O Renascimento
"Se a vida te tirou os motivos para estar vivo, procure pelo o que viver. Se espelhe no amor que nem sempre podemos receber, mas dar amor é libertador. Encha-se de amor e seja o motivo pelo qual as pessoas querem viver!"
(Mariane Muger)
"Mamãe, acorda. Você precisa me salvar, eu estou sofrendo. Você precisa me salvar, precisa me salvar. Eu estou caindo mamãe." - ouço uma menininha me chamar.
Escuridão...
Solidão...
Dor...
Vazio...
"Estou abraçada a uma garotinha loira com um rostinho angelical. Ela insiste em me chamar de mamãe, mas eu não tenho filhos.
- Quem é você, o que faz aqui? Porque me chama assim?
- Eu sou a sua luz na escuridão mamãe, eu vim por você. Eu sou a sua luz, acorda mãezinha!"
Estou no fundo de um oceano, nado rapidamente em direção à superfície. Quando alcanço o ar dou uma tragada profunda.
Abro os olhos e estou em uma cama de hospital ligada em aparelhos. Têm flores espalhadas por todos os lados, até nas poltronas das visitas. Tento assimilar o que está acontecendo e aos poucos me lembro dos acontecimentos e depois da escuridão.
- NÃO , EU QUERO VOLTAR! EU QUERO VOLTAR PARA O ESCURO, EU QUERO!!! NÃOOOO!
Entro imediatamente em pânico. Enfermeiros entram no quarto apressados, eu me levanto arrancando as agulhas dos braços e quebrando tudo o que vejo na minha frente. Ainda vestindo a roupa de paciente, corro em direção a saída do hospital. Eu preciso acabar com essa dor.
- ISSO TEM QUE ACABAR, TEM QUE ACABAR, TEM QUE ACABAR!
Escorrego e caio no corredor. Me sento no chão balançando o meu corpo em um ritmo frenético, com as duas mãos tampando os ouvidos e repetindo duas palavras como um mantra:
- QUERO VOLTAR, QUERO VOLTAR, QUERO VOLTAR, QUERO VOLTAR...
Não sei quanto tempo estou ali nesse estado de estupor quando sinto mãos pequenas nos meus ombros. Sinto uma paz tão imediata, tão forte e me viro para ver quem está me tocando. A visão que eu tenho imediatamente inunda meus olhos de lágrimas. A menininha dos meus sonhos está aqui, ela sentou-se no chão comigo e agora segura as minhas mãos. Seus cabelos loirinhos, olhos grandes azuis. Ela está muito machucada, seu rostinho angelical tem uma enorme hematoma. Ela olha nos meus olhos, seu olhar tão expressivo, tão inocente.
- Moça, ralou os joelhos? Eu não gosto de ralar os joelhos. Posso dar um abraço pra sarar? A minha tia da escola disse que carinho sara machucados. - Ela diz um pouco sem jeito.
Eu apenas aceno que sim com a cabeça e ela se aproxima devagar e envolve seus pequenos bracinhos no meu pescoço. E ali eu coloco toda a minha dor para fora, nos braços daquela menininha encantadora que visitou os meus sonhos.
Quando me dou conta tem enfermeiros, médicos e pacientes chorando por toda parte. Uma médica se aproxima aos prantos e diz para a menina:
- Angel, você falou meu amor! Você falou!
Eu me levanto um pouco tonta e pego a menina Angel em meus braços, ela continua a me abraçar. Querendo entender o que a médica está falando, eu pergunto:
- Como assim, ela falou?
- Eu sei que você passou por uma situação difícil mas precisamos conversar a sós. Venha comigo. - Diz a doutora. Deixo Angel com muita relutância nos braços de uma enfermeira e acompanho a médica até o seu consultório.
- Biane, eu me chamo Larissa e sou a psicóloga da Angel. Ela chegou aqui com um quadro grave de desnutrição e ferimentos por todo o corpo devido a maus tratos e seus pais agora estão na cadeia. Devido ao trauma, Angel passou os quatro meses em que esteve aqui sem dizer uma palavra e hoje ela resolveu falar como em um passe de mágica quando viu você. Estou te dizendo tudo isso por que hoje ela vai ser transferida para um abrigo e eu sei que por causa do trauma que ela sofreu vai ser quase impossível ela se adaptar, Angel não consegue confiar nas pessoas, mas hoje ela deu um grande passo e graças a você querida. Uma alma perdida reconhece a outra e ela se viu em você.
Respiro fundo absorvendo as palavras da doutora.
- O que eu posso fazer para ajudar, eu posso entrar com uma ação e pedir a guarda dela? Agora que eu a encontrei eu não vou conseguir me separar dela.
A médica emocionada me diz:
- Isso é muito mais do que eu esperava!
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2 anos depois...
- Mamãe, vamos tomar um sorvete no parque?
- hoje não podemos querida, a tia Fernanda vem almoçar com a gente hoje e vai trazer o bebezinho Pyetro.
- Eba mamãe, eba! Eu sou tão alegre mãezinha, bigadu!
- Eu também te amo minha vida, você é a minha luz na escuridão.
FIM...
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