Capítulo 8
A primeira desilusão amorosa de Olívia foi quando ela tinha 8 anos e estava na 3° série. Foi quando sua professora de ciências disse à ela que o coração só servia para bombear sangue e não alimentava nenhum tipo de expressões ou sentimentos.
A segunda foi quando seu pai, que jurou a amar para sempre e nunca sair de seu lado faleceu quando Liv ainda tinha doze anos de idade.
Já a terceira, bom, nunca teve, pois depois disso Olívia começou a reprimir seus sentimentos achando que seria poupada de sofrimentos. Mas sabemos que nada fica guardado para sempre, uma hora tudo irá explodir.
Agora são sete e quinze da manhã, minha aula já começou a alguns minutos e ainda não consegui achar minha sala. Estava andando olhando minha grade de horários e verificando o número de cada sala, para ver qual se correspondia com a minha classe. Mas no meio disso, acabei esbarrando em alguém.
- Me desculpe! Foi sem querer, é porque estou atrasada e perdida e...- fui interrompida pela garota, cuja tinha longos cabelos azuis.
-Calma, sem problemas, também estou perdida.
-Onde você precisa chegar? Talvez possa te ajudar...- disse
-Aula de anatomia, sala 78.- Respondi
-Sério?! A minha é a mesma, está cursando o que? Medicina, enfermagem ou biologia?- Eu disse empolgada.
-Curso enfermagem e que bom que temos essa matéria em comum! E nós ainda não nos apresentamos, sou Sophia e tenho 18 anos. E você?
-Sou Olívia e tenho 18 também, estou cursando medicina.
-Que legal, Parabéns! Agora vamos achar essa sala logo, não podemos perder muito conteúdo.
Ela puxou meu braço e fomos andando juntas até encontrarmos a bendita sala 78.
Já eram umas 15:30 e a aula já havia acabado, tive aula de histologia, citologia e ainda ética médica. Meus horários são bem relativos, por exemplo, amanhã eu saio meio dia.
Estava saindo do campus ao lado de Sophia, quando um garoto alto e com cabelo preto chegou perto de nós.
-Fala gatinhas! Eu sou André, veterano do curso de engenharia, e é tradição fazermos uma festa no primeiro dia de aula. Então vocês estão convidadas para a festa, hoje 21:00 na república Alfa, que foi a primeira república criada no estado, por isso o nome- ele de falar e nos entregou um papelzinho com o endereço da festa.
Sophia me olhou com um sorriso sapeca.
-Nós vamos né!?- fez a pergunta como se fosse óbvia.
- Em plena segunda feira, e no primeiro dia de aula!? Nem pensar.
- Olivia! Fala sério! Vamos sim e ponto , você me disse que mora com alguns amigos, chama eles! Passo na sua casa às 20:30, vamos todos juntos.
Engatei a chave na porta e girei a maçaneta. Quando abri a porta Beatriz estava dormindo no sofá com um caderno na cara e um lápis quase caindo de sua mão. Alice estava em um estado parecido, mas ao contrário de Bia, estava esparramada no chão da sala com um livro entitulado "O que é direito" na capa.
Logicamente eu não poderia perder a oportunidade de fazer uma brincadeira de mal gosto com as duas.
Tirei o tênis e o deixei ao lado da porta, fui andando sorrateiramente e com cautela até Beatriz, que estava com o sono pesado, me aproximei do seu ouvido e dei um grito bem alto.
Bia tomou um susto e acabou rolando do sofá e caindo em cima de Alice. Nisso que as duas ainda não tinham conseguido processar tudo que havia acontecido eu já estava rindo tanto que minha barriga doía. Enquanto as duas se levantavam indignadas e eu tentando conter o riso, todas paramos o que estávamos fazendo e olhamos em direção a porta que estava sendo destrancada e vemos Diogo e João entrando todos molhados e com uma cara de decepção. Foi aí que nós começamos a rir.
Os dois entraram sem nem olhar para nós nos olhos e foram andando adentro da casa. Minutos depois chega Diogo, já seco e algum tempo depois João.
-Acho que já é hora de perguntar... O que aconteceu com vocês para chegarem em casa nesse estado!?- Beatriz pergunta
-Trote! Aqueles veteranos idiotas!- Di diz fechando o punho.
-Bem feito, e ainda bem que nós sofremos trote.- Alice diz
- E gente, mudando de assunto, hoje eu fui convidada para uma festa pra comemorar o primeiro dia de aula, vocês querem ir!? Uma amiga minha vai também! É as 21:00.
-Também fui convidada! - Tris diz
-Eu também! Então bora todo mundo!?
-Pode ser - Diogo e João respondem
-Vamos chamar o Nick...- Bia diz
Quando aqueles nome passa pelo meu ouvido, meu corpo todo congela e sinto um frio na barriga.
-Pode ser, mas onde ele está agora?- João diz
-Deve estar no trabalho- Digo
Já estávamos todos prontos para a festa, eram umas 20:50 e ainda não havíamos saído de casa. A festa era no bairro de Ipanema e iríamos no carro de Nicolas, que havia concordado em ir e ainda se ofereceu para dirigir. Sophia também estava conosco.
-Vamos logo gente, socorro, que demora!- Alice grita
Todos seguimos em direção a saída e entramos no carro. Era uma Brasília azul muito linda, era antiga mas muito bem cuidada, no caminho fomos cantando várias músicas do Metallica e nos divertindo muito.
Finalmente encontramos a tal rua que fica a República Alfa, a casa era a 283.
Saímos do carro e fomos em direção a festa, estava tudo muito silencioso, será que viemos na hora certa?! Algum coisa está errada.
-é ali gente- Sophia aponta para uma casa e andamos em direção a mesma.
Diogo bate na porta.
-Olá meus jovens, o que traz a visita de vocês!?- Uma velhinha de uns aproximadamente 75 anos atendeu a porta com um gato no colo.
Nos entreolhamos confusos.
- Olá senhora, me chamo Nicolas, e gostaria de saber se é aqui que vai ter uma festa de uns universitários!?
- Não... Aqui só mora eu e meus gatinhos, e que eu saiba não tem festa nenhuma aqui... - Ela diz
- Perdão, acho que foi engano.- Bia diz
Nos desculpamos e nos despedimos, quando estávamos mais ou menos na calçada, um carro que estava aparentemente estacionado, tem os faróis acesos e alguns garotos saem do mesmo mas logo reconheço um deles: André.
- Olá calouros! Deixe nos esclarecer uma coisa, pois devem estar confusos, a verdadeira tradição dos veteranos de engenharia, é na verdade, um trote histórico: nos escolhemos o grupo que parece ser mais ingênuo e o convidamos para um falsa festa, logo depois pegamos ovos e atiramos nesses jovens e por fim nós tiramos uma memorável foto e a compartilhamos pra Deus e o mundo!- André diz rindo junto de seus amigos
- Pera... Você disse ovos?!- Diogo pergunta recuando.
- Gente... Acho melhor a gente correr- Alice diz
Mas não deu tempo. Fomos bombardeados com dúzias de ovos e quando os ovos acabaram um dos amigos de André pegou sua Nikon e tirou a foto. Depois saíram correndo entraram no carro e desaparecendo pela escuridão da rua. Quando nos demos conta do que havia acontecido, estávamos só nós, sozinhos e cheios de ovos crus.
- Galera... A gente não vai no meu carro não... Não no nosso estado.- Nicolas diz coçando a nuca.
- Tudo bem... Vamos a pé- Digo
- Olivia, acho que não vou aguentar... É longe pra caramba! - Beatriz diz exasperada.
- Eu sei, é muito longe, mas é isso ou nada- Respondo
Então fomos andando, e acho que nunca andamos tanto na nossa vida! Nem quando escalamos o Pico da Bandeira. Ok, talvez eu tenha exagerado um pouco, a travessia foi de apenas 3 km, sem comparação com o Pico da Bandeira
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