Por todos os dias de nossas vidas
- Pronto para ir para casa?
- Com certeza. - Caíque sorri, enquanto pega uma camisa. - Não aguento mais ficar aqui.
Ele acaba de receber alta. Foram três longos dias de exames, medicamentos e curativos.
- Como o Leo está?
- Está bem. E fazendo repouso direito, dessa vez.
- Que bom.
Sorrio.
- Hum, estão melhorando. - Me refiro aos grandes hematomas em seu abdômen.
- Pois é. Logo, logo estou cem por cento.
Sorrio de canto e me aproximo.
- Helena, se eu não te conhecesse, diria que você está flertando comigo. - Ele sorri.
- Sério?
- Sério.
- Bem, talvez eu esteja.
Me aproximo lentamente de sua boca e o beijo.
- Nossa. Como eu estava com saudades disso. - Caíque sussurra, com seus lábios ainda colados aos meus.
Sorrio e selo seus lábios novamente, até que alguém bate à porta.
- Entre.
- Querido, está pronto? - Sofia pergunta, da porta.
- Estou sim, mãe. - Ele confirma e estende a mão para mim. - Vamos?
- Vamos.
Deixamos o hospital juntamente com Sofia.
- Você tem certeza que não prefere ficar em casa, meu amor? Temos mais estrutura lá e eu posso cuidar de você pessoalmente...
- Eu estou ótimo, mãe. - Caíque a interrompe com um sorriso. - De verdade.
- Mas...
- Mãe, nada de mau vai me acontecer, ok? Fique tranquila. - Ele beija sua mão com carinho. - Além disso, você sabe que pode me visitar sempre que quiser.
- Está bem, meu filho. - Ela o abraça apertado. - Se cuide, está bem?
- Pode deixar.
- Eu te amo.
- Eu também te amo, mãe.
- Tchau Helena, querida. - Sofia me abraça.
- Até logo, Sofia.
- Cuide dele, está bem?
- Cuidarei.
Acenamos, enquanto ela entra em seu carro.
- Vamos para casa? - Caíque segura minha mão.
- Qual casa?
- A nossa casa.
- Sim. - Sorrio.
Simas, o gentil motorista, nos leva até lá.
- É tão estranho voltar aqui. - Encaro a fachada da casa.
- Por que?
- Traz à tona tudo o que lutei tanto para esquecer.
- Ei, olhe para mim. - Caíque segura meu rosto com carinho. - Vamos deixar toda a tristeza, mágoa e erros no passado, ok? Vamos reescrever nossa história. E ela começa bem aqui, agora.
Consinto e de mãos dadas com Caíque, adentro em nosso lar.
- Bem vindos! - Alice nos recepciona juntamente com Paulo, Nathan e Marina.
- Uau! - Caíque sorri. - Que invasão é essa?
- Bem vindo ao lar, cunhado. É muito bom te ver fora daquele quarto de hospital.
- Obrigado, cunhadinha. - Caíque a agradece com um abraço.
- E aí amigo, como você está? - Nathan o cumprimenta.
- Noventa e oito por cento recuperado.
- Desculpe não ter ido te visitar no hospital...
- Não se preocupe com isso. É bom te ver.
- Digo o mesmo. - Nathan dá dois tapinhas amigo em seu ombro.
- Cara, não adianta. - Paulo sorri de canto. - Eu não vou te abraçar.
- E quem disse que eu quero seu abraço? - Caíque retruca, com o mesmo sorriso.
- Caíque, eu... Eu nem sei o que dizer. - Marina se aproxima, timidamente. - Eu realmente sinto muito. Eu...
- Ei, está tudo bem. - Caíque a interrompe com um sorriso. - Venha aqui me dar um abraço.
Marina sorri fraco, tentando segurar o choro, e é consolada por Caíque.
- Você não tem culpa de nada, ok? Absolutamente nada.
- Ai, como é bom ver a casa assim, cheia e feliz de novo. - Lúcia surge na sala.
- Lúcia! - Corro para abraçá-la. - Que saudades eu senti de você!
- E eu de você, Helena. Você não imagina como estou feliz em vê-los aqui, juntos novamente.
- Pronta para nos aguentar de novo?
- Com certeza, querido. - Lúcia troca um abraço com Caíque.
Sentamos todos na sala, enquanto Lúcia nos prepara um suco.
- E seu pai, Ma? Como ele está?
- Completamente fora de si, Helena. - Marina suspira, de ombros baixos. - É tão triste vê-lo naquele estado.
- Eu soube que ele será transferido... É verdade?
- É sim, Paulo. Ele será encaminhado para uma clínica psiquiátrica prisional, onde cumprirá sua pena.
- E como sua mãe está lidando com isso? - Pergunto.
- Ela ainda está muito chocada. Minha mãe não tinha a mínima noção do que estava acontecendo.
- E você, como está?
- Tentando ser forte. Apesar de tudo, ele é meu pai, sabe? E nenhum filho deseja esse destino para o pai.
- Você pode contar com a gente para o que precisar, ok?
- Obrigada, Helena. Eu estou tão envergonhada, tão... - Ela suspira. -Nem há palavras para expressar. Eu peço perdão por todo o mal que meu pai causou a cada um de vocês. Direta ou indiretamente.
- Vamos esquecer isso, certo? Já passou. - Alice dá um tapinha amigo em seu ombro.
- Tem razão. Vamos falar de coisa boa. - Me viro para Alice. - Quando sai o casório?
- O quê? - Ela arregala os olhos.
- O casamento entre você e Paulo.
- Ei, vamos com calma. Uma coisa de cada vez. - Paulo ri e abraça Alice pela cintura. - Não queremos atropelar nenhuma fase.
- Então, há uma fase?
- Há, irmã. Nós estamos namorando.
- Finalmente! - Comemoro. - Ai, estou tão feliz por vocês!
- Vê se cuida direito da minha cunhada, heim mané? - Caíque dá um tapa na cabeça de Paulo.
- É isso aí. Porque se você pisar na bola, vai ter que se ver comigo também. - Nathan ameaça.
- Fiquem tranquilos. Eu gosto demais dessa mulher. - Paulo a beija.
- E você, Than? Quando vai pedir a Ma em casamento? - Alice contra-ataca.
- Não pretendo demorar não, viu?
- Hã? Como assim? - Marina o olha, surpresa.
- É isso mesmo. Quero casar com você e ter um monte de filhos. - Ele a beija.
- Espera! Isso merece um brinde! - Caíque pega um copo de suco, que Lúcia acaba de trazer. - Ao amor!
- Ao amor! - Repetimos seu gesto.
- Tem certeza que não estamos sonhando? - Pergunto, deitada sobre o peito nu de Caíque.
- Se isso for sonho, eu não quero acordar nunca mais.
Sorrio e o beijo.
- Ca, e o seu pai, como está?
- Ainda um pouco abalado com a perda. Apesar de não ser muito apegado, pai é pai, né?
- É claro. E você, está bem?
- Estou. É lógico, estou triste pela morte do meu avô. Mas a vida tem que seguir, não é?
- E a relação entre você e seu pai?
- Por incrível que pareça, está boa. Tivemos uma conversa bem franca no hospital e finalmente nos entendemos. Nos perdoamos e estamos prontos para seguir em frente.
- Que bom. Fico muito feliz por vocês.
- É. - Ele sorri. - Eu também.
Ficamos em silêncio por alguns segundos.
- Ei... Você quer me falar alguma coisa?
- Por que a pergunta?
- Conheço esse seu jeitinho.
Sorrio.
- Bom, na verdade, quero sim.
- E sobre o que é?
- Lúcia. - Me viro de bruços, ficando de frente para ele.
- Lúcia? O que tem ela?
- Pouco antes de toda aquela confusão entre nós, conversei com ela sobre seu passado, sua família. Ela me contou que tem anos que não vê os filhos nem a mãe, que moram na Paraíba.
- Nossa.
- Pois é. Eu me sensibilize muito com sua história, sabe? Ela é realmente uma guerreira.
- E você quer fazer algo por ela. Estou certo?
- Está. - Sorrio. - Pensei em dar, não sei... Uma semana de folga à ela.
- E passagens de avião, quem sabe? - Caíque sorri, completando.
- Você concorda?
- É claro. Ela tem servido tão bem a minha família todos esses anos. Nada mais justo do que retribuir com algo que a fará feliz.
- Você é maravilhoso, sabia? - Selo seus lábios.
- Sabia. - Ele responde, sério.
- Ih, que convencido! - Bato leve em seu ombro, dando uma risada.
- Eu te amo.
- Eu também te amo. - Beijo-o. - Muito.
- Muito?
- Muito. Muito. Muito! - Dou um beijo a cada palavra.
- Mulher da minha vida! - Caíque puxa meu corpo para cima do seu.
No dia seguinte, pela manhã, resolvo ligar para Leo e saber como ele está.
- Alô. - Ele atende, no segundo toque.
- Oi Leo. E aí, como você está?
- Estou bem e você?
- Bem também. Como vai a recuperação?
- Já estou pronto para outra.
- Não diga isso nem brincando.
Ele dá uma risada.
Logo em seguida, ouço a campainha tocar ao fundo.
- Helena, só um minuto, por favor.
- Ok.
Aguardo em silêncio na linha.
- Helena, eu... Eu posso te ligar depois?
- Pode, claro. Hã... Está tudo bem?
- Está, está sim. Até logo.
Desligo sem entender nada.
Leonardo
Atendo a campainha e fico estático.
- Oi.
Me despeço rapidamente de Helena e a encaro.
- Será que eu posso falar com você?
- Ah, é claro. Entre.
Marina adentra minha casa, timidamente.
- Desculpe aparecer assim, sem avisar, mas... Eu realmente precisava te ver.
- Aconteceu algo? Você... Você está bem?
- Sim, está tudo bem comigo. É só que... Você deve saber que eu finalmente recuperei minha memória.
- Sim, eu soube.
- Eu me lembrei de tudo. - Ela fita os sapatos, mas logo volta seu olhar para mim. - Eu me lembrei de você.
- Sinto muito por isso. - Sorrio fraco.
- Não fale assim. Você foi muito importante em minha vida.
- Você também foi na minha.
Marina sorri.
- Leo, eu preciso te perguntar uma coisa.
- É claro. - Aponto o sofá, onde ela se senta.
- O meu acidente. Não foi um acidente, certo?
- Não, não foi.
- E você sabe quem sabotou meu carro?
- Sei. Foi Pablo Mendez.
- Mas por que esse tal Pablo sabotou meu carro? Para quê? O que ele ganhou com isso?
- Ok, vou responder uma pergunta de cada vez. Ele sabotou seu carro à mando de seu pai, para que você não colocasse todo o plano de vingança dele abaixo. E o que Pablo ganhou com isso? Bem... Ele ganhou a morte.
- O quê? - Marina arregala os olhos. - Você está dizendo que meu pai... Que ele o matou?
- O cara simplesmente sumiu logo após seu acidente.
- Ele pode ter fugido, não?
- Conhecendo seu pai, você acha que ele deixaria um cara que quase te matou simplesmente fugir?
- Mas você disse que foi ele mesmo quem o mandou fazer isso.
- A intenção de Otávio não era, jamais, te machucar. Ele apenas queria te afastar da Exxon aquele dia. Mas Pablo não entendeu o recado direito e bem... Quase te matou.
- E então, meu pai o matou?
- Sim.
- Meu Deus. Isso é doentio!
- Realmente.
Marina fica em silêncio.
- Desculpe te contar tudo isso assim.
- Não, tudo bem. É só que... Não é fácil saber que seu pai é um assassino.
- Eu imagino.
Marina suspira.
Eu, por minha vez, fito o tapete.
- Leo...
- Sim? - Volto meu olhar para ela.
- Me desculpe.
- Pelo quê?
- Por te colocar no meio dessa loucura toda.
- Eu faria tudo outra vez. Sem nem piscar.
- Maluco. - Ela ri fraco.
- Meus esforços valeram a pena. Você está bem, a família Gama está livre, todos estão felizes... Tudo terminou bem.
- Talvez nem tudo.
Encaro-a, sem entender.
- Eu consigo ver a dor em seus olhos. Você se apaixonou pela Helena, não é?
- Uma paixão não correspondida. - Desvio meu olhar. - Nada de novo para mim.
- Já se apaixonou por alguém assim antes?
- Já.
- Por quem?
- Se eu te contasse, você não acreditaria. - Sorrio, encerrando o assunto.
Um mês depois
- Irmã, você está maravilhosa! - Alice me olha com lágrimas nos olhos. - É a noiva mais linda que já vi em toda minha vida!
- Você disse isso da outra vez também. - Brinco.
- Mas dessa vez é diferente. Desta vez, você está irradiando felicidade.
Sorrio.
- Filha...
- Camélinha. - Abraço-a.
- Você está tão linda. - Ela se emociona.
- Não. - Me seguro para não me desfazer em lágrimas. - Não chore ou vou chorar também e borraremos toda a maquiagem.
- É verdade. - Alice se apoia em seus ombros. - E precisamos estar pleníssimas e maravilhosas. Portanto, respire fundo.
- Com licença, meninas. - Sofia entra no quarto. - Meu Deus, Helena! Você está deslumbrante!
- Obrigada, Sofia.
Ela segura minhas mãos e sorri, mas logo o mesmo se desfaz.
- Querida, tenho uma notícia triste. Não queria contar agora, mas... Acho que você precisa saber.
- Ai, meu Deus! O que houve?
- Fique calma, está tudo bem... Exceto com Laila. Ela soube da renovação dos votos entre meu filho e você e... Coitada, surtou. Os pais não tiveram outra alternativa a não ser interná-la.
- Já era hora. - Alice resmunga. - Ai, me desculpe Sofia, mas aquela garota precisa de tratamento psiquiátrico há muito tempo.
- Tenho que concordar com você, Alice. Laila sempre foi um pouco desequilibrada.
- Ela já me fez muito mal, mas sinceramente, não desejo nada de ruim para ela. É triste que ela tenha chegado a esse ponto.
- Realmente. - Sofia suspira. - Mas, hoje não é dia para tristeza. Você está maravilhosa e não quero que nada tire o sorriso de seu rosto, está bem?
- Ok. - Respiro fundo e sorrio.
- Estão prontas?
- Estamos.
- Então, vamos.
Tudo está perfeito.
Leve, florido e lindo.
Todos os que são importantes em minha vida estão bem ali na frente, sorrindo para mim. E o homem de minha vida está bem ao centro, com um brilho nos olhos hipnotizador.
Não desvio meu olhar nem por um segundo do seu. E sinto como se pudesse fazer isso por toda a eternidade.
- Você está linda. - Caíque sussurra, logo que o alcanço.
- Você também não está nada mal. - Respondo no mesmo tom, fazendo-o sorrir.
- Irmãos e irmãs, estamos aqui reunidos hoje para celebrar o amor. - O padre dá início à cerimônia. - Amor esse que modificou, que uniu, que perdoou. O amor entre Caíque e Helena.
O padre passa a palavra para Alice.
- Minha irmã é a mulher mais incrível que eu já conheci. Helena é minha confidente e melhor amiga. Ela me abraçou apertado e prometeu que tudo ficaria bem quando perdemos nossos pais. Ela segurou o meu mundo, enquanto o dela caía. Ela abriu mão de festas, diversão e até de alguns sonhos para cuidar de mim. E tudo o que sou hoje, a mulher que me tornei, devo à ela, que tanto lutou por mim. - Alice me olha, com um enorme sorriso molhado pelas lágrimas. - Então, muito obrigada irmã. Eu te amo e não há pessoa no mundo que mereça ser feliz mais do que você.
Sorrio entre lágrimas que correm livremente por meu rosto.
Paulo toma a palavra.
- Caíque e eu nos conhecemos no colégio e nos tornamos inseparáveis. Éramos o ponto de equilíbrio um do outro: eu, a razão e ele, o coração, sempre agindo por impulso e nos metendo em mais confusões do que sou capaz de enumerar. Nós crescemos, eu amadureci e Caíque continuou o mesmo moleque inconsequente e porra louca de sempre. Desculpa, padre. - As risadas tomam o espaço. - Isso até o dia em que ele alugou um apartamento para uma moça vinda do interior de Minas. Confesso que, nem em meus melhores sonhos, imaginei que um dia eu estaria aqui, discursando no casamento do meu melhor amigo. Helena, parabéns! Você transformou o moleque inconsequente em um homem admirável. E irmão, - Paulo se vira para Caíque - sua felicidade é minha felicidade. Te amo.
- Te amo, irmão. - Caíque bate no peito.
- Eu me comprometo a amar você em todas suas formas, agora e para sempre. E eu sei, na parte mais profunda da minha alma, que não importa quantos desafios podem querer nos separar, nós sempre encontraremos o caminho de volta um para o outro. Sempre teremos o nosso amor para nos refugiar, sempre teremos a paz de olhar um nos olhos do outro e saber que não precisamos de mais nada, além de nosso amor.
- Eu agradeço todos os dias a Deus e ao destino pelo nosso encontro. Nós somos muito diferentes, mas somos diferentes de um jeito que eu acho perfeito, porque nós nos completamos. Você é tudo o que faltava em minha vida e eu prometo te amar, te respeitar e cuidar de você. Nunca deixarei faltar felicidade, nunca deixarei faltar amor.
Alice entrega uma pequena caixinha preta de veludo para Caíque, que a abre e retira uma linda e delicada aliança e a coloca em meu dedo anelar. Em seguida, eu repito seu gesto.
- Na alegria e na tristeza.
- Na saúde e na doença.
- Por todos os dias de nossas vidas.
- Por todos os dias de nossas vidas.
- O que Deus uniu, o homem não separa. - O padre nos abençoa.
Palmas e vivas ecoam por todo o jardim, enquanto nós nos beijamos.
E nesse momento, nós dois nos tornamos um. Definitivamente.
Olá meus amores, tudo bem?
Chegamos ao penúltimo capítulo de Plano B.
Quero mais uma vez agradecer por cada leitura, cada voto, cada comentário. Vocês são incríveis!
Aproveitando a deixa, quero anunciar que, muito em breve, iniciarei uma nova história e espero continuar contando com cada um (a) de vocês.
Um novo romance está por vir e vai ser lindo! Vocês não podem perder!
Um grande beijo, de sua autora. 💙
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