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Contrato

— Helena, você veio. — Caíque me recepciona, logo que bato à porta da sala da empresa de seu pai.
— Eu disse que viria. — Sorrio e me sento na cadeira à sua frente, que ele indica. — Então, essa é sua sala?
— Teoricamente. — Ele meneia a cabeça.
— Você fica muito bem nessa cadeira.
— Sério? Obrigado. — Caíque sorri, ficando encantadoramente mais bonito assim. — Mas, me conta, como a Camélia está?
— Está se recuperando, graças a Deus. Aproveitando, eu queria te agradecer mais uma vez, Caíque...
— Você não tem que me agradecer, Helena. Já disse.
— Tenho sim. Eu não sei o que teria acontecido se você não tivesse nos ajudado.
— Qualquer um faria o mesmo no meu lugar.
— Discordo. — Olho para baixo e em seguida, meu olhar encontra o dele. — A não ser que exista uma segunda intenção por trás de um gesto tão nobre.
— Olha Helena, se você está achando que eu ajudei a Camélia só para que você aceitasse minha proposta...
— Eu não gosto de "achismos", então prefiro acreditar que você tem um enorme coração dentro da sua armadura de bad boy.
— Não sou bad boy. — Ele retruca.
— A questão é que agora tenho uma dívida com você e não sou capaz de pagá-la como gostaria.
— O que isso quer dizer?
— Que eu aceito encenar esse casamento.
— Helena, agora sou eu que nem sei como te agradecer! — Caíque sorri e segura minha mão.
— Não agradeça. Só me explique como tudo isso vai funcionar.
— Bom, — ele solta minha mão — primeiro temos que lhe apresentar aos meus pais como minha futura esposa.
— Não parece tão difícil assim. — Meneio a cabeça. — Mas, me explique uma coisa... Por que eles exigem que você se case?
— Na verdade, isso é coisa do meu pai. O sonho dele é que eu siga seus passos, seja um homem responsável, interessado pela empresa. Mas eu não sou assim, nunca liguei para isso aqui. — Responde com indiferença. — Ele me interditou para me confrontar.
— Ou para te fazer amadurecer. — Sussurro.
— O quê? — Caíque pergunta, sem entender.
— Complicado. Situação complicada. — Desconverso. — Ok, essa parte eu entendi, você entrou no jogo dele. Mas como esse casamento ajudará você?
— Meu pai acredita que se eu me casar e "mostrar interesse pela empresa", posso limpar minha imagem e provar que não sou o que a imprensa fala. Ele diz que preciso me redimir, já que manchei tanto nosso sobrenome. — Ele termina a frase revirando os olhos.
— Limpar a imagem com a imprensa é mais importante do que sua felicidade?

Caíque dá de ombros.

— E como será esse casamento? Quero dizer... Será para valer? Dividindo a casa e tudo o mais?
— Sim, tem que ser o mais realista possível. Aí depois de um ano inventamos uma crise no casamento, sei lá. — Gesticula. — Mas fique tranquila, ok? Você não precisará ser fiel a mim.
— É impressão minha ou você criou essa regra para se favorecer? — Sorrio de canto.
—Não, é claro que não. Só não acho necessário te prender, afinal, será só de fachada.
— Muito obrigada pela parte que me toca. — Brinco, fazendo Caíque sorrir. — E depois da separação, eu ganho meu diploma de atriz?
— E o que mais você quiser.
— Me contento com o diploma. E com minha dívida quitada.
— É claro. — Caíque confirma. — Helena, eu precisarei passar nosso combinado para um contrato. Tudo bem para você?
— Claro. Se você acha necessário, faça. Quando estiver pronto, me avise que eu venho assinar. Agora preciso ir, ver como a Camélia está. — Me levanto e Caíque me acompanha.
— Obrigado por tudo, Helena. — Ele segura minha mão com carinho.
— Você também não tem que me agradecer. — Sorrio.
— Seu sorriso é lindo, sabia? — Caíque se aproxima lentamente, deixando sua boca à centímetros da minha.
— O seu também. — Me afasto. — Mas acho que beijos sem ninguém por perto não constam no nosso contrato. — Cerro meus lábios. — Até logo, Caíque.

Dou um último sorriso antes de fechar a porta e o deixar com cara de bobo no meio da sala.

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