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Capítulo 5| Por Todas As Cores







O auditório estava cheio. Pessoas conversavam em tons baixos, algumas ajeitavam seus cadernos e canetas no colo, outras apenas olhavam ao redor, avaliando o ambiente. Eu me sentei em uma das cadeiras mais ao fundo, longe o suficiente para não ser notada, mas perto o bastante para acompanhar cada detalhe da apresentação.

O grande painel no palco exibia o título do evento em letras vibrantes: “Por Todas As Cores” – Competição Nacional de Violoncelo. As cores se misturavam em um degradê harmonioso, e por um instante, observei o jogo de luzes refletindo sobre a superfície brilhante do banner. Respirei fundo. Ainda não sabia por que tinha vindo até ali. Talvez curiosidade, talvez uma necessidade silenciosa de me sentir parte de algo.

O burburinho foi se dissipando lentamente conforme as luzes da sala se suavizavam. Uma presença firme tomou o palco, um homem de meia-idade vestindo um terno cinza bem ajustado. Seu olhar percorreu a plateia com um sorriso confiante antes de falar:

— Boa tarde a todos. É um prazer recebê-los na apresentação oficial do projeto Por Todas As Cores, um evento que busca promover a arte do violoncelo de uma maneira única e inovadora.

Minha atenção se fixou nele, absorvendo cada palavra com cuidado. Meu coração batia um pouco mais rápido do que o normal.

— Esta competição não se trata apenas de técnica, mas de expressão — ele continuou, dando uma pausa para olhar diretamente para nós. — Queremos mais do que apenas execuções impecáveis. Queremos histórias, emoções e, principalmente, originalidade.

Fechei os olhos por um momento, deixando as palavras dele se assentarem em minha mente. Criar algo original... Eu sabia tocar, sempre soube, mas compor? Isso parecia tão distante, tão impossível.

Ele caminhou de um lado para o outro do palco, transmitindo uma energia que enchia o auditório.

— Cada participante terá o desafio de criar uma composição original — ele prosseguiu, gesticulando suavemente. — Uma música que ressoe com sua alma, que expresse quem vocês realmente são.

Minha respiração ficou presa por um instante. Criar algo original... Eu sabia como executar músicas de outros, mas a ideia de criar algo meu, algo que fosse realmente meu, me intimidava. Minhas mãos estavam acostumadas a seguir partituras, não a inventá-las.

— Os participantes terão dois meses para criar suas composições — ele explicou. — Durante esse período, receberão mentorias, acesso a workshops e apoio técnico para explorar ao máximo seu potencial criativo.

Dois meses. A ideia ecoou na minha mente como um desafio difícil e, ao mesmo tempo, uma oportunidade tentadora. Eu nunca havia me dado tanto tempo para criar algo do zero. Nunca havia dado a mim mesma essa chance.

— E, por fim, a apresentação final será diante de um júri composto por renomados músicos e especialistas. O vencedor não apenas ganhará reconhecimento, mas também oportunidades reais para seguir carreira no mundo da música.

Minha respiração ficou presa mais uma vez. Uma carreira. Isso parecia um conceito tão distante para mim, algo que não se encaixava exatamente na realidade que eu vivia. Mas, ainda assim, algo dentro de mim se agitava. Talvez a ideia de ser vista como algo mais que uma simples intérprete fosse atraente.

Quando ele terminou, um silêncio confortante tomou conta da sala. A plateia parecia refletir sobre tudo o que fora dito. Eu estava ali, sentada, mas a mente longe. A competição era atraente, mas a pressão de criar algo original me deixava insegura. Como seria possível? Eu nunca me vi como uma compositora. Sempre fui uma intérprete, alguém que tocava o que lhe era dado.

As luzes voltaram ao normal e as pessoas começaram a sair lentamente do auditório. Eu me levantei com as pernas um pouco trêmulas, sem saber exatamente o que fazer com aquelas novas ideias. Sem perceber, meus passos me levaram de volta para a sala de aula de música. Talvez fosse o único lugar onde ainda me sentia realmente à vontade.

Ao chegar, a sala estava parcialmente vazia. Algumas pessoas se espalhavam por diferentes cantos, mexendo em seus instrumentos ou conversando em voz baixa. A aula de música já estava em andamento. Olhei para a professora, que estava de costas para a turma, organizando algumas partituras. Eu respirei fundo, tentando esquecer o turbilhão de sentimentos que o evento tinha causado em mim.

Me dirigi até o canto da sala onde costumava me sentar. A cadeira ainda estava lá, acolhedora como sempre. Coloquei meu violoncelo de forma cuidadosa, ajustando a posição do arco e sentindo a familiaridade de sempre. Mas dessa vez, havia uma inquietação nova no ar. A competição "Por Todas As Cores" estava me desafiando, me fazendo questionar se eu deveria dar um passo adiante, se eu poderia realmente criar algo além da simples execução.

No centro da sala, um dos alunos estava tocando uma peça que, no momento, parecia perdida no caos de minha mente. Eu não conseguia focar completamente, meu pensamento ainda se agarrava ao conceito da competição. “Criar algo meu…” Pensei, e o som do violoncelo do aluno em frente me parecia distante, como se não estivesse no mesmo espaço. Meus dedos roçaram as cordas do meu violoncelo de forma automática, sem prestar muita atenção ao que estava fazendo.

Foi quando percebi Ana, do canto da sala, observando-me. Ela não disse nada, mas seu olhar estava carregado de algo que eu não consegui identificar.

Talvez orgulhosa por eu ter seguido o seu conselho e assistido à palestra.

Sem querer, fiquei absorta observando os outros, tentando perceber como os outros lidavam com a música. Eu sabia que estava fugindo do meu próprio dilema, mas não consegui evitar. Ana tocava uma melodia doce, sem pressa. Mas sua habilidade parecia mais uma demonstração de que ela estava em paz com o que fazia. A leveza em seus dedos não combinava com a batalha interna que eu imaginava estar acontecendo nela. Eu queria ser como ela. Queria encontrar a facilidade de criar.

Dramática? Só um pouquinho.

Após alguns minutos, me levantei e andei até o quadro, onde estava um exercício para a turma. A professora já havia percebido minha inquietação e fez um leve aceno, como se me convidasse para me concentrar no exercício de aquecimento. Era um tipo de improvisação, algo que, até então, nunca havia sido meu forte.

Respirei fundo e olhei para o violoncelo. Eu precisava me concentrar. Tentei esquecer a competição por um momento, esquecendo até a pressão que pesava sobre meus ombros. Eu sabia que para tocar de verdade, precisava estar presente.

Ao final da aula, a professora nos lembrou da tarefa da semana: trabalhar na improvisação, como sempre. Mas agora, ao invés de apenas executar, eu queria sentir. Eu queria tentar criar algo, mesmo que fosse apenas uma tentativa sem grandes pretensões.

Saí da sala sentindo que o turbilhão de ideias que se aglomerava dentro de mim ainda não tinha uma forma definitiva. Mas uma coisa era certa: as sementes estavam plantadas. O que eu faria com elas? Não sabia ainda. Mas, por agora, a única coisa que podia fazer era seguir em frente, sem pressa de encontrar respostas.



_______





A luz suave da manhã invadia o quarto, iluminando a figura imóvel da minha mãe na cama. Ela estava ali, como sempre, deitada, conectada a uma série de aparelhos que monitoravam suas funções vitais. A máquina de respiração, o monitor cardíaco, e os tubos que conectavam seu corpo a vários dispositivos pareciam ser os únicos sinais de vida em meio ao silêncio que envolvia a sala. Mas, ainda assim, era um silêncio reconfortante, um silêncio que me fazia sentir a presença dela de alguma forma, mesmo que seus olhos estivessem fechados e suas mãos imóveis.

Eu me movia pela sala de maneira quase automática, realizando os rituais diários que se tornaram minha rotina nos últimos meses. Cada gesto era meticulosamente calculado, desde o ato de trocar as bolsas de soro até o simples movimento de ajustar o travesseiro para garantir que ela estivesse confortável. O som do líquido fluindo pelas veias de minha mãe era suave, como um murmúrio constante que preenchia o ambiente.

Afastando o cabelo dos olhos, me aproximei da mesinha de cabeceira, onde estavam dispostos os frascos e as seringas que seriam necessários para a administração do soro de alimentação. O processo era simples, mas delicado. A alimentação enteral, como era chamada, era a única maneira de garantir que minha mãe recebesse os nutrientes necessários para se manter viva, já que ela não podia comer alimentos sólidos.

Fui até o pequeno armário ao lado da cama e peguei o frasco com o líquido esbranquiçado, a fórmula nutricional que seria infundida diretamente em seu corpo. Era algo que eu sabia fazer bem, já que repetia o procedimento diariamente. Mesmo assim, sempre havia uma sensação de impotência ao ver minha mãe dependente de algo tão artificial para sobreviver.

Com cuidado, preparei a seringa, tomando um momento para garantir que tudo estivesse em ordem. Eu sabia que esse pequeno ato de cuidar dela era uma das únicas formas que eu tinha de estar presente, de mostrar a ela que ainda me importava, mesmo que ela não pudesse perceber. Eu não sabia o que se passava em sua mente ou se ela ainda tinha alguma percepção do mundo ao seu redor, mas eu me agarrava a esses pequenos gestos de carinho como se fossem a única coisa que ainda me conectava a ela.

Com a seringa pronta, me aproximei de sua cama e ajustei suavemente a posição do tubo de alimentação, conectando-o com destreza ao acesso que já estava instalado em seu braço. A sensação de estar cuidando dela, ainda que de forma tão simples, trazia uma paz estranha. O líquido começou a fluir lentamente, e eu observei atentamente enquanto ele se misturava ao soro, levando consigo os nutrientes necessários para seu corpo.

O tempo parecia se arrastar enquanto o processo acontecia. Eu me sentei ao lado de sua cama, apoiando minha cabeça na cabeceira e olhando para o monitor cardíaco. O som regular dos batimentos de seu coração parecia confirmar que ela ainda estava ali, ainda estava comigo, mesmo que em silêncio.

Durante aqueles momentos, me permiti refletir sobre tudo o que havia acontecido. Tudo mudou em um instante. A rotina que antes parecia normal, com suas aulas, amigos e tarefas diárias, foi substituída por uma responsabilidade que eu não havia pedido, mas que aceitei com todo o coração. Embora o peso fosse grande, havia algo de profundamente humano em cuidar de alguém que significava tanto para você. Cada pequeno gesto se tornava significativo. A sensação de ter o controle sobre algo, mesmo que fosse apenas um detalhe no meio de tudo o que estava fora de controle, me dava um certo consolo.

A máquina de respiração emitiu um som suave, como uma espécie de aviso de que a oxigenação estava adequada. A presença dos aparelhos ao redor de sua cama era, de certa forma, reconfortante. Eles eram os únicos sinais de que minha mãe ainda estava viva, que sua luta diária não havia acabado. Mas eu também sabia que essa luta era silenciosa, longe de mim. Ela estava ali, mas eu não podia alcançar seus pensamentos, não podia confortá-la como ela me confortou tantas vezes antes.

Tirei uma pequena garrafa de água da mesa e molhei os lábios dela com cuidado, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Queria acreditar que ela sentia a suavidade do gesto, que de alguma forma ela sabia que eu estava ali, cuidando dela. Embora ela não respondesse, talvez seus sentidos ainda pudessem captar minha presença. Mesmo que seu corpo estivesse parado, sua essência parecia flutuar no ar, como uma presença silenciosa que nunca se foi.

Enquanto a alimentação era administrada, aproveitei para falar com ela, como sempre fazia. Sabia que não poderia esperar uma resposta, mas havia algo terapêutico em falar em voz alta, expressando pensamentos e sentimentos que, de outra forma, ficariam guardados dentro de mim. O simples fato de compartilhar esses momentos com ela me dava uma sensação de normalidade, de que, apesar de tudo, eu ainda podia ser filha.

— Eu sei, mãe... — falei suavemente, olhando para o monitor. — Eu sei que você está aí, em algum lugar, ouvindo. Sei que tudo isso não é fácil para você, mas eu estou fazendo o meu melhor. — Suspirei, minha voz falhando por um instante. — Não vou te abandonar. Nunca.

Quando terminei o procedimento e fechei o frasco de alimentação, fiquei ali por mais alguns minutos, apenas observando sua face serena, seu corpo relaxado. O som do respirador se tornou um ritmo constante em minha mente, algo quase meditativo. O tempo parecia dilatar-se nesses momentos, cada segundo que passava se tornando um lembrete de que o tempo estava passando, e de que minha vida também estava sendo moldada por essa experiência.

Pensei em como eu costumava ser antes disso tudo. Uma jovem cheia de sonhos, com uma vida pela frente, preocupada com coisas que hoje pareciam tão pequenas. As amizades, os desafios acadêmicos, os relacionamentos... Tudo parecia distante, quase irrelevante em comparação com o peso da responsabilidade que agora eu carregava. Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que isso também me havia moldado. A força que eu tinha agora era diferente da que eu possuía antes. Era uma força forjada no silêncio, na paciência, no cuidado diário.

O relógio na parede indicava que já era hora de começar a me preparar para a faculdade. Eu ainda não estava pronta para sair, mas sabia que não poderia faltar. A faculdade se tornara um refúgio, uma maneira de escapar, nem que fosse por algumas horas, da dura realidade que me esperava em casa. Era um lugar onde eu podia me concentrar em algo além da doença de minha mãe, onde eu ainda podia ser quem eu era antes, mesmo que por um breve momento.

Suspirei e me levantei, dando uma última olhada em minha mãe. O monitor continuava emitindo os sinais regulares de sua sobrevivência. Isso era o que importava, no fim das contas. Que ela ainda estivesse ali. Que eu ainda pudesse cuidar dela.

Antes de sair do quarto, parei por um momento à porta e olhei para ela mais uma vez. Com os olhos marejados, sussurrei:

Eu te amo.

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