Diga "Sim", Helena.
Um mês se passou desde o "pedido de casamento".
Sofia se desdobrou e organizou tudo impecavelmente, desde os convites até meu vestido de noiva.
A cerimônia, intimista e marcada às pressas, caiu nas graças dos jornalistas, que só falam disso em suas colunas sociais.
Tudo está pronto para o "Casamento do ano".
Agora, aqui estou eu, prestes à subir ao altar por um contrato.
Isso não é certo. Juraremos em falso na casa de Deus! Não posso fazer isso! Vou sair correndo sem rumo pelas ruas, como no filme "Noiva em fuga". Isso! É exatamente isso o que vou fazer. E depois... Meu Deus, o que vou fazer depois? Como conseguirei olhar Caíque nos olhos? Como me explicarei para todas aquelas pessoas que aguardam a futura Senhora Gama entrar por aquela porta e dizer o tão esperado "Sim!"? Não! Não posso fazer isso, não posso virar as costas para alguém que me ajudou quando eu precisei. Vou entrar por aquela porta com um lindo sorriso, caminhar até meu futuro marido e dizer "Sim, eu aceito.". Não deve ser tão difícil assim. Mas então, por que eu estou com as mãos geladas e trêmulas? Por que não consigo descer desse carro e encarar meu destino?
— Senhorita Helena, está tudo bem? — Simas, o motorista, me olha pelo retrovisor com ar preocupado.
— Ah... Sim, claro. Estou ótima, só estou um pouco nervosa. Sabe como é, toda essa tensão de ser a noiva. — Gesticulo em resposta, tirando um sorriso de Simas.
— Fique calma. Sei exatamente como você está se sentindo, já passei por isso. Só não usei um vestido branco. — Ele brinca, me fazendo rir. — Vocês são jovens, prestes a selarem uma união por toda a vida. É uma escolha muito séria. Você coloca todos os prós e contras na balança e vê para qual dos dois lados ela vai pender. Mas às vezes ela fica estática, dificultando as coisas.
— É exatamente assim. — Suspiro. — Simas, você teve vontade de desistir?
— Só até vê-la caminhando em minha direção, com aquele sorriso lindo nos lábios. Nesse minuto, todo o medo se foi. Tive a certeza de que estava fazendo a melhor escolha de minha vida.
— Você deve amar muito sua esposa.
— Mais do que a mim mesmo.
Sua resposta me fez sorrir.
— E você, ama seu futuro esposo?
— Por qual outro motivo eu estaria me casando? — Sorrio rápido e desvio o olhar. — Acho que estou assim porque meu melhor amigo não vem.
— E por que não?
— Ele não concorda com esse casamento. Recusou meu convite.
— Das duas, uma: ou ele não é realmente seu amigo ou se importa tanto que não aceita o fato de você, talvez, estar fazendo uma má escolha.
Eu suspiro. Sei que é a segunda opção.
— Preciso ir até aquele altar, Simas. — Olho a porta ainda fechada da igreja pela janela do carro. — Você me acompanha?
— Eu? — Pergunta surpreso.
— Sim. Eu não vou conseguir sozinha.
— Então, será uma honra. — Simas sorri.
Simas abre a porta da limusine e oferece seu braço. Respiro fundo, antes de descer.
Com meu braço entrelaçado ao seu, encaro a porta da igreja.
Uma chuva de flashs cai sobre nós. Os fotógrafos se empurram, na tentativa de ter uma boa foto para estampar suas matérias. Quando finalmente as portas se abrem, todos os olhares se voltam a mim. Porém, apenas um me chama a atenção. Nathan está no altar ao lado de Alice e, apesar de não estar sorrindo, seus olhos tem o mesmo brilho de sempre.
A marcha nupcial começa e nossa caminhada até o altar também.
Sorrio para Nathan e sussurro um "obrigada", que ele corresponde com um aceno de cabeça.
Simas cumprimenta Caíque e me entrega a ele. E é nesse momento que meus olhos encontram os seus. E uau, ele está lindo!
Entrego meu buquê para Alice e posto-me de frente para o padre.
— Estamos aqui hoje reunidos para celebrar o amor de Caíque e Helena. — O padre começa, porém mal consigo ouvir suas palavras, tão nervosa que estou. Caíque não parece muito diferente de mim, porém me olha e sorri, encorajando-me.
— Caíque Marcondes da Gama, você aceita Helena por sua legítima esposa, prometendo amá-la e respeitá-la, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias de suas vidas?
— Sim! — Ele responde sorrindo.
— Helena Medeiros de Lacerda, você aceita Caíque por seu legítimo esposo, prometendo amá-lo e respeitá-lo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias de suas vidas?
"Por que as palavras não saem?"
— Helena, vou repetir a pergunta. — O padre me olha, constrangido após meu silêncio. — Você aceita Caíque por seu legítimo esposo?
" Vamos lá. Diga sim, Helena!".
— Helena, está tudo bem? — Caíque sussurra, segurando minhas mãos.
O silêncio domina todo o lugar e sinto os olhares pesando sob mim.
"Eu não posso fazer isso."
— Helena?
Respiro fundo.
— Sim. Eu aceito.
O padre respira aliviado, enquanto Caíque sorri para mim. Alice nos entrega as alianças e após as trocarmos, o padre nos dá a bênção final:
— O que Deus uniu, o homem não separa. Eu os declaro, marido e mulher. — Sorrindo, completa: — Vamos lá rapaz, já pode beijar a noiva.
Caíque me olha, como que pedindo autorização para tal, e eu sorrio em resposta. Quando nossos lábios se tocam, os aplausos e vivas ecoam por toda a igreja.
Saímos ao som de "Thousand Years" e somos recebidos com uma chuva de arroz na porta pelos convidados, em maioria amigos e parentes da família de Caíque.
— Irmã, você é a noiva mais linda do ano! — Alice corre em minha direção, me abraçando.
— Que exagero. — Sorrio, mas o mesmo logo se desfaz ao ver o semblante de Nathan por cima do ombro de Alice.
Ela também percebe e sussurra em meu ouvido:
— Conversa com ele.
— Oi Than. — Me aproximo, assim que Alice vai cumprimentar Caique.
— Oi. Você está linda.
— Obrigada.
— Pena que seja para essa mentira.
— Than, eu não quero brigar...
— Eu também não. Me desculpa. — Suspira. — Eu disse que te apoiaria, mesmo contra minha vontade.
— Por isso veio até aqui hoje?
— Eu não estaria em nenhum outro lugar.
Eu o abraço.
— Eu te amo. Obrigada.
— Eu te amo também. — Ele deposita um beijo em minha testa. — Agora vai lá. Seu "marido" está te esperando.
Sorrio fraco e o observo se afastar. Em seguida, vou até Caíque.
— Está tudo bem?
— Está. — Observo Nathan conversar com Alice. — Está sim.
— Está na hora da noiva jogar o buquê! — Sofia anuncia animada.
Todas as mulheres se postam às minhas costas, prontas para agarrá-lo.
— Um, dois, três e... — Jogo o buquê.
Após alguns segundos de briga, finalmente ele é erguido por uma moça.
— Marcela, minha prima em segundo grau. — Caíque me apresenta e em seguida, cochicha em meu ouvido: — Está doida para desencalhar.
Eu rio e observo a dança de comemoração que ela faz.
— Muito bem, muito bem. Parabéns Ma! Agora vai, heim? — Vasco pisca para ela. — Agora vamos, a festa nos espera!
Caíque sorri para mim.
— Festa!
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