Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo quinto


No primeiro intervalo da manhã, Mark estava inquieto e roía as unhas. Os seus colegas mais próximos tinham notado o seu nervosismo e como estivera distraído durante as primeiras aulas. Respondera errado a uma pergunta do professor Jenkins e gaguejara quando justificara as suas faltas da semana anterior.

Ele não estava descansado sabendo que Ritchie andava solto na baixa de Mason City. Bastava conversar com o dono da loja de música e haveria de descobrir que estava no futuro. E depois? O que faria? Teria um surto qualquer, ajuizou, entre o desalento e o horror. Podia cair morto, repondo a verdade dos factos, já que devia ter morrido em 1959. Podia enlouquecer e tornar-se violento. Podia enlouquecer e ficar catatónico. Podia envelhecer trinta anos de um golpe só e morrer com a alteração brusca do seu físico. E toda uma variedade de reações que ele imaginava, a seguinte mais mirabolante do que a anterior. Pensou em faltar à próxima aula para ir buscá-lo, achava que já bastava de tocar guitarra, duas horas teriam sido as suficientes, mas desistiu quando viu as três raparigas a se aproximarem. Cuspiu a última unha roída e penteou o cabelo com os dedos.

A Maggie sentou-se ao seu lado e deu-lhe um toque no braço. A Sandy e a Joanne ficaram de pé, a primeira, uma maria-rapaz particularmente irritante que o odiava, fixou-lhe um olhar carrancudo enquanto mascava a sua pastilha elástica de uma forma bastante agressiva.

- O que se passa contigo hoje? Pensava que irias voltar cheio de pica, depois de teres estado uma semana de férias...

- Não estive de férias – explicou Mark a Maggie. – Estive a trabalhar na pousada da irmã da minha mãe, em Clear Lake.

- Diz-se tia, Mark – corrigiu Sandy, petulante.

- E ganhaste algun dinheiro?

- Cinquenta dólares. O meu tio pagou-me, no último dia, estava eu a entrar para o autocarro. Cheguei a pensar que estive a trabalhar para nada... A minha mãe tinha-me dito que iria receber qualquer coisa, mas nunca se sabe, não é? Podem mudar de ideias...

- Cinquenta dólares por uma semana? Isso é uma fortuna! Vais comprar-nos um gelado? – indagou Joanne, com um risinho.

- Posso... posso comprar-vos um gelado, sim.

- Eu preferia pipocas e um cinema – disse Sandy.

- Pode ser... Pipocas e cinema. Qual é o filme que está em cartaz?

- Para a semana vai estrear a continuação de A Mosca.

- Que merda, Maggie! Quem quer ver esse filme horrível de ficção científica em que um tipo se transforma numa mosca nojenta? – censurou Sandy. – Vamos ver Cousins. É do Schumacher. Também vai estrear para a semana.

- Isso não é uma comédia romântica? Agora gostas de comédias românticas, Sandy? – perguntou Joanne verdadeiramente admirada.

- E se gostar?

- Mark? – insistiu Maggie.

- Estou preocupado com... com um amigo.

- Oh, o coitadinho do Joel! – zombou Sandy. – O Joel que hoje nem sequer se dignou a aparecer nas aulas para conferir a tua admirável preocupação por ele. Queres um conselho, Mark? Esquece o falhado do Joel. Hoje está a fazer trabalho comunitário no centro de dia para os idosos, amanhã está a cumprir uma pena de prisão a sério.

Mark dispensou a Sandy um olhar assassino. Joanne sobressaltou-se e cingiu a si os livros que carregava nos braços. Os dois entreolhavam-se num autêntico desafio quase mortal, como se quem pestanejasse primeiro cairia fulminado pelo poder secreto do outro.

O grito da Maggie desfez o momento de tensão.

- Olhem! Vem ali um rapaz! Está a correr com uma guitarra na mão... e parece que está a vir para cá.

Mark rodou o pescoço. Arquejou ao reconhecer Ritchie que se dirigia àquele canto do pátio exatamente como Maggie descrevera – numa corrida e com uma viola na mão esquerda. Sorria e acenava com a direita, num sinal para lhe chamar a atenção. A Sandy bufou, desdenhosa.

- Quem será aquele anormal?

- É bonitinho... – sussurrou Joanne, escondendo um sorriso maroto com os livros que elevou até ao nariz.

- Bonitinho? Não me faças rir! É um porto-riquenho... não o estás a ver?

- Gosto de rapazes morenos.

- Essa é nova. E onde pensas encontrar rapazes morenos no condado de Cerro Gordo, no Iowa? Podes dizer-me? Vais ser infeliz para a vida toda!

- Poderei ir-me embora de Cerro Gordo depois de me graduar, em junho.

- Tu? Joanne Gibbons, a sair de Mason City... não estou a ver isso acontecer.

- Mas por que é que ele está a vir ter connosco? – admirou-se Maggie.

- Mark!

Mark deu dois passos em frente ao escutar o seu nome. As raparigas soltaram uma exclamação, ao perceberem que o misterioso rapaz conhecia o amigo delas. Mesmo sendo alguém tão exótico, com a pele morena.

- Ritchie! Pensava que irias ficar a manhã toda na loja de música. E o que fazes com essa guitarra?

- O senhor da loja foi muito simpático. Emprestou-me a viola por três dias, posso utilizá-la e devolvê-la depois desse prazo. Até a posso comprar. É uma excelente viola! Tem um som maravilhoso! O senhor da loja disse-me que é uma Gibbson, a melhor guitarra acústica do mundo.

- Como foi que conseguiste esse empréstimo tão generoso? Claro que o homem espera que lhe compres a guitarra ao fim dos três dias, mas não deixa de ser um gesto bastante generoso...

- Gostou de me ouvir tocar.

A Sandy observava a cena com uma desconfiança incrível, de braços cruzados, a mascar a pastilha elástica ainda com mais agressividade. A Maggie estava espantada e a Joanne absolutamente derretida. Foi ela que perguntou, delambida:

- Tu tocas guitarra?

Ritchie respondeu-lhe com um sorriso rasgado:

- Sim, toco. – Estendeu a mão e apresentou-se: – Olá, sou o Ritchie.

Joanne estendeu também a sua e quando os seus dedos tocaram nos do rapaz, o arrepio que sentiu foi visível. Sandy revirou os olhos e Maggie continuava boquiaberta. Mark perdeu a capacidade de comandar os músculos e quedou-se paralisado.

- Sou a Joanne.

- É um prazer conhecer-te, Joanne. São as tuas amigas, Mark? Tens amigas muito bonitas.

- Oh, por favor... poupa-me! – exclamou Sandy com uma careta de asco.

- Obrigada, Ritchie – disse Joanne, aos risinhos.

- Eu sou a Maggie – gaguejou esta, tentando afastar a inércia. – E esta minha amiga mais carrancuda é a Sandy.

- Eu não sou carrancuda! Só não me encanto com... – Emendou o comentário que iria fazer e que seria seguramente mais ofensivo: – Com qualquer coisa!

Ritchie acenou às duas raparigas, com a cabeça.

- Vais tocar? – perguntou Joanne, ansiosa. Durante a pergunta colocou-se em bicos de pés.

- Querem que toque? Posso tocar uma canção para umas meninas tão encantadoras.

- Dispenso!

Sandy saiu dali, com passadas pesadas. Mais à frente cuspiu a pastilha elástica para o chão. Estava zangada, mas nem Mark, nem a Maggie conseguiam arranjar explicação para essa mudança radical de humor. Foi a Joanne que fez uma pequena revelação que poderia lançar algum esclarecimento.

- Não ligues à Sandy, ela é muito ciumenta. Estou desconfiada de que ela está apaixonada por mim – explicou, piscando o olho.

Ritchie corou, subitamente.

- Como? A Sandy... ela... ela poderá gostar de ti? Gostar de ti, em que termos?

A conversa estava a ficar demasiado moderna e Mark sugeriu:

- Ritchie, ei, meu... e se fôssemos comer qualquer coisa? Não tens fome? Pago-te um lanche. Conheço uma cafetaria muito boa aqui perto. Temos é de sair da escola. Eu não tenho autorização para deixar a escola antes do fim do horário, mas conheço um lugar onde podemos saltar o muro e...

- Calado, Mark. Não vais levar o Ritchie antes de ele tocar para nós.

Joanne indicou-lhe um dos bancos de cimento do pátio, junto a uma árvore e disse-lhe que se sentasse, dizendo que ficaria mais confortável se tocasse sentado. A Maggie perguntou ao Mark que amigo era aquele, nunca o tinha visto em Mason City e ele revelou, num fio de voz, que era um amigo dos primos de Clear Lake, que estava na sua casa naquela semana, numa espécie de intercâmbio, já que ele estivera na pousada da tia na semana anterior e nem sequer soube explicar, para si mesmo, porque motivo estava a mentir à amiga.

Ritchie seguiu o conselho da Joanne. Sentou-se no banco. Aconchegou a viola no colo, dedilhou as cordas e fê-las vibrar. Preparou os acordes e arrancou com a introdução da canção. Era uma daquelas melodias antigas, mas incrivelmente bonita, que causou um prolongado suspiro à Joanne. Mark jurava que já tinha escutado aquela canção com a Carol, estaria numa das suas cassetes que ele ouvira, numa tarde em que convivera com os amigos do primo e estiveram na conversa, a ouvir música e a comer batatas fritas na sala da pousada na companhia do leitor de cassetes, mas como desconhecia as canções preferidas da Carol, podia ser qualquer uma ou podia não ser nenhuma.

Ritchie começou a cantar:

- "You're mine, and we belong together... yes, we belong together, for eternity..."

Era a primeira vez que o escutava ao vivo – talvez o tivesse escutado naquela tarde de convívio em Clear Lake, entre o Elvis, o Buddy Holly, o Dion e o Sam Cooke, não se recordava com exatidão de ter havido também um Ritchie Valens nesse ilustre elenco, e Mark ficou impressionado com a beleza da voz do rapaz da Califórnia que tocava Rock 'n Roll. Naquela ocasião, demonstrava os seus dotes de cantor com uma balada delicada, numa voz tão aveludada e profunda que os suspiros da Joanne encontraram eco nos de Maggie e já eram as duas raparigas a suspirar notoriamente, encantadas no dom para a música do seu estranho amigo.

Outros rapazes foram-se juntando, trazendo outras raparigas, curiosos para saber o que estava a acontecer no pátio da escola, durante aquele intervalo e que era uma autêntica novidade. Desconhecia-se o talento musical do aluno que frequentaria o estabelecimento e se o houvesse, estava bem guardado, como um daqueles segredos que se partilham apenas com amigos que tenham o mesmo passatempo.

A canção não foi muito longa e no fim aconteceram aplausos. Ritchie agradeceu com um enorme sorriso, que lhe dava um brilho invulgar aos olhos escuros. Mark envaideceu-se porque o rapaz era seu amigo e conhecia-lhe a história peculiar. Olhou em volta. Eram todos sensivelmente da mesma idade. E compreendeu, numa amargura súbita, a tremenda injustiça e o acontecimento horripilante que tinha cortado cerce uma vida tão jovem como a de Ritchie, no tal acidente de há trinta anos. Entristeceu e arrepiou-se.

Pediram-lhe outra canção. Ritchie levantou-se do banco. Ajeitou a guitarra a si e iniciando com um riff energético começou a tocar e a cantar o seu primeiro êxito, "Come On Let's Go". Era um daqueles temas de Rock 'n Roll bem antigo, dos primórdios do género, com o ritmo certo para espicaçar o corpo e em breve alguns dos rapazes começaram a dançar, puxando as raparigas consigo para lhes fazer par. A Maggie já dançava com um rapaz e a Joanne estava estática, completamente derretida de admiração pelo cantor, que gingava e tocava a sua bela cantiga que instigava todos a aproveitar o melhor da vida numa pista de dança comunitária.

Quando Ritchie cantou a última palavra e soltou o último acorde da guitarra que lhe obedecia harmoniosamente, todos bateram palmas e pediram mais outra. Houve alguém que lembrou que o intervalo estava a terminar e mandaram-no calar com um berro violento. O espetáculo estava animado e ninguém queria regressar ao aborrecimento das aulas. Mark hesitou. Ele achava que Ritchie estava a expor-se demasiado, também queria terminar com aquela apresentação espontânea, mas calou-se. Quando soasse a inevitável campainha a chamá-los a todos para dentro do edifício, o concerto iria terminar, porque o senhor Sturman não admitia alunos na rua depois da campainha.

- Agora vou cantar-vos uma canção que é bastante especial para mim – anunciou Ritchie, dedilhando as cordas. – E já que o intervalo está no fim, também esta minha apresentação estará no fim.

Um desalento murmurado passou por todos que o rodeavam, formando uma meia lua. Mark ficou satisfeito por perceber que Ritchie, afinal, mostrava-se bastante sensato e percebia as obrigações de estudante.

O rapaz baixou a cabeça. A canção teve início. E ele cantou, inflado de paixão:

- "I had a girl... and Donna was her name..."

A Maggie puxou o seu par para si, agarraram-se e começaram a dançar aquela melodia mais suave, bastante romântica e tão cheia de maravilha que todos se encantaram na magia que se encerrava entre as notas musicais e as palavras entoadas. Outros pares se formaram, rapazes a dançar com raparigas que escolheram do grande grupo, convertendo aquele espaço na pista de dança de uma discoteca ao ar livre, em pleno momento dos slows.

A campainha soou e os pares desfizeram-se. Algumas raparigas correram para o edifício, alguns rapazes seguiram-nas, outros ficaram no mesmo lugar a coçar o cabelo, um pouco confusos. A Maggie puxou Joanne pelo braço, dizendo que tinham de regressar às aulas. Joanne estava completamente hipnotizada pelo rapaz cantor.

Houve um pequeno grupo que ficou e que aplaudiu, desdobrando-se em palmas e em felicitações. Ritchie dobrou o pescoço numa mesura, a agradecer o carinho daquela pequena audiência que se dispersava.

- Tu não vens connosco? – indagou a Maggie.

Mark olhou dela para Ritchie. O rapaz estava cabisbaixo e mordia os lábios, agarrando a guitarra como se esta lhe fosse fugir e despi-lo irremediavelmente perante o mundo.

- Eu fico mais um pouco. Vão andando.

- Ei, Mark. Sabes que o senhor Sturman não dá folgas.

- Eu sei. Eu sei.

A sua vontade, porém, era de fazer gazeta e estava a considerar essa possibilidade. Porque estava a ficar sem opções e tinha de se decidir em contar, finalmente e de uma vez por todas, a dura verdade... Conversar com Ritchie. Se não o fizesse, arriscava-se a que os danos fossem bastante maiores, irreversíveis e incontroláveis. As explicações eram devidas. O rapaz do passado já tinha visto muitas coisas do futuro e teria mil e uma perguntas na cabeça.

Quando o pátio estava praticamente vazio foi para fazer a proposta a Ritchie. Irem até à tal cafetaria comer um lanche.

- Ei, meu...

- A tua escola é muito interessante.

Mark observou-o demoradamente, mas ele estava a ser sincero e era desarmante continuar tão dependente. Sentiu-se um monstro por estar a mentir com tanto afinco. Bem, não mentia, no real conceito do termo, mas também não estava a ser honesto. Estava a ocultar os factos e era uma meia mentira que custava manter, já que o outro era tão dócil e crédulo.

- Vamos lá tomar o lanche. Eu pago.

- Pois claro que pagas... não tenho qualquer dinheiro comigo. E isso faz-me alguma confusão, sabes? Não posso continuar a abusar da tua generosidade, Mark.

- Não estás a abusar. Eu é que... enquanto comemos, vamos falar os dois. Tudo isto. – Abriu os braços. – Tudo isto... gostas de onde estás?

- É um lugar um pouco frio para mim, a Califórnia é mais quente do que o Iowa. Aqui há neve e lá em baixo, no Sul, temos praia. Mas gosto... gosto de conhecer novos lugares. Vais faltar às aulas?

- Não vai haver qualquer problema. Já faltei a semana passada para estar em Clear Lake. E tu sabes que faltar a algumas aulas não te vai lixar o percurso académico.

- Por acaso até pode deixar-te as coisas mais complicadas. Se começas a faltar, perdes matérias e depois espalhas-te ao comprido nos exames de admissão à universidade. Não quero que...

- Está tudo tranquilo.

Ritchie disse, a seguir, muito sério:

- Tentei saber sobre o Holly e o Richardson...

- O quê?! – cortou Mark, aflito. – Tentaste saber, como?

- O senhor que é dono da loja de música. – Carregou uma sobrancelha. – Perguntei-lhe sobre o acidente, se ele tinha ouvido dizer alguma coisa. Quando lhe falei do Buddy Holly ele...

- Ele o quê?

- Ele riu-se!

Mark engoliu em seco. Olhou de relance por cima do ombro e notou que o pátio estava deserto, eram os únicos ali. Em breve iria aparecer o senhor Sturman com aquela cara de poucos amigos.

- Ritchie, anda lá. Vem comigo. Lanchamos e eu conto-te uma coisa ou outra... precisamos mesmo de falar. Temos de ir pular o muro, ali mais à frente.

- Precisamos?

- Sim, precisamos! Ei, gostei muito das tuas canções, meu.

- A primeira não era minha. As outras, sim. – O seu rosto mudou de cor. Entreabriu os lábios e murmurou num tom sofrido: – Tenho de a ver, Mark.

- Quem?

- Donna. A minha namorada. Sinto a falta dela...

- Está bem. Depois da conversa. Pode ser? Depois da conversa ficarás a perceber.

- Nessa cafetaria estão as tais listas telefónicas da Califórnia, onde poderei procurar pelo número de telefone da minha casa?

- Eh... sim, é essa cafetaria.

- E o almoço?

- Não te preocupes com o almoço. Vamos lá conversar, os dois. Por favor.

- Está bem.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro