Capítulo 6 - Parte I
Os dias poderiam parecer iguais quando se estava em um acampamento exercendo as mesmas atividades dia após dia. Entretanto, Bucky não se incomodava. Anos tendo a memória apagada e sendo um brinquedo russo serviram para fazê-lo apreciar as pequenas coisas que a vida lhe proporcionava. Quaisquer válvulas de escape eram bem recebidas.
As crianças da vila não se sentiam intimidadas com a presença do soldado. Muito pelo contrário, quando ele fazia seus exercícios matinais, elas o observavam por detrás das árvores. Ele fingia que não sabia, dando sustos vez ou outra quando elas estavam bem próximas, fazendo-as sair correndo, rindo. Desde jovem, ele nunca tivera contato com pequenos tão frequentemente. A nova vivência estava sendo diferente, como ele mesmo poderia descrever.
A leitura também estava sendo uma nova parte do seu dia. Deixando-o entretido por horas. T'Challa o deixou com acesso total à biblioteca de Wakanda. Décadas atrás, Bucky passado longe de lugares como aquele. Jamais conseguiria flertar com pilhas e mais pilhas de livros. Mulheres gostavam de atitude e de homens que beijassem bem e, sem sombra de dúvida, Bucky tinha essas duas qualidades.
Quando o soldado escutou o barulho do carro se aproximando do acampamento, o soldado estava preparando a isca para seu almoço. O lago era farto de peixes, o que davam a ele uma boa chance de melhorar suas habilidades de pesca. Pela velocidade do carro e a forma em que se comportava na estrada, ele sabia que não era Shuri. Em outros momentos teve a oportunidade de vê-la sobre rodas. Como T'Challa havia dito, ela era uma excelente pilota.
Passos seguiram depois que o carro parou apesar de serem tão silenciosos quanto de um felino. Com um meio sorriso, Bucky recebeu o rei que estava com um dashiki roxo com preto e calças pretas. O visual simples era rotineiro para T'Challa, embora Ramonda e Shuri o tenham condenado inúmeras vezes pelos deslizes de combinações.
- Em que posso ajudar, majestade? - Disse Bucky, arremessando o anzol para longe.
- Hobbie novo? - T'Challa deu um sorriso singelo, andando para o lado do soldado.
- Só quando servem carne de búfalo no refeitório - brincou ele.
O rei riu.
- Muito exótico?
- Pode-se dizer que não agrada paladares mais simples como o meu - ele mexeu na vara, reposicionando a isca.
A presença de duas crianças escondidas na grama alta próxima ao rio chamaram a atenção de T'Challa. Elas pareciam animais selvagens esperando para atacar a presa. Atentos aos movimentos que Bucky e ele faziam. Como sabia ser discreto, os pequenos não notaram que ele havia percebido a figura deles.
- Então, vejo que você tem muitos fãs por aqui - disse o rei, mudando de assunto.
- Mais do que eu gostaria - Bucky viu que um peixe havia refugado sua isca, praguejando em seguida.
- Nem sempre temos sorte do que desejamos - falou T'Challa como se fosse um oráculo, alto e espaçando as palavras.
- Se eu tivesse com os peixes seria o suficiente - replicou ele, observando a tranquilidade das águas.
- Nunca fui bom de pesca - confessou. - Meu pai me levava para acompanhá-lo uma vez perdida, mas eu era uma verdadeira confusão quando o assunto era anzol, isca e vara.
Bucky segurou o riso.
- E os peixes? - Avistando um se aproximar da isca.
- O que tem eles? - Ele deu de ombros. - Adoro vê-los no meu prato.
- Imagino que sim - Bucky disse, puxando a vara que acabara de fisgar um peixe.
O animal desfilava na água na medida que era puxado para a margem do rio. O soldado adentrou a água para pegá-lo sem nenhuma complexidade. Em mãos, ele colocou o peixe quase imóvel em um depósito com gelo e sal. T'Challa ficou impressionado com o tamanho do escamudo que facilmente poderia alimentar em torno de seis pessoas.
- Você é melhor do que eu esperava - brincou ele.
- Isso porque você não viu o que...
Distraídos com a conversa, eles deixaram o peixe de lado. Foi o momento perfeito para as duas crianças o pegarem e saírem correndo disparados para o centro do acampamento. Bucky nem olhou para eles, deixando claro que sabia que os pilantras fariam o furto. Não era a primeira vez que acontecia aquilo, por isso, o soldado sempre pescava um peixe maior.
- Eles são bem rápidos - disse o rei, impressionado. - Deveriam ser meus mensageiros, em vez de ficarem pegando peixes alheios - com um tom de divertimento.
- Conseguem ser mais rápidos que isso quando estão sob pressão - Bucky alargou um sorriso contente, enquanto preparava outra isca natural. A lembrança de um dia ter corrido atrás deles coloriu-se em sua mente.
- Aposto que sim - concordou ele, preferindo aproveitar a chance para abordar o assunto pelo qual veio. - Bucky, na verdade eu não vim aqui para falar sobre pescaria, mas você já deve ter percebido isso - o soldado assentiu em resposta. - Bom, eu tenho um convite irrecusável para você.
O soldado limitou-se a encará-lo, duvidando de que gostaria do que ia escutar.
☼
Shuri estava em seu laboratório quando sentiu seu braço vibrar pela terceira vez dentro de dez minutos. Sua mãe estava ligando constantemente para fazê-la cumprir com o prometido no dia anterior. Contudo, a princesa tinha planos para aquela tarde. Mesmo que houvesse concluído o componente pessoal, agora havia novas atualizações para o traje de Pantera Negra que precisavam ser iniciados.
Seus punhos de vibranium eram sua arma favorita e, por isso, almejava acoplar algo similar e tão incrível quanto na armadura de seu irmão. Quatros anos desde o último design aclamavam por um update urgente. Ela estava ciente que o rei não se importava em manter o estilo, uma vez que tudo parecia funcionar perfeitamente. Shuri pensava mais a frente, exigindo de si mais e mais.
Quando sua pulseira chamou pela quarta vez, ela decidiu atender. Perderia a cabeça por completo se lutasse contra a persistência da Rainha. Impaciente, viu a imagem de sua mãe projetar-se sobre o pequeno espaço do acessório. Ramonda a fitava com um olhar severo.
- Onde está, mocinha? - Indagou ela, como uma mãe nervosa.
- No laboratório - Shuri revirou os olhos.
- Por que não está no palácio para me ajudar com os preparativos da festa? - Falou sem aumentar a voz.
- Relaxa, mãe - ela abriu um sorriso um pouco forçado. - Vou chegar em casa em vinte minutinhos.
A Rainha cruzou os braços. E Shuri ficou feliz em ver que, mesmo brigando, as duas estavam conversando.
- Eu não te conheci ontem, Shuri. Quero você aqui em dez minutos - avisou ela, por fim.
Espero que tenham gostado! Deixe seu voto e comentário para ajudar no feedback, por favor. Próxima segunda, lanço o próximo capítulo. Confesso que vai valer a pena a espera. Att
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