você é um poema de Bukowski
nada faz com que você se arrisque
bebendo com cerveja sua tristeza
enquanto sua alma se vai com a correnteza

vai lembrar de mim
do gosto do meu batom carmim
naquela época em que o dinheiro não importa
eu era a fauna selvagem e você a flora

não sei como ainda me suporta
sua presença me sufoca
mas inevitavelmente voltamos para cá
assistindo toda nossa honra vacilar

juramos ao mundo nosso fim
não se ama alguém por tanto tempo assim
mas mentimos e você sabe
conhecemos bem nossas falhas de caráter

sabemos que ela te ama
e que eu já não quero drama
é uma montanha russa maldita
essa nossa sorte tão bendita

em que mundo nos acharemos de novo?
nossa sintonia me cura e cessa o choro
e eu sou seu melhor remédio
te salvando após te mandar para o cemitério

somos a canção - dois amantes, dois irmãos
a feiticeira má e o pobre aldeão
quando você me queima na fogueira
e eu amaldiçoo o fruto da sua videira

repudio sua boêmia
mas é como diz a poesia
"teu nome não dorme"
você não cabe em um acorde

somos um completo desastre
mas eu sou Paulo Leminski
esqueça-me se for capaz