Capítulo 3
*Antes que comece, convido você para ler "Príncipe do Meu Destino"! Corre lá! É um bagulho cheio dos paranauês (+18). Você vai entender que nem tudo é o que parece...
Capítulo 3
Sam
O dia tinha sido corrido, com as horas passando depressa. Senhor Drummond tinha planejado para a noite, uma festa para os seus amigos ricos, e me pediu pessoalmente para servir os convidados. Particularmente não era o melhor para esse tipo de trabalho, eu mal consigo cuidar do jardim, quanto mais, servir convidados do nível dele. Seria um completo desastre.
Com toda certeza seria um desastre.
Já era noite e em breve os convidados irão chegar. Me arrumei, com um terno típico de garçom – terno preto, camisa social branca, uma maldita gravata borboleta e calça preta. Me tornei um pinguim. Eu era um pinguim maldito de botequim barato –, e segui em direção à entrada, pois, por mais que eu não quisesse entrar pela porta da frente, era por lá que eu teria que passar para servir os convidados também. Quando cheguei à cozinha, senhora Sardagna estava com mais seis ajudantes, sendo dois homens e quatro mulheres.
— Você vai ficar na entrada Sam — ordenou.
— Mas não estou vestido para servir — informei desconfortável, a gravata esta apertando mais que o normal o meu pescoço.
— Infelizmente o rapaz que iria fazer a parte da recepção não pode vir — suspirou profundamente e logo continuou a falar — Olha, você é jovem bonito e só olhar os nomes dos convidados na lista e verificar os convites. Tudo bem para você?
— Posso ao menos tirar essa gravata ridícula? — olhei para ela segurando a gravata borboleta, que não me caia bem.
— Não — respondeu firme. Ao menos eu não teria que usar um avental para recepcionar.
Todos os empregados estavam usando uniformes parecidos, excerto eu, que não estava de avental. Meus pais haviam sido dispensados do trabalho, pois o meu pai não andava muito bem e minha mãe estava sempre ao seu lado — Agora vá para entrada, e coloque o melhor sorriso que você tem estampado nesse seu rosto.
— Certo — sai pesadamente da cozinha em direção à entrada. Maldita entrada, que não sai da minha vida. Arrumo desconfortavelmente a gravata, e alinho o terno para ficar mais apresentável possível, mas não consigo. Não posso negar, eu sou bonito, mas não me sinto nem um pouco a vontade recepcionando pessoas. Me posicionei na entrada, colocando o melhor sorriso para recepcionar os convidados, aguardando a chegada deles.
Eu já estava há mais de duas horas em pé. Quase não sentia meus dedos dos pés, dentro do sapato apertado, com o calor esta me matando com aquele terno, que pinicava minha pele. A noite estava mais quente que o normal. Não havia mais convidados para recepcionar, pois todos já estavam dentro da casa. Entrei, seguindo direto para cozinha, andando apressadamente para colocar meu avental e logo depois ajudar os outros a servir os convidados. Não queria ficar parado, queria trabalhar e mostrar serviço. Todos riam e falando de seus negócios lucrativos, tentando superar uns aos outros, em uma forma de competição idiota.
— Mais champanhe. Por favor — pediu uma mulher de voz macia, alta de vestido vermelho decotado. Muito bonita por sinal. Cabelo loiro presos em coque, lábios vermelhos bem desenhados e grossos, pele clara e corpo sensual. Uma loira de tirar o fôlego. Curvas generosas e uma pele impecável.
— Sim senhora — servi sua taça sem jeito, pois nunca havia servido uma taça, ainda tinha o fato de está servindo uma mulher perfeita como aquela.
— Uhum... — murmurou satisfeita com algo, que no momento, não consegui identificar — você até que é bem bonitinho para ser um garçom — disse mordendo os lábios e piscando um de seus olhos para mim, tirando minha concentração. Ela tinha o rosto de uma deusa.
— Mais alguma coisa senhora? — perguntei sem jeito e ela sorriu percebendo meu desconforto.
— Você. Todinho só para mim. — sussurra ao se aproximar mais, no meu ouvido — O que acha?— o seu perfume tomou conta da minha cabeça, mesmo quando ela se afastou.
— Mais alguma coisa senhora? — repito a pergunta, parecendo o mais profissional possível.
— Nossa que gelo você é. — falou com um tom arrastado e sensual, nem um pouco preocupada de todos estarem olhando ela se insinuar para mim — adoro homens fortes e principalmente durões... — passou a mão em meu ombro de modo provocante — ainda mais, quando bonito. Tenho um fraco por homens como você...
— Já que a senhora não deseja mais nada, vou me retirar — digo educadamente, ainda nervoso, assentindo a cabeça de leve, como via garçons em filmes após servirem os convidados.
— Serio Clarisse? — perguntou uma voz debochada, que logo reconhecei. Alexya — você sempre teve esse mau gosto dançando em suas veias, mas agora você exagerou — gargalhou alto. — dedo podre.
— Não acho que ele seja um tipo de mau gosto — morde os lábios novamente olhando para mim de modo provocador, me olhando como se eu fosse um pedaço de carne — ele é um gato. E para ser mais sincera... — semicerrou olhos me olhando de cima a baixo — achei ele uma delícia, e adoraria ter ele em meus lençóis — sorriu — combinação perfeita.
— Não acho que devêssemos falar sobre minha pessoa, no caso esse ser existente que está parado e apenas tentando trabalhar... — tentei entrar na conversa entre as duas, mas não funcionou.
— Você sabia que ele já foi preso? — disse Alexya como se aquilo fosse à coisa mais normal do mundo, fazendo o meu sangue gelar, meu coração parar e minha respiração sumir.
Meus olhos se voltam para Alexya que esta com um sorriso de satisfação estampado no rosto. Eu estava mais que surpreso, com o que ela fez. Revelar em voz alta que já fui preso? Era inadmissível. Eu já tinha pagado minha divida perante a sociedade, e não merecia ser julgado por uma metida, como ela... Que fazia meu coração ficar celerado de tanta raiva que me fazia.
Olhei para amiga dela, que ainda estava processando a informação, em choque, eu acho.
— Você não tem o direito de falar do meu passado para seus amigos — minha voz saiu mais arrastada e mais baixa que o normal. Eu estava pálido e sem reação, e todos já estavam prestando atenção em nos três.
— Eu sei que Clarisse não vai se importar em ficar com um bandido como você — com seu sorriso irônico, ela levou à taça a boca. Alexya estava me deixando irritado. Qual era a real intenção daquela garota? Qual era o problema dela comigo?
— Concordo plenamente com você Alex — retribui com o mesmo sorriso irônico para Alexya, com os olhos amendoados, brilhando de satisfação — não me importo com isso. Não tenho esse preconceito sem noção que você cultiva, e lhe deixa cada vez mais amarga, ou melhor, azeda como limão. Tim–Tim — assentiu ao levantar a taça com um largo sorriso — irei pedir pessoalmente com meu tio para levar o... — para e pergunta delicadamente. Então ela era sobrinha do senhor Drummond? — qual é o seu nome mesmo, minha delícia?
— Sam — consegui falar, no meio do fogo cruzado — Samuel.
— Samuel... Uhum... — torce seu lábio com um sorriso de matar qualquer homem normal — Como eu estava falando: vou falar com meu tio pessoalmente para levar o nosso mais novo amigo, Sam, ou melhor, a minha delícia aqui... — disse virando de leve, para me olhar novamente de cima a baixo com desejo — para nossa casa no lago...
— Você não ousaria? — esbraveja. Sinto os olhares de alguns convidados pairarem sobre ela.
— Você sabe que consigo tudo que quero — solta um leve beijo para Alexya, ironizando ainda mais a conversa — eu garanto que meu tio não vai me negar um pedido tão solicito.
— Não quero confusão — trato de me anunciar na conversa novamente — não quero nenhum tipo de confusão. — digo mostrando estar desconfortável com a situação. — Senhora Clarisse desculpe, mas, tenho que me retirar. O trabalho me chama — tento sair, mas ela segura no meu braço.
— Você não me escapa Sam — falou decidida me olhando efusivamente.
— Ótimo! — Alexya exaspera ao falar — o filho dos empregados, agora tem a sua defensora. Santa dos oprimidos e vagabundos... Ops! — leva a mão até a boca de modo debochado.
— Alexya — disse senhor Drummond indignado, nos surpreendendo, e no mesmo momento, ela ficou pálida ao ouvir a voz de seu pai, que chegou por trás, sorrateiramente — eu sabia que você gostava de humilhar as pessoas, mas não sabia que você poderia ser tão cruel — sua voz de decepção era evidente.
— Não me importo tio — falou Clarisse ao se aproximar do tio e lhe dar um beijo carinhoso em seu rosto.
— Mas, eu me importo com as atitudes dela perante as pessoas — irritou-se senhor Drummond — Sam, você está bem?
— Estou sim senhor Drummond. Não foi nada — tento ser o mais convincente possível.
— Maravilha! — esbravejou Alexya, em uma carranca — os coitadinhos, ou melhor... O coitadinho. Por que defender filho de empregado, ninguém merece — debochou novamente.
— Tio — Clarisse olhou com tenacidade para ela. Alexya já sabia o que a prima iria perguntar, semicerrando os olhos queimou Clarisse mentalmente — que tal levarmos Samuel para a casa do lago? — mostrou todos os dentes brancos em um sorriso largo para Alexya — O senhor falou que precisaríamos de mais um para ajudar no trabalho enquanto estivermos por lá — Alexya que parecia que ia explodir de tanta raiva que sentia.
— Ideia excelente — concordou entendendo os motivos por trás da proposta de Clarisse — você vai conosco Samuel — olhou firme para a filha, que estava com uma carranca enorme.
— Senhor — tentei sem sucesso, falar — não precisa...
— Isso é uma ordem Sam — disse incisivamente o senhor Drummond, com a voz calma — Hoje mesmo falo com seu pai, e próximo mês você ira conosco para casa do lago. E sem mais "senhor". Agora você está dispensado, pode aproveitar a noite.
— Vou adorar mostrar a casa do lago para você, Sam — provocou Clarisse com um sorriso irônico, mas de matar qualquer um.
— Você é uma idiota Clarisse — rosnou Alexya irritada, ao sair em um rompante da sala repleta de convidados.
— Me desculpe novamente Sam — pediu senhor Drummond sinceramente.
— Não ligo para isso senhor — digo.
— Gato e paciente — suspirou Clarisse sorrindo — vou adorar ser sua amiga.
— Se ao menos Alexya fosse gentil como você querida. Sua prima não sabe o doce de pessoa que é você. Um anjo. — elogiou senhor Drummond a sobrinha, mas com o rosto um triste, se dirigindo a Clarisse para dar beijo em sua têmpora — pode ir Sam. Amanha você terá uma ótima surpresa — soltou um sorriso fraco, devido a sua decepção com sua filha.
Segui indignado para o jardim, segurando uma garrafa de champanhe na mão. Que droga aquela garota tinha, que sempre esta me atacando sem necessidade? Passo as mãos em meus cabelos, olhei a água da fonte cair, me sentando no degrau, apoiando minha cabeça entre minhas pernas, deitando a cabeça nos joelhos. Eu não era de chorar por qualquer coisa, mas naquela noite, eu chorei. Chorei de raiva. Maldita hora que não segui pelo caminho certo. Droga! Droga! Soluços involuntários saem da minha garganta e lágrimas cada vez mais quentes começam a rolar por meu rosto. Me pego olhando para a garrafa, com mais raiva, e não penso duas vezes, bebo todo o liquido que há dentro da garrafa e jogo com toda força contra a fonte, vendo ela se estraçalhar em pedaços minúsculo. Riquinha esnobe. Fui para o meu quarto, tomei meu banho, tentado diminuir a tensão e deito minha cabeça ao travesseiro. A cama macia era meu conforto para um dia difícil e conturbando. Fechei meus olhos e involuntariamente a imagem dela me vem à cabeça. A imagem da morena de cabelos longos, que estava fazendo meu sangue ferver. Passei os dedos mão, esfregando meus olhos na tentativa de tirar imagem dela da minha cabeça e finalmente, depois de um tempo, consegui.
Eu sei que era só por algumas horas que eu ia poder deitar minha cabeça tranquilamente, no travesseiro macio, mas já era o suficiente.
Adormeço rapidamente em um sono profundo.
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