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Capítulo 1 | O Começo do Caos

No fim do dia, as pessoas são decepcionantes, não é? Às vezes elas te surpreendem.

POR TODAS AS CORES !
90210 ‐ @JosianeArajo489 | 2025

A manhã estava fria, e o céu tinha aquela tonalidade cinza que antecede a chuva. No rádio, uma música que eu não conhecia tocava suavemente, preenchendo o carro com uma melodia triste e nostálgica. Meu pai dirigia com uma expressão tranquila, enquanto minha mãe falava animadamente sobre alguma coisa que eu não estava prestando atenção. Meu irmão mais novo, Lucas, mexia em seu videogame portátil, completamente alheio ao mundo ao redor.

Eu, sentada no banco do passageiro, observava a estrada desfilar diante de nós. A paisagem estava familiar, mas havia algo inquietante na maneira como as árvores e os prédios passavam rapidamente pela janela. O vento cortava levemente o vidro, e a sensação de estar em movimento, mas sem realmente ir a lugar algum, parecia se espalhar por todo o meu corpo.

Era engraçado como algumas coisas pareciam tão certas, tão imutáveis. A família reunida, a sensação de segurança dentro do carro, o café quente que eu segurava nas mãos, o cheiro de pele e perfume da minha mãe misturado com o cheiro de gasolina que vinha do motor. Pequenos detalhes que, naquele momento, pareciam insignificantes. Se eu soubesse o que aconteceria em poucos minutos, talvez tivesse prestado mais atenção neles.

Meu pai estava calado, concentrado na estrada, mas sua postura calma me transmitia uma sensação de proteção. Ele sempre foi o pilar da nossa família, a base sólida que nos mantinha unidos. Minha mãe, por outro lado, falava sem parar, como se estivesse tentando aproveitar cada momento que passávamos juntos, como se tivesse pressentido que o que vinha a seguir não seria nada fácil. Lucas estava distraído, os olhos fixos na tela do seu videogame, como se nada mais importasse além do jogo. Ele parecia tão alheio ao mundo ao nosso redor.

Eu, sentada no banco do passageiro, não conseguia deixar de olhar pela janela, tentando me perder nos detalhes da estrada, nos reflexos do céu cinza no asfalto úmido. O som do rádio preenchia o espaço de forma suave, como uma presença tranquila, até que, de repente, um farol vindo na direção errada cortou o ar com um brilho ofuscante.

O som do impacto foi o que me atingiu primeiro, um estrondo surdo que reverberou em meus ossos. O carro foi jogado para o lado, o vidro estilhaçou, as portas se abriram com um rangido agonizante. Eu senti o peso da colisão antes mesmo de entender o que estava acontecendo. Meu corpo foi projetado para frente, e a sensação de estar fora de controle foi tão aterrorizante que meu estômago se revirou instantaneamente.

O rádio, que antes tocava calmamente, foi engolido pelo caos. O impacto, o estilhaçar do vidro, o grito da minha mãe, tudo aconteceu tão rápido, que eu mal consegui processar. Era como se o mundo tivesse desacelerado, e os segundos estivessem se esticando até parecerem intermináveis.

Quando a visão clareou, tudo estava fora de lugar. O carro estava de lado, a rua coberta por fragmentos de vidro e metal. O zumbido nos meus ouvidos era o único som que ainda fazia sentido, enquanto o resto do mundo se tornava uma mancha borrada. Eu vi meu pai, minha mãe, Lucas… mas algo estava errado. Muito errado.

Eu me vi. Meu corpo estava lá, imóvel, enquanto eu... Eu estava de pé ao lado do carro, observando tudo com uma estranha calma. Era como se estivesse flutuando, como se eu não fosse mais parte daquela cena horrível. Eu olhei para o rosto dos meus pais, seu semblante congelado em pânico, suas mãos tentando se mover, mas sem conseguir. O vidro quebrado, o sangue, a confusão.

"Isso não pode estar acontecendo," pensei, mas ninguém me ouviu. Eu gritei o nome de Lucas, tentei alcançar minha mãe, mas minha mão atravessou o vidro como se eu fosse feita de névoa.

O medo veio depois. Quando percebi que não era só um sonho ruim. Quando vi as luzes da ambulância se aproximando e os paramédicos se movimentando em câmera lenta, tentando trazer de volta algo que talvez já estivesse perdido. As sirenes cortavam o silêncio, mas eu ainda não conseguia entender o que estava acontecendo comigo. Por que não conseguia tocá-los? Por que não podia fazer nada?

E então, eu soube. Eu tinha que escolher. O que quer que isso significasse. Era tarde demais para voltar atrás. Eu tinha visto as luzes da ambulância, os paramédicos se apressando, mas uma parte de mim já sabia que não havia mais esperança. Tudo ao meu redor parecia congelado, e eu estava paralisada, incapaz de tomar qualquer ação.

E a resposta parecia estar lá, na minha frente, mas eu não conseguia alcançá-la.  A ventania aumentou em intensidade, e o vazio ao meu redor parecia crescer.

E foi quando percebi. Não havia mais nada.

___________

Eu acordei lentamente, ou pelo menos achei que acordei. O mundo ao meu redor parecia turvo, sem foco, como se estivesse imersa em um pesadelo denso e pesado. Meu corpo não respondia. Tentei mexer os dedos, a cabeça, qualquer parte de mim, mas nada acontecia. O zumbido nos meus ouvidos estava ensurdecedor, como uma sirene distante que se aproximava, cada vez mais forte, cada vez mais implacável.

Eu não conseguia abrir os olhos. Eu queria, mas as pálpebras pareciam pesadas, como se estivessem presas. O único movimento era o constante movimento do ar frio em minha pele. Eu tentava focar na minha respiração, mas ela soava irregular, desconexa. Como se o oxigênio não fosse suficiente para preencher meus pulmões. Como se eu estivesse tentando respirar embaixo d’água.

— Ela está acordando — disse uma voz masculina, baixa e distorcida. Soava como se estivesse vindo de muito longe, de outro lugar, mas eu sabia que era real. Eu sabia que alguém estava ali. Mas quem? E o que estava acontecendo comigo?

Eu não conseguia entender. Tudo parecia longe demais. O som do ventilador, o murmúrio das vozes. Mas ainda assim, eu sabia que algo estava errado. Algo estava muito, muito errado. Eu sentia isso na pele, na alma, um pressentimento profundo que me deixava mais ansiosa a cada segundo.

A voz masculina voltou, dessa vez mais grave, mais urgente. As palavras estavam impregnadas de algo que eu não conseguia decifrar, algo que me apertava o peito como se a cada respiração a pressão aumentasse. O que ele queria dizer com isso? Eu tinha que escolher? O quê? Eu não conseguia entender. Mas o medo, o medo estava crescendo dentro de mim. Era como se o tempo estivesse acelerando, mas eu estivesse paralisada, incapaz de fazer qualquer coisa.

O silêncio se instalou de novo, pesado, esmagador. Mas então, no meio da quietude, o som de um bipe ecoou pela sala. Claro, agudo. Era um bipe. O mesmo bipe que ouvia em filmes, aquele que indicava algo alarmante. Algo não estava certo. O bipe estava irregular, ansioso, e parecia cortar o silêncio como uma faca.

Eu queria me mover. Queria gritar. Mas não conseguia. O corpo não respondia, a voz estava presa, e a única coisa que eu podia fazer era escutar.

O bipe se repetiu. Bipe. Bipe. Bipe.

E, então, uma pressão imensa sobre o meu peito. Um aperto na garganta. Como se a cada segundo, meu corpo estivesse mais distante de mim. Eu queria lutar contra isso, mas minha mente estava turva demais para processar. Algo dentro de mim gritava que era tarde demais, mas eu não sabia o quê.

As vozes ao redor se misturaram, e, de alguma forma, eu entendi que a escolha estava diante de mim. Mas eu ainda não sabia o que estava acontecendo, e a única coisa que eu conseguia fazer era esperar. Esperar, como se o tempo estivesse correndo contra mim, e eu tivesse perdido o controle.

O bipe continuava, implacável.

“Escolher…” Eu tentei, mas as palavras estavam presas, uma tentativa desesperada de chamar atenção para a minha presença. Mas ninguém me ouvia.

Tudo que eu podia fazer era esperar. Mas esperar por quê?

______

Eu não sabia quanto tempo havia se passado desde que acordei. A sensação de estar perdida no tempo era intensa, como se o relógio tivesse parado. O que era real e o que não era? Eu não sabia mais. O que acontecia comigo? Com eles?

O quarto ao meu redor parecia tão estranho, como se tudo ali fosse apenas um reflexo da realidade. O som do bipe constante da máquina era tudo o que eu conseguia ouvir, e cada vez que ele se repetia, me lembrava que o tempo não parava, que o mundo ainda seguia em frente, enquanto eu ficava ali, flutuando, entre o passado e o presente.

Eu me pergunto como minha mente ainda estava funcionando, como eu conseguia manter as lembranças de tudo que aconteceu, mesmo com a dor dilacerando meu peito. Cada fragmento de memória parecia mais distante, mais borrado, mas ainda assim, eu me agarrei a eles como se fossem a única coisa que me restava. Porque talvez fossem.

Eu me vi na estrada, no carro com minha família. Eu me lembro claramente do vento entrando pelas janelas, do cheiro do café no banco do motorista. Lembro de minha mãe falando animadamente sobre algo que não me importava no momento. Meu irmão, Lucas, jogando em seu videogame portátil, com os fones de ouvido cobrindo seus ouvidos, alheio ao mundo ao redor.

O carro estava cheio de vida naquele momento. Tudo parecia tão normal, tão certo. E então, o som do farol vindo na direção errada. O impacto. O vidro estilhaçando. O silêncio. O vazio que tomou conta de tudo.

A dor no peito foi a primeira coisa que senti quando recuperei a consciência. O som da minha própria respiração, que parecia tão longe, e o peso nas minhas pernas, nos meus braços, como se estivesse afundando em algum lugar. O lugar estava frio, o ar estava gelado, e eu não conseguia mais distinguir o que era real e o que era apenas minha mente tentando se agarrar à sanidade.

“Papá… Mamãe…” Eu chamei em meus pensamentos, mas a voz não saia. Nem um sussurro. Apenas o vazio.

Lembrei do olhar de meu pai, quando ele olhou para mim antes do impacto. Aquele olhar preocupado. O sorriso que ele sempre me dava quando eu precisava de conforto. Eu tinha me sentido segura. Tudo o que eu conhecia estava naquele olhar. Mas naquele momento, tudo foi roubado de mim. A última lembrança que tive dele foi o som de sua voz gritando algo que não consegui entender. A dor, o medo nos seus olhos. Não pude fazer nada.

E Lucas. Meu irmão mais novo. Eu lembro de vê-lo rindo, segurando seu videogame, como se nada fosse capaz de atingir aquele momento perfeito. Ele estava tão tranquilo, tão alheio ao que estava por vir. Eu olhava para ele, tentando captar aquela imagem na memória, me apegando a ela como um salvavidas.

E então... nada.

Eu estava sozinha, sentindo o vazio tomando conta de tudo. Não consegui mais ver nada além da escuridão, do silêncio. E, nesse silêncio, as lembranças me invadiram. Imagens do passado, da minha infância, dos nossos jantares em família. O cheiro do pão saindo do forno. A risada de minha mãe nas manhãs de domingo. O barulho das nossas brincadeiras na sala de estar. Tantas coisas que agora pareciam tão distantes, como se nunca tivessem existido.

E por que não fui capaz de proteger minha família? Por que não consegui fazer nada? As perguntas martelavam em minha cabeça, sem respostas. Eu não podia mais voltar atrás, não podia mais corrigir o que havia acontecido. O que eu queria mais naquele momento era voltar no tempo, voltar para aquela estrada antes do acidente, antes de tudo.

A sensação de perda era insuportável. E, enquanto o bipe da máquina preenchia o silêncio ao meu redor, eu me lembrei de algo. Algo que não conseguia entender antes. Quando o médico entrou na sala e me disse que meu pai e Lucas haviam morrido... Eu não consegui acreditar. Eu ainda não consegui.

Como poderia isso ser real? Como poderia ser possível que eu estivesse aqui, respirando, enquanto eles... não estavam mais?

O rosto de minha mãe apareceu em minha mente, uma imagem distorcida pela dor. Eu me lembrava dela chorando, gritando para que tudo fosse apenas um pesadelo. Mas ela não estava aqui. Eu estava sozinha, com as lembranças de um tempo que se foi e uma realidade que não conseguia aceitar.

Ela estava viva, disseram-me. Mas e eu? Será que eu ainda estava viva de alguma forma? Ou será que tudo o que restava em mim era apenas um reflexo do que fui antes?

A dor do que perdi era quase física. Eu podia sentir no fundo do meu peito, como uma faca cravada que não se movia, mas também não deixava de me consumir. Eu não sabia mais quem era. Eu não sabia mais o que havia se tornado de mim.

Os pensamentos vinham e iam, como ondas em uma praia distante, às vezes suaves, às vezes ferozes, sempre seguidas de um vazio absoluto. Não havia certezas, apenas a constante sensação de que o mundo ao meu redor estava se desfazendo.

E quando a imagem de meu pai me invadiu novamente, com aquele sorriso cansado e protetor, eu fechei os olhos, tentando me ancorar naquela lembrança. Mas a verdade, cruel e implacável, se infiltrava de qualquer maneira. Eles não estavam mais aqui. Nem meu pai, nem Lucas. Eu não poderia voltar para aquele dia. Para aquele momento de felicidade. Nada mais seria como antes.

A sensação de vazio dentro de mim crescia, e as palavras que eu não queria ouvir ecoavam em minha mente. Eu estava sozinha. Só restavam as lembranças de uma vida que se desfez em um piscar de olhos.

Sim.

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Capa e Banner por chrevans você é maravilhosa!
muito obrigadaaa!

Pela autora/


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