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Capítulo 8| Por um tempo







Eu olhei para a folha de papel à minha frente, os rabiscos espalhados de forma desordenada. Algumas palavras soltas aqui e ali, tentativas de melodias anotadas apressadamente, mas nada parecia certo. Suspirei, apoiando as costas no sofá e deixando a cabeça cair para trás. A luz suave da sala criava sombras dançantes nas paredes, e eu podia ouvir o leve tique-taque do relógio na cozinha.

Levantei-me e caminhei até a janela, observando as últimas cores do dia desaparecerem no horizonte. A cidade parecia tranquila naquela hora, com poucos carros passando na rua e algumas luzes piscando ao longe. Respirei fundo, tentando encontrar alguma inspiração naquela paisagem familiar.

De volta à mesa, passei os olhos pelos papéis mais uma vez. Talvez eu estivesse tentando demais. Peguei o violoncelo, ajustei-o no colo e deixei os dedos deslizarem pelas cordas sem pressa. O som preencheu a sala de forma suave, e uma pequena melodia começou a surgir sem que eu percebesse. Fechei os olhos e me permiti tocar, sem pensar em regras ou prazos. Apenas a música, simples e sincera.

Quando terminei, olhei para a folha à minha frente e escrevi algumas notas, sem a pressão de precisar ser perfeito. Apenas anotei o que parecia certo naquele momento.

Levantei-me novamente, fui até a cozinha e preparei um chá, deixando o aroma de camomila se espalhar pelo ambiente. Enquanto esperava a água esquentar, minha mente vagava por possibilidades, ideias novas que poderiam funcionar na composição. Talvez eu devesse buscar inspiração em algo diferente, sair um pouco da rotina e tentar ver a música de outra perspectiva.

Com a xícara quente nas mãos, voltei para a sala e me sentei no sofá, encarando as anotações. Dei um gole no chá e sorri de leve. Aos poucos, a música parecia tomar forma. Não era perfeita, mas estava começando a fazer sentido.



Enquanto eu bebia o chá, olhei para as notas espalhadas à minha frente e tentei organizar os pensamentos. A melodia ainda estava crua, incompleta, mas havia algo nela que parecia certo. Talvez fosse apenas uma questão de paciência.

Coloquei a xícara sobre a mesa de centro e peguei o violoncelo novamente. Posicionei-o com cuidado e deixei os dedos deslizarem pelas cordas, experimentando os sons que ecoavam suavemente pela sala. Fechei os olhos por um instante, tentando sentir cada nota em vez de simplesmente tocá-la.

A melodia começou a ganhar corpo. Lentamente, fui ajustando os tons, adicionando pausas e transições. Algumas partes fluíam com naturalidade, enquanto outras pareciam resistir, como se estivessem fora de lugar.

— Só mais uma vez — murmurei para mim mesma, ajeitando a postura e recomeçando.

Dessa vez, toquei com mais intenção, tentando conectar as emoções que carregava dentro de mim à música. Cada nota parecia contar uma parte da minha história, um pedaço dos sentimentos que eu guardava há tanto tempo.

O som preenchia a sala, envolvendo tudo em uma atmosfera calma e, por um breve momento, esqueci da pressão da competição. Esqueci do medo de falhar, das dúvidas constantes. Apenas toquei, deixando que a música falasse por mim.

Quando terminei, soltei um suspiro pesado e deixei o violoncelo de lado. Peguei o caderno de anotações e escrevi algumas palavras, tentando capturar o que havia sentido durante a execução. A melodia precisava transmitir aquilo: a sensação de busca, de perda, mas também de esperança.



_________

A cozinha estava tranquila, as luzes suaves iluminando o ambiente e a noite começando a cair lá fora. Eu estava sozinha, mas não me sentia solitária. A rotina me acalmava, e até as tarefas mais simples pareciam preencher o vazio. Tentei me concentrar no que estava fazendo. Já fazia algum tempo que eu não cozinhava, mas hoje era uma dessas noites. O cheiro de alho e cebola começou a se espalhar pela casa, e eu respirei fundo, apreciando a familiaridade daquele aroma.

Com as mãos rapidamente se movendo, comecei a preparar o jantar. Uma receita simples, mas reconfortante. O arroz estava começando a cozinhar na panela, o som suave da água borbulhando tornando o ambiente mais acolhedor. Coloquei a frigideira no fogo e, com cuidado, adicionei o azeite, vendo-o brilhar com a luz das lâmpadas. Piquei os legumes com destreza, a faca cortando as cenouras e abobrinhas enquanto eu tentava organizar meus pensamentos. As tarefas simples, como essas, costumavam me distrair e me ajudar a clarear a mente. Não havia pressa, não havia cobranças. Só o som da comida sendo preparada e a sensação de controle, mesmo que momentânea.

Enquanto a comida fritava na frigideira, eu me recostei contra a bancada, observando a dança das chamas sob a panela. Algo no processo me trazia uma calma silenciosa. A pressão que eu sentia em relação à música estava um pouco mais distante agora. A cozinha era um refúgio para mim, um lugar onde as coisas eram simples e previsíveis. Eu sabia o que estava fazendo, e, por mais que a música me desafiasse a cada momento, o ato de cozinhar me dava uma sensação de competência.

O cheiro da comida foi tomando conta de toda a casa, e, por um momento, me senti como se estivesse em um lugar seguro, onde as complexidades da vida ficavam de lado por alguns minutos. A frigideira chiava suavemente, e eu me concentrei nas batatas que agora estavam dourando ao lado dos legumes. O arroz estava quase pronto, o vapor subindo da panela. Era simples, mas era o que eu precisava.

A mesa estava posta, e eu servi o jantar com a sensação de dever cumprido. Peguei o prato e me sentei à mesa, olhando para a refeição com um sorriso leve. Era uma refeição simples, mas naquele momento, isso parecia ser tudo o que eu precisava. Nada complicado. Nada que exigisse mais do que o que eu já havia dado para aquele dia.

A comida estava deliciosa, mas mais do que o sabor, eu sentia uma sensação de paz se espalhando por mim. As preocupações da música estavam lá, é claro, mas, por algumas horas, eu poderia simplesmente me perder no prazer de uma refeição feita com minhas próprias mãos. A noite se estendia diante de mim, mas não havia pressa. Não havia necessidade de correr. Eu estava ali, no presente, comendo a comida que havia preparado, sabendo que, de algum modo, isso também fazia parte do meu processo de cura.

_________





Depois de terminar o jantar, deixei o prato na pia e decidi sair para uma corrida. A sensação de estar em movimento, de sentir meu corpo trabalhando, sempre me deu uma sensação de clareza que poucas coisas conseguiam oferecer. A rua estava silenciosa, as casas nas proximidades tinham suas luzes apagadas, e o único som era o das minhas próprias respirações e passos. A noite estava fresca, o que fazia com que o ar fosse revigorante enquanto eu corria.

A calçada estava vazia, e, enquanto corria, me sentia completamente absorvida pela solitude da noite. A lua brilhava sobre minha cabeça, iluminando suavemente a estrada à minha frente. O vento que batia no meu rosto dava-me uma sensação de liberdade. Não pensava em mais nada, apenas corria, seguindo o ritmo do meu corpo, sentindo a batida constante dos meus pés no chão.

Era quase como se a corrida fosse uma válvula de escape, uma maneira de liberar tudo o que eu havia acumulado dentro de mim. As tensões da vida, as preocupações com a música, com minha mãe, com as incertezas que pareciam não ter fim — tudo ficava para trás enquanto meus pés tocavam o asfalto. Cada respiração profunda, cada passo mais rápido, traziam um alívio silencioso.

A rua à minha frente parecia se estender infinitamente, e eu continuei avançando, sem pressa, mas com a sensação de que estava me afastando de algo, talvez de um fardo, ou de um pensamento que me prendia. Eu não sabia exatamente o que procurava, mas sabia que queria ir além, sair de onde estava e alcançar algo mais — não em termos físicos, mas em termos emocionais.

Meu corpo se movia automaticamente agora, enquanto a brisa da noite acariciava minha pele. O ritmo da corrida parecia estar alinhado com o fluxo das minhas ideias, as preocupações dando espaço para uma sensação de leveza. Eu me perguntava se deveria fazer isso mais vezes. Era estranho como a simples ação de correr podia ter esse efeito tão calmante sobre mim. Meus músculos doíam, mas isso não importava. Eu estava ali, no momento presente, sentindo o chão sob meus pés e o ar entrando e saindo dos meus pulmões.

Continuei correndo até sair do bairro e alcançar a área aberta, onde as luzes da cidade já não chegavam mais. O céu estava escuro, mas cheio de estrelas. Uma sensação de vastidão tomou conta de mim, e eu parei por um momento, respirando fundo, sentindo o ar fresco invadir meus pulmões. Olhei para o céu e percebi como tudo parecia pequeno diante de algo tão grande. A vida, as preocupações, os dilemas, as músicas que eu ainda não conseguia terminar... Pareciam tão irrelevantes diante da imensidão do universo.

Depois de alguns minutos ali, simplesmente apreciando o silêncio da noite, voltei para o meu caminho. A corrida estava me ajudando, mais do que eu imaginava. Meus pensamentos estavam mais claros, o que antes parecia ser um emaranhado de ideias estava agora mais organizado, mais próximo de se encaixar. Eu não sabia o que faria com isso ainda, mas ao menos a sensação de estar em movimento — fisicamente e emocionalmente — me trazia uma paz momentânea.

A volta para casa foi mais leve. A corrida não resolveu todos os meus problemas, mas me deu a sensação de que eu poderia continuar. O simples ato de correr, de afastar-me do que estava me sobrecarregando, trouxe uma tranquilidade que eu não sabia que precisava.

Quando cheguei de volta à porta de casa, respirei fundo mais uma vez e, ao entrar, fechei a porta com calma. O som da rua, da brisa, da noite, ficou para trás, mas a sensação que ela deixou comigo não. Eu sabia que seria uma noite tranquila, que a mente não me bombardearia com tantas questões, porque eu tinha dado um passo — apenas um — para afastá-las, mesmo que por um tempo.

A corrida não me deu respostas, mas me fez perceber que, às vezes, tudo o que você precisa é dar o primeiro passo, mesmo que o caminho à frente ainda seja incerto.

Entrei em casa sentindo o ar fresco da noite ainda em minha pele. O som dos meus passos era suave, quase silencioso, enquanto eu caminhava pelo corredor escuro. A casa estava calma, exceto pelo leve zumbido da geladeira na cozinha e o som do ventilador no meu quarto. Fechei a porta com cuidado, tentando não fazer barulho, mas algo na quietude da casa fez com que eu parasse por um instante.

Foi então que ouvi os passos. Silenciosos, mas distintos. Algo que não deveria estar ali. Eram leves, cautelosos, como se alguém estivesse tentando não ser ouvido. Fiquei parada por um momento, ouvindo, tentando entender de onde vinham. Não eram meus passos, nem de minha mãe. O som veio de algum lugar dentro da casa. Meu coração começou a bater mais rápido, e, por um momento, uma sensação de frio percorreu minha espinha.

Fui em direção à sala, os passos ainda ecoando, agora mais próximos. Não sabia se estava ouvindo errado ou se minha mente estava brincando comigo, mas o som parecia real. Cheguei à porta da sala, onde a luz da rua entrava pela janela, e parei. O som estava mais nítido agora, bem atrás da porta.

Meu corpo ficou tenso, como se estivesse esperando algo. Uma parte de mim queria abrir a porta e confrontar o que fosse, mas outra parte estava paralisada pelo medo. Quem estaria ali, dentro da minha casa, fazendo tão pouco barulho? Não havia razão para ninguém estar ali, e ainda assim o som persistia.

Fiquei em silêncio, sem me mover, até que o som cessou, como se a pessoa tivesse percebido que eu a havia ouvido e ficado quieta, esperando. Meu coração ainda batia forte, e, por alguns segundos, fiquei completamente imóvel, tentando processar o que estava acontecendo.

Depois de um tempo que me pareceu interminável, tomei coragem e abri a porta da sala, minha respiração estava pesada. O ambiente estava vazio. Não havia ninguém ali. Olhei ao redor, sem entender o que tinha acontecido. Talvez fosse apenas o eco da minha mente cansada após a corrida, ou um simples truque do silêncio da casa.

Mas, enquanto olhava ao redor, meu olhar parou na janela, onde a luz suave da rua entrava e iluminava os móveis de maneira suave. O som dos passos ainda pairava na minha cabeça, mas a sala estava tranquila. Respirei fundo, tentando me convencer de que não era nada. E, por fim, dei um passo para trás, fechando a porta novamente, embora a sensação estranha de que algo não estava certo ainda permanecesse comigo.

Fui até a cozinha, me concentrando no som da água da torneira, tentando afastar os pensamentos. Mas os passos silenciosos continuavam a rondar minha mente, como se estivessem mais perto do que eu queria admitir.




A sensação do toque em meu ombro foi instantaneamente gelada, como se o ar ao redor de minha pele tivesse se distorcido em um único momento de tensão. Meu corpo se retraiu, a respiração presa na garganta. O som dos meus batimentos parecia mais alto que o normal. Então, como um alívio súbito, uma voz suave, mas firme, falou atrás de mim.

— Desculpe, não queria te assustar.

Eu me virei rapidamente, encontrando Paloma. Ela estava com um sorriso tranquilo no rosto, como se fosse normal se aproximar de alguém de forma tão silenciosa. As mãos dela estavam estendidas na frente do corpo, talvez por um gesto involuntário de paz. Eu a reconheci imediatamente, mas o choque de ter sido tocada sem esperar, somado aos passos silenciosos que ainda ecoavam em minha mente, fez com que o susto demorasse a passar.

— Ah… — engoli em seco. — Não, tudo bem. Só... não esperava.

Paloma deu um leve sorriso e balançou a cabeça, quase como se estivesse entendendo exatamente como me sentia.

— Eu sei como é. A casa é silenciosa, e o som das coisas parece amplificado. Mas, se precisar de algo, só chamar. Eu cheguei mais cedo porque tinha uma consulta no fim da tarde, então pensei em começar a fazer o que fosse necessário.

Ela parecia serena, como se estivesse completamente à vontade. Mas, ao olhar para ela, percebi que sua presença tinha sido o que tinha quebrado aquele silêncio, o que tinha me feito dar sentido àquele toque no ombro. A tensão em meu corpo não desapareceu de imediato, mas a presença dela, calma e controlada, ajudou a suavizar um pouco o desconforto que ainda estava em mim.

— Certo... — tentei sorrir, minha voz soando um pouco mais trêmula do que eu gostaria. — Eu... estava só caminhando um pouco. Acho que... talvez tenha ficado um pouco tensa demais com tudo, sabe?

___ Sei sim.

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