pista6 : subestimada
Delaware ,EUA
13 / 9/ 2023. 6:00 AM sexta
Outra longa noite de investigação, a sala que antes era minha virou exclusivamente pro caso, tirei minhas fotos do painel onde agora montamos o quadro de pistas, mesmo que quase não existam pistas concretas.
Outra criança, amiga da vítima, que não sabe bem o que viu ( 4/5 anos )
As características da menina
Um retrato falado de um homem estranho nas redondezas
Uma escova de cabelo que a menina brincava antes de sumir
As contas da chupeta espalhadas por todo o estacionamento.
Só isso, mais nenhuma pista, alguém se esforçou muito para esconder tudo, sinceramente não acho que tenha sido só uma pessoa, é tudo limpo de mais, e nenhum crime é tão organizado, isso me leva a crer que alguém está escondendo provas, nessa situação só vejo três cenários possíveis :
Os sequestradores era profissionais, não foi a primeira vez que cometeram um crime
Ou alguma evidência tenha sido negligênciada pelos detetives da época
Ou a pior das alternativas.
Alguém de dentro da polícia ajudou, se isso fosse verdade teríamos um grande problema, a última coisa que todo departamento de polícia quer é descobrir que tem um traidor entre eles.
Sento na minha mesa e observo a papelada, odeio essa bagunça que minha sala se tornou, mais é nescessário.
Trouxemos a mesa de Spencer pra minha sala para ter mais espaço pra análise, então agora a sala esta super lotada.
Spencer se levanta e analisa o quadro,
Mikael está com a pior tarefa, lendo os relatórios dos outros detetives e anotando, quero saber tudo que os outros detetives fizeram ou deixaram de fazer, para assim ter uma visão diferente, quero explorar novos campos, quero saber o que eles não viram.
Por um tempo até pensei em tirar Mikael do caso, ele não é um membro efetivado da delegacia, é só um estagiário, sem contar que tem ligação pessoal, porém ele parece determinado, e não se abala ao ouvir que a irmã pode estar morta, ele nunca a conheceu, não teve tempo pra criar laços, mas cresceu vendo como isso destruiu sua família , e pelo que parece ele faria de tudo pra ver a mãe sorrir de novo sem contar sua determinação em se tornar um detetive, ele é focado e isso me faz ter confiança o suficiente para mantê-lo no caso por enquanto.
—Linny ? - Spencer me chama pelo apelido que ele inventou a uns dias - quem é esse ?
— Meu pai - ele me entrega a foto que eu provavelmente esqueci de tirar do quadro quando estávamos montando - obrigada .
Nesse tempo de investigação eu e os meninos criamos uma grande amizade, nada romântico, Spencer é como um irmão mais velho , inteligente e cuidadoso sempre se preocupando comigo e Mikael, um irmão mais novo ou ate ouso chamá-lo de melhor amigo.
— Pensei que fosse sobre a pista de um senhor estranho nas proximidades . - Mikael questiona
— Não tem fotos dele , não tem nada nem que ligue esse cara com a criança, pode até ser só um mendingo . - Spencer responde
Também me aproximei muito de Mikael, as vezes gosto de compara-lo a uma criança, ele tem os olhos brilhantes e curiosos parece um garotinho que ainda está descobrindo o mundo, o vejo como o caçula um irmão mais novo.
— As pistas são muito escassas ... - digo - mais ainda assim , sinto que estamos esquecendo de algo , tem alguma coisa bem abaixo do nosso nariz .
— Sra Altoé? - vejo o superior Jacks na porta da sala , ele observava a sala com um misto de confusão e raiva - um momento por favor .
— Ah sim, sim, claro - olho para os meninos que me observam atentamente em busca de uma saída - Spencer vá vê se Felície conseguiu trazer as provas físicas e Mikael, busca algo para nós três comermos , ainda não jantamos - explico para o capitão.
— Comandante , já são 6:30 da manhã, vocês viraram a noite aqui ?
Os meninos saem da sala , eu não respondo a pergunta por que a resposta já está no ar.
Alguns minutos de um silêncio agonizante se passam antes que o capitão comece.
—A senhora não acha que deveria ter me avisado quando um caso grande assim chega ?
— Esse caso não chegou, a delegacia estava parada então reabri um caso antigo, minha especialidade. - não costumo ser tão arrogante, bom talvez um pouco, mais nesse caso foi proposital, algo no tom dele me incomodava .
Ele não dirige o olhar pra mim, olha para o quadro de avisos que agora é um quadro de de provas
— O caso Albuerre ... A mãe dessa menina vinha sempre aqui cobrar uma solução quando eu era comandante, não me diz que cedeu ...
— Eu verdadeiramente acho que posso resolver isso, pelo menos não pretendo desistir - digo a meia verdade, não pretendo desistir mais também não tenho toda essa certeza.
— Já é a terceira vez que esse caso é reaberto, o que te faz pensar que consegue, afinal os outros não acharam nada .
— Conhece a minha reputação ?! - digo confiante, sei que é isso que ele quer, confiança, certeza que eu não estou só gastando tempo e recursos
— Se não soubesse nem te contrataria.
— Então confie em mim, não vou desistir.
— Se esse caso for fechado de novo cairia muito mal para o departamento. - confirmo e espero, vendo onde ele quer chegar-se isso acontecer de novo, não teria muita escolha se não tomar uma providência contra quem desperdiçou tantos recursos com um caso impossível, aconselho a nem reabri ele então, deixe o passado no passado.
Olho para ele incrédula, isso não foi um aviso, foi um ultimato, uma ameaça, ele não quer que o caso seja reaberto, tem medo de sujar o nome da delegacia caso não ache nada, reabrir o mesmo caso muitas vezes não cai bem, mais a reação dele é exagerada.
— Vou correr o risco. - dou um sorriso amarelo.
—Você quem sabe - ele solta os papéis de volta na mesa, sabe que pelo menos nessa situação ele não tem o poder de me impedir, não sem me demitir - a delegacia não tem muito movimento essa época do ano, até o natal quase não temos chamados, então esse é seu prazo, tem a minha permissão até lá, pode usar tudo que estiver ao dispor em material, mas não temos pessoal o suficiente, então está sozinha nessa.
— Não preciso do seu pessoal, preciso de Spencer e - sou cortada e trinco os dentes, odeio quando fazem isso em uma discussão.
—O menino gênio? Ele é inútil em campo, já tentei transferir ele para os ratos de laboratório mas ele não aceita.
— Então não sentirá a falta dele em campo, já o burocrático ele continuará fazendo normalmente. - ele bufa, e concorda com um resmungo - preciso de Mikael também.
— O garoto do café? Por que você quer os inúteis? Esse não é nem detetive!
— Senhor peço cuidado com a boca - seu ódio irradia pela sala, mais não altero o tom de voz, me mantenho firme e calma - eles são competentes, são bons no que fazem, acho que tem todo o potencial que preciso, e como você mesmo disse eles são " inúteis" pra você e para campo, então podem ficar focados nessa investigação até dezembro.
— Cuidado onde pisa Aylin Altoé, talvez ache coisas que não goste.
— Sei me cuidar senhor , obrigada.
Ele sai da sala e eu me apoio na mesa respirando fundo, não sei direito por que me meti nessa briga, não sei nem por que isso é um problema tão grande para o capitão, mais pretendo descobrir tudo que se tem para descobrir.
Pego a foto do caso .
— Quantos segredos você esconde pequena ?
Batuco os dedos na mesa e quando percebo já estou com meu colar na boca de novo
— Sabe que isso pode te deixar doente né ? Te deixa predisposta a inúmeras infecções por causa das bactérias e nem comecei a falar dos vírus presentes nas contas .
Não precisa nem me virar pra saber quem é mais mesmo assim o encaro.
— Eu sei Spencer. É costume. E aí?
— Felície disse que as autorizações estão vindo da prefeitura, daqui a uns dias chegam.
Ele se senta e me observa, continuo trabalhando normalmente.
— Sério que não vai me falar ? - sabia o que ele queria então continuo passando as páginas enquanto falo
— Ele queria que eu desistisse , acha que reabrir o caso e fecha-lo de novo vai interferir na reputação do departamento .
— Vai desistir ?
— Pareço estar desistindo? - sorrio de lado e ele também
Spencer tem dificuldade de socializar, não gosta muito de contato físico, mas nós últimos dias parece bem a vontade comigo e principalmente com mikael .
porta abre.
— Voltei - o loiro fala e joga um saquinho em minha direção . - croissant .
— Sabe que não precisava ter buscado comida mesmo ?! - ele me encara confuso - eu só queria que vocês saíssem da sala, e outra coisa, você não é e nunca foi contratado para buscar café não precisa continuar fazendo isso . - falo me lembrando do jeito que o capitão tratou ele, aquilo me incomodou, Mikael tem muitas qualidades me sinto mal por diminui-lo ao "garoto do café " , pois isso não é diferente de quando me chamavam de " menininha " ou me perguntavam o que eu fazia em uma delegacia cheia de homens .
— Jura ? - ele sorri pra mim
— Você é um estagiário, está aqui para aprender, tem potencial pra virar detetive, pode relaxa mais.
— Obrigado ! - ele sorri contente
— Detetive mirim . - murmura Spencer
— Da pra parar ? - Mikael cruza os braços e Spencer se limita a rir
— Sei que é costume pegar pesado com os estagiários no meu tempo me mandavam até buscar roupas na lavanderia , mais acho que ele já fez de mais
— Fale por você, eu ainda quero meu café. - Spencer olha pra ele , Mikael devolve com uma careta e se joga no sofá com os documentos.
— Eu pedi ao capitão vocês dois como ajudantes, agora é oficial, o caso foi reaberto, não me decepcionem
— Pode contar com a gente.
As pistas são poucas e a chance é mínima porém muitos estão me subestimando e eu odeio isso, vou até o fim nesse caso e os meninos não vão a lugar nenhum, vamos descobrir onde está essa criança.
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