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Pov Ludmilla

Desembarco no aeroporto de Sergipe e sinto o sol atingir meus olhos, fazendo com que eu retire o óculos escuros do meu bolso e o coloque no rosto.

Marcos é o primeiro a descer do avião, sendo seguido de mim e o restante da equipe. Tento fazer com que ele me olhe, ao falar da paisagem, mas novamente sou ignorada.

- Patroa, se a senhora quiser eu tiro uma foto sua. - meu segurança disse após perceber o ocorrido.

- Não, José. Está tudo bem, obrigada pela boa vontade. - sorrio forçada.

Adentro o aeroporto para pegar minhas malas e consigo ver que meu irmão já tinha feito isso e estava em uma ligação pelo seu celular.

Me assento um pouco distante e cruzo minhas pernas, esperando o próximo comando para que eu obedeça.

- Ludmilla, você vai ficar aí sentada ou vai com a gente, entrar na van ? - escuto Marcos perguntar e me levanto até sua direção.

- Para de me tratar assim na frente dos outros, Marcos. - peço - Eu não fiz nada com você.

- Eu estou te tratando normal. - ele fala simples.

- Está sim, Marcos. Deve estar! - digo um pouco mais alto - Você está me evitando desde que entramos naquele avião e isso fazem 7 horas. E quando finalmente direciona a palavra até mim, me trata mal.

- Ludmilla, eu só acho que você não está se entregando totalmente nessa carreira. Era para a gente ter tido seis meses de turnê, mas você teve a brilhante ideia de resumir tudo em três meses, não conseguimos nem rodar o país direito. - ele diz quando já chegamos no estacionamento - E olha hoje, você chegou em cima da hora, se não fosse eu arrumar suas malas, estaríamos lá no Rio de Janeiro ainda.

- Eu acho que você está sendo muito hipócrita ao dizer que eu não estou me entregando a minha carreira. Você mais do que ninguém sabe que eu tô nessa desde minha adolescência e que deixei de viver coisas normais, simplesmente por ter toda essa responsabilidade em cima de mim. - o vejo desviar o olhar - Você mais do que ninguém, sabe que eu não tenho direito a férias e os poucos momentos que eu estou em casa, é porque eu me humilho pro Guilherme.

- Eu sei da sua história, Ludmilla. - ele fala baixo.

- Pois não parece. - falo - De todos você é o que sempre está comigo em todos os lugares, sabe o quão cansativo é essa rotina. E hoje simples decide me dar uma lição de moral falando que eu não tenho responsabilidade?

- Você entendeu errado. - ele suspira.

- Não, Marcos, eu não entendi errado. Você está jogando isso na minha cara desde aquela nossa conversa no portão de casa.

- Eu estava estressado. - ele volta a me olhar - Você saiu de casa uma hora da tarde e voltou as onze e meia. Acha mesmo que eu acredito que você estava na gravadora?

- Eu não preciso que você acredite em mim. - toco em seu peito - Mas você não espere que eu acredite em você.

Adentro a grande van que já estava toda a equipe que havia vindo comigo nesse vôo e me assento no último banco, colocando rapidamente meu fone, para evitar conversas.

Demoramos trinta minutos para chegar no hotel, diferente de todas as vezes, dentro da van havia um silêncio e ninguém interagia com ninguém.

Sou a primeira a descer do automóvel e sigo em direção ao hotel, não me importando com o público que estava ali me esperando.

Pela primeira vez na vida, não cumprimento ninguém e nem paro para tirar fotos. Provavelmente isso será manchete de alguma página de fofocas do Instagram, mas nesse momento, eu realmente não estou me importando com isso.

- Boa tarde, senhora Ludmilla. - a recepcionista cumprimenta após se certificar o horário no relógio em seu pulso.

- Boa tarde. - digo simples.

- Deseja dar entrada na sua reserva ? - ela pergunta e eu confirmo com a cabeça - Separamos para você o nosso melhor quarto. Ele fica já cobertura no hotel, você tem direito a tudo incluso no seu pacote.

- Hum, obrigada. Mas você pode me entregar a chave do quarto? Eu estou cansada.

- Sim claro, só um momento. - ela digita algumas coisas no computador e logo em seguida me entrega a chave do meu quarto.

Espero o elevador descer e o adentro, indicando para qual andar iria. Assim que suas portas se abrem, caminho pelo corredor que só havia uma porta e a abro, me deparando com um quarto enorme.

Procuro por minhas malas e me esqueço que eu desci rápido demais da van, me esquecendo de pegar minhas malas que estavam no porta malas do mesmo.

- Suas malas. - escuto Marcos dizer e me viro para pegar.

- Obrigada, eu acabei esquecendo. - agradeço.

- Lud, desculpa. - ele suspira se encostando na parede - Eu não sei o que deu em mim.

- Tudo bem, Marcos. - pego a mala de suas mãos - Eu só não achei certo o que você disse.

- Eu realmente não estava. Você é muito importante pra mim e nunca duvidou de nada que eu disse, mesmo a vida lhe dando todos os motivos. - ele sorri fraco - E na primeira oportunidade eu duvido de você.

- Essas coisas acontecem. - o abraço - Mas agora eu preciso de um banho e dormir um pouco, estou cansada.

- Tudo bem, depois eu venho te chamar para almoçar. - ele diz e eu fecho a porta do quarto.

Caminho em direção a cama, onde me assento e procuro por meu celular, na intenção de ligar para minha mãe e pedir seu fiel conselho.

Acabo não encontrando o aparelho e abro a mala, tentando o achar, assim que isso acontecer, disco seu número e espero que ela atenda.

📞

- Oi minha filha! Desculpa a demora eu estava fazendo o almoço. Net teve um imprevisto com a família dela. - ela fala após atender a ligação.

- Oi mãe, não tem nenhum problema. Eu liguei atoa mesmo. - digo.

- Já chegou ? - ela pergunta.

- Já sim. - suspiro - Briguei com Marcos.

- Mas porque ? - ela pergunta curiosa.

- Ele me chamou de irresponsável e disse que não me dedico a minha carreira.

- O Marcos disse isso ? - pergunta surpresa e eu respondo com um "aham" - Oh Lud, ele deveria estar cansado. A gente sabe que você se dedica muito e que é responsável.

- Eu entendi ele ter falado na hora raiva, mas me magoou assim mesmo. - suspiro.

...

📞

Conversamos por mais uns minutos e desligamos para ela terminar seu almoço e eu poder descansar para o show.





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Eita

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