Capítulo 28 - Wrong
...Uma semana depois...
Uma semana completa de choro, dor, decepção e rejeição.
Junte isso ao fato de que suas férias acabaram e você deveria voltar para a faculdade e continuar sua rotina, mantendo a aparência de que nada havia acontecido, e você vai entender a desgraça que se encontrava em minha vida agora.
Eu estava, naquele exato momento, presa dentro do meu carro, tomando coragem para sair e andar do estacionamento até o campus. Eu não era a mais popular na faculdade, apesar da minha aparência, mas era bem conhecida. Meus tios – que agora não eram mais nada meus – eram populares e por isso, eu era quase popular.
E por isso, também, que eu tinha certeza de que todos – sem exceção – sabiam do desastre que foi o meu quase casamento. Como também sabiam sobre o filme pornô que eu tinha gravado.
Mas, o que eu poderia fazer além de tomar fôlego e sair? Encarar todos seria difícil, mas logo essa notícia seria esquecida no momento em que alguém cometesse algo absurdo. Eu só torcia para que esse alguém cometesse tal ato logo.
Respirei fundo e tentei acalmar as batidas frenéticas do meu coração e, então, saí do carro. O estacionamento não estava tão cheio e por sorte, consegui passar despercebida por ali. Mas no campus, foi outra história.
Alguns cochichavam e apontavam, outros riam, alguns caras faziam gracinhas e escutei até mesmo um deles me perguntarem se eu estava disposta a gravar uma "ceninha" com ele também.
Eu queria chorar.
Desde o dia do meu quase casamento, eu vinha sendo humilhada, rejeitada, massacrada de vários lados. Mas não me deixaria abater, muito pelo contrário – eu pensaria em uma nova forma de me aproximar de Ludmilla.
Ignorando a tudo e todos, fui direto para minha sala e, pela primeira vez na minha vida, me sentei no fundo, na última cadeira, na fileira encostada na parede. Não tinha mais amigas ali, sabia que todas elas me virariam as costas, minha verdadeira amiga era Dinah e ela cursava Biologia, algo muito distante da minha amada Odontologia. Então, o que me restava era ficar sozinha e torce – muito – para que ninguém viesse fazer piadinhas sobre mim nos intervalos das aulas.
A sala foi enchendo gradativamente com o passar dos minutos, e eu não olhei para ninguém. Fiquei apenas concentrada nas músicas que estava com os fones de ouvido enterrados em minhas orelhas. Desligar-me do mundo exterior não era tão difícil para mim, e foi isso que fiz, começando a pensar em Ludmilla. Ela sequer respondia a minhas tentativas de aproximação. Eu havia até mesmo ido à Porn Hot por duas vezes para falar com ela, mas ela simplesmente não me recebeu.
Eu estava ficando cada vez mais desgastada com tudo aquilo, mas não iria desistir, não mesmo. Precisava arranjar um jeito de chegar perto dela, de falar com ela cara a cara. Tinha certeza que, se ela não tivesse para onde ir, ela iria me escutar.
— Brunna? Brunna Gonçalves! — ouvi a voz severa da professora Elizabeth, me fazendo dar um pulo em minha cadeira.
Retirei rapidamente os fones de ouvido e olhei para ela, vendo a turma toda olhar para mim.
— Sim?
— Estou lhe chamando por quase cinco minutos! — me repreendeu, como se eu fosse uma criancinha do Jardim de Infância. — O reitor Antonio quer falar com você em sua sala, agora. Por favor, queria ir ao seu encontro, sim?
Apenas assenti com um movimento de cabeça e recolhi minha bolsa, saindo da sala rapidamente. Eu tinha certeza que eles voltariam a falar sobre mim no momento em que eu saísse, mas não me importei. Para falar a verdade, acho que qualquer coisa que acontecesse a partir de agora, não seria capaz de me humilhar ainda mais.
Caminhei rapidamente até a sala do reitor e bati na porta, escutando um "entre" como resposta. Sua sala era ampla e toda decorada em tons brancos e marrons. O reitor em si, era um homem na casa dos cinquenta e poucos anos, negro, sem cabelo e de barba branca rala. Ele me encarou com seus óculos de graus redondos, repousando sobre o nariz.
— Sente-se, por favor, Srta. Gonçalves. — murmurou, apontando para a cadeira em frente à sua mesa.
Sentei-me a sua frente e sorri fracamente, tentando imaginar um motivo para estar naquele lugar.
— A professora Elizabeth me disse que o senhor...
— Eu sei exatamente o que a Sra. Elizabeth disse a você, Srta. Gonçalves, até porque, fui eu que mandei lhe dar o recado. — me cortou secamente. Engoli em seco, vendo-o cruzar as mãos sobre sua mesa. — Vou direto ao ponto. Nas últimas semanas a sala vida pessoal se tornou bastante... Pública. A nossa faculdade é uma das mais respeitadas do mundo, simplesmente não podemos sujar o nosso nome com alunos que tem um comportamento que possa nos prejudicar. Você está sendo vítima de vários escândalos: um casamento mal-sucedido, que está estampado em alguns tabloides e, o pior de todos, um filme pornô da senhorita está na internet, para qualquer um ver.
Ele fez uma pausa e me olhou sobre os óculos de grau, certificando-se que eu estava prestando bastante atenção ao proferir sua próxima sentença.
— Estou dizendo tudo isso, porque esses são os motivos que levaram eu e o diretor principal, a chegarmos à conclusão de que a senhorita não poderá mais estudar em nossa instituição.
— Como? — ofeguei, sentindo meu mundo desabar ao meu redor, enquanto eu era uma mera estupida espectadora.
— A senhorita me ouviu bem, não é? Vamos esclarecer uma coisa, Srta. Gonçalves: a faculdade não tem nada a ver com a sua vida pessoal até que a mesma faça com que a instituição corra o perigo de ter a sua imagem manchada. Não podemos correr esse risco, por isso, a senhorita está sendo dispensada.
— Mas... Por favor, reitor, eu nunca, nunca cometi um erro aqui dentro. Eu pago todas as minhas mensalidades, eu sou uma das melhores alunas da classe, estou a apenas um ano de concluir o curso. Os senhores não podem, simplesmente, me expulsar dessa forma...
— Nós podemos sim, Srta. Gonçalves. — ele abriu uma gaveta e tirou um papel branco lá de dentro. Colocou-o perto de mim e pude perceber que havia várias cláusulas ali. Ele apontou para uma em específico. — Em nosso contrato está escrito que, a qualquer suspeita de que o aluno possa denegrir a imagem da instituição, o mesmo será convidado a se retirar, a não ser que tenha provas de que não cometeu tal ato. A senhorita, como todos nós sabemos, não tem essas provas, não é mesmo? — arqueou uma sobrancelha e eu balancei a cabeça, sentindo as lágrimas tomarem os meus olhos novamente. — Sendo assim, Srta. Gonçalves, a instituição está no direito de lhe pedir para sair. Não precisamos nos alongar em um assunto tão simples, não é mesmo?
— O... O senhor está certo. Eu sinto muito. — murmurei, me levantando, sem me importar de estar chorando na frente daquele velho insensível ou não.
Coloquei minha bolsa em meu ombro rapidamente e fui em direção à porta. Estava quase tocando a maçaneta, quanto sua voz invadiu meus ouvidos:
— Entretanto, Srta. Gonçalves, tudo pode ser resolvido agora mesmo.
Virei-me, encarando-o. O reitor – sempre tão polido e sério – tinha um sorriso estampado nos lábios. Lentamente, ele afastou a cadeira da mesa e me deixou visualizar a sua ereção. Isso mesmo. Sua calça fazia um pequeno volume e ele passou a mão por ali, fazendo meu estomago revirar.
— Percebi que a senhorita tem um ótimo talento em ser fodida. Mas será que tem talento em chupar um pau? Um pau de verdade? Se tiver, eu conversarei com o diretor principal e a senhorita continuará em nossa instituição. Eu estou mais do que disposto a lhe dar esse voto de confiança e disso ninguém precisará saber. Será o nosso segredinho. — piscou, começando a abrir o zíper da calça.
O quanto uma pessoa pode ser humilhada? Eu não sabia responder, mas acho que já havia estourado o meu limite, definitivamente.
Respondera a tudo aquilo estava fora de cogitação. Dando-lhe um olhar de puro nojo, abri a porta e saí correndo pelos corredores, indo em direção ao estacionamento. Dei graças a Deus que estava tudo vazio e me inclinei na lata de lixo mais próxima, vomitando o pequeno café da manhã que havia tomado.
Quando meu estomago finalmente percebeu que eu não poderia vomitar mais nada, a não ser ele próprio, minha ânsia diminuiu. As lágrimas ainda tomavam conta dos meus olhos quando entrei em meu carro, enfiei a chave na ignição e parti em direção ao meu apartamento, lembrando-me que, quando fui à sala do reitor, pensei que qualquer coisa que pudesse acontecer não me abalaria mais.
Eu só não sabia o quanto estava enganada ao chegar àquela conclusão.
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A primeira vez que eu li esse capítulo fiquei com tanto nojo🤢
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