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CAMILLA SOUZA
Eu tinha reconhecido o rosto familiar em meio a toda aquela multidão, era ele quem estava tomando conta da minha cabeça no caminho de Vallecas até aqui, o namorado sem educação da vizinha do 212. Parte de mim estava surpresa por o encontrar aqui, não seria um local adequado para comprometidos frequentar, mas no fundo eu estava feliz por vê o efeito que eu causava no mesmo. Ele não piscava em momento algum, e sempre que eu me locomovia para o outro lado do palco seu olhar me acompanhava tão rapidamente fazendo parecer que ele previa todos os meus passos.
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Notas de euros eram jogadas em minha direção, como uma chuva, catei todas como pude colocando dentro do decote dos seios. Me senti como uma prostitua agachada no palanque catando cada nota do chão, uma necessitada, mas era exatamente oque eu era, eu estava muito necessitada desse emprego e principalmente desse dinheiro. Mas a humilhação veio quando vi um homem com os órgãos genitais para fora me encarando, aquilo foi demais pra mim, toda a minha adolescência passava como um filme em minha cabeça e então tudo se apagou.
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Pela dor de cabeça que eu sentia, desconfiava que meu crânio tivesse sido esmagado. Abri os olhos e me dei conta de que ainda estava no mesmo lugar, mas agora no andar superior aonde ficava os quartos. Uma onda de calafrios percorreu meu corpo com essa informação, eu estava em uns dos quarto, e não me lembro o que aconteceu e nem com quem aconteceu!, a única coisa que se passava em minha mente era que eu fui dopada, era isso, me doparam e eu não me lembro de absolutamente nada.
Forcei para levantar da cama mesmo sentindo minha cabeça latejando, queria me certificar se não havia algo a mais de errado com meu corpo, e então visualizei o maiô, descartei à possibilidade de ter sido violentada quando vi a mini peça de roupa ainda em meu corpo.
Vasculhei o quarto como se estivesse investigando uma cena de crime, tudo aquilo me intrigava. Não era o mesmo quarto que eu tinha entrado antes, não tinha a parede de brinquedos eróticos, nem as máscaras, continha somente o espelho no teto e a cama redonda. As paredes eram escuras, e uma porta de madeira com cadeado na fechadura fazia minha mente ferver de curiosidade. Meu corpo tremeu quando escutei uma voz vindo fora do quarto, eu reconhecia ela por mais que estivesse escutado um única vez, revirei a cama á procura de minha máscara.
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MARTÍN SERRANO
Aqueles olhos castanhos por detrás da máscara me fizeram paralisar, congelar no tempo, tudo ao meu redor tinha sumido e restava apenas eu e ela. O jeito que se movia a cada batida do pandeiro me deixava fascinado, sua bunda era algo de outro mundo e outra vez eu me encontrava perdido olhando para o seu corpo, algo em mim despertou quando me dei conta que não assistia a morena sozinho, me senti profundamente incomodado por não ser o único. Que porra estava acontecendo comigo. -me encostei no balcão de mármore do bar tentando me recompor. — Uma Piña colada, por favor - acenei para o garçom o dispensando assim que fiz o pedido.
O líquido desceu rasgando pela minha garganta, a sensação de queimação fazia eu me sentir vivo, essa não era a primeira bebida alcoólica que eu tomava hoje. Já passavam de 23hrs e eu estava digamos que mais tempo que o necessário, no pub bebendo. Minha cabeça já começava a girar, então quando olhei para o palco novamente e vi a mulher de máscara caindo pensei que fosse coisa da minha imaginação, quando o alvoroço de homens se formou tive a certeza que eu estava vendo certo, mesmo com a visão turva cruzei a multidão em sua procura.
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— Como ela está? - perguntei para Juana pela milésima vez. — Ela ainda não acordou, MS.
Talvez eu ainda não tenha comentado, mais eu era mais que o amigo do gerente, eu era sócio do pub de la santa, e tinha uma comunidade de sócios. E todos nós éramos conhecidos por suas siglas, não gostava de misturar meu pessoal com a minha diversão, por mais que também investisse meu dinheiro no pub eu o considerava a parte de minha carreira. Cada um dos fundadores da comunidade tem sua submissa, realizamos testes e cuidamos do bem estar de todas, em troca sempre estarão a nossa disposição, a qualquer hora. Mas depois de Laira eu dei um tempo de frequentar aqui, a situação tinha passado dos limites. Ela se apaixonou por mim, no começo achei graça, quem não gosta de uma mulher apaixonada por você. Não dei muita bola paras as suas juras de amor enquanto estava amarrada na cama, até que ela apareceu batendo na porta de minha casa e depois no meu escritório, como eu disse, eu não misturava em hipótese alguma os meus negócios com o pub. Me doeu em ter que rebaixar ela para o cargo de dançarina, gostava de sua obediência e dedicação a mim.
Ai conheci Tesha, a secretaria de Max. Me interessei pela mesma no primeiro segundo que vi sua bunda redonda na saia apertada andando pelo prédio da empresa. Sua relação não era diretamente comigo, certo? Eu me afastei do pub com a minha nova diversão, mas ela não estava mais aqui e eu precisava sempre de diversão.
— Eu vou entrar Juana, não é possível que essa garota esteja desacordada ainda - já me encontrava irritado com a mulher que me fazia esperar por horas.
Já estava cansado de andar de um lado para o outro neste corredor, e pra completar, eu não tinha nenhum sinal da mulher de máscara do outro lado da porta, eu estava acostumado a ter tudo sobe controle, a controlar tudo. Passava as mãos no cabelo sem parar, tomando coragem pra encarar a morena. Bati na porta e não obtive resposta, bati de novo e nada, até que perdi a paciência.
— Eu vou entrar - anunciei com a mão na maçaneta.
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CAMILA SOUZA
Eu não conseguia acreditar na fácil mudança de humor do homem na minha frente, de manhã recebi uma porta sendo fechada em minha cara e agora sua preocupação comigo, eu sei que ele não sabia que de fato sou eu e isso me frustrava.
A todo momento ele perguntava como eu estava me sentindo ou se queria ir ao médico, pois pela queda e o tempo desacordada poderia ser perigoso, eu estava encantada com tanta atenção pra mim, não imaginava que ele fosse tão gentil assim.
— Tem certeza que está tudo bem? - perguntou pela milésima vez se sentando na beirada da cama.
— Eu estou ótima, obrigada pela preocupação. - respondi breve.
— Você é nova por aqui, certo? - perguntou.
— Sim, hoje era meu primeiro dia teste e podemos ver que comecei muito bem - apontei para a minha cabeça, aonde foi o lugar mais atingido por conta da queda.— Então costuma vir muito aqui para conseguir distinguir quem vem ou não....certo? - provoquei.
— Digamos que eu sou muito amigo do gerente- respondeu indiferente.
— Muito amigo ao ponto de ter acesso ao andar privado de quartos? - era minha carta na manga, sua expressão logo mudou. - levantou a mão em sinal de rendição e falou — Eu não sou só amigo do gerente, também sou organizador do pub.
— Qual a sua função ? - não iria deixar a conversa se encerrar, queria saber mais.
— Gosta de ser amarrada senhorita? - perguntou.
— como? - engoli em seco com a pergunta repentina.
— A senhorita gosta de ser amarrada?- deu uma pausa e continuou — de fantasias sei que gosta - apontou para a máscara em minha face.
Se levantou da cama sem tirar os olhos dos meus e começou a chegar mais perto de mim.
— Amarra as pessoas em seu trabalho ? - indaguei.
— Só quando pedem baby.
Ele estava tão perto de mim que eu conseguia sentir seu perfume invadindo minhas narinas, a sensação era tão boa que por um segundo me deu vontade de tocar nele. Cheguei mais perto quebrando o minúsculo espaço que ainda restava entre nós, meu coração estava disparado.
Se inclinou na direção do meu pescoço e sussurrou na minha orelha — Você não me respondeu baby, gosta de ser amarrada?
Todos os pelos do meu corpo estavam eriçados, parecia faltar ar em meus pulmões e eu sentia algo em minha região íntima queimando com o calor de seu hálito tão perto do meu pescoço. Resolvi provocar, queria ver aonde isso iria dar — gosto- sussurrei de volta.
Me pressionou contra a parede sem me dar chances de defesa, direcionou sua boca em meu lóbulo deixando uma leve mordida no local. Desceu aos beijos para meu pescoço fazendo eu arquear minhas costas em aprovação, trocou por beijos mais intensos e chupões, desceu para minha clavícula lambendo igual gato com sede. Chegou na altura do decote dos seios e esfregou sua barba por fazer em cada um deles, a essa altura minha calcinha já se encontrava completamente úmida e a queimação entre minhas pernas só aumentava.
Então ele parou e me olhou nos olhos novamente antes de se virar e sair pelo quarto á fora, mais uma vez batendo a porta. Céus, qual o problema deste homem?
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