Maratona: 2/3 🖇️

📌 São João do Miriti|RJ

02 de Setembro/2022

⚽🏃🏽 |Ludmilla Oliveira|

— Amor, é só isso? — Perguntei pra Brunna que estava com uma mochila.

Tínhamos vindo na casa dos pais dela buscar umas coisas do aniversário da Elisa.

A mãe dela que fez tudo.

— Acho que sim, princesa. — Porra, eu fico boba toda vez que ela me chama assim.

Agora os caras me chamam de última romântica, me sinto uma palhaça.

— Minha tia quer te conhecer... — Ela falou meio receosa.

— Bora lá, então! — Entrelacei nossas mãos.

Elisa tinha ficado com meus pais, que vão ficar no Rio pro aniversário dela.

— Quanto tempo, Brunna! — Ih, mó cara de nojenta.

— Meu Deus, é a Ludgol! — Uma mina que deveria ter uns 18 anos falou.

— Prazer conhecer vocês! — Falei, prazer é o cacete!

— Cadê o meu tio? — Brunna perguntou.

Tô achando que essa velha é a mesma que não aceitava ela com o Renan.

— Tá trabalhando, não levamos vida fácil igual a sua! — Porra, aí ela errou feio.

— Que vida fácil que a Brunna leva? — Vou ficar calada não!

Ela me olhou com desdém e eu não desviei.

— Ela fazia faculdade e desistiu pra virar fotógrafa de vagabundo, isso não é vida fácil? — Vou mandar essa mulher ir pra puta que pariu.

— Se ela trabalha com isso, é porque é o que ELA gosta, a senhora não tem que opinar em nada não! — Ela vai me bater a qualquer momento.

— Lud... — Brunna apertou minha mão.

— Você é jogadora não é?! É por isso que se dão bem, você é igualzinho o Renan!

— É um elogio você dizer que me pareço com ele, obrigada! — Ela mexeu com a pessoa errada!

— Você só arruma pessoas que não prestam, em?

— Mãe, para! — A garota puxou o braço da mulher.

— Tia, para de ser insuportável! Você nunca me apoia em nada, nem parece que é irmã do meu pai! — A voz dela falhou.

— Amor, vamos! — puxei a mão dela e saímos de lá.

— Desculpa! — Olhou pro alto e respirou fundo.

— Tá tudo bem, princesa, a culpa não é sua! — Puxei ela pra um abraço.

***

— Ela acha que é quem pra opinar na tua vida? — Dona Mirian falou puta.

— Deixa quieto, mãe!

— Quieto uma porra! Que mulherzinha insuportável! —  Essa mulher é muito foda.

— Gostei dela não! — Soltei e me arrependi. — Com todo respeito.

— Precisa ter respeito por aquela dali não, minha filha! — Dei um sorriso pra ela.

— Se cuidem, até semana que vem! — A tia beijou a testa da filha e depois a minha.

— Tchau tia, obrigado pelo bolo! — Ela cozinha bem demais, cê tá doido!

— Bru, grava um clipe pra mim? — Ela tirou a atenção da janela.

— Aqueles que ce posta no insta?

— Não, é de uma música! — Os olhos dela arregalaram.

— Que música, quando ce fez uma música? — Dei risada.

— Já tem tempo e foi com o Castilho.

— Caraca!

— Dona do meu dinheiro, eu faço tudo que eu quiser
Beijo eles, beijo elas, dona do meu cabaré
Sempre posturada, safada e vida louca
Tenho cara de anjo, mas na cama eu sou uma loba
Quando eu vou embora, fica ruim pra tu
Cinco contra um, cinco contra um
Quando eu posto fotinha nova, fica jururu
E faz cinco contra um, cinco contra um — A música acabou e ela estava de boca aberta.

— PEQUEPÊ! porque cê nunca me contou que tinha uma música?

— Esqueci! Mas cê aceita fazer o clipe?

— Claro que sim! Eu amei a música! — Peguei a mão dela e beijei.

— Preta, chata, cara e arrumada, haha! — Cantarolei e ela gargalhou.

— Bobona!

— Por você! — Nos encaramos e depois eu voltei a atenção pra estrada.

— Hoje me sinto inspirado, sou um homem de sorte, voando mais alto, ficando mais forte. — Cantei. — No banco do carona ela é maravilhosa, ouvindo Madona, dançando espaçosa! — Ela sorriu.

— Com você a vida tem momentos incríveis... — Sussurei.

— Separados somos fortes, juntos imbatíveis! — Porra!

— Eu e minha pequena na velocidade, olhos cor de perola, luzes da cidade, um filme de cinema onde ninguém aplaude.

— Se tudo é uma ilusão, eu vivi como eu quis, se tudo é uma ilusão! — Cantamos juntas.

Eu não sei explicar a sensação boa que sinto só dela ficar perto.