Capítulo 3
Milena ainda bufava quando Lucynda e ela saíram da loja. Olhando para cada lado da rua, ela procurou para ver se havia algum sinal do homem que se intitulava Thierry Blanc. Quando ambas entraram no carro, ela estava mais vermelha que uma pimenta. Lucynda olhou para a amiga enquanto ligava o carro e dava a partida.
- Esqueça, Milena.
- Esquecer? Ele me ofende, e você me manda esquecer?
- Desde quando você liga para ofensas de namorados corneados? Nunca. A menos... Milena, minha cara, teria você se interessado pelo que julga um caso perdido?
- Está louca, Lucynda? Um homem que dá duas por semana aos vinte e cinco anos? Os estudos comprovam que isso dará um casamento infeliz. Evito homens assim desde Damien. A sexologia explica tudo, e eu sigo essa religião.
- Esqueça a sexóloga. Pense como mulher.
- Como mulher eu diria que ele é um tipo interessante. E meu tipo.
- Então você se sentiu atraída. É um começo.
- Atração e aversão. Evito homens como ele.
- Você mesma disse que ele poderia estar com a garota errada. E se você fosse a garota certa e conseguisse maximizar a potência dele? Para umas três por noite? - Lucy disse rindo.
- Aí, minha filha, eu caso com ele. Mas quem liga para isso? Nunca o verei novamente, então apenas me lembrarei que Milena Raven, por cinco minutos, quis dormir com um fracassado. E ponto.
- Como era mesmo o nome dele?
- Thierry Blanc... Parece nome de guitarrista de banda, mas deve ser um advogado chato e tedioso.
Lucynda segurou a risada. Milena, pela primeira vez, estava duplamente errada. Quanto à profissão de Thierry e quanto ao fato de achar que nunca mais o veria. Sorrindo, ela virou uma curva, procurando atingir o hotel onde sabia que Margareth e Fernando estavam.
As duas continuaram o percurso, agora em silêncio. Quando finalmente chegaram ao hotel, Lucynda fitou a amiga.
- Tudo pronto?
- Tudo.
- Tudo arranjado?
- Tudo.
- Tudo...
- Lucynda, pare de se preocupar. Fiz tudo conforme me pediu. Nada sairá errado, a menos... que você ainda goste do Fernando e saia machucada nisso tudo.
Lucynda sorriu.
- Então tudo certo. Confesso que estou nervosa. Levo tanto tempo planejando essa vingança que, agora que ela começa, tenho medo de estragar tudo. Mas confio em você, minha amiga. Sei que dará tudo certo.
- Preparada? - Milena disse abrindo a porta do carro.
- Sempre estive
E a seguiu.
- Então vamos brilhar, Lucynda.
Rapidamente as duas entraram no hotel. A vingança efetivamente começara.
.....
Margareth e Fernando fiscalizavam o bufê, a fim de saberem quantos pratos poderiam servir para os convidados, a crise anterior esquecida. Discutiam se serviam peixe ou carne vermelha, o que seria mais chique, a discussão pausada entre beijos.
- Peixe é mais suave, amor... - disse Margareth.
- Carne dá mais sustento, querida.
- Oh, Fernando, servir carne é tão vulgar... peixe é mais neutro, mais gostoso. Acho que nosso casamento deve ser tão chique quanto possível... não acha?
- Claro que sim. Se você quer peixe, meu amor, teremos peixe. Afinal, você é a noiva, e os desejos da noiva são prioridade.
- Você é um fofo, meu amor.
Os dois se beijaram novamente. Lucynda, que já sabia onde os dois estavam, caminhava em direção ao salão, junto com Milena. Ela assumiu uma expressão profissional e falou num tom de voz desalentado.
- Sinto muito, Milena querida, mas o dono do hotel disse que eu precisava vir urgentemente aqui... parece que teremos um casamento...
Nesse momento, ela entrou no salão, e Margareth e Fernando se viraram.
Os três se encararam. Milena fez um "oh" de espanto. Margareth baixou os olhos. Fernando encarou Lucynda.
- Lucynda.
Lucy fingiu surpresa e falou com a voz baixa:
- Fernando Hernandéz.
Margareth notara a tensão que se formara entre os dois. Afinal, gostando ou não, eles tinham um passado, uma história. Era óbvio que as recordações e o fim de tudo passavam pela mente de ambos. Sentiu medo. Lucynda tinha uma parte de Fernando que nunca lhe pertenceria. E se agora ele resolvesse voltar atrás e largá-la? Sentiu o silêncio pesar, Lucynda e Fernando trocando um momento deles. Resolveu acabar com a magia.
- Como... como você soube que íamos nos casar aqui?
- Não soube. Sou gerente deste hotel, apenas vim aqui fazer uma revisão dos salões para um casal que iria fazer a festa aqui. No caso, vocês.
- Eu li na coluna social - disse Milena - mas... não soube como dar a notícia para Lucynda. Quero dizer... - ela se calou, o constrangimento pesando.
Fernando fitou Lucynda por mais um momento. Leu a tristeza nos olhos dela. Suspirou.
- Me esqueci de que você era gerente de uma rede de hotéis e que este hotel fazia parte da sua rede de administração. É que Margareth sonhava em fazer a festa aqui... mas sei que isso não é possível. Procuraremos um hotel ao qual você não administre para fazer a festa. Desculpe pelo constrangimento.
Ele fez menção de sair, puxando Margareth consigo. Lucynda abaixou a cabeça. Teria que ser uma atriz brilhante. Puxando as lágrimas, ela falou com voz baixa:
- É isso o que pensa de mim? Que eu faria algo para arruinar seu casamento?
Fernando e Margareth se voltaram.
- Pois eu jamais faria isso - Lucy continuou. - Sempre soube que o sonho de Margareth era se casar aqui. Ela era minha amiga. Sei como tudo terminou entre nós, mas faz tanto tempo... devemos nos esquecer disso e seguir em frente... não acham?
Fernando ficou surpreso. Lucynda, a vingativa Lucynda querendo apenas seguir em frente? Algo estava errado.
- Satisfaça o sonho da sua futura mulher. Casem-se aqui. Prometo que colocarei o serviço do hotel a inteira disposição de vocês e... quem sabe é uma chance de nos reaproximarmos? E deixarmos o passado para trás.
Fernando nada respondeu. Ficou quieto, pensando na resposta. Poderia ser um truque. Lucynda poderia estar enganando a fim de arruinar sua festa. Tentou fazer uma recusa formal e educada, mas Margareth sorriu ao ouvir as palavras de Lucynda.
- Oh, Lucy, pode mesmo esquecer tudo? Eu não conseguiria.
- É claro que eu poderia. Quero ver ambos felizes. Casem-se aqui. Encarem como um pedido pessoal.
Para Fernando, aquilo estava tudo muito estranho. Lucynda, a Lucynda que revirara céus e terras para demitir um desafeto, a Lucynda vingativa, cruel que conhecera deixava passar em branco a pior humilhação de sua vida? Não estava convencido. Antes que Margareth pudesse dizer qualquer coisa, ele abraçou a noiva e se adiantou:
- Agradecemos a sua consideração, mas não poderíamos fazer isso com você, Lucynda. Margareth e eu arranjaremos outro lugar. De qualquer maneira vamos nos casar em outro lugar.
Melhor prevenir do que remediar, pensou Fernando. Margareth sorriu desgostosa, concordando com o noivo. Sorriu e disse:
- Afinal... o que importa é o casamento, não o local. Mas obrigada, Lucy... saber que nos perdoou significa muito para mim. Posso lhe dar um abraço?
- Claro, querida... como negaria?
As duas se abraçaram sob o olhar de Fernando. Ele se voltou ao ouvir um barulho, mas era apenas Milena recostada na mesa. As duas se soltaram. Lucynda sorriu.
- Sejam felizes... e, se mudarem de ideia...
- Oh, sim, voltaremos. Obrigada, querida.
Lucynda se voltou para Fernando.
- Cuide-se.
- Você também.
Os dois saíram do salão, Margareth chorando e Fernando intrigado. Ao ver os dois sumirem, Milena fitou a amiga, cujo olhar meigo e terno se transformara em fina zombaria.
- Lucy, você sem dúvida ganhou um Oscar. Teria quase me convencido.
Lucynda deu uma risada.
- Isso quer dizer que Margareth está no papo. Falando nisso... conseguiu?
Milena simplesmente ergueu a mão, segurando consigo um cartão que havia tirado da bolsa de Margareth havia pouco. Entregou para Lucynda, que pegou o cartão e leu.
- "Felizes para sempre". Isso é o que eu chamo de nome criativo para uma loja de vestidos de noiva. Mal sabe a dona que alguns vestidos têm um final muito infeliz.
- Bom, nomes são o que atraem os clientes. E ao comprar um vestido, você espera que seu final seja feliz para sempre. A sexologia explica isso.
- Vou me lembrar disso. Mas agora acho interessante ligar para meu contato. O plano deve começar e, para eu conquistar a confiança total do casal, preciso fazer algo... grande.
- Eu sei. Seu contato já está a postos, pronto para começar o show.
- Ótimo - ela saiu em direção ao balcão de bebidas do salão e abriu uma cerveja. - Quer uma? Sou a gerente. Pode beber, se quiser.
- Me passa uma tequila - Lucynda passou a bebida para a amiga, que bebeu direto da garrafa. - Quando os verá de novo?
- Depois de amanhã, quando eles vierem cancelar o contrato de aluguel do salão. É claro que Margareth estará apavorada e arrasada com o... pequeno imprevisto - ela disse balançando o cartão.
Milena apenas sorriu e tomou outro gole de tequila. Passos ecoaram no salão. As duas assumiram uma postura séria, pensando ser Fernando ou Margareth. Mas Lucynda, ao fitar a pessoa, sorriu divertidamente.
- Thierry Blanc... está atrasado. Nosso ilustre casal já foi embora.
Milena congelou com o nome. Ao se voltar, deparou-se com Thierry carregando uma mochila e se aproximando do balcão para cumprimentar Lucynda, passando por ela como se não a conhecesse.
- Imprevistos surgiram. Mas cá estou eu.
Lucynda se virou para Milena. Mal conseguia segurar a risada.
- Milena, esse é Thierry, nosso barman/stripper. Thierry, pelo que Milena me disse, você já a conhece. Ou estou enganada?
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro