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Capítulo 7| Melodia







Era um dos raros momentos em que eu estava sozinha em meu quarto, sem a preocupação do que esperar no dia seguinte, sem a pressão de encarar mais uma aula ou mais uma conversa cheia de perguntas que eu não queria responder. O sol estava começando a se pôr, e sua luz dourada parecia se esgueirar pelas cortinas fechadas, como uma promessa de tranquilidade. Eu havia decidido que seria naquele momento que eu transformaria tudo o que estava acumulado dentro de mim em algo concreto. Algo que eu pudesse tocar, sentir e, talvez, até entender.

Com as mãos sobre o violoncelo, o cheiro do seu verniz ainda fresco invadiu minhas narinas. A madeira, familiar e acolhedora, parecia entender minha necessidade de expressão. Eu não sabia ao certo como a música sairia. Apenas sabia que, de algum jeito, ela sairia.

Nos últimos dias, eu não conseguia pensar em outra coisa. As palavras que escrevi no papel, que inicialmente pareciam desordenadas e sem sentido, agora tomavam forma. A música tinha sido uma batalha interna, algo que me consumia, me desafiava a explorar mais sobre mim mesma, a encarar aquilo que eu estava evitando. Cada frase, cada acorde, me levava mais fundo em um território desconhecido, e eu sabia que não tinha volta.

Puxei o arco do violoncelo pela primeira vez, suavemente. As primeiras notas se misturaram com o silêncio da noite, formando uma dança delicada. Era algo que eu já sabia fazer, mas, ao mesmo tempo, estava me forçando a fazer de uma maneira diferente. Não podia mais tocar apenas por instinto ou porque era o esperado de mim. Agora, eu precisava tocar para mim mesma, como uma forma de cura, de libertação.

A letra que eu havia escrito estava na ponta da língua, mas algo faltava. Algo que eu não podia explicar. Eu não estava apenas tentando compor uma música. Eu estava tentando entender o que estava dentro de mim, descobrir o que se escondia nas entrelinhas de cada acorde. Como se fosse um quebra-cabeça emocional, eu buscava encaixar as peças que, até então, pareciam distantes.

O violoncelo se tornou mais do que um instrumento. Ele era agora uma extensão dos meus sentimentos, dos meus pensamentos confusos, da minha tentativa de entender o que eu estava vivendo. Eu tocava e, ao mesmo tempo, me perdia nas notas. Era uma busca incessante por algo mais profundo, mais verdadeiro, que me conectasse com a realidade que, até então, eu havia tentado evitar.

Cada vez que a música começava a se formar, surgia a sensação de que algo estava incompleto. Como se eu estivesse quase lá, mas ainda faltasse um pedaço. E foi assim, em meio à frustração e à paciência, que eu percebi o que a música realmente significava para mim. Não era apenas uma composição. Era um reflexo de tudo o que eu estava vivendo, tudo o que eu estava tentando entender. A música estava me ajudando a olhar para mim mesma de uma maneira que eu nunca tinha feito antes.

O violoncelo continuou a falar por mim. A cada nova tentativa, uma nova parte de mim era revelada. Eu não estava apenas criando notas e ritmos. Eu estava encontrando minha própria voz, um lugar onde minhas emoções podiam ser ouvidas. Eu me permitia errar, repetir, ajustar. A música se tornava mais minha a cada segundo, até que, finalmente, as palavras que eu escrevi começaram a se alinhar perfeitamente com os acordes. A melodia tomava forma. Eu sentia que o que estava dentro de mim estava agora sendo projetado para fora, transformado em algo palpável, algo que eu poderia ver e, ao mesmo tempo, sentir.

Era difícil explicar a sensação de ver tudo se encaixar. Não era uma música apenas para mostrar aos outros. Era uma música para mim, uma maneira de lidar com a perda, com a confusão, com o medo de que talvez eu nunca fosse ser capaz de entender o que acontecia dentro de mim. Mas ali, naquela noite silenciosa, eu entendi que a música era minha resposta.

Eu continuei tocando, perdida no som, nas notas que se entrelaçavam. Eu não queria mais interromper o processo. Era como se cada respiração minha fosse uma parte do que eu estava criando. Eu não queria parar. Não queria que aquela sensação de estar completa, ainda que por um momento, se esvanecesse.

O céu já estava escuro, e eu ainda estava ali, tocando, com os dedos dormentes, mas com o coração mais leve. Eu sabia que a música não estava pronta. Sabia que havia mais trabalho pela frente. Mas por aquele momento, parecia que eu havia encontrado o que estava procurando. E, por um instante, tudo fez sentido. Eu não sabia se conseguiria seguir em frente sem entender completamente o que estava acontecendo, mas eu sabia que, de alguma forma, a música me ajudaria a descobrir.

Quando finalmente parei, a sala estava em um silêncio reconfortante. A melodia ainda parecia ecoar nas paredes, e eu podia sentir a sensação de realização. Não era o fim, mas um começo. Eu havia dado o primeiro passo em direção a algo maior, algo que ainda estava se formando. E, por mais simples que fosse, eu sabia que havia feito algo importante.

Fechei os olhos por um momento, sentindo o cansaço tomando conta de mim. Eu sabia que o trabalho ainda não estava completo, mas estava satisfeita com o que havia conseguido até ali. A música não precisava ser perfeita. Ela precisava ser verdadeira. E naquele momento, ela era.

Levantei-me lentamente, sentindo a tensão nos músculos das costas, mas com uma sensação de calma interior que eu não sentia há muito tempo. Havia algo de novo em mim, algo que se renovava a cada acorde, a cada palavra da música.

Eu não sabia o que o futuro reservava, mas naquele instante, eu tinha a certeza de que, com a música, eu encontraria o caminho. E enquanto as notas ainda ecoavam em minha mente, eu sabia que essa era apenas a primeira página de algo que estava por vir.

Afinal, às vezes, a música não precisa de respostas. Ela só precisa ser ouvida.





______

Ainda com o violoncelo nos braços, me permiti ficar ali por mais alguns minutos, absorvendo a sensação de ter liberado uma parte de mim. O som das últimas notas que soavam na minha mente estava suave, como se estivesse finalmente se dissipando, mas a sensação de realização ainda estava muito presente. Como se, por fim, eu tivesse encontrado algo que me faltava.

Me levantei lentamente e deixei o violoncelo de lado, ajeitando as cordas com cuidado, como sempre fiz. Mas não era apenas o instrumento que precisava de cuidado naquele momento; era eu mesma. Eu precisava me reconectar com o que acabara de criar, de sentir a música em meu corpo e em minha alma.

Não havia mais o som das cordas vibrando no ar, nem o leve toque dos meus dedos em suas superfícies. Só o eco da minha respiração e o batimento do meu coração. O ar estava denso com a sensação de algo recém-nascido, algo que ainda estava se formando.

Fui até a janela, puxei as cortinas e deixei a luz da lua entrar suavemente no quarto. O brilho da noite iluminava o ambiente com uma serenidade que fazia tudo parecer mais claro. Tudo parecia mais claro. O mundo lá fora, com suas complexidades e desafios, não parecia mais tão distante. Eu estava ali, em meu próprio pequeno espaço, e por mais que a vida fosse incerta, eu havia encontrado algo meu. Algo que me conectava com o mundo de uma maneira que palavras não conseguiam expressar. E, de alguma forma, a música era tudo o que eu precisava para sentir que estava de volta a mim mesma.

Olhei para a folha de papel onde haviam nascido as primeiras palavras da letra. Elas ainda estavam ali, com a tinta um pouco borrada, como se as emoções que tinham sido escritas naquele papel ainda estivessem vivas. Não era uma letra perfeita, mas era minha. E isso, de alguma forma, já era o suficiente. Eu tinha dado início a algo, algo que se tornava meu, a cada nota tocada, a cada palavra escrita.

Sentei na cama e, por um momento, fiquei observando o papel, as palavras que não faziam sentido até pouco tempo atrás. Mas agora, em meu coração, elas pareciam mais claras. Eu sabia que precisava dar continuidade àquilo. Não só pela competição, não apenas para ganhar ou impressionar alguém. Mas porque aquela música fazia parte de mim. Eu estava dizendo algo com ela, sem nem perceber.

As palavras dançavam na página, formando uma melodia única, uma história contada em notas e versos. Era como se a música estivesse me chamando para algo mais profundo, algo que eu ainda não entendia completamente. Mas, como sempre fiz com a música, eu iria segui-la. Passo a passo. Nota por nota.

Fechei os olhos e respirei fundo. A sensação de solidão que antes me envolvia, agora se dissipava, como se a música tivesse o poder de preencher os espaços vazios. Eu estava com minha mente tranquila, e por mais que o mundo estivesse acontecendo ao meu redor, naquele momento, só a música parecia importar. Eu não sabia onde isso me levaria, mas talvez nem precisasse saber. Eu estava, finalmente, deixando a música me guiar.

Levantei-me mais uma vez e fui até a mesa, onde ainda estavam os acordes que eu havia anotado nas últimas semanas. Aquelas notas agora faziam mais sentido, como se eu tivesse desbloqueado um código que antes parecia inatingível. As palavras que estavam no papel se uniam com as notas, como se cada parte da composição fosse parte de uma história maior, que ainda estava sendo escrita.

Meu coração batia mais rápido agora, como se uma nova energia estivesse surgindo dentro de mim. Eu não sabia o que mais eu poderia esperar da vida naquele momento, mas ali, com o violoncelo ao meu lado e a música tomando forma, eu me sentia viva de uma maneira que não sentia há muito tempo.

A música continuava em minha mente, se espalhando pelos meus pensamentos, como um rio que segue seu curso sem parar. Eu não podia mais ignorá-la. Eu não queria mais ignorá-la. Porque, agora, era ela que estava me dizendo quem eu era, o que eu estava buscando, e o que eu poderia ser.

Eu respirei fundo e, com um sorriso, peguei o violoncelo novamente. Sentia que, de alguma forma, o som daquelas cordas seria minha resposta para tudo o que eu ainda não sabia. Eu não precisava de certezas. Não precisava de respostas imediatas. O que eu precisava era continuar, continuar tocando, compondo, criando. E, enquanto o violoncelo se unia à minha voz, eu sabia que, finalmente, a música me mostraria o caminho.

O resto do mundo poderia esperar. O resto das questões, das dúvidas, das inseguranças... elas podiam esperar. Porque, por enquanto, tudo o que eu precisava fazer era tocar. E isso já era o suficiente.




________






Eu me levantei lentamente, esticando os braços enquanto sentia o peso da noite se instalando. O violoncelo ainda estava ali, encostado no canto, silencioso, como se soubesse que eu precisava de uma pausa. Mas a fome começou a se fazer presente, e eu sabia que já passara horas imersa na música e em meus pensamentos, sem parar para cuidar de mim mesma. Os ecos dos acordes ainda dançavam em minha mente, mas meu estômago falou mais alto. Caminhei até a cozinha, meus passos suaves, quebrando o silêncio da casa.

A cozinha estava fria, mas o cheiro de pão fresco que saía do saco me deu uma sensação de acolhimento. Era engraçado como coisas simples como esse cheiro podiam fazer a casa parecer mais minha, como se eu encontrasse um pouco de conforto na rotina. Abri a geladeira e peguei os ingredientes: queijo, presunto, alface e maionese. Não era nada elaborado, apenas o suficiente para matar a fome.

Com as mãos rápidas e automáticas, preparei o sanduíche. Cortei o pão ao meio, espalhei a maionese, coloquei o presunto, o queijo e a alface. O processo era quase mecânico, minha mente ainda flutuando entre os acordes que eu tinha tentado compor mais cedo. Quando terminei, dei uma olhada rápida no quarto de minha mãe. A porta estava entreaberta, e o som do ventilador preenchia o vazio do ambiente. Ela estava lá, quieta, em sua posição constante. Por um instante, parei, sentindo uma pontada de culpa por deixá-la ali, mas logo me afastei e fui em direção à sala.

A sala estava tranquila, a televisão ligada, exibindo um clássico de 1920 em preto e branco. O som suave da música incidental envolvia o ambiente, criando uma atmosfera nostálgica. Eu me acomodei no sofá, segurando o sanduíche com as duas mãos, tentando me perder no filme. Não era o tipo de coisa pela qual eu me apaixonava, mas naquele momento, não me importava. O charme das cenas, a atuação exagerada e a dramaticidade da época me ofereciam uma fuga temporária da complexidade que a música e os pensamentos me traziam.

Mordi o sanduíche, saboreando a simplicidade, enquanto o filme continuava ao fundo. Eu não estava interessada na história em si, mas na sensação que ela me transmitia, uma pausa tranquila de todo o caos mental que me consumia. Estava sozinha, mas não me sentia solitária. A sala silenciosa, o filme em preto e branco, o gosto do sanduíche e o calor confortável da casa criavam uma sensação de refúgio. Não pensava em mais nada naquele momento, apenas me deixava envolver pelo que estava ao meu redor.

O filme continuava, mas minha mente estava distante. Eu observava os atores exagerando em cada gesto e palavra, mas não conseguia me concentrar no que acontecia na tela. Algo naquele estilo antigo me tocava, a forma como as emoções eram expressas de maneira intensa e pura. Eu gostava daquela fragilidade nas histórias antigas, como se, através da arte, as dificuldades da vida se tornassem parte de algo mais belo. Era um consolo para o meu coração, que estava perdido em tantos sentimentos e palavras não ditas.

A noite caía lá fora, mas eu estava confortável ali, no meu próprio ritmo, sem pressa. As cenas no filme se arrastavam um pouco, mas eu não me importava. A solidão, na verdade, parecia agradável, como um abraço suave que me envolvia. Eu gostava da paz do momento. O som do filme, o gosto do sanduíche, a luz suave da sala, tudo contribuía para a sensação de que eu não precisava fazer mais nada, apenas estar ali, existindo no presente.

O sanduíche foi consumido lentamente, cada mordida acompanhada pela melodia da música no filme, como se ela fosse parte de uma dança entre a minha mente e a tela. Eu me perdi um pouco mais a cada segundo, deixando a sensação de consolo envolver meu ser. O mundo lá fora parecia distante, e tudo o que eu tinha que fazer era me permitir estar ali, sem pressa, sem expectativas. Não pensava em mais nada além de como os acordes do violoncelo ainda ecoavam dentro de mim, como se a música estivesse, de alguma forma, me guiando.

O filme estava lá, mas eu não me importava com ele. O conforto de estar em casa, no silêncio da sala, com apenas o som do filme e os ecos da música me preenchendo, era tudo o que eu precisava naquele instante. O tempo, ali, parecia esticado, como se o presente fosse tudo o que existisse. Eu não precisava fazer nada além de sentir e ser. Deixar as coisas fluírem.

E, por mais que a noite estivesse avançando, eu senti que aquele momento estava me reparando de alguma forma. A comida simples e o filme antigo me trouxeram uma paz que eu não sabia que precisava, mas que agora estava saboreando. Tudo parecia perfeito naquele instante, e por mais que os problemas ainda estivessem lá, eu sabia que aquele pequeno refúgio me dava forças para seguir. Pelo menos naquele momento, eu podia respirar mais leve.

Talvez fosse só isso que eu realmente precisasse: um pouco de tempo, um pouco de silêncio, e um pouco de refúgio nas pequenas coisas. E isso era o suficiente, por agora.

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