pista 5: amor de mãe
Delaware ,EUA
11 / 9/ 2023. 21:00 PM quarta
— Por favor, por favor, eu lhe imploro - observo a senhora de idade ajoelhada em minha frente, Mia está na porta exausta com a mão no peito.
— Senhora eu tentei impedir, ela foi mais rápida. - Mia se justifica, e se senta ao lado de Spencer no sofá - estou tão cansada essa mulher é difícil - ela deita a cabeça no ombro de Spencer que logo a empurra.
Ele se aproxima mais de Mikael, então percebo sua cara, Mikael parece ter visto um fantasma, tão pálido quanto o azulejo do chão.
Mais naquele momento a única coisa em que me concentro é na senhora de joelhos a minha frente
— Senhora, calma, respira, sente-se aqui - como o sofá estava ligeiramente ocupado a coloco em minha cadeira - do que a senhora está falando
— Quero que ache ela, quero que ache a minha filha - ela me mostra uma foto de uma criança com uma chupeta enorme toda cheia de pérolas.
— Ela desapareceu ? - ela concorda com a cabeça rápido - tudo bem, preciso que faça o boletim de ocorrência e depois iremos investigar.
Os olhos saem de um cinza vazio e brilham um começo de sorriso de forma em seu rosto interrompido pela voz chata e fina de Mia.
— Comandante, essa é Celeste Albuerre, ela vem aqui sempre, essa criança foi dada como morta a um século! - a quela insensível revira os olhos, não importa quanto tempo passou, ela não vê que a mulher está perturbada?!
— Fora daqui! - digo baixo e firme para mia enquanto acaricio os cabelos negros da idosa que chora em meu ombro
Ela me olha meio a contra gosto e sai da sala vejo Mikael se levantar e mexer nas têmporas, Spencer observa tudo tentando, assim como eu, entender a situação.
— Senhora, a quanto tempo ela sumiu ? - ela soluça e mikael a corta
— 25 anos mais ou menos, eu divia ter um ano, ela tinha cinco e já foi dada como morta - ele se aproxima e abraça a mulher - vem mãe, vamos para casa.
Meu coração se aperta ao ver ela assim, ao ver eles assim, uma família destruída por um crime, mesmo 25 anos depois.
— aqui, olha - ela me entrega outra foto, nessa tem duas crianças de uns 5 anos, um menino e uma menina, no colo da menina tem um bebê de uns 6 meses, toda sem jeito ela segura ele pelos bracinhos, o bebê e a menina estão com chupetas gigantes já o menino parece feliz e sorridente - e a única foto que eu tenho dos dois juntos, Mi tinha poucos meses - ela para e respira fundo - esse é um amiguinho da família
— Mãe! - Mikael tenta a levar - desculpa, ela nunca superou isso ... Mas estamos tentando .
— Por favor! -Ela segura minha mão-
eu ouvi sobre sua fama, casos impossíveis, Mi me falou tão bem de vocês, e eu pesquisei um pouco também, por favor, eu sei que ela está por aí, eu sinto...
— Desculpa, desculpa comandante, eu ... Ela estava bem melhor, nem falava disso a um tempo, mais esses dias para traz...
— Eu a vi! Ela estava lá, parada na frente de casa é a primeira vez que não a vejo como criança, parecia uma mulher já ... Eu sei que era ela!
— Ei, vamos todos com calma. - chamo e me aproximo deles, eu não sei direito o que aconteceu, algo me faz querer ajudar, ela parece tão perturbada, imagina ser assim por 25 anos, ou pior, imagina viver com a dor de não saber o destino da filha por 25 anos, não saber se está morta ou viva, bem ou sofrendo, deve ser péssimo.
Eles me encaram e eu penso um pouco antes de falar
— Senhora, eu já ouvi falar desse caso - digo me lembrando da visita ao supermercado, Spencer pega o caso que estava na pilha "não" e me entrega - a senhora tem que entender que voltar a investigar pode reabrir feridas antigas, e como já faz 25 anos a chance de ser resolvido é baixíssima.
— Eu sei, pode acreditar, escuto isso a anos, mais preciso que alguém tente, preciso de paz, faz 25 anos que eu não durmo uma noite inteira, tenho medo de voltarem, de levarem o Mi, de nunca mais ver minha filha, meu anjinho.
Enquanto ela fala acaricia a mão de Mikael, me lembro bem de pensar que reabrir casos antigos só traria sofrimento para a família, além de ser egoísta, mas não vejo um cenário onde essa família possa ser mais machucada.
Eles precisam de um fim, precisam de um corpo para enterrar, vejo nas páginas do caso que ele foi aberto e fechado 3 vezes, 3 detetive desistiram, sinceramente, não sei se conseguirei resolver, não me considero melhor que os outros detetives, mais não posso deixar essa família sofrer assim, seus olhos suplicam, cinzas, não como os meus, parecem mortos e sem vida.
— Prometo fazer o possível e impossível, não vou desistir, nem fechar o caso nem que demore mais 30 anos - agora sim, um sorriso, feliz que iluminou os olhos cheios de dor, mikael parece não querer demostrar mais vejo que também ficou contente mais logo depois meio preocupado ao olhar para mãe. - mais não posso prometer nada mais, é um caso muito antigo, grande chance de não achar mais nada.
— Obrigada, muito obrigada! Mi me falou que você era de mais! - ela me abraçou forte, uma abraço confortável e carinhoso, nunca tive uma mãe mais acho que esse é o carinho de uma . - e você! Tão quietinho aí - ela diz e vai em direção a Spencer .
O abraça forte e ele parece em Pânico, mais de um jeito engraçado.
— Você vai ajudar ela e meu bebê a achar minha pequena né ? Obrigada !
Ela abraça ele uma última vez e beija a testa de Mikael , mais antes de sair se vira pra nós novamente
— Obrigada meu bem, acho que finalmente vou poder dormir em paz sabendo que tem alguem verdadeiramente empenhada atrás do que aconteceu com a minha filha, e você jovem, é muito bonitinho, obrigada!
Ficamos um tempo em silêncio, Spencer está da cor de um tomate e Mikael parece pensativo.
— Okay ótimo, já temos no que trabalha! Levem esses arquivos daqui e alguém me arruma os detalhes desse caso, tudo.
— Tudo bem, vamos "Mi" - Spencer puxa ele pra fora da sala abraçando seu pescoço
— É um apelido, pode parar! - Mikael arruma os cabelos
— Claro bebê ! - Spencer debocha.
— Para que todo mundo viu sua cara quando ela te chamou de "gatinho" - protejo Mikael
— Você tá do lado de quem ?! - Spencer me olha com uma falsa irritação . Os três riem o Mikael parece um pouco mais leve .
— Você pareceu um tomate! -Mikael implica
— eu pensei a mesma coisa ! - digo me virando para Mikael
— Odeio contato físico de desconhecidos.
Spencer sai da sala rápido, seguido de Mikael que continua implicando com ele, essa delegacia está lotada de crianças, sorrio com o pensamento.
Pego o a ficha do caso o olhando mais atentamente, é difícil ler a ficha pois está cheia de carimbos, mal da pra ver a foto da criança pois o carimbo de " DEAD" está na frente de seu rostinho, não sei que insensível fez isso, mesmo que eu ache que a criança esteja sim morta ( vejam bem são estatísticas se o pedido de resgate não é feito nas primeiras 24 horas a chance da criança estar viva cai drasticamente, sendo assim imaginem como estão essas chances 24 ANOS depois ) carimbar a cara dela e arquivar o caso é uma solução muito desleixada, se tem um princípio que sigo desde que entrei pra essa profissão é só declarar alguem morto se tiver um corpo para a família enterrar.
Meu estômago se revira ao pensar em achar a pequena garota morta, mas não tem muitas outras possibilidades, a cidade é pequena , pelos arquivos ninguém nunca relatou ouvir choro de criança em casas estranhas muito menos mudanças, nenhuma pessoa estranha entrando ou saindo da cidade na época do crime, simplesmente não tem onde essa criança estar se não a 7 palmos do chão .
Uma lágrima solitária desce sobre meu rosto ao encontrar em cima da minha mesa duas fotos, Sra Albuerre deve ter deixado aqui , o que ela disse mesmo ...
" É a única foto que eu tenho deles juntos "
A única foto que ela tem de seus filhos juntos e ela deixou aqui, nunca tive contato com a família das vítimas, os casos chegavam na minha mesa e eu mandava os policiais de campo fazerem as entrevistas e agora o irmão dela é quase um amigo e colega de trabalho, a mãe dela veio se ajoelhar e implorar pra mim, talvez pro isso esteja tão mexida e determinada, o sofrimento deles mexeu comigo como nenhum outro, pra mim antes os casos era folhas de papel e fotos macabras , e esse parece tão mais real ... Mais palpável.
Pego a foto da pequena com a grande chupeta de contas, passo a mão pelo meu colar, também era de contas mais tinha menos, talvez umas 9 ou 10 bolinhas foscas e desgastadas pelo tempo, já o de Angelis era longo, ia até o final da foto onde o fim do cordão era cortado, tinha contas brilhantes e entre elas pequenas contas rosas, mais ambos representavam a mesma coisa, o amor que uma mãe tem pelo seu bebê.
Imagino se fosse eu, se eu perdesse um filho, como isso ia me devastar, minha mãe morreu, não que doa menos, ainda assim eu tinha meu pai, e um enterro, um fim por assim dizer, entanto não consigo imaginar como seria passar anos e anos sem saber o que aconteceu, sem ter um culpado a quem odiar, deve ser mil vezes pior, esse sofrimento que a família Albuerre está passando eu não desejaria ao meu pior inimigo.
Pego e colo em cima da foto do caso, assim fica bem melhor, guardo os outros papeis.
Os meninos entram na sala novamente, com olhares determinados e eu faço uma promessa silênciosa a foto do bebê com olhos iguais o da mãe.
" Não importa o que aconteça, vou trazer paz para essa família "
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