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CAPÍTULO 8 - TODOS TEMOS HABILIDADES


 — Por que acordou tão cedo? Pesadelo? — Mirela encarava Clara com curiosidade enquanto a outra vestia uma camiseta regata branca com uma estampa desbotada de uma bandeira verde e amarela.

— Pelo contrário. — retornou ela, de bom humor pela primeira vez desde que acordara dias antes naquela Célula.

A loira arqueou a sobrancelha e Clara lhe contou sobre a lembrança em forma de sonho da noite anterior. Estava animada e tentava disfarçar o sorriso, mas este teimava em aparecer. Mesmo aos poucos, a memoria voltaria. Aquele havia sido apenas o primeiro passo, mas apesar de toda a euforia que sentia, não deixou de notar o semblante anuviado de Mirela.

— O que foi? — Mirela insistia em continuar a olhar para um ponto distante do quarto. Estaria evitando Clara? — Achei que você ficaria contente em saber que eu estou começando a me lembrar das coisas... Sei que não é muito. Na verdade, é quase nada, mas já é um começo. Pelo menos o Daniel não mentiu quanto a isso...

— Uhum... — concordou Mirela em um tom sarcástico.

— Há quanto tempo ele namora a Marisol? — As palavras saltaram, assim, sem mais nem menos fazendo-a arrepender-se. Em que contribuiria para recuperar suas memórias saber sobre o relacionamento de Daniel?

— Alguns meses. — respondeu Mirela de má vontade, levantando-se e encaminhando-se para a porta.

— Por que você não gosta dele? O que ele te fez? — inquiriu Clara, segurando o braço da outra garota e notando o olhar ferido. Uma ideia lhe cruzou a mente. — Você está apaixonada por ele?

— O que?! — exclamou a outra, negando veementemente com a cabeça. — Não, claro que não!!

E então Clara compreendeu. Soltou o braço de Mirela levando a mão à boca, ainda mais surpreendida.

— Não é o Daniel... Você gosta da Marisol!

Mirela não disse nada, não se mexeu. Apenas desviou o olhar para o chão. Clara jamais suspeitaria de algo do gênero, fazendo-a voltar para a cama e sentar. Mirela nunca havia escondido a aversão devotada a Daniel, mas não havia passado pela cabeça de Clara por um minuto que fosse por causa de Marisol. Imaginou que eles tivessem se desentendido em alguma missão ou coisa parecida, mas nunca devido a um coração partido. Ainda mais vindo da autoritária Mirela.

— Eu e a Marisol namorávamos quando o Daniel chegou aqui. — A loira sentou-se de frente para a colega. — A gente já tinha passado por dias melhores na nossa relação, mas estávamos tentando nos acertar novamente e então... Eles começaram a sair em várias missões juntos e quando fiquei doente, não pude sair da cama por bastante tempo. — ela esfregava as mãos e olhava pela janela com lágrimas nos olhos. — Quando voltei a lutar, a Marisol terminou comigo. Disse que estava apaixonada pelo Daniel... — Mirela tentava secar as lágrimas com as costas das mãos.

— Eles começaram a se relacionar enquanto ela ainda estava com você? — Clara pousou a mão sobre o braço da garota para confortá-la.

— Não, não... Foi um tempo depois. De qualquer forma, se ele não tivesse vindo para cá, nós ainda estaríamos juntas!

— Mas você mesma disse que já estavam meio estremecidas quando ele chegou aqui. Talvez fosse apenas uma questão de tempo para tudo terminar, o que poderia acontecer mesmo que o Daniel não tivesse vindo para cá — argumentou Clara enquanto Mirela a encarava com raiva e retirava o braço, levantando-se da cama.

— Você também, Clara?! — explodiu a companheira, encarando-a com uma pontada de indignação no olhar.

— Eu, o quê? — Clara, também se levantaou, enfrentando a outra garota.

— Apaixonada por ele?! Que raios esse cara tem? — Mirela agitava os braços para uma Clara emudecida.

"Apaixonada?" pensou consigo, completamente surpresa. Seria possível? Era aquilo que a fazia sentir-se da forma como sentia quando ele estava por perto e mesmo quando não estava? Era por isso que todos os pensamentos a levavam de volta a ele? Não, não era isso. Estava simplesmente agradecida pelo que ele fizera e além do mais, tinha questão da namorada.

— Melhor você não ficar dando tanta bandeira. Você não vai querer a Marisol como inimiga. Eu a conheço bem e sei que ela não vai desistir dele tão fácil. Pense bem! — Mirela deixou o quarto, fechando a por atrás de si.

Clara sentou-se na cama e observando a linda manhã de sol que se descortinava fora da janela, ficou remoendo seus pensamentos e sentimentos. Por que tudo tinha que ser tão intenso e turbulento para ela naqueles dias? Suspirou fechando os olhos, mordendo o lábio inferior. Não poderia e não estava apaixonada por ele...mal o conhecia! Como isso seria possível?

A ciranda de pensamentos a envolveu por um tempo. Imagens dos últimos dias, um par de olhos negros enigmáticos e perguntas ainda sem respostas se misturavam no meio daquele nevoeiro de sua mente em uma espiral sem fim. Precisava dar um basta naquilo! Desviar a atenção para outras coisas, se distrair, manter amente ocupada. Era uma questão de saúde mental. Clara checou suas opções: ir ao pátio de treinamento, mas poderia encontrar Mirela, Marisol ou o pior, Daniel. De jeito nenhum! Riscou rapidamente aquela alternativa. Voltar a explorar a Célula 5? Talvez, porém, da forma como destino parecia querer brincar com ela, era bem capaz de esbarrar com Daniel em algum corredor. Alternativa descartada. Por fim, lhe restou uma única, a única que eliminava todos os riscos anterior e assim, ali estava, cruzando o corredor térreo do prédio até um enorme auditório que, a título do restante do edifício, não parecia ser muito utilizado.

O local possuía algumas fileiras de cadeiras articuladas, paredes altas forradas com um revestimento de madeira cujas tábuas haviam se desprendido em alguns pontos revelando a parede rústica por trás dos painéis. Janelas no alto filtravam a luz que vinha da linda manhã onde as cortinas há muito haviam deixado de existir e ao fundo, havia um palco onde viu as crianças brincando de roda.

— Oi, moça!! — saudou Maria quando a viu entrar.

— Clara — apresentou-se, enquanto descia o corredor até onde o grupo estava. — Então é aqui que vocês costumam ficar quando não estão no pátio?

— Na maior parte do tempo — respondeu Júlia, levantando-se. — Às vezes a Nana lê algum livro para nós e ajuda os menores a se lavar e comer.

—Do que vocês estão brincando? — indagou Clara, pegando um pedaço de barbante que encontrara no chão, enquanto o amarrava e o entrelaçava nos dedos das mãos.

— Já brincamos de pega-pega, esconde-esconde e corre-cotia. Agora acabaram as nossas opções — respondeu a mesma Júlia, olhando atentamente para o que Clara fazia com os dedos, assim como as outras crianças que se aproximaram. — O que você está fazendo?

— Cama de gato — respondeu Clara sem saber exatamente como fazia aquilo e onde havia aprendido. — Já brincaram? — Ante o balançar de cabeça negativo do grupo, aproximou-se de Júlia. — Aqui, pegue com seus dedos em pinça e passe por cima. — A menina assim o fez e o desenho mudou para algo parecido com uma cama de soldado. Um "oh" se elevou no meio das outras crianças.

Elas ficaram maravilhadas com as diversas formas que apareciam a cada movimento de mãos e dedos e imediatamente fizeram uma fila para participar da brincadeira. Clara sentou-se em uma das velhas cadeiras empoeiradas na primeira fileira e ficou observando o grupo enquanto sorria. A vida poderia seguir na simplicidade e na alegria da infância. Uma pena a mesma vida se encarregar de varrer tudo isso.

Em pouco tempo, os menores começaram a ficar impacientes esperando por sua vez e assim, Clara levantou-se para procurar no local algum outro barbante para utilizar na brincadeira. Encontrou mais um próximo à lateral do tablado o qual entregou aos mais novos. Curiosa, avançou atrás do palco onde encontrou objetos variados e diversas caixas espalhadas pelo chão. Havia até mesmo uma arara que, em algum ponto do passado, havia sido utilizada para pendurar os figurinos. Vasculhou nas caixas cobertas de pó após séculos sem uso. Encontrou toda sorte de quinquilharias, mas uma, no fundo de uma das caixas, lhe chamou a atenção. E não só isso: uma lembrança surgiu. Tênue, quase como se pudesse se desfazer no ar.

Sem demora ou um segundo pensamento, arrancou o objeto da caixa e carregando-o, passou pelas crianças que a olharam confusas.

— Onde você vai? — perguntou Júlia, ainda com a cama de gato nas mãos.

— Volto mais tarde — respondeu Clara, subindo o corredor com passos decididos. 

Mirela estava abaixada no campo de tiro, recolhendo algumas cápsulas vazias quando de repente sentiu algo passar zunindo a seu lado, poucos centímetros de sua orelha direita. Endireitando-se, estava pronta para soltar um impropério quando deu de cara com Clara, alguns metros mais distante do que a linha de treino dos demais atiradores, com... um arco?? Sério? Tentando entender a situação, virou o rosto na direção do alvo e, para seu espanto, uma flecha havia se cravado ali. No centro. Assim como as outras duas que se seguiram com uma distância de milímetros em relação às anteriores.

Com um certo prazer. Não, certo, não. Com prazer puro e total, Clara viu a cara de espanto de Mirela enquanto abaixava o arco. Os outros combatentes treinando nas raias próximas também a olhavam com espanto. Até mesmo Daniel, num ponto mais distante, abandonou a luta com outro rapaz para encará-la como os demais. Marisol também estava perto e acompanhou o olhar do namorado, endurecendo-o tão logo encontrou o objeto de interesse de Daniel.

— Onde você aprendeu isso? — questionou Mirela, aproximando-se, o espanto estampado em suas feições.

— Posso não saber atirar como vocês, mas com certeza posso fazer muito estrago de outra forma — respondeu Clara com firmeza, sentindo-se aliviada por não ser uma inútil e, de certa forma, lavando a honra pelas horas de prática quase infrutífera do dia anterior.

Não importava onde ou quando havia aprendido. Assim como outras coisas como subir em árvores, se camuflar e observar, ela simplesmente sabia que podia se defender. Havia um passado que ela podia não lembrar, mas não deixaria que isto a impedisse de usar suas habilidades no presente. Sabia e ponto.

— Uma arma sempre será mais eficaz, mas na floresta, sem munição, é só mais um objeto inútil. Este — ela disse, mostrando o arco — eu mesma posso construir se precisar. Bastam alguns galhos para isso. É muito mais fácil atingir o inimigo silenciosamente com uma flecha do que um estampido — concluiu, tomando conhecimento de que estava apenas repetindo o que alguém havia dito a ela tempos atrás, sem se prender a quando ou quem. Apenas transmitiu o aprendizado.

— Ok, Robin Hood. Podia ter sido mais discreta, não? Quanto menos chamar a atenção, melhor. Menos gente querendo saber sobre você. — retrucou Mirela fechando a cara e depois, vendo que os outros ainda as observavam, disse em voz alta: — Vamos lá, pessoal! Acabou o show!!

As pessoas voltaram aos seus respectivos treinamentos enquanto Mirela pegava o arco das mãos de Clara, posicionava-o no chão para depois entregar-lhe uma arma.

— Bela pontaria! — elogiou, falando baixo em seu ouvido, dando um tapinha amistoso em seu ombro e arrancando um pequeno sorriso de Clara. — Muito boa, mesmo. Mas quanto mais você se misturar com o pessoal, melhor. E para isso... — continuou olhando a arma: — Você tem que se esforçar mais.

Clara sorriu satisfeita, balançando a cabeça. Estava demorando para Mirela retomar o tom autoritário.

Para desespero de Clara, novamente passou a tarde toda treinando com diversas armas até os dedos ficarem tão doloridos a ponto de não conseguir mais apertar o gatilho. Ao seu lado, Mirela despejava orientações com a "delicadeza" de sempre, falando sem parar até deixa-la irritada. Somando-se a isso, Daniel – e a namorada – ainda estavam por ali. Longe, mas dividir o mesmo espaço com ele era o suficiente para deixar Clara perturbada. Exigia-lhe o dobro de esforço manter-se concentrada em Mirela e sua falação quando corpo possuía vontade própria. Os olhos querendo buscar os dele.

Mesmo depois de dar o melhor de si, via pelo semblante de Mirela, que não havia sido suficiente. Ainda teria muito o que melhorar e estava sentada no gramado olhando com desânimo para o alvo à distância, quando a companheira reapareceu com algumas facas e puxando Clara pela mão a levou para mais próximo ao alvo.

— Já que não estava dando muito certo com as armas, achei que seria interessante mudar um pouco o foco. Quem sabe você não se sai... — Mirela estava dizendo quando Clara, com sua paciência quase esgotada, tomou uma das lâminas de sua mão e a atirou com perfeição no centro do alvo, assim como havia feito com as flechas. — Melhor... — completou a outra garota, abismada com a precisão. — Você não consegue ser como a maioria, não? Ou é muito ruim e chama a atenção ou é muito boa e chama a atenção também.

— Que saber? Estou cansada das suas críticas e das suas ordens, Mirela! Agora eu posso entender porque você não tem amigos. — Clara irritada, atirou outra lâmina também com perfeição e marchou para longe. — Você pode ser insuportavelmente mandona quando quer!

Clara se retirou levando o arco e as flechas consigo e deixando Mirela sem palavras atrás de si.   

Após o banho rápido, Clara começou a se vestir na mesma velocidade. Cada vez mais mulheres chegavam ao vestiário, indicando o fim dos treinos. Na certa, Mirela também estaria prestes a aparecer e Clara não estava disposta a encontra-la. Não estava exatamente zangada com a garota, porém, não conseguia deixar de se sentir um peso para a loira. Tentava, de fato, se misturar como Mirela fazia questão de repetir e falhava terrivelmente. Ela tinha razão quando dizia que Clara era muito ruim em algumas coisas e chamava a atenção ou era o exato oposto e também chamava a atenção. Odiava pegar em uma arma...aquilo não lhe parecia natural. Mas, como podia saber o que era natural ou não?

Pensou em Daniel e nas poucas respostas obtidas com ele. Havia sido tão frustrante! Nutria uma esperança vã ao conversar com ele de que alguma memória lhe voltaria, mas ao contrário, mais perguntas se amontoavam junto à tantas outras sem resposta.

Clara se dirigia ao refeitório como os demais para um pronunciamento de Gaspar. Como de costume, ficou em um canto, próximo à parede analisando a multidão que aguardava em pé, conversando e rindo ruidosamente. Viu quando Nana entrou com as crianças e logo em seguida, Mirela também, acompanhada de outras duas pessoas. Encolheu-se um pouco mais em seu canto, tentando passar despercebida; não estava com o menor ânimo de conversar com ninguém, muito menos com Mirela.

Gaspar e sua equipe entraram próximo de onde ela estava, todos com semblantes carregados. Abrindo espaço entre a multidão, logo chegaram ao seu destino. Daniel estava entre os membros da equipe de Gaspar, igualmente sério e lançou um rápido olhar preocupado em direção à Clara. Como a havia visto ali? O que se passara? Por que estavam tão tensos?

Gaspar subiu na mesa e bastou um olhar em seu semblante para a multidão se calar. O líder fixou um ponto indeterminado, talvez escolhendo o que dizer e pigarreou.

— Infelizmente acabamos de receber uma mensagem pelo rádio informando que as tropas do Governo atacaram massivamente e de surpresa a Célula 2 ontem. De alguma forma, eles descobriram como passar pelos muros e guardas e simplesmente promoveram um verdadeiro massacre... — fez uma pausa, tentando manter-se firme e com as mãos nas costas, começou a andar em círculos. — Poucos, realmente muito poucos conseguiram se salvar e chegar até a Célula 1 para nos dar esta trágica notícia. Ainda estamos tentando entender o que aconteceu. As tropas se tornaram especialmente letais nos últimos dois anos, principalmente depois que a General Monteiro voltou a liderá-las pessoalmente, mas nunca haviam conseguido transpor os muros de uma Célula. — Nova pausa; ninguém ousava emitir um único ruído no salão. Gaspar olhou em voltar e retomou as passadas. — Nós, os líderes, discutimos via rádio sobre os próximos passos, mas estamos seguros de que as tropas não teriam obtido o êxito que tiveram se... — tossiu um pouco antes de prosseguir: — Acreditamos que tenham contado com a ajuda de alguém de dentro da Célula ou que conhece nossas rotinas. — naquele momento, ouviu-se um "oh" abafado. — Estamos estudando um novo ataque e em alguns dias vocês serão comunicados, mas enquanto isto, ninguém entra ou sai da Célula. Nem mesmo receberemos mantimentos vindos da vila. — Gaspar lançou um olhar ao pessoal da cozinha que entendeu de pronto que teriam que se virar com o que já havia nas despensas. — Este é um dia triste para nós, mas temos que pensar em trabalhar para que a morte dos nossos não tenha sido em vão. Assim, peço que cada um de vocês treine à exaustão para que estejam na melhor forma quando o momento da luta chegar. O fim está próximo, eu lhes asseguro.

Gaspar voltou pelo mesmo caminho de antes, junto de seus companheiros. Daniel lançou um olhar breve e preocupado em direção à Clara. Mas não foi aquele olhar que a incomodou; havia outro que ela sentiu durante todo o discurso do líder. Buscou na multidão até encontrar olhos castanhos "assassinos": Marisol, do outro lado do salão, fixava clara quase de forma doentia. Um mal pressentimento fez os pelos dos braços de Clara se arrepiarem e decidir-se por voltar ao dormitório o quanto antes. 


Ei, psiu!!

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