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Capítulo 4 | Adam




Era difícil pensar em Adam sem sentir aquela pontada incômoda no peito. Ele sempre pareceu estar um passo à frente, como se tivesse nascido sabendo exatamente qual caminho seguir, enquanto eu ainda tropeçava em dúvidas e incertezas. Desde o momento em que nos conhecemos, ele já tinha um futuro traçado, um plano cuidadosamente elaborado que seguia à risca, como se nada pudesse desviá-lo do curso. Isso sempre foi algo que me fascinou, mas também me deixava confusa.

Para alguém como eu, que viveu se segurando em pedaços soltos de uma vida que nunca pareceu realmente minha, era difícil compreender como ele podia ter tanta certeza de quem era e do que queria. Eu me lembro da primeira vez que realmente prestei atenção nele. Estávamos na biblioteca, cercados pelo silêncio pesado das estantes lotadas de livros que nunca pareciam suficientes para saciar sua sede de conhecimento. Ele estava concentrado, rabiscando anotações em uma letra quase perfeita, e, por algum motivo, aquilo me irritou.

— Você sempre estuda desse jeito? — perguntei, me aproximando, sem conseguir conter minha curiosidade.

Ele ergueu os olhos, surpreso com a interrupção, mas sorriu de leve. — Só quando quero aprender de verdade.

Aquela resposta ficou comigo por muito tempo. Era tão simples e, ao mesmo tempo, carregava uma convicção que eu invejava. Eu nunca havia aprendido de verdade, pelo menos não como ele. Tudo para mim parecia vir em pedaços incompletos, como se eu nunca pudesse montar o quebra-cabeça inteiro. Mas Adam... ele já tinha a imagem completa bem diante de si.

Com o tempo, fui me aproximando mais, tentando desvendar cada parte de quem ele era. Descobri que ele tinha uma rotina implacável: academia às seis da manhã, aulas pontuais, anotações organizadas, e um emprego de meio período que parecia mais uma extensão daquilo que ele queria ser no futuro. Ele falava com uma segurança quase irritante sobre seus planos — faculdade, estágio, carreira — enquanto eu mal conseguia decidir o que queria fazer no próximo fim de semana.

Aos poucos, comecei a me perguntar se ele já tinha tudo isso planejado antes mesmo de me conhecer. E a resposta, claro, era sim. Eu entrei na vida de Adam como uma peça que talvez nunca coubesse completamente no quebra-cabeça dele. E isso era algo que me incomodava.

Uma vez, sentados na escada da faculdade após uma longa tarde de estudos, ele olhou para mim e disse:

— Você não precisa ter tudo planejado, sabe? Às vezes, as coisas simplesmente acontecem.

Eu ri, balançando a cabeça. — Fácil para você dizer. Você já nasceu sabendo.

Ele franziu a testa, como se não gostasse daquela ideia. — Eu só aprendi a manter o foco. Nem sempre é sobre saber tudo.

Eu queria acreditar nisso, queria mesmo. Mas não era tão simples assim. Para ele, o futuro era uma linha reta. Para mim, era uma estrada esburacada cheia de desvios e becos sem saída.

Mesmo nos momentos mais simples, a diferença entre nós era evidente. Lembro-me de quando fomos a um café depois de uma aula particularmente cansativa. Ele pediu um café preto, sem açúcar, direto e sem rodeios, enquanto eu fiquei ali, indecisa, encarando o menu como se ele guardasse algum segredo profundo. No final, pedi o mesmo que ele, tentando entender o que era sentir aquela certeza.

— Não gosta de café preto, né? — ele perguntou, depois de um gole.

Dei de ombros. — Só queria ver como é viver no seu mundo por um instante.

Ele sorriu, aquele sorriso meio torto que sempre aparecia quando eu dizia algo que o fazia pensar.

Mas eu nunca vivi no mundo dele. Eu estava apenas de passagem, tentando encontrar um lugar onde eu realmente me encaixasse.

E então, cinco meses atrás, tudo mudou. Eu estraguei tudo. Não sei se foi por medo, por orgulho ou simplesmente porque não sabia como lidar com a ideia de alguém que tinha tanta certeza de seu caminho enquanto eu me sentia à deriva. Eu disse coisas que não deveria, empurrei-o para longe antes que ele pudesse fazer o mesmo comigo. Talvez eu estivesse tentando me proteger.

Depois disso, as coisas nunca mais foram as mesmas. Ele parou de tentar, e eu também.

Agora, olhando para ele do outro lado da sala, ainda absorto em suas próprias certezas, sinto o peso de tudo o que perdi.

Eu o observei enquanto ele tomava notas meticulosas durante a aula, a caneta deslizando pelo papel com uma precisão quase irritante. Como alguém podia ser tão consistente, tão previsível de uma maneira confortável? Ele parecia viver em um ritmo próprio, uma dança silenciosa que eu nunca conseguia acompanhar.

Eu me perguntava se ele pensava em mim tanto quanto eu pensava nele. Se, em algum momento entre suas aulas e seus planos para o futuro, ele olhava para trás e se perguntava se as coisas poderiam ter sido diferentes.

Mas eu sabia a resposta. Ele tinha um futuro claro, definido, e eu era apenas uma sombra de algo que ficou para trás.

Ainda assim, havia momentos em que eu me pegava pensando em como teria sido se eu tivesse sido mais parecida com ele. Se tivesse encontrado um propósito, um caminho, algo que me desse direção. Mas a verdade era que eu nunca tive essa chance. Enquanto ele planejava o futuro, eu estava ocupada tentando entender o passado.

Adam não sabia o que era perder tudo. Ele não sabia como era acordar um dia e perceber que o mundo que você conhecia havia desaparecido. E talvez por isso nunca pudéssemos realmente nos entender.

Suspirei e fechei os olhos por um momento, tentando afastar esses pensamentos.

A professora continuava sua explicação, sua voz preenchendo o ambiente com conceitos que pareciam distantes demais para mim naquele momento. Abri os olhos novamente e encarei a página em branco do meu caderno. Eu deveria estar anotando algo, mas tudo o que conseguia fazer era desenhar pequenos rabiscos sem sentido.

Adam não desviava a atenção nem por um segundo. Eu sabia que ele nunca olharia para mim naquele momento, assim como nunca olharia para trás.

Eu queria conhecê-lo mais. Queria saber o que o mantinha tão firme, tão certo de tudo. Mas já era tarde demais para isso. Eu havia deixado escapar qualquer chance de estar ao lado dele novamente, e agora só me restava observar de longe, enquanto ele continuava seguindo em frente.

Porque, no final das contas, algumas pessoas já nascem sabendo quem são. E outras, como eu, passam a vida tentando descobrir.

______

A música era, para mim, mais do que apenas uma forma de arte; era uma linguagem. O violoncelo, em suas cordas profundas e ressoantes, falava aquilo que as palavras não conseguiam expressar. Em momentos como aquele, sentado na sala de música vazia, cercada por notas e acordes, eu encontrava uma paz fugaz, uma conexão com algo muito maior do que eu mesma. A sala estava silenciosa, com as luzes suaves refletindo nas paredes antigas, criando uma atmosfera de serenidade que contrastava com o turbilhão de pensamentos em minha mente.

Com o violoncelo em minhas mãos, eu deixei os dedos deslizaram pelas cordas com familiaridade, buscando a melodia. As notas, ao principio dissonantes, foram se organizando conforme minha mente se acalmava. As emoções, que estavam como um emaranhado dentro de mim, começaram a se organizar em frases musicais. À medida que eu tocava, cada arco que eu passava pelas cordas parecia desfazer um nó na minha mente, como se a música fosse a chave para resolver questões que palavras não podiam tocar.

Não havia nada além da música naquele momento. A tensão em meu corpo, o peso dos dias passados, tudo se dissipava conforme a melodia se espalhava pela sala. As notas desciam suavemente, então se elevavam em um crescendo, como se representassem todas as minhas emoções conflitantes, que se entrelaçavam e se separavam, mas que sempre se uniam novamente no final.

O som suave do violoncelo preencheu o espaço, ecoando entre as paredes de tijolos expostos. Eu me senti transportada, como se estivesse em outro lugar, longe das preocupações diárias, longe de tudo que me sobrecarregava. O violoncelo, com sua voz profunda, me guiava por um labirinto de sentimentos, me permitindo explorar emoções que, de outra forma, permaneceriam encobertas.

A melodia parecia refletir a complexidade da vida — por vezes, suave e introspectiva, outras vezes, cheia de tensão e conflito, mas sempre seguindo seu curso. Havia algo reconfortante em saber que, assim como a música, as emoções também podiam se reorganizar, se transformar, e até mesmo se curar. O violoncelo era o meio pelo qual eu expressava o que não sabia dizer, a ponte entre minha alma e o mundo exterior. Eu não precisava de palavras, pois a música falava por mim.

E assim, enquanto eu tocava, deixava a melodia me levar para um lugar onde as questões não tinham respostas imediatas. Talvez eu nunca tivesse todas as respostas, talvez nunca conseguisse decifrar todos os sentimentos que surgiam dentro de mim, mas, naquele instante, a música era suficiente. O violoncelo, com sua sonoridade rica, me proporcionava algo que eu não encontrava em nenhum outro lugar: a possibilidade de me reconectar comigo mesma, de expressar o que estava dentro de mim sem precisar de explicações.

Eu não sabia quanto tempo se passou, mas, eventualmente, o som das cordas foi diminuindo, como se a música estivesse se despedindo de mim, me deixando com um silêncio reconfortante. Eu abaixei o violoncelo e respirei profundamente, sentindo o peso dos últimos minutos ainda ecoando dentro de mim. A sala de música estava mais silenciosa agora, mas havia uma sensação de tranquilidade no ar, como se a música tivesse preenchido todos os vazios. Eu me sentia diferente. Algo dentro de mim havia mudado, e por um breve momento, eu soubera quem eu era, o que eu sentia.

Mesmo que as palavras não conseguissem descrever o que eu havia experimentado, a música tinha sido o fio que me conectou ao que era mais profundo em mim mesma. Eu sabia que sempre teria esse espaço, esse refúgio, onde poderia tocar e me encontrar. O violoncelo seria sempre minha companhia silenciosa, aquela que compreendia as partes de mim que eu ainda estava tentando entender.

O último acorde se dissipou, e a sala voltou ao seu silêncio natural. Eu olhei para o violoncelo, que descansava agora no seu suporte, e sorri para mim mesma. Eu sabia que, embora as respostas não fossem fáceis de encontrar, a música seria sempre minha aliada.

______

O som do violoncelo ainda vibrava no ar, como se estivesse se dissipando lentamente nas paredes da sala, cada nota uma tentativa de preencher o vazio que, de alguma forma, sempre se fazia presente. Eu não queria que o silêncio retornasse, porque sabia que ele trazia à tona tudo o que eu tentava evitar. O violoncelo, com sua melodia suave, sempre foi meu refúgio, meu lugar seguro, mas, ali, naquele momento, até a música parecia não ser suficiente para afastar o que estava por vir.

Foi quando uma presença silenciosa invadiu a sala. Não olhei imediatamente, não queria que o momento fosse interrompido. O violoncelo ainda repousava em minhas mãos, e a música ainda se desenrolava lentamente em minha mente. Mas então a voz quebrou o silêncio.

— Você toca muito bem — disse a voz familiar. Aquelas palavras, ditas com uma calma que eu já conhecia, ressoaram de maneira inesperada. A voz estava próxima, mas não a reconheci de imediato. Não me virei.

— Obrigada — murmurei, tentando não deixar transparecer o quanto aquelas palavras me afetaram. Era algo simples, quase automático, mas tinha algo de genuíno no tom de sua voz, algo que me fez sentir vulnerável.

— Eu sabia que a música seria uma boa escolha para você — a voz continuou, agora mais próxima. Quando finalmente olhei, percebi quem estava ali. Era Ana, de pé, com um sorriso suave nos lábios. Ela me observava com uma calma que eu não sabia se era genuína ou se ela sabia mais do que eu queria deixar transparecer.

Ela estendeu a mão, oferecendo algo. Eu hesitei por um momento antes de pegar. Era o formulário de inscrição para a competição. A mesma competição que eu havia visto há semanas, mas que nunca consegui imaginar como parte da minha realidade.

Eu olhei para o papel e depois para Ana. Ela não disse nada mais, apenas aguardou. A sala parecia menor, e a música, embora ainda estivesse ressoando na minha mente, parecia ter sido substituída por uma pressão silenciosa.

— Eu sei que você não está pensando nisso agora — disse Ana, com uma leveza que contrastava com o peso que eu sentia. — Mas eu também sei que essa oportunidade pode ser o que você precisa.

Eu olhei novamente para o formulário, os dedos ainda tocando as cordas do violoncelo, como se tentasse sentir a conexão de volta. Mas algo me fazia hesitar. Era a insegurança, a dúvida de que eu ainda não fosse capaz de me entregar completamente a algo assim. A competição parecia tão distante do que eu era naquele momento. Como eu poderia competir, quando mal conseguia encontrar uma razão para tocar? Como poderia me expor à crítica, ao julgamento, quando tudo o que eu sentia era uma constante busca por algo que sequer sabia o que era?

— Você não precisa decidir agora — Ana acrescentou, lendo minha mente. — Só queria que você soubesse que, se quiser, isso estará aqui, esperando por você. Não há pressa. Mas talvez seja o começo de algo mais.

Aquelas palavras ficaram comigo enquanto ela se afastava, sem esperar por uma resposta imediata. A sala ficou em silêncio novamente. O violoncelo ainda estava em minhas mãos, a competição ainda estava ali, e o som da música, agora distante, parecia chamar por algo que eu não conseguia entender.

Eu não sabia se estava pronta para isso. Não sabia se era o momento certo. Mas a oferta estava feita, e, talvez, a dúvida fosse a chave para entender se eu realmente queria seguir adiante ou se tudo o que eu precisava era apenas voltar a tocar, a me conectar com o que estava dentro de mim, sem pressões, sem expectativas.

Era o formulário de inscrição para a competição de violoncelo.

Não parecia uma má ideia.

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