O Espião
— Adivinha quem é a nova estrela da campanha da West? — Paro à porta da sala de Caíque, radiante.
— Minha cunhada?
Concordo com a cabeça, sorrindo.
— Eu tinha certeza que ela conseguiria, Alice é linda.
— Teve a quem puxar. — Pisco.
— Claro que teve. — Caíque sorri, fecha o notebook e vem ao meu encontro. — Depois do trabalho vamos até lá, parabenizá-la.
— Combinado. Agora vamos almoçar?
— Vamos, comilona.
Sorrio e o beijo.
— Bom almoço, casal. — Laila sorri quando passa por nós no corredor.
Eu apenas olho para Caíque, que dá de ombros.
— Otávio não veio trabalhar hoje. — Ele comenta durante o almoço.
— Já era de se esperar, não é?
— Sei lá, posso estar enganado, mas...
— Mas?
Ele estala a língua.
— Deixa para lá.
— Odeio isso. — Semicerro os olhos. —Começou, termina!
— De algum jeito, — Caíque diminui o tom de sua voz — acho que Otávio está envolvido nisso.
— No acidente da Marina? — Acompanho-o.
— E também no encontro misterioso entre ela e o japa.
— Japa? Já parou para pensar que ele pode ser chinês? Ou talvez até coreano? Por que todo mundo sempre associa asiáticos a japoneses?
— Costume. — Dá de ombros.
Nesse momento, uma mensagem chega em meu celular.
— É o Nathan. — Leio a mensagem.
— O que o carrapato quer? — Caíque dá um gole em seu suco.
— Ai, meu Deus. A Marina. — Olho-o. — Ela entrou em coma.
Um mês depois
— Helena! — Caíque me grita, da sala. — Venha aqui, depressa!
— O que foi? — Vou correndo ao seu encontro.
— Tinha um cara nos espionando. — Ele mantém o olhar fixo para fora, parado em frente à janela.
— Nos espionando? Tem certeza?
— Claro que tenho. Ele estava parado bem ali, — aponta para o jardim — olhando aqui para dentro.
— Você viu como ele era?
— Vi. Está preparada? — Ele se vira para mim.
Concordo com a cabeça.
— É o japa com quem a Marina se encontrou.
— Sério?
— Ou é exatamente igual ao cara das gravações do Alemão. — Caíque olha mais uma vez pela janela, antes de continuar. — O mais curioso é que ele me deixou vê-lo, como se quisesse que eu o reconhecesse. — Ele para com as mãos na cintura. — Nós passamos um mês inteiro procurando por ele, por qualquer pista e nada, o cara parecia ter virado fumaça. Agora ele simplesmente aparece na porta da nossa casa e deixa ser visto?
— Ele pode estar querendo algo de nós.
— A questão é: o quê?
Mordo meu lábio.
Caíque vem até mim e me envolve pela cintura.
— Essa história pode ser mais perigosa do que imaginávamos. Temo por você, por sua segurança. Nunca vou me perdoar se algo te acontecer.
— Você vai estar comigo? — Meus olhos vão de encontro aos seus.
— Sempre!
— Então eu não temo nada.
Caíque sela meus lábios.
— Avise o Nathan sobre nossa ilustre visita. Se ele veio até aqui, pode muito bem ir procurá-lo.
— Vou ligar agora mesmo. — Pego o celular e disco o número de Nathan.
— Já o avisei. — Encontro Caíque na cozinha, minutos depois. — Ele vai ficar de olho.
— Nathan visitou a Marina hoje?
— Visitou, sim.
— Houve alguma melhora no quadro dela? — Ele bebe um gole de água.
— Nada. Ela não responde a nenhum estímulo. — Mordo o lábio. — Sabe, eu estava aqui pensando... Será que foi esse cara quem causou o acidente dela?
— Acho que não. — Caíque me puxa para perto. — Ele não correria o risco de ser visto.
— O que você acha que ele quer, então?
— Nos ajudar, talvez?
— Ajudar? Será?
— É um palpite.
Nesse momento, o celular de Caíque toca.
— Alô.
— Caíque, aqui é o investigador Peres. Como vai?
— Vou bem e você, investigador? — Ele sinaliza com a cabeça para mim.
— Bem também. Estou ligando para lhe avisar sobre o laudo do acidente de Marina Schneider.
— E então? Já tem alguma constatação?
— Temos sim. O acidente realmente foi criminoso. Constatamos marcas de alicate no cabo do freio de mão e no sensor do ABS. A intenção do autor era provocar a ausência total da capacidade de frear do veículo.
— E vocês já tem algum suspeito?
— Estamos investigando alguns nomes, mas ainda não há nada concreto.
— Por favor investigador, qualquer nova notícia, me avise.
— Certamente, Caíque. Tenha uma boa noite.
— Igualmente.
— E então?
— Foi criminoso. Alguém queria mesmo Marina fora do caminho.
Alice
— Bom dia, Boss. — Sorrio para Paulo, logo que chego à agência.
— Bom dia, engraçadinha. — Paulo ri. — E aí, animada?
— Sempre! — Jogo minha bolsa sobre um puff.
— Que bom. Porque temos três clientes querendo você para estrelar suas campanhas.
— Sério?
— Muito sério. Você é a nova queridinha da agência. — Ele afasta uma mecha de cabelo do meu rosto. — Eu disse que você tinha futuro.
— Então preveja, Pai Paulo... Eu darei conta de estrelar todas essas campanhas? — Brinco, segurando seu braço.
— Com certeza. — Ele sorri.
— Queridos, cheguei! — Antony caminha elegantemente em nossa direção. — E espero não ter atrapalhado nada.
— Não começa, Antony. — Me afasto de Paulo, envergonhada.
— Ok. Não está mais aqui quem falou. — Ele ergue as mãos. — Mas que vocês ficam lindos juntos, ficam. Pronto, falei!
Reviro os olhos e rindo, vou com Antony me arrumar.
— Ficamos mesmo. — Ouço Paulo sussurrar.
Balanço a cabeça, certa de que ouvi errado e continuo meu caminho.
Algumas horas depois
— As fotos ficaram incríveis, como sempre. — Julia sorri, mexendo em sua câmera.
— Nossa, estou exausta. — Me jogo em um puff próximo.
— Somos duas. Não vejo a hora de encontrar minha cama.
— Nem acredito que passamos praticamente o dia todo fotografando.
— Pois vá se acostumando. Nem tudo é glamour nessa vida. — Ela dá um gole em sua água. — Aceita?
— Por favor.
Ela me joga uma garrafinha.
Tomo um longo gole, e em seguida, recebo uma mensagem de Helena em meu celular.
— Meu Deus! — Quase me engasgo.
— O que houve? — Julia se vira para mim.
— Saiu o laudo do acidente da Marina, aquela amiga que te contei, lembra?
— Lembro sim. E aí?
— Foi criminoso. Helena acabou de me avisar.
— Meu Deus. Quem faria uma coisa dessas?
Faço um gesto negativo com a cabeça e suspiro.
— Vamos para casa? — Me levanto.
— Vamos.
Saio da agência acompanhada por Julia, até ouvir Paulo me gritando a alguns passos atrás.
— Alice! Você esqueceu seu celular. — Ele nos alcança, segurando o aparelho no alto.
— Nossa! Nem tinha me dado conta. — Bato as mãos nos bolsos. — Obrigada, Paulo.
— Por nada. — Ele sorri e me entrega o celular.
— Bom, eu já vou indo. Até mais, pessoal. — Julia se despede, parecendo incomodada.
— Até.
— O que ela tem? — Paulo me pergunta, observando Julia se afastar.
— Não sei. Ela estava bem até agora mesmo.
— Deve ser o cansaço.
— É, deve ser.
— Alice... Eu preciso te falar uma coisa.
— Pode falar.
Paulo hesita por um instante.
— E então? — Sorrio, esperando.
Ele me olha fixamente nos olhos por um breve segundo e logo em seguida me toma em seus braços, surpreendendo-me com um beijo cheio de paixão.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro