Prólogo
Muitas pessoas tentaram definir o que é real, talvez seja tudo aquilo que não foi imaginado, o que não pode ser capturado por palavras. Mas, para Rafaela, a realidade estava naquele momento, preenchendo sua mente de forma avassaladora. Era tão palpável que ela não conseguia explicar. Apenas sentido. Sentia o vazio deixado pelos anos que passaram, mas que ainda permaneciam pesando em seu peito.
Era estranho. Sempre parece faltar algo nos momentos importantes: seus aniversários, a formatura, o dia em que foi injustamente criticada por um erro, e até nos consideravelmente dias em que fechou os olhos e desejou que tudo simplesmente acabasse. Quantos dias foram instalados assim?
Claro, toda história tem dois lados. Mas Rafaela não consegue enxergar o outro. Ela foi obrigada a partir, e isso despedaçou seu coração. Nem todas as frases de superação do mundo poderiam curar aquela ferida.
— Ela deveria estar aqui. Deveria fazer parte da minha vida.
Essas palavras escapavam de seus lábios a cada notificação do celular.
Então, o telefone tocou.
— Alô?
Aquela voz. Era como mel, embora agora pareça amarga para Rafaela. Ainda assim, ouvir Fernanda era como abrir uma porta que ela jurava ficar trancada.
Era uma pergunta.
Um lembrete cruel de que Fernanda havia sido excluída de sua vida. Rafaela nunca conseguiu entender como aquilo aconteceu. Ela só sabia o que aconteceu. E, mesmo após tantos anos, não mudará o número de telefone. Talvez, no fundo, ainda esperasse por esse momento.
— Oi, é a Rafaela.
Sua voz tremeu ao dizer seu nome, como se carregasse todo o peso das memórias.
— Oi.
A resposta de Fernanda foi casual, despretensiosa, e isso é verdade.
Rafaela fechou os olhos, tentando reunir coragem para continuar.
— Como você está?
— Estou bem.
O silêncio que se seguiu foi carregado de coisas não ditas. Rafaela sentiu a garganta apertando com as palavras que queria dizer, mas que simplesmente não conseguia.
Ela queria perguntar tudo. Queria contar tudo. Mas não sabia por onde começar.
— Era só isso. Desculpa incomodar.
Ela desligou antes que Fernanda pudesse responder. E, no instante seguinte, desejou poder desaparecer.
Oito anos se passaram, mas Rafaela ainda não conseguiu entender como ela e Fernanda se perderam. O que realmente aconteceu naquele dia em que Fernanda mandou embora?
Um amor tão grande pode realmente desaparecer assim?
Talvez as lágrimas tenham cessado, e os sorrisos interessantes aos poucos. Mas o amor? Como explicar esse vazio?
Rafaela nunca conseguiu apagar Fernanda de sua vida. Com o tempo, entendi que o destino foi cruel, levando-os por caminhos diferentes. Mas, mesmo agora, ela nunca esqueceu seu amor por Fernanda. Porque, no fim, a única coisa que ninguém pode roubar dela são as lembranças.
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