas do meu mar na areia, que concerta meus caminhos. Limpa meus céus à noite para melhor ver as estrelas, cuida de mim em cada detalhe mínimo. É que eu te amo, sabe? E cada ação tua, cada gesto, cada cuidado teu, cada forma que te contorna faz meu coração palpitar.
Esse teu sorriso travesso me faz imitar teu gesto. Não estávamos tão fundo, mas o suficiente para a água bater pouco acima dos meus joelhos e bem no meio da tua canela. Me afastei pelo mero instante em que você se abaixou, mantendo esse seu sorriso sacana no rosto.
— Não se atreva... — Tarde demais. Como se eu nada tivesse dito, sinto a água me molhando por completo enquanto você aproveitou que a altura me faltava em relação à ti, e me puxou mais para o fundo. Teus braços me seguraram enquanto me puxava, e eu não sabia reagir de outra forma à não ser rindo.
Mas, antes que teu plano se desse por feito, puxo teu pulso comigo. E quando subo minha cabeça para fora d'água novamente, te vejo deitado, com a camisa encharcada. Uma gargalhada escapa de meus lábios automaticamente, e vejo você segurando tua risada também. Olhei rápido para ti e percebi que você ainda estava mais seco que eu, nada justo. Aproveitei-me de tua cara que ainda recebia a vingança e coloquei minhas mãos sob teu peito, te afundando e molhando-te mais.
Gargalhadas pareciam melodias ao sair de seus lábios e tudo o que fiz foi rir em conjunto. Tu me puxou mais para perto e esperei que tu me afundasse novamente, mas tudo o que senti foi um abraço teu. Quente. Confortante como voltar para casa. Me puxando para teu colo, eu só pude te abraçar mais forte. Seus abraços são um convite para passar a vida ali, sorrir ternamente até quando pudermos. Senti tua respiração no meu torso molhado e céus, é tão bom te sentir. Sentir você perto de mim. É que a gente fica tão bem quando estamos juntos, seja nesse nosso modo engraçado que temos de seguir ou nas brincadeiras sem sentido. Amo ver-te aqui, aguentando as histórias que inventei enquanto você esteve fora, morando nos meus carinhos. Amo quando me deixa, por poucos minutos, cuidar de você. É a melhor sensação de todas.
Me afastei apenas o suficiente para encostar minha testa na sua. Levei minhas mãos à tua face e deixei um carinho singelo ali, onde tuas covinhas habitam. Beijei com ternura cada uma delas, e então beijei teus lábios. E como sempre, quentes. A melhor sensação do mundo. As borboletas ganhavam vida em meu estômago e tudo o que eu queria era mais de nós. Mais no sentido de durar, para sempre. No sentido de que para sempre teremos esse calor interno, mesmo que a temperatura seja a mais baixa no inverno. Porque para sempre teremos verão, e sei que o sol do teu coração vai estar sempre aqui para aquecer meu peito.
— Kim? — Chamei por ti, olhando nesse imerso castanho do teu olhar.
— Estou aqui.
— Sabe que eu amo o verão?
— Por quê? — Me perguntou sorrindo. — Não acha quente demais?
— É que você é o meu verão, Nam. E eu amo todo esse calor que vem de você. — Levantei sua mão para fora d'água e pude ver nossos dedos se entrelaçarem, como se completassem uns aos outros, da mesma forma que as águas cobrem o mar.
E ali, naquela tarde de quarta-feira, nós sorrimos juntos falando besteira, amando todo aquele imerso que ia e voltava de mim para você. Definitivamente, minha melhor estação era você, porque você é verão.
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