Por trás das colinas verdes ao longe já era possível se ver as instalações do castelo, do qual tinha uma arquitetura completamente moderna com torres construídas estrategicamente, suas paredes lisas eram de um tom de bege envelhecido propositalmente, mas isso não tirava nem um pouco o seu charme, acrescentava-lhe ainda mais. Ao redor das enormes construções se encontrava o muro alto, feito de pedras e que dentro de suas brechas floresciam diversos tipos de flora.
  Não era uma grande surpresa o castelo da rainha Paola ser tão bonito, seu reino era um dos mais influentes que eu conhecia, tendo sua opinião como muito valiosa para o Conselho dos monarcas e sendo muito bem visto pela mídia, que se deliciava com cada Descanso Real feito.
  A medida que nos aproximávamos de onde seria o meu lar por dois anos, meu coração começou a bater acelerado e com medo do que viria pela frente.
  Não tinha mais chances de eu desistir, agora teria que encarar tudo o que me viesse pela frente mesmo que me assustasse ou até me magoasse.
  Quando o carro chegou ao átrio externo do reino, notei que haviam muitos paparazzis em busca de tirar a foto perfeita da nova participante do Descanso Real, que para minha infelicidade se tratava de mim mesma.
  Passamos pela ponte de pedras e então paramos diante do castelo, maior do que eu imaginava e mais bonito ainda.
  No meio do pátio se encontrava um lindo chafariz de anjinho, onde a água cristalina saía pela boca da criança fofa e caia diretamente no placa redonda de mármore que o rodeava. Nos cantos do castelo haviam moitas bem cuidadas que deveriam ter um jardineiro próprio, o espaço era amplo ao ponto de conseguir receber cerca de duzentos paparazzis e ainda sobrar um bom espaço, o chão era de uma grama recém cortada e tudo naquele lugar tinha um estilo meio retrô.
  Sem o menor problema os repórteres abriram espaço para o carro passar, até que ele estacionou exatamente em frente as enormes portas de madeira que davam acesso ao interior do castelo, elas estavam cercadas por dezenas de soldados e com alguns criados a minha espera.
  Acordei a Lídia que dormia ao meu lado e assim que seus olhos pousaram em mim eles se arregalaram.
— chegamos ao castelo, devemos descer — disse tentando parecer confiante.
— princesa seus olhos estão vermelhos — disse e então se virou para o motorista — o senhor por acaso não teria um pequeno kit de maquiagem?
O homem assentiu e passou a mexer no porta luvas, onde pegou uma pequena nécessaire rosa bebê e entrou para Lídia, que rapidamente fuçou até achar o que queria.
  Não demorou muito para que ela refizesse minha maquiagem e escondesse qualquer sinal de que eu havia chorado, o que foi muito bom, pois eu não desejava ser notícia logo no primeiro dia.
— agora podemos descer — Lídia disse ao motorista que desligou o motor do carro.
  Todos os criados que antes estavam parados começaram a se movimentar, alguns indo para o porta malas pegar minhas coisas, enquanto dois vieram para perto da porta, um do meu lado e o outro do lado de Lídia.
  Ao mesmo tempo eles colocaram as mãos nas maçanetas e as abriram, havia chegado a hora do teatro.
  Com um sorriso gentil e delicadeza saí do carro, ficando bem em frente aos milhares de paparazzis que começaram a fotografar com flash, o que me cegou um pouco.
  Alguns soldados vieram me resgatar da sessão de fotos e me ajudaram a entrar no castelo sem ser mais assediada. Ser princesa era sinônimo de centro das atenções e de a coisa mais fotogênica do mundo, mesmo que você realmente não fosse nada disso.
  A porta que eu havia entrado havia me levava a um cômodo retangular enorme, de tons claros e com um longo tapete vermelho no chão, ele também estava repleto de soldados nas laterais, todos usando a armadura e com pose séria, o que me fez lembrar do Jack.
  Lídia me esperava um pouco mais a frente, com as mãos unidas e três criados que carregavam minhas bagagens.
  Assim que me juntei a eles, todos começaram a me seguir como se eu conhecesse aquele castelo como a palma da minha mão, mas eu não o conhecia, para falar a verdade era a minha primeira vez lá e ter toda as expectativas deles sobre mim me assustava bastante.
  Fingi conhecer cada detalhe daquele majestoso castelo, quando segui até passarmos larga porta a nossa direita, chegando ao grande salão, um lugar muito bonito e amplo, do qual as paredes eram de um tom de bege claro, no teto havia belos lustres doirados, nas paredes haviam alguns quadros muito interessante e o chão era de um azulejo dourado recém lustrado. Encostados nas paredes haviam muitos guardas, como provavelmente no restante do castelo, todos de olhos bem aberto .
Haviam duas portas naquele cômodo fora a que eu havia entrado, uma de frente a que eu havia acabado de adentrar e outra na parede a sua direita. A da parede a direita se abriu, dando a oportunidade de que uma mulher entrasse no cômodo que estávamos. Ela usava um vestido longo da cor azul marinho, sua saia era de pregas e a parte superior justa ao corpo, mostrando sua cintura fina e suas mangas eram longas, com detalhes renda preta nos ombros, seus cabelos eram pretos e chegavam até a cintura, sendo totalmente lisos e com toda sua lateral direita para frente do ombro, o que tampou os detalhes de renda, sua pele tinha um certo teor de amarelo e seus olhos verdes delineados davam total contraste ao seu rosto fino e delicado, em sua cabeça ela usava uma linda coroa de ouro com pedras preciosas e mantinha um sorriso perfeito nos lábios finos.
  Ela se aproximava de nós com passos calmos, o que permitiu que eu visse que ela não era tão jovem quanto eu imaginava, para falar a verdade a sua pele dedurava que ela tinha mais de 40 anos.
  Ao chegar diante de nós seu sorriso se alargou mais ainda, continuando com a aparência de verdadeiro e então ela começou a falar.
— princesa Júlia fico feliz em recebê-la, espero que tenha tido uma boa viagem.
— tive uma viajem excelente, o motorista que vossa majestade enviou é excelente — disse de cabeça em pé, tentando me aparecer com uma verdadeira princesa.
— fico feliz em saber disso e também de finalmente conhecê-la — sorriu — o vosso reino é um dos que desejo me aliar em um futuro próximo.
— fico muito feliz por saber disso, pois o reino de Li-lus também deseja criar alianças com vosso reino.
— falaremos de negócios mais tarde, agora mostrarei onde se encontra seus aposentos — fez um gesto para que a seguíssemos.
  A rainha Paola andava com toda graça pelo castelo, cumprimentando todos os criados que cruzavam o nosso caminho com alegria, até que chegamos a uma parte no fundo do castelo, em um cômodo amplo, com paredes de cores douradas e tendo unicamente uma escada da mesma cor, cujo corrimão era preto de ferro, tendo vários detalhes no estilo flores tribais, sendo apenas uma e se dividindo em duas na parte superior, no teto havia um lindo lustre de mil cristais que iluminava facilmente todo o cômodo, em algumas paredes haviam pinturas de pessoas renomadas, retratando algumas mulheres cobertas por finos lençóis de cor branco.
  Subimos a escada e seguimos pela parte esquerda, que nos levou ao mesmo lugar que teríamos chegado se tivéssemos optado pela direita; o segundo andar, do qual havia apenas o contorno de um quadrado, cercado pelo mesmo corrimão das escadas, impossibilitando que caíssemos no seu centro vazio e permitindo que tivéssemos uma visão privilegiada do andar inferior.
Seguimos pelo canto desse corredor até darmos de cara com uma parede da qual havia uma abertura de cada lado da mesma, que ao adentrar na da esquerda nos levou para mais um corredor repleto de portas francesas de cores brancas, todas contendo dois seguranças, situando-se um a cada lado e nos espaços entre as portas, haviam pequenas mesas redondas de madeira, que continham vasos de flores acima. As paredes eram repletas de quadros retratando toda a linhagem real do reino, desde o primeiro rei após a revolução do mundo ao atual.
  Nós continuamos andando até chegarmos a uma dobra no corredor, onde a rainha parou diante da primeira porta a esquerda, ficando de frente para todos nós e tendo em seu rosto um largo sorriso.
— esse é o seu dormitório — apontou para a porta.
  Receosa fiquei de frente para a enorme porta que como as outras era dupla, de cor branca e com a maçaneta de um tom de dourado, o que me fez questionar-me se era de ouro e contendo dois seguranças localizados um a cada lado dela.
— peço perdão, mas terei de ausentar-me para receber as outras participantes — disse a rainha calmamente — mas espero que os aposentos sejam de vosso agrado.
— tenho certeza de que será — sorri para ela —, não se preocupe, pode ir recepcionar as outras moças que eu ficarei bem.
  Esperei que ela saísse para somente então abrir as portas, deparando-me com um belo quarto, com o mesmo luxo do meu anterior, porém com o designer completamente diferente, mais moderno.
  Entrei no quarto sendo seguida por Lídia e os criados que carregavam minhas malas, depois comecei a observar cada detalhe daquele lugar novo e que seria o meu lar por dois anos.
  Na mesma parede da porta, porém mais para o canto, tinha uma degrau mais alto em um formato redondo, contendo acima de si um estofado de canto de camurça, de cor creme e que estava repleto de almofadas pretas e brancas, no chão havia um tapete redondo peludo de cor bege e na parede a sua frente havia uma televisão, com um painel nude abaixo sem qualquer decoração.
A parede de frente para a da porta continha uma cama de casal com a cabeceira acolchoada, um recamier bege na ponta e estava localizada bem no centro da parede, que tinha uma papel de parede de pequenas coroas douradas, com um fundo branco. Na lateral direita da parede havia uma escada de madeira, que levava a um tipo de varanda, cuja paisagem era o meu próprio quarto e que era mais funda do que o primeiro andar, deixando assim a parte que dava para observar o restante do cômodo, um pouco acima da mesma parede da minha cama.
  Na parede a esquerda do quarto se encontrava duas portas de cor branca, tendo cerca de um metro de distância entre elas e que provavelmente davam para o closet e para o banheiro, já a parede a direita era completamente revestida com espelhos, o que seria incrível para um narcisista, mas que era assustador para mim.
  Os criados foram até a primeira porta da parede a nossa esquerda e colocaram as malas lá, fazendo-me presumir que aquela porta levava para o closet, enquanto Lídia subia animadamente as escadas, chegando ao andar superior.
  Assim que ficamos somente e e a Lídia no quarto, fechei a porta caminhei até o centro do cômodo, causando assim um barulho do salto batendo no azulejo branco brilhante, então a Lídia caminhou até a borda da varanda interna e apoiou-se na grade de madeira, com um largo sorriso em seu rosto.
— aqui em cima há uma biblioteca e uma máquina de costura — disse sem conter a animação.
— você terá com o que se divertir então, pois acho que não haja algo que você ame mais do que a costura — comentei enquanto subia no degrau que levava a sala improvisada.
— realmente — mesmo sem vê-la eu soube que ela sorria.
  Tentando a saber das notícias me sentei no sofá, peguei o controle que estava sobre o mesmo e liguei a televisão.
Enquanto eu procurava a posição mais confortável com aquele vestido, percebi que ao lado da televisão, porém não muito perto, havia uma janela larga de vidro que provavelmente dava visão para os jardins, fiquei tentada a me levantar e ir ver qual era a paisagem, mas antes que eu me movesse uma matéria na televisão me chamou atenção.
  Na tela do aparelho aparecia uma mulher vestindo um terno feminino de cor azul marinho, seus cabelos loiros estavam presos em um coque sofisticado no topo da cabeça, sua cabeça permanecia erguida e suas bochechas estavam rosadas, mas o que me chamou mais a atenção foi o que estava escrito na tela: “veja em primeira mão a transmissão ao vivo do que está acontecendo no Descanso Real “.
  A imagem da mulher foi substituída por a de uma limusine chegando, uma igual a que havia ido me buscar, dessa saiu uma jovem muito bonita que usava um vestido estilo princesa, feito de seda e da cor púrpura, suas mangas eram ¾ e a gola canoa, em seu pescoço ela usava um lindo colar de rubi, que dava um belo contraste a sua pele negra, cabelos longos, cheios, soltos sobre os ombros e de pontas tingidas de cinza, seu rosto era fino e os seus olhos de um verde bem vibrante.
  Ela era dona de uma beleza admirável!
— vemos que uma das integrantes desse ano será a princesa Luísa, futura monarca do reino de Dignific — era a voz da repórter, porém continuava mostrando a princesa que acenava gentilmente para os paparazzis.
  As câmeras retornaram para a repórter e ela continuou a falar, continuando com o seu jeito esnobe.
— a pouco vimos a chegada da princesa Júlia do reino de Li-lus, um dos que não apareciam a anos e agora vimos a princesa Luísa — fez-se de pasma —  tenho certeza que esse Descanso Real dará o que falar.
  Cansada das caras e bocas daquela repórter, desliguei a televisão e fui juntar-me a Lídia no outro andar.

A Júlia já está no castelo, então logo mais sua vida tomará um curso surpreendente!

Esperem só todas as princesas estarem reunidas em um único lugar Kkkk.

Posso garantir que nem todas elas serão boazinhas.

Não esqueçam de votar e até a próxima! ❤