Prefácio
Aos 20 anos, Shuri tinha mais atenção do que muitas jovens da sua idade. Não era devido ao seu cabelo ser mais bonito que muitas garotas de Wakanda, como ela mesma gostava de dizer. Também não era devido ao seu humor contagiante ou seu carisma. Por mais que ela não quisesse, era inevitável. Ser princesa de Wakanda era um privilégio que, segundo a Rainha e também sua mãe, toda garota sonha.
Shuri acreditava que a mãe estava eufórica ao dizer isso. Era certo de que ela tinha luxos e mordomias invejáveis. Entretanto, trocar privacidade e liberdade era um preço alto a se pagar. Um exemplo disso, era quando a princesa tentava sair pelas ruas disfarçada. Pobre Shuri, que não conseguia chegar nem ao segundo quarteirão sem ser reconhecida.
Wakandianos a olhavam com orgulho e admiração. Grandes expectativas vinham da nova geração do Pantera Negra. E, apesar de algumas polêmicas, a princesa tinha mostrado-se bastante útil para o reino. A jovem princesa fazia sua parte quanto ao desenvolvimento tecnológico de ponta que era criado a partir do vibranium. Tanto no âmbito bélico, quanto no cotidiano, com transporte e na medicina, o metal poderoso era a maior riqueza do reino.
Mesmo com tamanha responsabilidade, Shuri tinha tempo para sair. Apesar de festas e eventos serem questões de T'Challa, o atual rei, a princesa sempre conseguia intervir. Uma vez que seu irmão estava muito envolvido com os últimos acontecimentos no lado de fora, ela tinha uma pitada leve de liberdade.
Vantagem ou não, os Vingadores acabaram se tornando a base das decisões tomadas. E, agora com uma guerra iminente, era claro que eles precisavam investir em armas, o que significava que a presença dos wakandianos seria mais forte. Apenas em pensar nisso, ela ficava irritada. Os supostos heróis trouxeram consigo discórdia e desequilíbrio que não existia no paraíso de Wakanda, desde a morte de seu pai, o rei T'Chaka. Era claro que tudo estava diferente com a nova administração. T'Chaka foi um grande líder, talvez, o maior de todos. Mesmo Shuri sabendo que seu irmão seria um rei exemplar, o legado que foi deixado era lendário.
A saudade também era tamanha ao relembrar de seu pai. Acompanhada de tristeza quando não conseguia lembrar do último adeus que deu. Se ela tivesse uma chance, teria se despedido com ternura. Dado um beijo. Dito que o amava. Dado-lhe um abraço forte.
A chance passou.
Foi brutalmente tirada de suas mãos.
E isso era devastador. Ela se sentia impotente. Por isso, Shuri sentia a necessidade de punir alguém na mesma intensidade que estava sofrendo com a morte do pai. A conversa havia chegado ao irmão que, por inúmeras vezes, tentou acalmá-la e fazê-la esquecer. No ponto de vista dela, era custoso não apontar dedos. Principalmente quando um deles estava na sua casa.
James Buchanan Barnes, mais conhecido como Bucky, era com certeza o que ela menos queria perto. O americano problemático estava em Wakanda desde o conflito entre os próprios Vingadores. Tão dramáticos e incapazes de usarem a diplomacia! Shuri não tinha diretrizes políticas, contudo, não entendia como aquilo não poderia ser resolvido de uma forma mais racional.
Era esperado que seu irmão fosse consumido pela vingança e destruísse o assassino. Ela não o julgaria por isso. A morte de um pai foi sempre um desafio. O que a princesa não estava esperando era que T'Challa voltasse com um homem procurado. Não só ele, como Capitão América, Viúva-Negra, Falcão, Gavião Arqueiro, Feiticeira Escarlate e Homem-Formiga estavam no mesmo barco.
E agora ela tinha que cuidar do novo convidado.
Ou pelo menos tentar não matá-lo até que alguém do lado de fora precise dele.
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