6. Rotina de Fisioterapeuta
Ao chegar na clínica de fisioterapia onde eu trabalhava olhei esperançosa para a sala de espera. No entanto, desiludida, constatei que o Sr. Silva já me esperava com o músculo da coxa em torção e um largo sorriso no rosto, definitivamente ele era o segundo tipo inconveniente.
Suspirei ao me concentrar em manter o profissionalismo e acenei para ele me acompanhar a sala de atendimento, seriam longos quarenta minutos.
Seu olhar percorreu meu corpo, enquanto ele retirava a calça e ficava apenas de cueca e se deitava sobre a maca. Ele tinha um belo corpo, porém era tão inconveniente que só me fazia querer me livrar dele o mais rápido possível.
Ser fisioterapeuta nos fazia indiferentes ao tocar, massagear e movimentar diversos corpos por dia. Mas em atendimentos como este uma sensação ruim se embolava em meu estomago a cada toque, como se eu estivesse a fazer algo impróprio.
— Suas mãos são tão delicadas! — ele comentou ao me engolir com o olhar. Tentei ignorá-lo, enquanto minhas mãos subiam e desciam sobre sua coxa ferida aquecendo o músculo para iniciarmos os exercícios mais pesados.
Ele mordeu o lábio, meu rosto avermelhou-se ao perceber o volume crescer em sua cueca. Isso não era tão incomum. Afinal era um corpo com sensações a ser tocado, alguns se excitavam. Eu aprendera a lidar com isso, a tranquilizar o paciente e explicar como era uma reação normal.
O problema é que homens como Sr. Silva não ficavam constrangido ao se excitarem durante uma sessão fisioterápica. Eles confundiam minha profissão com massagistas eróticas e mantinham a fantasia que algo iria rolar dentro da sala.
Minha raiva por seu olhar e seus suspiros como se eu o estivesse a masturbar me fez puxar de modo bruto sua perna. Ele soltou um suspiro surpreso de dor e isso o fez perder alguns segundos a concentração em minha pessoa.
Sorri ao sentir o gostinho de vitória, não gostava de causar dor a pacientes e fazia o possível para ser a mais delicada possível. Porém em casos como Sr. Silva eu não sentia pena.
Soltei um suspiro aliviado ao constatar que meu serviço terminara. Olhei impaciente para o relógio enquanto ele voltava a vestir a roupa.
— Suas mãos são mágicas, que tal ir lá em casa? Podíamos combinar algo. — ele falou ao fechar o zíper da calça.
— Sr. Silva, não misturo trabalho com vida pessoal. — tranquei o maxilar ao abrir a porta de vidro e quase o empurrar para fora.
Bufando alcancei o balcão da recepção, não podia acertar um soco em um cliente, mas poderia descontar minha raiva em Ted, o responsável por eu ainda ter que atender esse tipo de cliente.
— Transfira o Sr. Silva para a tabela de alguns dos fisioterapeutas homens! — mantive a voz baixa e firme ao encarar Ted com raiva.
— É difícil conseguir transferências. — ele soltou um risinho provocador. — Vou ver o que posso fazer.
— Não, você vai transferir. Se não o fizer irei reclamar diretamente com a coordenação da clínica sobre sua quebra de protocolo. — inclinei-me para que nossos olhos ficassem próximos, e ele percebesse como eu falava sério. — Pacientes que cometem assédios devem ser transferidos.
— Você não consegue lidar com uma paquerinha? — Ted sorriu.
— Tudo bem, Ted, cansei de ser boazinha. Vamos ver o que Ana, a coordenadora, diz sobre esse seu comportamento. — Girei nos calcanhares e me afastei.
Antes que eu alcançasse a porta ouvi Ted pedir desculpa e informar que eu não devia mais me preocupar com o Sr. Silva. Não estava feliz, contudo aceitei sua fala.
Meu sangue fervia, odiava me sentir assediada por paciente e ainda mais quando as pessoas ao redor diziam que isso não era nada.
Como era triste quando os homens pensam que podem dizer e fazer qualquer coisa, como se nós mulheres tivéssemos a obrigação em aceitar qualquer um em nossa cama. Ou que devêssemos ficar feliz por ser paquerada de modo inconveniente em nosso lugar de trabalho.
Nesses momentos eu questionava se eu havia escolhido bem minha profissão. Será que esse tipo de coisa só acontece com profissões que dão uma ideia falsa de intimidade? Ou será que secretárias, professoras, engenheiras, entre tantas outras, passam pelo mesmo?
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