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capítulo quatro.

Ai... — gemo de dor ao sentar na cama, uma pela dor de cabeça e a outra... Lá em baixo.

— Bom dia senhor "tô de fogo". — Jungwon fala me fazendo olhar rápido para ele. — Conseguiu completar seu "beber até ficar louco" da lista.

— Pois é... — massageio minha testa.

— Toma isso aqui e vai escovar os dentes, te dei banho ontem já que você não conseguia fazer isso. — riu me dando um copo e um remédio, em seguida saiu do quarto.

— Obrigado! — gritei para ele ouvir e me arrependi de imediato ao sentir minha cabeça latejar por isso. Tomei o remédio e fui preguiçosamente ao banheiro fazer minha higiene, a dor lá de baixo poderia ter sido pior, mas agradeci por não ser e só estar ardendo um pouquinho.

— Sua dor de cabeça eu resolvi, mas essa daí acho que não consigo fazer nada não. — sou recebido por esse comentário debochado de Jungwon quando cheguei na sala.

— Eu estou mancando? — pergunto olhando para baixo.

— Está. — sorri de lado.

— Nem percebi. — dou de ombros e sento no sofá.

— A noite de ontem foi boa então?

— Foi... Mas hoje me fodi. — arrumo meus cabelos para trás. — E você fez alguma coisa ontem?

— Bebi mais um pouco aí o Niki sumiu no bar deixando só eu e o Jay sozinhos, até que ele tomou a iniciativa e me beijou... — falou desviando o olhar para qualquer canto da sala quando o olhei na velocidade da luz.

— Não brinca... — digo boquiaberto.

— Não estou. — riu e abaixou a cabeça.

— Meu deus você está tão fofo apaixonadinho! — brinco me aproximando dele, parecendo uma criança zoando a outra.

— Não estou nada! — gritou rindo e me afastando de si. — Foi só um beijo, nada de mais, ele nem vai se lembrar talvez.

— Com certeza ele estava menos bêbado que eu já que bebi mais, ele vai se lembrar e eu espero que vocês conversem como adultos e sejam felizes para sempre depois, é isso. — falo como se tivesse feito um discurso importante e me levanto para ir à cozinha, porém minha perna por um momento falha e eu quase caio. — Porra.

— O cara tinha uns 30 centímetros de rola ou você que é muito sensível? — Yang me pergunta.

— Vai se foder! — falo por fim indo para cozinha e ouço a risada dele.

( . . . )

— Será que a Vivi vai se dar bem com o gatinho que vou adotar? — questiono andando ao lado de Jungwon que parecia um idol pela roupa que estava vestindo.

Estamos indo a pé para um pet shop que tem adoção de animais disponível também, eu já estava animado desde que terminei meu café da manhã, e claro que arrastei Jungwon comigo.

— Claro que ela vai, né princesa? — diz para ela em um tom fofo, ele a trouxe para passear já que faz um tempo que não faz isso.

— Ugh. — mostro a língua para ele que levanta seu óculos escuro e me fuzila com o olhar.

— Ela vai se lembrar disso, tá? — comenta sério e volta o óculos para o lugar, continuando a andar, dessa vez, mais na frente e sem mim.

— Aish como você é chato, eu só estou brincando! — rio abraçando ele de lado, andando até o pet shop assim.

O Pet shop Park's era o melhor, segundo as votações, e o maior dali quando chegamos e vimos a parte de fora, agora entendi o porquê é o mais recomendado para levar seu bichinho, de bônus eles ainda adotam e não vendem, sim estou puxando o saco mesmo.

Entramos quando a porta automática abriu e vimos de cara aquele paraíso para os bichos e satisfação para meus olhos, Vivi enlouqueceria ali, já estou até vendo.

— Você não deveria ter trazido ela. — dou risada ao ver a cadelinha querendo correr para dentro logo.

— Muito pelo contrário, eu deveria ter trazido sim. — se deixou levar e foi sendo puxado pela mesma para qualquer lugar que ela quisesse ir.

— Ya! Temos que ver meu gatinho! — protesto.

— Daqui a pouco Sunoo. — fala dando um sorriso forçado e some da minha vista, já que Vivi foi para as prateleiras de ração.

— Muito mimadinha mesmo. — reviro os olhos bufando e vou atrás deles.

Depois da enrolação por parte da cachorrinha, e Jungwon pegar a ração que ela queria, fomos até a área de adoção escolher finalmente meu gatinho. Nos aproximamos e vimos alguns funcionários fazendo carinho em alguns, dando comida e mostrando para uma mãe e um filho os que eles tinham, eram muitos, haja ração hein?

— Jake, traga mais água, por favor! — ouço alguém dizer alto.

Espera, eu conheço essa voz... Puta que pariu é a do Sunghoon!

Não é possível que me encontrei com ele de novo! Deve ser o destino querendo que eu fique com ele, não é possível!

— Uh, olha seu namorado. — Jungwon aponta com uma mão já que com a outra segurava a coleira de Vivi.

— Ele não é meu namorado! — piso forte no chão e digo um pouco alto sem querer, chamando atenção de quem eu não queria: Sunghoon.

— Sunoo! — ele sorri e se levanta vindo até mim. — Tudo bem?

— Tudo sim. — faço o mesmo de uma forma tímida. — E você?

— To bem sim, mesmo trabalhando duro aqui. — limpa a testa com o dorso da mão.

— O que? Você trabalha aqui? — Jungwon pergunta chocado.

— Sim.

— Eu venho aqui de vez em quando e nunca te vi. — Yang continua.

— Deve ser porque você veio quando meu irmão fica, eu revezo com ele. — explica. — Nós dois nos formamos em veterinária e seguimos com a linhagem da família.

— Isso é muito interessante. — falo todo bobo por ele ter se formado no que sempre sonhou.

Eu sabia que ele queria veterinária por ter estudado com ele dois anos seguidos, e nunca vi ele mudar sua resposta quando perguntavam que faculdade iria fazer. Já eu era super indeciso e mudava quase sempre, no final fiz marketing e odeio tudo.

— Bom, vieram apenas comprar ração ou querem adotar um gatinho também?

— Os dois. — Jungwon fala. — Sun quer adotar. — aponta para mim.

— É. — sorrio sem graça.

— Já que estou um pouco livre agora eu posso te ajudar, entre aqui e veja. — abriu a portinha do "cercadinho" e eu entrei.

— Vou dar mais uma volta por aqui com a Vivi e depois você me encontra. — meu amigo fala e eu concordo depois de olhar para ele.

— Ele é seu namorado? — Park pergunta enquanto andamos cuidadosamente no meio daquele tanto de gatinhos, que esfregavam suas cabeças e corpinhos nas minhas pernas.

— Oh não, o Jungwon é meu melhor amigo. — dou risada.

— Ah sim... — disfarça pirragueando. — Qual gatinho quer?

— Quero um preto. — olho em volta vendo vários de diversas cores.

— Que tal se sentar e esperar até que um venha? Os que tem aqui são meio tímidos e ficam escondidos. — ri.

— Tudo bem.

Me sento e Sunghoon faz o mesmo, só que na minha frente, alguns gatinhos vieram me cumprimentar e depois iam embora brincar ou comer em outro lugar.

— Oh, tem um vindo. — aponto para um gatinho preto que tinha o olhar de felino mais chamativo de todos.

— Acho que ele já achou um dono. — sorri olhando para o animal que se aproximava de mim.

— Meu deus! — sorrio ao ele vir para meu colo, pego o mesmo e coloco de frente para o meu rosto. — Você quer ser meu Jiji? — sorrio e ouço ele miar e tentar colocar a patinha em meu rosto.

Ele não parecia ser o gato mais manhoso do mundo, mas aceitando ser meu Jiji eu não me importava com o resto, só iria cuidar dele até o resto da minha vida.

— Você seria a Kiki? — Sunghoon me pergunta enquanto sorri.

— Já viu Studio Ghibli? — pergunto de olhos arregalados.

— Com certeza! E é uma boa escolha ter um Jiji. — falou enquanto fazia carinho em um gatinho branco com listras laranjas.

— Qual seu favorito?

— O mundo dos pequeninos, e o seu?

— Ponyo. — respondo animado. — Foi meu primeiro, tenho um amor imenso.

— É uma fofura mesmo. — riu. — Então vai ser ele mesmo?

— Sim! Fiquei feliz por achá-lo. — comento, me levantando com meu novo animalzinho de estimação nos braços.

— Também fiquei feliz por você achar. — se levanta também. — Quer uma consulta rápida com ele? É por conta da casa.

— Não vai ser muito abuso? — pergunto.

— Claro que não, além de que sempre fazemos isso com todos que são adotados, para não dar problemas e eles ficarem doentes. Mas já que você é um conhecido meu, e ainda me deu aquela flor, eu faço de graça para você.

— Tudo bem então. — dou um sorriso largo, ele se lembra ainda da minha flor.

— Me siga.

Park me levou até a área onde faz as consultas com os animais e entramos na sala dele, ele me pediu para deixar Jiji em cima da mesa e logo começou a examinar o gatinho.

— Ele está saudável e isso é muito bom, sem pulgas também... — disse e me olhou. — Se ele acabar pegando alguma vez, você pode comprar um remédio que vendemos. E qualquer outro problema traga ele aqui, que eu ou meu irmão iremos atender você.

— Certo, muito obrigado Sunghoon. — sorrio agradecido e faço uma leve reverência. — Pode me dizer a idade dele e qual ração devo comprar?

— Claro, vamos para a área de ração.

Descemos e fomos até as prateleiras com rações, apenas de gatos, de diversas idades. Hoon me disse que ele está com um ano de idade e me mostrou várias rações para essa idade, comprei a que ele recomendou e que não era cara, ainda bem, já que eu ainda tinha que comprar os potinhos e a areia dele.

Comprei tudo que meu gatinho precisa e Jungwon brotou do meu lado quando eu estava no caixa pagando tudo.

— Que bom que achou, que nome deu?

— Jiji. — beijo a cabeça do gatinho que não saiu dos meus braços em nenhum momento.

— Se for pra copiar, que pelo menos não seja igual, né? — me alfinetou com uma cara de convencido.

— Eu não te copiei seu idiota! O meu é muito melhor que o que você escolheu, tá? — se eu pudesse teria batido nele ou cruzado os braços.

— Sei. — riu me provocando.

— Só não te bato porque estou com meu mundo nos braços. — dou uma cotovelada leve no braço do Yang, que reclama em seguida. — Fica quieto e me ajuda a levar as sacolas.

Claro que ele reclamou mais, mas depois pegou duas e eu fiquei com uma, quando iríamos sair do pet shop ouço uma voz me chamando, então olho em volta procurando se é comigo, era mesmo e vi ser Sunghoon quem me chamava, que agora estava vestindo um jaleco.

— Sun, preciso falar com você rapidinho! — parou perto de mim depois de correr até aqui.

— Pode falar.

— Queria saber se... Se você quer ir tomar um café comigo mais tarde, meu irmão vai ficar agora então vou estar livre. — coçou a nuca meio sem jeito.

Ok Sunoo, não surta! Apenas surte internamente para ele não pensar que você é um idiota.

— Claro, eu quero sim. — assinto sorrindo, e por eu ter aceitado, ele sorri também.

— Me encontre na cafeteria Lee's às três horas, combinado?

— Combinado! — falei por fim e saí do local com Jungwon.

— Seu pedido de casamento está cada vez mais perto, hein? — Yang diz. — Ele está muito na sua.

— Não está nada, ele deve ter ficado feliz de ter achado alguém que estudou com ele, só isso. — aperto um pouco mais Jiji em mim para não ter perigo dele fugir e também como um conforto para mim.

— Se ele não estiver afim, não teria o porquê te chamar para um encontro. — sorri de lado me olhando.

— Não é um encontro, Jungwon. — reviro os olhos. — Eu e você podemos até achar mas não sei se ele vê como um encontro.

— Você só vai saber quando conversar com ele, então vá bem bonito e não seja idiota. — me diz gesticulando.

— Não sou você. — faço um "duh" e mostro a língua.

— Agora vou te amaldiçoar, você vai ver!

— Uuh que medo. — dou risada e ando na frente.

Chegamos em casa então coloquei as coisas do Jiji no lugar e deixei ele conhecer a casa enquanto fui ajudar Jungwon com nosso almoço, de primeiro contato Vivi e ele se estranharam um pouco, mas não teve nada de brigas e arranhões por todo lado, menos mal.

Almoçamos, e quando estava perto das três da tarde eu comecei a me arrumar. Obviamente eu não iria todo produzido, até porque eu iria apenas num café e não em uma balada ou evento.

Peguei a primeira roupa que vi na minha frente: uma calça jeans, uma blusa branca, uma blusa xadrez azul que ficaria por cima da branca e um tênis branco, realmente muito básico mas não deixava de ser bonito.

Passei um gloss na minha boca e o guardei no meu bolso da frente da calça, porque eu tenho certeza de que usaria ele de novo mais tarde.

Me despedi dos três e deixei Jungwon cuidando de Jiji. Com tudo em mãos, fui a pé já que não tinha carro e não precisava naquele momento, pois o café era perto e eu sabia disso ao passar nele as vezes antes de ir trabalhar.

Cheguei em dez minutos e Sunghoon não estava lá ainda, como sempre eu chegando antes por ter medo de me atrasar e quase dar um bolo na pessoa, peguei uma mesa para gente e esperei enquanto olhava o cardápio.

Todas as opções pareciam boas e eu queria pedir tudo, mas já que não sou rico não irei gastar meu salário com isso. Eu estava tão concentrado no cardápio que nem notei Sunghoon chegar e falar comigo, acabando por eu me assustar um pouco ao ouvir sua voz perto do meu ouvido.

— Te assustei? Me desculpe. — riu e se sentou em minha frente.

— Ah não, está tudo bem. — sorri e abaixei o cardápio.

— Demorei?

— Não, eu cheguei faz pouco tempo, então... — dei de ombros. — O que vamos pedir?

— Bom, eu gosto muito do macchiato que fazem aqui, acho que vou pedir esse e uma torta.

— Vem sempre aqui? Disse tudo sem nem olhar o menu.  — comento uma observação.

— Sim, eu sempre venho muito aqui, e por gostar da bebida sempre peço a mesma. — apoia um braço na mesa e a bochecha na mão. — E você?

— Eu venho de vez em quando, mas sempre mudo o que quero beber então nunca decorei os nomes, tenho que sempre olhar. — ri e ele faz o mesmo.

Sunghoon estava muito bonito com aquele cabelo castanho com suas ondulações naturais, eu amava aquele cabelo em si e até falaria para ele, mas ainda sinto que não temos muita intimidade para isso e eu também fico com muita vergonha de falar assim diretamente.

— Oh, agora que percebi estamos quase combinando. — disse surpreso olhando para nossas roupas.

Ele estava com uma blusa xadrez igual a minha só que da cor vermelha, até completaria dizendo que estamos parecendo um couple, mas não são das mesmas cores e eu estaria sendo iludido demais, porém eu adoraria combinar as roupas com ele ou até mesmo usar as dele. Sério.

— É mesmo! — falo.

— Estamos quase parecendo aqueles couples. — Sunghoon diz, fazendo meus olhos se arregalarem e meu coração disparar.

— V-Você acha mesmo?

— Sim. — sorriu largo. — Só faltou as cores serem iguais.

— É verdade. — sorrio tímido.

Fizemos os pedidos, e quando eles chegaram começamos a comer em um silêncio agradável.

— Hoon... Sunghoon, por que quis me encontrar aqui? Quer me falar algo? — questiono depois de um tempo.

— Ah eu só queria conversar com alguém da época da escola, sabe? Todos foram se afastando e seguindo seus caminhos, você foi o único que vi por aqui, lembro de estudarmos juntos mesmo que não nos falávamos sempre ou ficávamos juntos. — remexeu sua torta enquanto falava sem me olhar.

Bingo, eu tinha acertado, foi apenas por isso e não porque ele queria um encontro comigo ou estava a fim de mim, Jungwonie passou longe.

— Ah sim, entendo. — bebi meu café rápido para mostrar que aquilo não me afetou.

— Lembra do Beomgyu e do Taehyun? — assinto. — Eles se casaram e agora moram no Japão.

— Nossa, que legal! Fico feliz por eles, combinam bem.

E era uma verdade, eu notava que os dois se gostavam na época, e agora sabendo dessa notícia eu fiquei bem feliz ao ver que eles conseguiram sucesso no amor e na vida.

Terminamos o café e pagamos cada um sua conta no fim, pois eu falei que eu mesmo pagaria a minha ao ele dizer que faria isso. Andamos pela rua um do lado do outro, conversando sobre coisas bobas e rindo das piadas ruins dele, Sunghoon me fazia feliz e nem sabia.

— Minha parada é aqui. — falo ao chegarmos em frente ao meu apartamento.

— Ah, então você mora aqui?

— Sim, eu moro. — confirmo com a cabeça.

— Belo lugar. — olha para cima vendo o tamanho do prédio. — E olha, eu agradeço muito por hoje, obrigado por me fazer companhia. — sorri e me abraça.

Ainda um pouco em choque eu devolvo o abraço, sentindo como se, naquele pequeno gesto, eu estivesse protegido de tudo de ruim no mundo, até mesmo da minha doença.

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