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Pov Brunna Gonçalves
Depois que Ludmila foi embora, me sentei no sofá, de frente para televisão e coloquei meus pés sobre a mesa de centro que agora estava vazia, já que todo o champanhe tinha acabado e as únicas bebidas que estavam sendo servidas eram água e cerveja.
Retiro meu celular do bolso e abro o aplicativo de entretenimento, onde gravo um pequeno vídeo agradecendo a todos pelo apoio que me deram durante toda a gravação da novela. Posto uma única foto em que tirei juntamente com a equipe e posto, bloqueando o celular logo em seguida.
- Eu poderia ter a honra de ter sua atenção apenas por alguns minutos nessa noite ? - Igor pergunta após se sentar ao meu lado.
- Não seja dramático. - reviro os olhos.
- Eu estava pensando da gente fazer um passeio na próxima semana, já que estamos definitivamente de férias por tempo indeterminado. - ele sugere.
- Para você, pode ser férias, mas para mim não, eu tenho várias gravações para fazer, e ainda preciso tirar uma fotos, que será justamente na próxima semana. - digo.
- Eu sinto que você sempre arruma desculpa para não sair comigo. Eu sou tão chato assim ? - ele sorri forçado.
- Não é isso, Igor. - o olho - Eu só não estou afim de ficar com outra pessoa no momento.
- Então já conquistaram seu coração. - ele suspira triste - Pelo menos posso saber quem é o sortudo ?
- Primeiro que não me conquistaram ainda. - sorrio simples - E segundo, que bom... Eu não gosto de falar sobre minha vida pessoal.
Se mentir fosse um crime, certamente nesse momento eu estaria presa por cometer o mesmo artigo duas vezes consecutivas.
Até porque a cantora fazia questão de não sair dos meus pensamentos e no fim das contas ela estava me conquistando, mesmo que fosse aos poucos.
- Tudo bem, Brunninha. - ele se levanta - Eu tenho que ir agora, prometi a minha avó que voltaria cedo.
- Eu te acompanho até a porta. - caminho juntamente com ele - Espero que podemos continuar essa amizade, foi muito bom gravar com você.
- Quem tem que dizer isso sou eu. - ele sorri - Você realizou meu sonho e eu sou totalmente grato a você.
Me despeço dele com um simples aceno e volto para dentro, ainda escutando Marina e minha mãe conversarem, desta vez sobre alguma marca de maquiagem que estava sendo criticada pelo público.
Sorrio com a cabeça e nego com a cabeça, enquanto começo a retirar as taças que alguns convidados haviam deixado pela sala. Levo tudo até a cozinha, onde me deparo com Brunno sentado na mesa encarando seu celular.
- Pensei que você já estivesse ido embora. - digo colocando as coisas dentro da pia, para que Andreia lavasse no outro dia.
- Estou esperando nosso pai, ele me disse que estava com vontade de ir ao banheiro e que não dava para esperar chegar no hotel. - dá de ombros.
- E em qual banheiro ele foi ? - pergunto curiosa.
- Não sei, Brunna. Essa casa é enorme, ele deve ter ido no primeiro que achou. - ele fala sem importância.
Caminho a passos largos em direção ao segundo andar, sem demonstrar preocupação para as mulheres que ainda conversavam e subo as escadas que se tornaram longas.
O primeiro cômodo que adentro é o quarto de Philipe. Me certifico que ele está dormindo normalmente e beijo sua testa, saindo sem fazer barulho para não acorda-lo.
O meu quarto, está totalmente escuro e a única coisa que está ali é o perfume de Ludmilla que me faz abrir um pequeno sorrio após voltar a fechar a porta.
Decido ir para o lado oposto, em direção ao quarto de hóspedes e o pequeno escritório que tinha feito para caso minha mãe precisasse trabalhar, mas quem o mais usa sou eu, já que está repleto de roteiros.
Empurro as portas e elas se abrem, vejo Jorge andar de um lado para o outro dentro do pequeno cômodo enquanto lia uma pequena folha que estava em sua mão, ele parecia nervoso, aflito e amedrontado.
- O que você está fazendo aqui ? - pergunto em um tom sério, fazendo o mesmo se assustar e me olhar.
- Eu estava procurando o banheiro só que aí... - o corto rapidamente.
- Não minta para mim, Jorge. - dou um passo a frente - O que está fazendo aqui ?
- Minha filha, eu estava procurando o banheiro, mas coincidentemente abri a porta errada e entrei no seu escritório. - ele sorri e eu consigo sentir a falsidade transbordar naquele ambiente - Acabei encontrando o documento que eu estava procurando fazem uns anos.
- Me poupe, eu não tenho nenhum documento que seria do seu interesse. - reviro os olhos - Ah não ser que fosse uma assinatura minha lhe passando todos os meus bens.
- Porque você acha que tudo que me envolve tem a ver com dinheiro ? - ele me pergunta se fazendo de vítima.
- Talvez seja porque você já me roubou, enquanto eu trabalhava duro para dar o melhor para nossa família, ou melhor para a MINHA família, já que você nunca fez questão nenhuma de ser um homem honesto. - aumento meu tom de voz - Talvez seja porque você desviou os dinheiros da minha conta para a sua, como se fosse algo muito normal e ainda usou a desculpa de ser o melhor para manter a minha segurança.
- Não vamos relembrar o passado, Bru. Pensei que já tivesse me perdoado. - ele coloca o papel sobre a mesa.
- Não, Jorge. Eu não te perdoei e não irei. Porque todas as vezes que eu lembro que por sua causa eu poderia ter perdido o meu filho, eu só consigo sentir nojo da sua cara. - bato em seu ombro - Você sabe o quanto você já me prejudicou. Então não coloque um sorriso falso e entre na minha casa, achando que somos uma família perfeita, porque além de não existir perfeição, não existir família entre a gente.
- Não diga isso, filha. - ele tenta me abraçar - Eu também já fiz muita coisa boa por você.
- Coisa boa, Jorge ? - sorrio irônica - Você nunca fez merda nenhuma para me ajudar. Você me roubou e tentou fazer com que eu perdesse o meu filho, simplesmente por medo de perder o pouco da herança que eu tive pena de deixar para você.
- Eu amo o meu netinho. - ele encara a foto de Philipe juntamente com Neymar, que está encima da mesa.
- Ama porra nenhuma. - dou um tapa em seu rosto - Você não ama o meu filho e ele não te ama e eu faço questão de reforçar para ele que o único sentimento que ele tem que ter de você é nojo e ódio.
- Quem e você para poder me bater ? - ele aperta o meu pulso - Você deveria ser igual seu irmão.
- Um sem caráter que depende do dinheiro dos outros pra viver ? Eu prefiro trabalhar e poder me sustentar sem precisar fazer mal pra ninguém. - o encaro.
Ao ouvir alguns passos pelo corredor o mais velho me solta e da um passo atrás passando suas mãos pelo rosto, onde meus dedos se fizeram presente, por alguns segundos.
- Está tudo bem por aqui ? - minha mãe pergunta sem entender - Eu escutei umas vozes altas.
- Não era nada demais mãe. - a olho - Eu já estou indo me deitar.
- E você Jorge ? Porque está aqui ? - ela pergunta curiosa.
- Estava procurando o banheiro e acabei me perdendo, mas a Bru já me localizou. - ele sorri fracamente.
- Vá embora de minha casa e não volte tão cedo, porque da próxima vez a recepção não será tão boa. - saio do escritório deixando apenas os dois por lá.
Caminho até meu quarto, onde vejo Marina juntar suas coisas para ir embora. Insisto para que ela durma aqui, mas a mesma disse que teria um compromisso de última hora amanhã cedo e preferiu por dormir em sua casa.
Me despeço dela com um simples abraço e a agradeço por ter vindo. Como ela já é parte da família, não fiz questão de descer para leva-la até a porta.
Apenas me deitei sobre a cama fechando os olhos.
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