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Irmã?

Alice

— Não, Paulo... — Afasto-o. — O que você pensa que está fazendo?
— Alice... — Ele me olha em um misto de decepção e constrangimento. — Me desculpe, mas eu não consigo mais conter esse sentimento. Eu gosto de você. — Ele segura minhas mãos. — Você me fascina.

Suspiro.

— Paulo, eu estou com o Israel e eu o amo. Você sabe disso. — Me desvencilho de suas mãos.
— Eu sei. E não me sinto nada confortável com essa situação...
— Então finja que nada disso aconteceu. — Interrompo-o. — Eu farei o mesmo.
— Alice...
— É melhor assim, Paulo. Com licença.

Saio e, sem olhar para trás, vou até meu carro.

No caminho para casa, a cena de nosso beijo não sai de minha mente.

Ligo o rádio e tento focar minha atenção no trânsito, mas as palavras de Paulo ecoam em minha mente insistentemente: "Eu gosto de você. Você me fascina."

Estaciono o carro na garagem do prédio e logo avisto Israel. Sinto meu peito doer de culpa.

— Oi amor. — Ele sorri, caminhando em minha direção.
— Oi. — Selo seus lábios. — Estava me esperando?
— É claro. Você demorou hoje. Aconteceu alguma coisa?
— Muito trabalho. Estou exausta.
— Eu imagino. — Ele acaricia meu rosto.
— Já terminou seu expediente?
— Já, sim.
— Você já vai para casa ou quer subir comigo?
— Quero subir com você. — Ele sussurra em meu ouvido, me envolvendo pela cintura.

Sorrio e subo até meu apartamento em sua companhia.

— Oi Camélinha!
— Oi querida. — Ela sorri, enquanto beberica seu chá na sala. — Nossa, você demorou hoje. Oi de novo, Israel.
— Oi, Dona Camélia.
— Fez muitas fotos, filha?
— Nem me fale. — Jogo minha bolsa em cima da cama e volto para a sala. — Passamos o dia todo fotografando, estou um caco.
— E ainda dizem por aí que vida de modelo é fácil.
— Pois é, mal sabem que nem tudo são flores, flashs e glamour.

Camélia sorri.

— Bom, agora que você já chegou, posso ir dormir sossegada. — Ela se levanta e beija minha testa. — Boa noite, minha querida.
— Boa noite, Camélinha. Durma com Deus.
— Amém. — Ela se vira em seguida para Israel. — Juízo, heim?
— Pode deixar. — Ele sorri.

Camélia vai para seu quarto, nos deixando à sós.

— Amor, vou tomar um banho rapidinho. — Me espreguiço. — Você me espera?
— Preferia ir junto com você, né? Mas, tudo bem... — Ele faz um bico. — Eu te espero.
— Para de ser safado. — Bato fraco em seu braço, rindo.

Israel me puxa pela cintura e beija meus lábios.

— Está tudo bem?
— Claro. Por quê?
— Não sei. Você está estranha.
— Impressão sua. — Beijo a ponta de seu nariz. — Já volto, ok?
— Ok. Vou preparar um lanche para você, enquanto isso.
— Te amo!

Tiro minha roupa e entro no chuveiro. Enquanto a água quente cai sobre meu corpo, tento não pensar em Paulo.

Falho.

Me lembro de sua boca colada à minha, seus braços firmes me envolvendo pela cintura, seu coração acelerado como o meu.

"Sinto que preciso te alertar. Paulo já saiu com absolutamente todas as modelos dessa agência. Jura seu amor e devoção, mas depois de conseguir o que quer, ele simplesmente as descarta. Não deixe aqueles lindos olhos azuis despedaçarem seu coração. E cuidado, pelo visto você é a nova vítima dele."

As palavras de Julia me trazem de volta à realidade.

Não posso acreditar nele, não devo. E não vou.

— Cadê meu lanche? Estou varada de fome. — Saio do banho com os cabelos ainda molhados e trajando minha camiseta preta dos Beatles e um short de moletom cinza.
Tcharam! — Israel coloca o prato com um delicioso e enorme lanche sobre o balcão.
— Uau! Tudo isso para mim?
— Você merece. — Ele pisca e, escorado no balcão, vangloria-se. — Ouvi dizer que é igualzinho ao da Ritz.
— Existe namorado mais perfeito que o meu? — Seguro seu rosto com as mãos e lhe beijo.
— Acho que não. — Ele ri.

Me sento em um banco da cozinha e dou início a "difícil" tarefa de devorar o lanche.

— Meu Deus, estava divino amor. — Me jogo no sofá e o puxo junto, logo após comer.
— Gostou mesmo?
— Você manda muito bem!

Israel sorri e me beija.

— Já quer ir dormir?
— Não. Quero ficar com você. — Sorrio, mordendo meu lábio.

Acordo em minha cama, mesmo não tendo adormecido nela. Me espreguiço e logo que me viro, vejo um bilhete em cima do criado-mudo:

"Bom dia princesa. Você estava dormindo tão bonitinha que não quis te acordar. Tenha um ótimo dia e desce aqui na recepção para me dar um beijo depois. Te amo."

Me levanto sorrindo, dou um beijo de bom dia em Camélia e vou até o banheiro.

Enquanto escovo os dentes, ouço o interfone tocar.

— Pronto. — Dona Camélia atende. — Ahn... Como é, Israel?

Silêncio.

— Não... Nós estamos descendo. Obrigada, filho.

— O que houve, Camélinha? — Aponto na porta, com a escova na boca, estranhando seu tom.
— Tem uma moça lá embaixo procurando por você.
— Por mim? Quem é?
— Segundo ela, é sua irmã.

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