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90 - Madressilva rosa

Hailee's POV

Eu chego em New York um dia depois da minha conversa com Timothée, e ainda não tenho nenhuma resposta dele em relação a S/n, e isso me preocupa demais porque estou sentindo o que ela sentiu nos últimos dias em que a ignorei e é péssimo, o que só mostra o quanto eu errei nessa parte.

A questão é que ver alguém que você gosta beijando outra pessoa nunca é bom, mas eu deveria ter ficado e a escutado antes que tudo se tornasse esse amontoado de problemas, só que eu deixei o momento falar por si só e quando vi eu estava deixando o lugar sem querer falar com ninguém.

É bom óbvio que a S/n não faria algo como beijar o Dominic ou mesmo voltar com ele levando em conta o passo em que estamos mas eu nem considerei isso porque todas as minhas inseguranças resolveram falar de uma só vez.

E aí eu fiz o que fiz.

E a impressão que ficou é a de que eu não confio nela, mas as coisas não são assim. Eu confio nela, mas de algum jeito deixei isso de lado quando a insegurança de passar pelo que passei anteriormente chegou com tudo mais uma vez.

— Ela está no quarto — Timothée avisa assim que eu coloco os pés no apartamento de S/n — Nós estávamos passando algumas falas de um roteiro que eu recebi. Hm, ela não sabe que você está aqui-

— Timothée!

— Desculpa — ele levanta as mãos em rendição — Eu fiquei de falar sobre você ontem mas ela estava bem irritada com tudo e aí eu achei melhor esquecer isso por um tempo, e então você mandou mensagem que já estava vindo e eu também achei melhor deixar isso ser uma surpresa porque fiquei sem coragem de avisar ela... — ele sorri sem graça — ...Surpresa!

— Ela vai amar me ver assim — digo sarcástica.

— Ela vai adorar — ele diz mas é realmente difícil acreditar nisso — Agora, você vai lá e eu vou ficar aqui, se algo der errado não me chame, ok!?

— Isso era pra servir de ajuda?

— Claro que não, eu ainda estou irritado com você também — Timothée diz e se senta no sofá da sala, com os pés apoiados na mesinha de centro. Eu suspiro de leve e acabo revirando os meus olhos mas não digo nada, apenas faço meu caminho até o quarto de S/n, um pouco apreensiva e meio que sem saber como dizer o que preciso. Isso se ela parar e me escutar.

A porta do quarto está fechada e quando me aproximo eu bato de leve na superfície de madeira. Menos de um ou dois segundos depois, a voz de S/n toma meus ouvidos, ela diz um "quem era na porta, Timmy?" e eu suspiro preocupada mas abro a porta e dou de cara com o olhar dela em cima de mim.

Certo, agora é o momento em que eu deixo claro uma coisa entre a gente. Eu e a S/n, nós dificilmente brigamos, mas das poucas vezes que isso aconteceu foram situações realmente difíceis, ainda que por coisas bobas. E então, em uma dessas vezes estávamos no meu apartamento aqui na cidade, sendo bem honesta eu nem lembro ao certo como a briga começou mas quando vi estávamos irritadas e ela saiu deixando a sala e foi em direção ao quarto. Ela só não queria me ver, mas eu queria conversar e foi por isso que fizemos essa coisa de fechar a porta do quarto e conversarmos através dela, porque aquilo deixou ela confortável. Foi tão bobo, mas funcionou na situação e depois de alguns minutos achando que eu provavelmente dormiria longe dela, acabamos a noite bem.

E voltando pra agora, S/n tem esse olhar cansado e ela diz que "não quer me ver agora", e eu comento que "precisamos conversar", e claro que a resposta que recebo é "eu achava a mesma coisa alguns dias atrás, mas você sumiu, Hailee" e não tem muito o que dizer disso. 

Ela não está errada.

S/n parece pronta pra se levantar, fechar a porta e não me deixar entrar e quando ela faz isso eu não digo muita coisa. Eu só deixo ela fechar, mas sei que ela está encostada ainda ali.

— Nós podemos conversar...? — pergunto mais uma vez, agora encostada na porta.

A gente cai nesse silêncio e eu acho que vamos ficar nisso por mais alguns segundos mas então a S/n quebra esse clima estranho.

— Eu não beijei o Dominic — ela diz em um tom mais baixo.

— Eu sei... — respondo de um jeito não tão diferente.

— Não, você não sabe porque você foi embora e só... Só sumiu sem me deixar explicar a situação. A impressão que ficou foi a de que você não confia em mim, e eu nunca te dei motivos pra isso.

— Eu confio em você-

— Que jeito ótimo de demonstrar isso — ela comenta com esse tom ácido.

— Eu fui idiota, e eu sei disso mas... Sei lá, eu mal consegui pensar direito quando eu vi o que aconteceu, e eu fiquei irritada e aí quando eu parei pra tentar formular um pensamento coerente tudo que me veio foram as situações no meu último relacionamento e como aquilo foi péssimo-

— Eu não sou ele, Hailee...

— E eu sei disso, mas teve esse lugar na minha mente que simplesmente se esquece por algum tempo e eu fiz o que falei que não faria, eu te magoei — digo e voltamos a cair em um silêncio, eu já não tenho ideia do que esperar e realmente me surpreendo quando alguns segundos depois S/n abre a porta com cuidado.

— Você realmente fez isso — ela diz.

— Eu sei — digo mais uma vez porque aparentemente isso é tudo que sei falar agora — Mas eu não vou fazer mais, eu prometo. Eu só- Eu estou aqui pra te pedir desculpas, e pra tentar entender o que aconteceu. Eu vou te ouvir, coisa que eu já deveria ter feito dias atrás, mas eu sei que você não fez nada.

— Eu não fiz mesmo — ela fala calma, ainda em um tom mais baixo e suspira de leve.

Eu não sei muito bem aonde estamos, nem se as coisas estão tomando um rumo positivo ou é só impressão, então pergunto: 

— Você me perdoa?

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