Hailee tem a mão direita no meu abdômen, por debaixo da blusa, e ela faz esse carinho delicado com a ponta dos dedos.

Meus olhos estão fechados, e eu consigo sentir a respiração calma da garota em meu pescoço.

Nós estamos no meu apartamento em Londres - e a viagem para Paris se tornou apenas uma ideia. Muito porque Hailee e eu ainda tínhamos coisas para conversar e então mergulhamos em nosso próprio mundo e quando vi dois dias tinham se passado.

Na manhã seguinte eu tenho gravação logo cedo e então minha rotina volta ao normal. Comigo acordando cedo, tomando café da manhã com Florence no café perto de onde ela vive em Knightsbridge e então seguindo junto dela até o set - com a adição de Hailee a tudo isso, porque ela comentou que quer minha acompanhar e eu sei que não vamos nos desgrudar tão cedo.

É só que, você está acostumada a ficar 24/7 ao lado de alguém, você se acostuma a fazer coisas simples com ela - ela se torna parte da sua rotina e então de repente vocês ficam dois meses sem se ver.

Eu senti falta, e já disse isso mil vezes, só que é meio difícil continuar não dizendo.

No dia seguinte fazemos tudo que precisamos fazer.

Quatro ou cinco dias depois eu preciso me despedir. Enquanto Hailee pega um voo de volta para Los Angeles, eu e o restante do cast seguimos para Abu Dhabi.

Os primeiros dias são divertidos, e é claro que eu sinto falta de Hailee mas só de ter a consciência de que tudo está bem, só isso já me deixa um pouco mais em paz. Então nos falamos todos os dias.

Ela me liga de manhã, durante à noite. Conversamos nos meus horários livres, e mesmo longe ela parece sempre presente - e é inevitável não pensar que isso é ela tentando compensar o tempo longe, mas eu não me coloco em oposição, pelo contrário.

Eu acho ótimo que estejamos assim.

— Como estão as coisas com a Hailee? — Timothée pergunta entre uma das pausas. Ele se aproxima de mim e me envolve nesse abraço de lado.

— Bem — responde calma, e totalmente sincera.

— Ótimo — ele sorri de leve — E a situação toda do-

— Não vamos falar disso — peço, muito porque esse assunto me desgastou tanto que eu só quero fingir que nada aconteceu - pelo menos não depois de tudo ter sido resolvido.

— Deus... — Florence chega na tenda em que estamos. Sim, tenda, porque estamos no meio do deserto. Ela está usando as roupas da personagem Irulan, tudo é muito cheio, e eu consigo ver algumas gosta de suor começando a escorrer no rosto dela — Eu precisei repetir uma única cena cinco vezes. A linha simplesmente sumiu da minha mente. Hm... — ela parou alcançou um dos copos fechados de água e o abriu, tomando um gole — O que vocês estavam conversando?

— Relacionamento — Timothée responde, e é quase estranho que na hora que ele diz isso meu celular toca.

Ele está em cima da mesa, e eu o alcanço vendo que é um ligação de Hailee. Florence olha de relance o nome na tela do celular e diz um "finge que não estamos aqui", e eu solto essa risada anasalada antes de atender.

— Está no meio da madrugada aí em Los Angeles. Por que você ainda tá acordada? — pergunto sem dizer "oi" nem nada.

— Então... Oi! Se eu estou bem? Não muito porque eu estou com saudades e é por isso que eu estou ligando — Hailee diz com a voz mais arrastada do mundo, e eu entendo que ela provavelmente estava dormindo e então acordou agora pouco.

— Você acabou de acordar?

— É, eu dormi cedo como sempre e então eu tive esse sonho e eu, hm, eu precisei acordar — ela comenta toda estranha e eu sinto meu rosto ganhar essa tonalidade vermelha - porque não é a primeira vez que isso acontece.

Sério, isso é um grande problema quando se está longe. Só... É péssimo.

— Sonho? — pergunto em um estado muito calmo - apenas por dentro.

— É, você sabe. Eu, você, toda a situação sem roupas e en-

— Ok, ok, eu não sei porque eu perguntei, eu não quero saber.

Ela ri de leve e então caímos nesse silêncio por cinco ou dez segundos.

— A gente pode tentar aquela coisa toda que não deu certo esses dias? — ela pergunta com esse tom doce — Você termina de gravar que horas?

— Hm, daqui duas ou três horas — respondo e então respiro fundo.

Eu agradeço mesmo que Timothée e Florence estejam conversando entre si, e focados no assunto, porque ter eles ouvindo minha conversa com Hailee é ter eles me enchendo a paciência por semanas.

— Certo... Hm, facetime quando você chegar no Hotel?

— Não deu certo da última vez.

— Porque a gente não tinha ideia do que estava fazendo.

— E agora a gente tem?

Ela ri, mais uma vez, e então diz: — Não muito. Mas eu só preciso te ver, e então ouvir a sua voz.

— Hailee, a coisa toda... Eu normalmente não fico nem um pouco sem jeito falando disso, mas...

— Mas é estranho porque não fizemos assim, é uma coisa nova e tá tudo certo. Por favor...

— Se a gente não fizer funcionar-

— É a última vez.

— Ok. Eu- eu preciso ir. Te ligo quando chegar no Hotel.

— Eu espero — ela diz e encerra a chamada.

— Vocês acabaram de marcar o que eu acho que vocês acabaram de marcar? — a voz de Timothée chama minha atenção e eu desvio o olhar da tela, agora apagada, do celular e o encaro.

Eu reviro os olhos, claro que faço isso - e Timothée ri.

— Eu vou fingir que vocês não ouviram nada.

— Mas-

— Timothée!

— Falou o nome todo — Florence brinca — É normal fazer sexo, hun. Ainda que via chamada de vídeo...

— Meu senhor... Florence... Você não tá me ajudando.

— Ok, parei — ela dá de ombros e então caímos em um silêncio incômodo.

Incômodo apenas para mim.

— Mas você sabe qu-

— Flo, eu juro que se-

— Ok, ok. Parei mesmo, eu só ia dizer que uma banheira com espumas e uma garrafa de vinho ajudam.

— Oh meu Deus, não me diz que você fez isso com o Zach — Timothée diz e quase revira os olhos.

— Então eu não digo.

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Eu ia fazer toda uma coisa lindinha em Paris mas eu cheguei em casa morta então decidi fazer um capítulo mais levinho para usar de ponte para o próximo.

E o próximo acho que já tá bem óbvio o que vai acontecer né galera.